sexta-feira, 26 de julho de 2013

Acusado de laços com Hamas, ex-líder do Egito está sumido desde golpe

Desde o golpe militar de 3 de julho que tirou do poder Mohamed Morsi, o primeiro presidente democraticamente eleito do Egito, os enfrentamentos entre seus simpatizantes e forças de segurança egípcias já deixaram um saldo de mais de cem mortos e um grande número de feridos.
Mas, enquanto as atenções se voltam aos confrontos violentos nas ruas do país e nos esforços militares e do governo interino para minar o poder da Irmandade Muçulmana - grupo muçulmano ao qual Morsi pertence -, uma dúvida crucial ainda permanece: onde está Morsi e o que aconteceu com ele?
Desde 3 de julho, ele está detido em local secreto, sem que nenhuma foto ou declaração sua fosse divulgada.
Nesta sexta-feira, veio à tona a primeira informação sobre seu status judicial: segundo a agência oficial egípcia Mena, Morsi foi agora acusado de conspirar com o grupo radical islâmico palestino Hamas por supostamente atacar prisões egípcias e libertar islamistas durante a revolução de 2011, quando o ex-presidente Hosni Mubarak foi derrubado.
Morsi está sendo tecnicamente detido por acusações de traição, por, em conjunto com o grupo palestino, "atear fogo a uma prisão, permitir a fuga de prisioneiros, incluindo ele mesmo (libertado de um presídio no Cairo em janeiro de 2011), e matar de forma premeditada policiais, soldados e prisioneiros", diz a Mena.
Inicialmente, ele será questionado por um período de 15 dias, segundo a ordem judicial.
O correspondente da BBC no Oriente Médio Jim Muir explica que a acusação oferece uma justificativa oficial para a prisão de Morsi, num momento em que potências ocidentais e a ONU vinham pressionando para que o presidente deposto fosse libertado caso não houvesse nenhuma queixa formal contra ele.

Demonstrações de força

As acusações elevaram as tensões no país. Um porta-voz da Irmandade Muçulmana, Gehad el-Haddad, disse à agência Reuters que as acusações são "ridículas" e marcam o retorno do "antigo regime" linha-dura no Egito.
Cairo está repleta de tropas, tanques e veículos militares nesta sexta-feira, dia que deve ser marcado por mais uma disputa de forças entre simpatizantes e opositores da Irmandade Muçulmana.
Partidários de Morsi realizam protestos na capital egípcia, cantando slogans de oposição aos militares que tomaram o poder.
Ao mesmo tempo, o chefe do Exército, Abdel Fattah al-Sisi, e o movimento Tamarod (que organizou protestos de oposição a Morsi) convocaram a população às ruas para demonstrar apoio às Forças Armadas.
Morsi se sagrou vitorioso nas primeiras eleições democráticas do Egito, em 2012, mas foi acusado por opositores de tentar impor uma Constituição islâmica ao país.
Em meio a uma forte crise econômica, foi alvo de diversos protestos de rua que culminaram no golpe militar de 3 de julho.
O presidente interino, Adly Mansour, determinou um "mapa do caminho" para revisar a Constituição e propor novas eleições em 2014 - proposta rejeitada pela Irmandade Muçulmana.

'Direitos humanos'

Sobre Morsi, o que se sabe até agora é que ele não pôde contactar seus familiares ou advogados.
No início da semana, sua família acusou o Exército de tê-lo "sequestrado" e prometeu processar Al-Sisi judicialmente.
"O que está acontecendo com o presidente Morsi é uma violação de seus direitos humanos", disse em coletiva seu filho Osama.
Para Khalil al-Anani, acadêmico especializado em Oriente Médio na Universidade de Durham (Reino Unido), é possível que Morsi tenha aprofundado a crise egípcia ao tentar impor sua agenda impopular.
Mas, ao mantê-lo preso e incomunicado, o Exército acabará fortalecendo a Irmandade Muçulmana, disse ele à BBC Mundo.
"A história mostra que esse movimento floresce quando colocado sob repressão", diz Anani, agregando que a Irmandade cresceu e ampliou sua influência durante o período em que foi reprimida pelo regime Mubarak.

Prefeitura do Rio anuncia nova rota de peregrinação na Jornada da Juventude

A Prefeitura do Rio anunciou nesta sexta-feira a nova rota de peregrinação da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), tradicional nas edições do evento católico.
Em vez de caminharem 13 quilômetros a Guaratiba, bairro na zona oeste da cidade, os fiéis vão percorrer um trajeto menor, de 9,5 quilômetros, da estação de trem Central do Brasil, na região central do Rio, até a praia de Copacabana (zona sul), para participarem da vigília com o papa Francisco, prevista para começar às 19h do sábado.
O público estimado é de 1,5 milhão de pessoas.
Devido às fortes chuvas que atingiram o Rio nos últimos dias, a prefeitura e a organização da jornada decidiram na quinta-feira transferir o destino da peregrinação e da vigília do Campus Fidei, em Guaratiba, para Copacabana.
A área aberta na zona oeste, de mais de 1 milhão de metros quadrados e dividida em 22 lotes, cada um equivalente a sete Maracanãs, não resistiu ao mau tempo e se tornou um lamaçal, forçando uma mudança de planos repentina.

Réveillons

Em entrevista nesta sexta-feira, o prefeito do Rio, Eduardo Paes, divulgou as alterações do trânsito e comentou a transferência inesperada. Ele pediu compreensão dos moradores do bairro.
"Peço a colaboração dos moradores de Copacabana que terão de enfrentar cinco Réveillons seguidos (em alusão aos eventos que vem acontecendo no bairro)."
Na última terça-feira, Copacabana recebeu uma missa de acolhida, presidida pelo arcebispo do Rio, Dom Orani Tempesta.
Na quinta-feira, a orla voltou a acolher os peregrinos para a cerimônia de boas-vindas realizada pelo papa Francisco. Nesta sexta-feira, será a vez da Via Crúcis, em que será encenada a crucificação de Jesus Cristo, também com a presença do pontífice.
No sábado e domingo, ocorrerão a vigília e a missa de despedida do papa, respectivamente.
Paes voltou a justificar a transferência de Guaratiba para Copacabana por causa das chuvas.
Ele afirmou que não houve gastos públicos no local e disse que parte da estrutura montada na área aberta já está sendo transferida para a praia.
Questionado sobre se o terreno pertenceria ao empresário do setor de transportes Jacob Barata, um dos alvos dos últimos protestos ocorridos no Rio, o prefeito afirmou desconhecer a informação.

Contradição

Questionado por jornalistas, Paes afirmou que será permitido aos peregrinos dormir na praia de Copacabana. Ele pediu aos fiéis que quiserem permanecer nas areias que levem sacos de dormir, pois barracas serão proibidas.
Já o secretário municipal de transportes, Roberto Osório, incentivou os fiéis a dormir em Copacabana, temendo problemas logísticos como os ocorridos nos últimos eventos na orla, quando milhares de pessoas tiveram dificuldades para deixar o bairro, superlotando ruas e transportes públicos.
Logo em seguida, entretanto, Paes contradisse Osório, dizendo que, embora a permanência no local seja permitida, os peregrinos deveriam, na medida do possível, voltar para casa.
Para facilitar a mobilidade dos fiéis, a Prefeitura montou, em cima da hora, um esquema especial de trânsito, com a interdição total das ruas em Copacabana a partir das 12h de sábado.
Os sistemas de trem, ônibus e metrô funcionarão 24h e não haverá venda de bilhetes em horários pré-determinados, como ocorreu para esta quinta e sexta-feiras.
O fechamento das ruas para a nova rota de peregrinação será válido a partir das 7h do sábado.

Los Angeles fecha parque por esquilo infectado com peste negra

Áreas de um parque nacional de Los Angeles, nos Estados Unidos, foram fechadas e evacuadas depois que autoridades identificaram um esquilo infectado com peste negra.
Exames de rotina acusaram a doença no roedor e, logo em seguida, autoridades deram ordens para que os visitantes da Floresta Nacional de Angeles deixassem o local.
Ainda segundo as autoridades, não há indícios de que pessoas que estavam no parque estejam contaminadas.
A peste negra, também conhecida como peste bubônica, é uma infecção causada por uma bactéria transmitida pela picada de pulgas infectadas. Se não for tratada com antibióticos, pode matar.
Durante a Idade Média, a doença matou 25 milhões de pessoas na Europa.

Mais testes

Desde 1984, foram registrados quatro casos de peste bubônica em Los Angeles, nenhum deles fatal.
Autoridades vão realizar mais testes em outros esquilos antes que o parque seja reaberto ao público.
Jonathan Fielding, diretor do Departamento de Saúde Pública do Condado de Los Angeles, disse à BBC que as tocas dos esquilos serão limpas para reduzir a população de pulgas.
Ele aconselhou aos visitantes que voltarem ao parque após a reabertura para que usem repelentes e que coloquem coleiras anti pulgas em seus animais de estimação.

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Papa reacende debate sobre legalização de drogas na América Latina

Em discurso durante uma visita a um hospital para dependentes químicos na quarta-feira, no Rio de Janeiro, o papa Francisco criticou países latino-americanos que discutem a liberalização e a descriminalização das drogas.
"Não é deixando livre o uso das drogas, como se discute em várias partes da América Latina, que se conseguirá reduzir a difusão e a influência da dependência química", disse Francisco.
Nos últimos cinco anos, tem crescido uma corrente, liderada por políticos como os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso, Cesar Gaviria, da Colômbia, e Ricardo Lagos, do Chile, que defende mudanças profundas na estratégia de combate às drogas na região, substituindo a criminalização por uma abordagem de saúde pública ─ que visa experimentar modelos de regulação legal de drogas ilícitas para reduzir o poder do crime organizado.
Papa Francisco | Foto: AFP
Papa Francisco criticou discussões sobre liberalização das drogas na América Latina.
As ações deste grupo, que lidera a Comissão Global de Políticas sobre Drogas, vêm ganhando respaldo de importantes instituições na região, como a Organização dos Estados Americanos (OEA), que recentemente propôs uma nova direção no combate às drogas.
"Acabou o tabu de muitas décadas", disse o secretário-geral da OEA, Miguel Insulza, ao inaugurar, em junho deste ano, a 43ª Assembleia Geral da organização, na Guatemala.
Um relatório da OEA, divulgado em maio, sugeriu mecanismos que vão do fortalecimento da cooperação em segurança até a polêmica descriminalização e legalização das drogas.
A estratégia representa uma alternativa radical na abordagem sobre o assunto na região, onde ainda prevalece a política da "guerra contra as drogas" decretada pelos Estados Unidos há quatro décadas ─ que se concentra na criminalização e punição de usuários e traficantes.
A elaboração do documento havia sido solicitado por chefes de Estado latino-americanos na Cúpula das Américas de 2012, realizada em Cartagena, na Colômbia.
A BBC preparou um resumo das discussões nos países latino-americanos que consideram abordagens alternativas contra as drogas.
No México, onde mais de 70 mil pessoas morreram em crimes ligados ao narcotráfico desde 2006, o presidente Enrique Peña Nieto, no poder há sete meses, anunciou no final do ano passado um novo plano de combate ao tráfico de drogas.
O plano, orçado em US$ 9 bilhões, prevê diferentes áreas de atuação, que vão desde investimentos na prevenção de crimes e combate a corrupção até a criação de uma Guarda Nacional com 10 mil agentes, que atuarão em locais estratégicos, como portos, aeroportos e fronteiras.
Em entrevista ao jornal francês Le Figaro no final de semana, Nieto comentou a captura, na semana passada, do chefe do cartel de drogas Los Zetas, Miguel Ángel Treviño, mas ressaltou que pretende combater "organizações ultrassofisticadas" do crime organizado e o consumo crescente de drogas.
"Este é um problema que não existia antes e daí a necessidade de modernizar nossas políticas e técnicas para combatê-los", disse Nieto, ressaltando que o governo deseja se concentrar na prevenção do crime.
O consumo de maconha e cocaína é legal somente na Cidade do México ─ mas só é permitida uma pequena quantidade para consumo pessoal que é de cinco gramas no caso da maconha e 500 mg de cocaína. Atualmente, há uma proposta para aumentar a quantidade de maconha permitida.
O correspondente da BBC Mundo no México, Juan Carlos Perez Salazar, diz que o debate sobre a legalização se reacendeu no país depois que o ex-presidente Vicente Fox ─ que governou entre 2000 e 2006 ─ passou a defender a liberalização da maconha e afirmou que se (e quando) a droga fosse legalizada, ele, como fazendeiro, a plantaria.

Entenda as possíveis causas do acidente na Espanha

Os primeiros relatórios sobre o acidente de trem da quarta-feira à noite perto de Santiago de Compostela, na Espanha ─ um dos piores acidentes de trem da história do país ─ sugerem que o acidente pode ter sido causado por excesso de velocidade.
Uma investigação oficial está apenas no início, mas, de acordo com o jornal espanhol El País, um dos dois condutores a bordo disse que entrou na curva a uma velocidade de 190 km/h, onde o limite de velocidade é 80 km/h.
Um dos maquinistas está sendo investigado.
De acordo com a agência de notícias AFP, o chefe da companhia ferroviária espanhola Renfe disse a uma emissora de rádio que o trem tinha sido aprovado em uma inspeção naquela manhã e que a vistoria não apontou problemas técnicos na composição.
Por isso, a investigação deve se concentrar nos sistemas de segurança da via que previnem que o limite de velocidade seja excedido.
Sim Harris, do Railnews, jornal sobre a indústria ferroviária, disse à BBC que estava surpreso com o acidente.
"Os trens modernos têm muitos sistemas a bordo para impedir esse tipo de de excesso de velocidade” , disse Harris. "É muito difícil para o condutor quebrar as regras dessa maneira por conta dos sistemas de bordo do trem."

Sistemas diferentes

Os sistemas de segurança mais modernos utilizam equipamentos no trilho e no interior da cabine do condutor para substituir os sinais tradicionais e controlar a velocidade e o movimento do trem automaticamente.
Com um sistema como o European Train Control System (“Sistema Europeu de Controle de Trem”, em tradução livre), um motorista não seria capaz de quebrar o limite de velocidade.
Acidente de trem na Galícia | Foto: Reuters
O descarrilamento ocorreu no noroeste da Espanha e deixou mais de 70 mortos
Enquanto partes da rede ferroviária da Espanha ─ incluindo boa parte da rota que o trem havia percorrido desde Madri ─ têm o ETCS em operação, a curva onde o descarrilamento de quarta-feira ocorreu conta com um sistema de segurança menos sofisticado, conhecido como ASFA.
O sistema ASFA necessita de uma série de sinais luminosos para se comunicar com a cabine do condutor, diferente do ETCS que mantém uma comunição constante com a cabine.

Falha humana

Christian Wolmar, que é especialista em ferrovias, diz que deveria ter havido algum tipo de sistema de alerta em funcionamento.
"Nós não sabemos se o sistema falhou ou se o condutor não prestou atenção a um aviso", disse ele.
Wolmar afirmou ainda ser possível que o maquinista estivesse confuso, conduzindo o trem com dois sistemas diferentes.
"No entanto, o condutor deveria conhecer a rota", disse o especialista, ressaltando que todos os maquinistas recebem treinamento nas vias ferroviárias em que vão assumir o comando de um trem de transporte de passageiros.
Philippa Oldham, diretora da Instituição de Engenheiros Mecânicos (órgão que representa os profissionais da categoria na Grã-Bretanha), disse que os investigadores do acidente estão provavelmente procurando por uma série de fatores que podem ter causado o descarrilamento, incluindo o papel do sistema de sinalização e do controle de velocidade, assim como o papel do condutor.
Funcionários consertam os trilhos em Santiago de Compostela | Foto: AP
Há suspeita de erro humano e condutor do trem está sendo investigado
Eles também vão investigar se rompimentos ou danos causados por vandalismo na pista ou no trem contribuiram para o acidente, disse ela.
"Viajar de trem ainda é uma das maneiras mais seguras de viajar, com muito menos mortos e feridos do que outras formas de transporte, tais como o carro", afirmou.

Categoria

O trem que descarrilou era um Renfe classe S730 ─ que pode viajar tanto pelos trilhos ibéricos, usados na maioria das estradas de ferro da Espanha, quanto pelos trilhos padrão, onde correm os serviços de alta velocidade AVE (Alta Velocidade Espanhola, em sigla em espanhol).
O serviço Alvia, que viajava de Madri para Ferrol, tinha um motor em cada extremidade e oito vagões.
O tipo de trem envolvido no acidente começou a funcionar há relativamente pouco tempo. Além de viajar em ambos os tipos de trilho em uso na Espanha, ele é movido por um motor híbrido que pode usar tanto eletricidade quanto diesel.
Isso significa que o trem pode ser usado para serviços de alta velocidade que começam em linhas AVE e continuam por dentro de vilas e cidades que não são servidas por essa rede.

George Alexander Louis: o que está por trás do nome do bebê real?

O príncipe William e Kate Middleton escolheram três nomes tradicionais para o primeiro filho, George Alexander Louis.
George era o favorito nas casas de apostas entre os nomes masculinos para o bebê real, enquanto que Alexander e Louis não ficavam muito atrás.
Antes de o público saber que o duque e a duquesa de Cambridge teriam um menino, o nome feminino preferido dos apostadores era Alexandra, o primeiro nome do meio da rainha Elizabeth 2ª.
Dos três nomes escolhidos para o bebê, o significado do terceiro é o mais óbvio. Louis leva a uma associação imediata com Louis Mountbatten, tio do príncipe Philip, marido da rainha, e o último vice-rei da Índia. Ele foi morto em um atentado a bomba do Exército Republicano Irlandês (IRA) em seu iate em 1979.
O pai dele, o príncipe Louis de Battenberg, foi o tataravô do príncipe William. Louis também é um dos nomes do meio de William e, claro, o nome de 17 reis da França (ou 18 ou 19, dependendo de como é feita a contagem).
Se Louis homenageia um lado da Família Real, George é uma homenagem clara a outra parte da família.
Apesar de São Jorge ser o santo padroeiro da Inglaterra, foi necessária a chegada de um rei alemão, George 1º (que ascendeu ao trono em 1714), para solidificar o lugar deste nome na história britânica.
George é um nome popular na Alemanha e tem origem grega.

Cinco Georges

Os três reis George: 3º, 5º e 6º (PA)
Três Georges: o 3º, o 5º e o 6º
Desde George 1º, outros cinco Georges ocuparam o trono inglês. George 3º, rei durante a independência dos Estados Unidos, é talvez mais conhecido por seus problemas mentais, graças a uma peça de teatro de autoria de Alan Bennett e a adaptação desta peça para o cinema (As Loucuras do Rei George, de 1994).
O filho deste rei, também George, foi uma figura que atraiu críticas. Em séries de televisão britânicas ele é mostrado como bêbado, mulherengo e de inteligência limitada.
O George da vida real certamente bebia, gostava de mulheres e comia demais. Mas ele também era um planejador urbano criativo, um ambicioso patrono das artes e quase certamente não era um idiota.
Os Georges mais recentes reinaram durante duas guerras. Foi George 5º que declarou guerra contra a Alemanha em 1914, o que o colocou contra seu primo, o kaiser Wilhelm 2º.
George 5º reconheceu a força do sentimento contra os alemães e mudou o nome da família real britânica, de Saxe-Coburg-Gotha para um nome mais inglês, Windsor.
O filho dele, George 6º, teve as batalhas contra a gagueira retratadas no filme O Discurso do Rei (2010). O nome de batismo era Albert e entre os familiares era chamado de Bertie, mas o fato de ter sido coroado com o nome de George é um lembrete de que o monarca tem a palavra final sobre o nome que usará quando for rei.

Três Alexanders

Pub inglês com o nome de Príncipe
George é um nome muito presente na cultura britânica
Por outro lado, Alexander é um nome que nunca foi usado por um rei inglês. Mas já foi o nome de três reis da Escócia.
É difícil não associar o nome a Alexandre, o Grande, o rei da Macedônia que conquistou a maior parte do mundo conhecido na antiguidade e é frequentemente descrito como o melhor general que existiu.
Mas ele não era um indivíduo equilibrado. Acredita-se que Alexandre bebia demais e, em um ataque de fúria durante um porre, matou um amigo.
Ele chegou apenas aos 32 anos de idade e morreu devido a problemas de saúde ou devido a um assassinato muito bem disfarçado.
Os outros dois Alexandres que governaram a Macedônia, um deles o filho de Alexandre, o Grande, foram assassinados o que não impediu que outros governantes adotassem o nome depois.
Talvez o mais fracassado dos Alexandres tenha sido o único imperador bizantino com este nome, que reinou entre 912 e 913.
O reinado de Alexandre foi descrito pelo acadêmico alemão Leonhard Schmitz (1807-1890) na obra Dictionary of Greek and Roman Biography and Mythology (1867) (“Dicionário de Biografia e Mitologia Grega e Romana”, em tradução livre) como “uma série sem interrupção de atos de crueldade, bacanais, e licenciosidade.”
"A única coisa boa que pode ser dita a respeito do reinado do imperador Alexandre é que foi piedosamente curto", afirmou o historiador Viscount Norwich.
Alexandre teria morrido depois de um jogo de polo em um dia de muito calor. E certamente não deve ser um bom exemplo para qualquer monarca com o mesmo nome.

Moradores de favela do Rio torcem por melhorias após visita do papa

A dona de casa Cleonice Ferreira de Lima, de 36 anos, reclama com frequência do odor do rio em frente à sua casa, onde é despejado, sem tratamento, parte do esgoto da vizinhança.
O auxiliar de serviços gerais Pedro Basílio da Silva, de 55 anos, já nem sabe mais quantas vezes perdeu móveis e eletrodomésticos por causa das enchentes causadas pelas chuvas.
Everaldo Oliveira | Foto: BBC
Para o morador Everaldo Oliveira, Varginha precisa de uma escola profissionalizante para jovens
Para o microempresário Everaldo Oliveira, de 42 anos, o que falta no local é uma escola profissionalizante para jovens.
Em comum, todos são moradores da favela de Varginha, no complexo de Manguinhos, na zona norte do Rio de Janeiro, onde estará o papa Francisco nesta quinta-feira. Eles aguardam com ansiedade a primeira visita de um chefe da Igreja Católica a uma favela carioca em mais de 30 anos.
A expectativa é que a visibilidade conferida à região se traduza em melhorias.
Em 1980, o então papa João Paulo 2º visitou a favela do Vidigal, na zona sul da cidade, ato considerado de grande impacto político até hoje.

Problemas e 'Faixa de Gaza'

"Além do mau cheiro, quando chove forte, precisamos organizar um verdadeiro mutirão. Do contrário, podemos perder tudo com as enchentes", diz à BBC Brasil Cleonice, que mora com o marido e os dois filhos no segundo andar de um sobrado.
A pequena favela, que possui cerca de mil moradores, está localizada entre a rua Leopoldo Bulhões, a principal via de Manguinhos, e os rios Faria Timbó e Jacaré. Antes da pacificação, a avenida era conhecida como 'Faixa de Gaza' pelo histórico de violência das comunidades ao seu redor.
"Já perdi as contas das vezes que perdi móveis e eletrodomésticos por causa das enchentes. É horrível. Ficamos com medo", relata Silva, de 55 anos.
Os moradores contam que, desde que a comunidade foi escolhida para receber o papa, a prefeitura realizou melhorias, mas as obras seriam "insuficientes" frente aos problemas da comunidade.
O filho mais velho de Cleonice participará da celebração com o papa Francisco no Rio
"Os muros das casas foram pintados, lixeiras novas instaladas, carros velhos retirados e árvores podadas. O sistema elétrico também foi trocado. Mas isso não é suficiente. Queremos saneamento, que não existe até hoje", afirma Cleonice.
"A favela também não tem qualquer estrutura para pessoas portadoras de deficiência, como é o caso do meu neto", diz Cláudia Felício Ribeiro, de 49 anos, ao lado de seu neto, Jonathan, de 16 anos.

Roteiro e surpresas

Em Varginha, Francisco fará uma celebração prevista para durar 1 hora na modesta igreja de São Jerônimo Emiliani, situada logo na entrada da comunidade. Encerrada a cerimônia, discursará em um campo de futebol próximo. Também está previsto que o pontífice faça uma visita-surpresa às casas de alguns moradores.
Antes de chegar à entrada da favela, no entanto, o pontífice deve percorrer um trajeto de 850 metros em carro aberto, o mesmo veículo usado durante sua chegada ao Rio na segunda-feira.
Pedro Basílio, à direita, com Jonathan sendo abraçado pela avó Cláudia Ribeiro
A intenção, segundo a organização da Jornada Mundial da Juventude, é repetir o trajeto no retorno.
A visita à comunidade é o segundo compromisso oficial do papa nesta quinta-feira. No início da manhã, ele se encontra com o prefeito do Rio, Eduardo Paes, de quem recebe as chaves da cidade. O pontífice também irá benzer as bandeiras olímpicas - o Rio sediará os Jogos Olímpicos de 2016.

Expectativa e emoção

Apesar das queixas, os moradores não escondem a ansiedade de ver o pontífice.
Cleonice vibra com a possibilidade de que o papa escolha sua casa para visitar. Seu filho mais velho, Leonardo, de 15 anos, é coroinha da igreja local e participará da celebração com Francisco.
"Faço parte do grupo de oração e estou muito emocionada com essa visita do papa. Não vejo a hora dele chegar", diz.
A sensação é compartilhada por Oliveira, responsável pelo comitê organizador da visita do pontífice.
"Nem sei se vou conseguir dormir de tanta ansiedade. O impacto espiritual com certeza será muito grande".

Impasse entre governo e médicos põe saúde em encruzilhada

A saúde no Brasil vive um impasse que opõe médicos e o governo e coloca em risco a modernização de um setor crucial visto como deficiente e que é frequentemente mal avaliado pela população.
Em junho deste ano, uma pesquisa do Ibope realizada em 79 municípios de todo o país e divulgada pela revista Época mostrou que 78% dos entrevistados julgam que o maior problema do Brasil é a saúde. Ainda em janeiro, outro levantamento feito pelo Ibope em parceria com a Confederação Nacional da Indústria (CNI) indicou que 61% dos brasileiros consideram o sistema de saúde péssimo ou ruim.
O momento é de muitas propostas para avançar a saúde pública no Brasil e entre os consensos que unem todos os lados estão a necessidade de melhorar a distribuição de médicos e a urgência na modernização da infraestrutura.
Mas a forma pela qual estas proposições serão implementadas opõe médicos e governo, especialmente em relação ao polêmico programa "Mais Médicos", que já tem cerca de 12 mil inscritos e cuja primeira fase de inscrições termina nesta quinta-feira.
O conflito de opiniões visto nas últimas duas semanas tem um resultado evidente: coloca em compasso de espera progressos aguardados pelos 75% dos brasileiros que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), dependem do Sistema Único de Saúde (SUS).
A BBC Brasil ouviu entidades médicas e governo para mapear este conflito, que envolve políticas públicas, ambições eleitorais e enormes expectativas quanto a mudanças que vêm sendo prometidas há décadas por líderes dos governos municipais, estaduais e federal.
Proposto pelo governo na esteira dos protestos do último mês, o programa Mais Médicos tem duas frentes: atrair médicos para áreas do país onde faltam profissionais (segundo o governo, 700 cidades brasileiras não têm médicos) e estender os cursos de formação médica por dois anos, tornando obrigatória a residência nos programas da saúde da família para os estudantes neste período.
Roberto DAvila, Conselho Federal de Medicia - Foto: Valter Campanato/ABr
Roberto D'Ávila, do CFM, quer carreira de médico semelhante a procuradores e militares
O projeto foi recebido com enorme resistência pelas entidades representativas dos médicos.
Na semana passada, em retaliação ao projeto, estes grupos se retiraram de ao menos 11 comissões do Ministério da Saúde, entre elas a Comissão Nacional de Residência Médica e o Conselho Nacional de Saúde.
"Tem que ser o que eles [governo] querem. E aí é impossível", disse à BBC Brasil Roberto Luiz D'Avila, presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), entidade que representa e certifica médicos no país.
"Há resistência porque estamos propondo uma mudança no status quo", rebate Mozart Sales, secretário de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério.
Entre críticas na mídia brasileira aos médicos, por supostos elitismo e corporativismo, e ao governo, por casuísmo e falta de visão de longo prazo, a medida provisória que instala o Mais Médicos foi enviada ao Congresso.
Mais de 500 emendas foram apresentadas pelos parlamentares. Mas, enquanto o Congresso não se manifesta em definitivo, o projeto vai sendo tocado adiante pelo governo. E o CFM, apesar de já ter entrado com uma ação civil pública contra a União para suspender o programa, promete ainda mais.

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Vinte anos após Candelária, professora lamenta 'impunidade'

Nos últimos 20 anos, primeiro lentamente, mas de forma cada vez mais perceptível, o telefone de Yvonne Bezerra de Mello parou de tocar.
Por duas décadas, Mello, de 66 anos, manteve o mesmo número fixo em seu espaçoso apartamento em uma área nobre da orla do Rio de Janeiro, para que sobreviventes de um dos piores episódios de violência na história do Brasil mantivessem contato.
Mais de 60 crianças e adolescentes que dormiam do lado de fora da igreja da Candelária, no centro da cidade, escaparam com vida depois que a polícia atirou sumariamente nelas em uma noite de inverno em 1993. Oito morreram, seis menores e dois maiores de idade.
"Eu nunca mudei meu número de casa, então nos primeiros dez anos eles me ligavam o tempo inteiro", diz Mello, bebendo chá de camomila.
"Eu fiquei em contato com os sobreviventes por muitos anos. Muitos deles morreram. Pouco a pouco, eles não ligam mais, então o fim foi trágico."

Ligação agitada

Para Mello, uma professora que já trabalhava com as crianças da Candelária anos antes da chacina, os eventos do dia 23 de julho começaram com uma chamada telefônica.
"Eles me ligaram e disseram que havia muito tumulto. Havia um protesto no local e muitos policiais", relembra.
"Eu fui para lá às 17h. De repente, a polícia veio e prendeu um menino que não pertencia ao grupo. Ele estava cheirando cola. Eles (as crianças) ficaram muito aborrecidos e jogaram pedras nos policiais. Eu fiquei lá até as 20h."
"Não havia celulares e nenhuma maneira de fazer uma ligação a cobrar de um telefone público. Então eu dei a eles três moedas e disse: 'Se algo acontecer, me liguem'."
"Naquele dia, toda a minha família foi para a cama e eu fiquei acordada vendo televisão, completamente vestida. Eles disseram que eu fui a primeira pessoa a receber uma ligação", diz.
Quando Mello chegou ao local, ela encontrou as crianças, que a esperavam agitadas.
Depois de tentar prestar os primeiros socorros aos que estavam feridos ou morrendo, ela organizou os sobreviventes e os levou em sua van, oito a oito, para a delegacia de polícia.
Desenho de corpos lembra crianças mortas na chacina da Candelária, no Rio | Foto: Donna Bowater / BBC
Todos os policiais envolvidos no massacre estão soltos
Há depoimentos conflitantes a respeito do motivo da chacina, que aconteceu às 23h daquela noite. Alguns dizem que os policiais queriam vingança por uma briga anterior e outros afirmam que os atiradores eram policiais de folga que teriam sido pagos para "limpar a cidade" de crianças de rua.

A justiça foi feita?

De acordo com um relatório da Anistia Internacional, nove homens estariam envolvidos na chacina. Após anos de processos judiciais, três policiais foram presos.
Nelson Oliveira dos Santos Cunha foi condenado a 261 anos de prisão em novembro de 1996, Marcos Aurélio Dias Alcântara foi condenado a 204 anos em 1998 e, após uma série de apelos, Marcos Vinicius Borges Emanuel foi condenado a 300 anos de prisão em 2003.
Atualmente, os três estão soltos. O terceiro, Marcos Emanuel, foi o último a deixar a prisão, após receber um indulto da Justiça em junho de 2012. Um ano depois, após apelos do Ministério Público estadual, ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ) anularam o indulto e o ex-policial é procurado pela polícia.
"O aniversário do crime é motivo de reflexão sobre a persistência da violência policial no Brasil" disse a Anistia Internacional em um comunicado. "No caso do Rio de Janeiro, após duas décadas, tem havido uma sucessão de execuções extrajudiciais do mesmo tipo."

Vidas curtas

Depois de 20 anos, suspeita-se quase todos os sobreviventes da chacina já tenham morrido, a maioria deles em circunstâncias igualmente violentas.
"Dos últimos dois de quem ouvi falar, um morreu com um tiro há três anos e uma garota foi presa e levada para um hospital psiquiátrico. Gina. Eles me ligaram e disseram que ela falou de mim", diz Yvonne de Mello.
Elizabeth Cristina Borges de Oliveira Maia, conhecida como Beth, teria 35 anos hoje, mas foi morta com um tiro na porta de sua casa em 2000, um mês antes de testemunhar em uma das audiências relacionadas ao apelo para a redução da pena de Emanuel. A imprensa local disse que a morte foi relacionada com o tráfico de drogas.
Sandro do Nascimento, de 21 anos, tornou-se o sobrevivente mais conhecido da chacina depois de assaltar um ônibus e fazer todos os passageiros reféns em 12 de junho de 2000. Sandro foi morto após ser capturado por policiais, numa disputa que culminou na morte de uma das reféns. Sua história foi transformada em um filme e um documentário.
Em uma missa especial na igreja da Candelária da sexta-feira passada, peregrinos católicos, ativistas e participantes de projetos sociais se reuniram antes da Jornada Mundial da Juventude para homenagear as vítimas que morreram na chacina e nos anos seguintes.
Yvonne Bezerra de Mello dá aula a crianças no Projeto Uerê | Foto: Donna Bowater/BBC
Professora manteve contato com sobreviventes da chacina
Rosas brancas foram empilhadas sob a cruz do lado de fora da igreja, onde os nomes das oito crianças e adolescentes mortos estavam pintados.
"Até hoje nós não sabemos por que o massacre aconteceu", disse Patricia Oliveira, de 39 anos, uma das organizadoras da homenagem. "É hora de refletir mais uma vez."

Nova geração

As autoridades do Rio de Janeiro se recusaram a comentar o aniversário da chacina, dizendo estarem ocupadas com as preparações para a visita do papa Francisco, que chegou à cidade na segunda-feira.
Olhando desenhos de crianças da Candelária que mostravam mensagens coloridas de paz e esperança, Yvonne Bezerra de Mello fala sobre como a situação nas ruas mudou.
Depois de continuar a ensinar a crianças nas ruas por quatro anos, ela abriu sua própria escola no Complexo da Maré. A ONG Projeto Uerê é uma escola-modelo que atende 480 crianças.
"Trabalhar nas ruas era muito complicado e eu tinha que fazer trabalho de prevenção, por isso abri minha própria escola", diz.
"Hoje seria impossível fazer esse tipo de trabalho (nas ruas) com o (aumento do consumo de) crack. Com o crack, eles são como zumbis."
Mas Mello observa também o que não mudou. "Acho que há a mesma quantidade de crianças negligenciadas. Há muitas crianças de rua no Rio. Elas vão para as ruas porque não podem ir para casa. Isso acontece ainda hoje. Se você vê as crianças pequenas trabalhando, é porque as famílias mandaram", relata.
Ela critica ainda o desfecho do caso na justiça. "(Os policiais responsáveis pela chacina) ficaram na cadeia por 11 anos, não mais do que isso. É terrível. Se eles são condenados a 30 anos, deveriam cumprir 30 anos. O problema no Brasil é a impunidade. Esse sistema eu não posso mudar."

Oposição na Câmara dos EUA contempla legalização de jovens imigrantes

Cautelosos, hesitantes e em descompasso com os senadores, os deputados americanos já sinalizam a possibilidade de aprovar a legalização de jovens que entraram nos EUA trazidos pelos seus pais, os chamados dreamers ("sonhadores", em tradução livre).
A medida de caráter limitado ainda não ganhou roupagem legislativa, mas já suscitou reações contraditórias porque, no contexto de uma reforma migratória, contrasta com o projeto de lei do Senado que abriria o caminho para a legalização de todos os 11 milhões de imigrantes indocumentados nos EUA.
O tema voltou à Comissão de Justiça da Câmara de Representantes na terça-feira em uma audiência presenciada por cerca de 40 dreamers. Para alguns analistas, a simples discussão representa uma abertura para tratar dessa matéria na Câmara.
Mas entidades pró-imigração e fontes do governo criticaram o que entendem ser uma tentativa de republicanos de minar uma promessa de campanha do presidente Barack Obama.
"Queremos (a legalização de) 11 milhões e qualquer coisa menos que isso é inaceitável", expressou a ONG United We Dream, para quem "uma verdadeira reforma de imigração" não pode deixar de lado a totalidade de ilegais que vivem nos EUA.
Já o assessor da Casa Branca Dan Pfeiffer acusou os deputados republicanos de "cruel hipocrisia" ao sugerir legalizar "alguns jovens" e deportar os seus pais.

Perdão limitado

Cerca de 2 milhões de jovens entraram nos EUA antes dos 16 anos de idade trazidos pelos seus pais, estimam analistas.
A possibilidade de legalizar este contingente já foi discutida no Congresso no contexto do chamado Dream Act em 2010. A proposta foi bloqueada por republicanos.
Agora, uma nova lei sobre o assunto – Kids Act – está sendo concebida pelos deputados republicanos Bob Goodlatte, presidente da Comissão de Justiça, e Eric Cantor, líder da maioria na Câmara. Ambos votaram contra o Dream Act em 2010.
Os parlamentares não deram detalhes do projeto nem disseram se pretendem apresentá-lo antes do recesso parlamentar de agosto, dentro de pouco mais de uma semana.
Desde que a reforma migratória foi aprovada no Senado no início deste mês, todas as atenções passaram à Câmara. Mas a energia da tramitação foi logo cortada pelo presidente da Casa, o republicano John Boehner, que disse que só levará a votação um projeto que conte com o apoio da sua bancada.
A maioria republicana na Câmara é contra um projeto que seu eleitorado possa interpretar como uma "anistia" para milhões de indivíduos que desrespeitaram as leis americanas.
Mas a legalização de indocumentados que entraram nos EUA quando crianças é uma das concessões com que os republicanos concordam.

Lentidão

John Boehner já havia indicado que a Câmara quer aprovar o seu próprio texto, e não simplesmente votar o do Senado. Isto quer dizer que a redação final só sairia após a harmonização das propostas das duas Casas.
E este não seria o único obstáculo à tramitação. Os republicanos, que são maioria entre os deputados, têm indicado sua preferência por votar a reforma migratória em partes, e não como um todo, como ocorreu no Senado. A proposta do Senado foi aprovada com apoio bipartidário.
Na terça-feira, o líder da maioria democrata no Senado, Harry Reid, indicou que os senadores não aceitarão esta estratégia. "Precisamos de uma reforma abrangente", disse o senador. "Não vamos analisar um pedaço aqui e outro ali. As partes formam um todo."
Para completar, alguns analistas creem que a reforma migratória só voltará à pauta legislativa da Câmara no outono americano, após o recesso, quando os parlamentares estarão mais ocupados com questões relativas ao orçamento do próximo ano.
Na tentativa de apressar a reforma, organizações conservadoras com influência sobre a base republicana buscam convencer os deputados a dar prioridade e abrangência ao tema. Entre elas estão organizações religiosas (para quem muitos imigrantes ilegais são fonte de fiéis) e empresariais (que precisam da mão-de-obra imigrante).
"Cada dia que passa é uma oportunidade perdida para consertar nosso sistema migratório segundo valores bíblicos", disse a organização religiosa Evangelical Immigration Table. A entidade fará nesta quarta-feira uma "oração" pela aprovação da lei de imigração.
"A Câmara deve avançar e não criar uma segunda classe permanente de cidadãos composta por milhões de pessoas. Não queremos nem anistia nem tratamento especial, mas um processo através do qual os que aspiram a ser americanos possam vir a contribuir plenamente para o nosso país como cidadãos."
Além disso, muitos políticos republicanos, como o senador John McCain, enfatizam que o partido precisa reconstruir as suas relações com o eleitorado hispânico, que nas eleições do ano passado foi decisivo para reconduzir Barack Obama à Casa Branca.

William e Kate anunciam nome do bebê real: George

O príncipe William e Kate Middleton - duque e duquesa de Cambridge - escolheram para seu filho recém-nascido o nome de George Alexander Louis, segundo informação divulgada nesta quarta-feira pelo Palácio de Kensington.
George era a opção de nome mais cotada nas casas de apostas. O novo bebê real é o terceiro na linha de sucessão ao trono britânico.
A partir de agora, o filho de William e Kate será conhecido como Sua Alteza Real Príncipe George de Cambridge.
O bebê nasceu na última segunda-feira, pesando pouco mais de 3,5 kg. O casal está agora na casa da família de Kate, em Berkshire, depois de passar a noite no Palácio de Kensington.
A rainha Elizabeth 2ª, o príncipe Harry e Pippa Middleton, irmã de Kate, foram visitar o casal e o bebê no palácio, antes da saída deles para Berkshire.

Expectativa

A expectativa era de que o duque e a duquesa de Cambridge escolhessem um nome tradicional da monarquia britânica para o seu filho.
Os bebês da família real normalmente são batizados com nomes históricos, que são passados adiante através das gerações.
Os britânicos já tiveram por seis vezes até hoje um rei George, o último foi o pai da rainha Elizabeth 2ª - embora ele fosse chamado carinhosamente pela família de Bertie.
De acordo com fontes próximas aos pais do novo bebê real, Alexander era o nome preferido de Kate, e Louis é um dos sobrenomes de William.
O anúncio do nome da criança ocorreu de forma relativamente rápida quando comparado a bebês anteriores da família real.
Em 1982, sete dias se passaram após o nascimento até que o nome do príncipe William fosse conhecido. Antes, em 1948, o anúncio do nome do príncipe Charles demorou cerca de um mês.
Todos os nascimentos na Inglaterra, no País de Gales e na Irlanda do Norte, sejam quem for os pais, precisam ser registrados dentro de um prazo de 42 dias.

Cacatuas provocam apagões em cidade da Austrália

Milhares de aves tomaram uma cidade na Austrália causando cortes de energia e "bagunça", nas palavras do prefeito.
Cerca de 2 mil cacatuas de duas espécies (Eolophus roseicapilla, com o peito rosa e chamada na Austrália de galah, e Cacatua alba, de cor branca) pousaram em Boulia, no oeste do Estado de Queensland (leste do país), como resultado da seca, disse o prefeito Rick Britton.
Os animais se empoleiraram em linhas de transmissão de energia, provocando interrupções no fornecimento de luz quando voaram, disse ele.
As aves podem permanecer no local até novembro, quando começa a estação chuvosa, e, segundo ele, "as pessoas vão ter de viver com isso".
Vários condados em Queensland estão sofrendo com a seca.

'Paraíso secreto'

"Porque nós estamos em uma região árida, tentamos fazer nossas ruas bonitas, com gramados e árvores. Mas as aves acham que é um paraíso secreto na seca", disse Britton à BBC.
Há cerca de 2 mil pássaros na cidade, ele acrescentou.
"Quando eles pousaram, ficaram nas linhas de energia na rua principal, e quando fizeram revoadas, na parte da manhã, os fios bateram uns nos outros e tivemos apagões", disse ele.
Britton afirmou que, embora as aves não representem uma ameaça, "fazem barulho e bagunçam a cidade".
Ele disse que as aves vêm "incomodando o município há dois meses", desde que a seca começou.
Alguns moradores tentaram afugentar as cacatuas, mas elas são muitas, acrescentou.
Britton, porém, vê um lado positivo no problema.
"Para quem quer ver um grande bando de pássaros, não há lugar melhor do que Boulia (agora)", disse ele.
"(Eles poderiam ser) uma atração em nossa paisagem."

Motorista é preso dirigindo drogado carro sem volante e com pneus furados

Em um dos casos mais inusitados registrados pela polícia australiana nos últimos tempos, um homem de 38 anos foi preso na cidade de Adelaide dirigindo um carro sem licença e sem seguro, com dois pneus furados e com um alicate no lugar do volante.
Sob efeito de drogas, o homem, que também não tinha carteira de motorista válida, testou positivo para metanfetaminas e maconha pouco após ser detido.
Além disso, a polícia local declarou que ele já tinha sido condenado por outros crimes e estava em violação das regras de sua liberdade condicional.
Os policiais acreditam que o veículo que ele dirigia havia se envolvido em uma colisão minutos antes da prisão.
O motorista foi preso e acusado de uma longa lista de crimes, entre eles dirigir sem habilitação e sob efeito de narcóticos, dirigir de forma arriscada, dirigir carro sem documentação e sem seguro, além de violar regras de sua liberdade condicional estipuladas pela Justiça.

Expectativa por nome de bebê real movimenta casa de apostas

A rainha Elizabeth 2ª visitou nesta quarta-feira o seu bisneto, o filho do príncipe William e de Kate Middleton, nascido na segunda-feira.
Foi a primeira vez que a rainha viu o bebê, ainda sem nome. A visita ao Palácio de Kensington, em Londres, durou cerca de meia hora.
Enquanto isso, cresce a expectativa em torno do nome do bebê, que chegou ao mundo já como terceira pessoa na linha de sucessão do trono real.
Na saída do Hospital St. Mary’s na terça-feira, o príncipe William disse a jornalistas que o casal ainda estava pensando no nome do filho.
Por enquanto, o que se sabe é que o rebento receberá o título de príncipe de Cambridge.

George

O nome mais em cotado nas principais casas de apostas do país é George, seguido por James e Alexander.
As chances de o bebê real ganhar o nome do pai foi praticamente descartada, com casas de apostas como Ladbrokes e Paddy Power oferecendo 50 libras para cada uma apostada.
Ao ser questionado pelo correspondente da BBC para Assuntos da Realeza Peter Hunt se o nome do bebê seria George, o príncipe William respondeu: "Espera para ver, Peter".
Em 1982, fãs da monarquia tiveram de esperar uma semana até o anúncio do nome do príncipe William e, em 1948, a rainha Elizabeth 2ª divulgou o nome do príncipe Charles somente um mês após seu nascimento.

terça-feira, 23 de julho de 2013

Confrontos acirram debate sobre métodos e cultura da polícia do Rio

Pouco depois de o papa Francisco ter sido saudado calorosamente por autoridades no Palácio Guanabara na segunda-feira ─ e ter partido para uma noite sossegada na residência da Arquidiocese do Rio, no bairro do Sumaré ─ a situação no lado de fora desandou.
Houve fortes confrontos entre a polícia e manifestantes que protestavam na rua Pinheiro Machado contra o governador Sérgio Cabral e os gastos públicos para sediar a Jornada Mundial da Juventude.
Pelo menos oito pessoas foram feridas ─ uma atingida de perto com um tiro de bala de borracha. Policiais prenderam dois repórteres da Mídia Ninja, o grupo de ativistas que tem feito coberturas ao vivo de dentro dos protestos. Eles foram libertados poucas horas depois.
Este foi o mais recente de uma série de confrontos entre polícia e manifestantes que têm marcado os protestos no Rio. Eles têm levado defensores de direitos humanos e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) a criticar forças de segurança pelo uso excessivo da força e por prisões arbitrárias.
Átila Roque, diretor da Anistia Internacional no Brasil, afirma ter testemunhado o uso "totalmente indiscriminado" de gás lacrimogêneo, spray de pimenta e balas de borracha, "orientados não contra as pessoas que estivessem oferecendo alguma ameaça, mas simplesmente para dispersar todo mundo".
"Vimos policiais perseguindo as pessoas, encurralando-as em ruas, bares e até em um hospital, e atacando-as com gás lacrimogêneo e balas de borracha", diz Roque. Ele próprio disse ter sido atingido por borrifadas de spray em confrontos que chegaram à Praça São Salvador, próximo ao Palácio Guanabara, onde foca a sede da Anistia.
Na semana passada, a cúpula de segurança do Rio convocou uma reunião emergencial após o protesto que acabou em atos de vandalismo no Leblon, próximo à casa do governador Sérgio Cabral. A polícia condenou a "ação de vândalos" ─ mas foi criticada pela OAB por cruzar os braços e não preveni-las.
O secretario de Segurança Pública José Mariano Beltrame afirma que as manifestações são algo novo, com "requisitos e ingredientes novos", e que a polícia está fazendo ajustes.
"Estamos buscando um caminho intermediário, um caminho entre muitas vezes a prevaricação (crime cometido por um servidor ao não exercer sua função) e o abuso da autoridade", diz.
Para a socióloga Julita Lemgruber, a atuação da polícia nas manifestações evidencia uma cultura de confronto que está arraigada na Polícia Militar e que moradores das favelas cariocas conhecem de longa data.
"Se você faz o policiamento das ruas com uma mentalidade de guerra, vai lidar com as pessoas nas ruas como inimigos", diz Lemgruber, que é diretora do Centro de Estudos de Segurança e de Cidadania da Universidade Cândido Mendes.

Um estouro e um clarão

A publicitária Renata Ataíde, de 26 anos, afirma ter experimentado essa inversão de papéis em primeira mão no dia 20 de junho, quando foi à primeira manifestação de sua vida ─ e voltou gravemente ferida.
Renata foi uma das 300 mil pessoas que lotaram a avenida Presidente Vargas na caminhada em direção à prefeitura. A marcha começou pacífica. "O clima era de total euforia, parecia Copa do Mundo", diz. Mas, acabou sendo a mais violenta da onda de protestos de junho.
Grupos de vândalos deixaram uma trilha de depredação na avenida Presidente Vargas, quebrando semáforos, pontos de ônibus, vitrines e ateando fogo a pilhas de lixo.
Tropas do Batalhão de Choque usaram bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha para dispersar a multidão, que recuou de volta para a Igreja da Candelária, onde a manifestação havia começado.
Renata Ataíde | Foto: BBC
Vítima de bomba policial diz que vai processar Estado após perder visão
Ali, diz Renata, a polícia não fazia distinção entre os vândalos ─ "aqueles caras escondendo os rostos, jogando pedra, bomba caseira" ─ e a maioria pacífica. Ela e um amigo ficaram sem saber para onde fugir nas ruelas do Centro, apavorados.
"Eu não conseguia acreditar que aquilo estava acontecendo. É como se eu estivesse sendo perseguida pela polícia sem entender por quê, sem saber o que fiz para ser perseguida."
Ela diz se lembrar de ter visto dois policiais da Tropa de Choque da Polícia Militar em uma ruela. Algo foi lançado em sua direção. Ela tentou desviar, mas depois de um estouro e um clarão, seu rosto estava coberto de sangue.
Desde então, Renata já foi a diversos médicos mas o diagnóstico é o mesmo: ela perdeu a vista do olho esquerdo. A publicitária está entrando com uma ação indenizatória contra o Estado para tentar recuperar os milhares de reais que vai ter que gastar com cirurgias.
"Eu me sinto realmente triste por isso ter acontecido no meu país, por a gente ainda questionar a ação de um grupo que é para nos proteger", diz. "É algo que nunca vou poder esquecer. Vou ter que lidar com isso pelo resto da vida."

Herança da ditadura

Cerca de 50 advogados da OAB/RJ vem atuando durante os protestos para monitorar violações de direitos humanos e evitar prisões arbitrárias.
O advogado Gustavo Proença, da Comissão de Direitos Humanos e Acesso à Justiça da OAB-RJ, diz que os voluntários são enviados para as delegacias ou ficam à margem das manifestações para intervir caso seja necessário.
"Em algumas situações ocorrem prisões arbitrárias, ilegais, às vezes com excesso de violência por parte da policia", diz Proença.
"Estão prendendo pessoas indiscriminadamente. Já prenderam dois moradores de rua, um cadeirante e até vendedores ambulantes que estavam seguindo as manifestações para ganhar um dinheiro."
Julita Lemgruber afirma que a polícia brasileira tem uma cultura de violência herdada da ditadura militar (1964-1985).
Após o restabelecimento da democracia, a Constituição de 1988 manteve a estrutura de segurança pública do regime militar, com duas forças policias separadas: a Polícia Civil, responsável pelas investigações, e a Polícia Militar, que faz o policiamento das ruas.
Relatos de truculência policial e de pessoas feridas em protestos reavivaram o debate sobre uma reforma da polícia e sobre a sua desmilitarização.
"A questão central é que precisamos de uma única força policial, e que não seja militarizada", diz Lemgruber.
"Temos a Polícia Civil fazendo as investigações, a Polícia Militar fazendo o policiamento. Elas não trabalham juntas, elas competem uma com a outra, elas escondem informações uma da outra. Isso nunca vai funcionar."

'Bem-treinados'

Membros da Tropa de Choque da polícia do Rio | Foto: BBC
Parte dos policiais do Rio de Janeiro passa por treinamentos para lidar com multidões
A polícia afirma estar fazendo o seu melhor para responder a situações difíceis, buscando coibir a ação de vândalos que usam as manifestações para promover a desordem.
Juliana Barroso, subsecretária de Educação, Valorização Profissional e Prevenção da Secretaria de Segurança Pública, afirma que a polícia está constantemente reexaminando sua atuação e vem buscando se aperfeiçoar e respeitar a proporcionalidade em suas ações.
"O Batalhão de Choque é bem treinado, eles estão munidos de técnicas, estão munidos de equipamentos. O que está faltando, talvez, é essa reflexão sobre o limite. Estamos trabalhando esse processo decisório. Onde devo parar e onde devo continuar?"
Barroso destaca que a unidade policial tem participado de sessões de treinamento com forças policiais da Espanha, dos Estados Unidos e da Alemanha ─ com oficinas sobre como lidar com multidões e sobre investigação, por exemplo.
Mas os soldados e cabos com menor especialização também vem engrossando as linhas policiais nas manifestações sem contar com o mesmo treinamento.
A BBC Brasil conversou com um grupo de PMs de plantão à margem de um protesto no Centro do Rio. Eles disseram que a rotina desde o início das manifestações tem sido exaustiva e que muitas vezes não são compreendidos pela população.
"As pessoas se revoltam, mas a culpa não é nossa. Elas esquecem que somos pessoas como qualquer outra", disse uma jovem policial.
"Tanto os manifestantes quanto os policiais são seres humanos, então há falhas dos dois lados. Não dá para dizer que a culpa é dos manifestantes que vieram fazer baderna ou dos policiais que fizeram a coisa errada."
Um de seus colegas disse que o Choque é treinado para lidar com multidões ─ mas eles, não.
"Nós da tropa (não especializada) não somos preparados para manifestações. Estamos aqui muitas vezes de enfeite, a verdade é essa. Porque se vier uma turba, nós vamos correr. É só para dizer que tem polícia na rua."

Nasa divulga fotos da Terra vista da órbita de Saturno

A Nasa, a agência espacial americana, divulgou fotos da Terra e da Lua feitas pela sonda Cassini na órbita de Saturno, a mais de 1,6 bilhão de quilômetros de distância de nosso planeta.
A Terra e seu único satélite aparecem como se fossem apenas dois pontos na foto, que foi tirada pela sonda americana no dia 19 de julho.
Ao divulgar a foto, os cientistas quiseram prestar uma homenagem a uma outra foto feita pela sonda Voyager 1 em 1980, que igualmente mostrava a Terra como um ponto azulado pálido no espaço.
Para esta foto da Cassini, porém, a Nasa organizou uma campanha para que, na hora que a imagem foi feita (entre as 18h27 e as 18h42 da sexta-feira passada), as pessoas acenassem em direção a Saturno, para o que foi chamado de uma "sessão de fotos interplanetária" pela coordenadora da equipe responsável pelas imagens produzidas pela Cassini, Carolyn Porco.
"Me empolgou muito que pessoas de todo o mundo tenham tirado um intervalo de suas atividades normais para ir ao ar livre celebrar esse aceno interplanetário ligando o robô e seu criador, que são o que estas imagens representam", afirma Carolyn, que trabalha no Instituto de Ciências Espaciais da Nasa, na cidade de Boulder, no Colorado.

Mosaico

Uma das imagens, feitas com uma lente grande-angular, fará parte de um grande mosaico de fotos com panorama da órbita de Saturno, mostrando seus anéis e satélites.
Fotos da Terra feitas de muito longe no espaço são raras porque, à medida que as sondas se distanciam da Terra, nosso planeta aparece mais perto do Sol, com o seu brilho muito maior.
Da mesma forma que uma pessoa pode sofrer danos nos olhos se olhar diretamente para a estrela, os sensores de uma câmera podem também sofrer avarias se expostos à luminosidade intensa da estrela.
As novas imagens, feitas pela Cassini, foram possíveis porque, do ponto de vista da sonda, o Sol havia se escondido atrás de Saturno, bloqueando a maior parte da luz.
Saturno e a Terra (Nasa)
Nesta foto, a Terra aparece abaixo dos majestosos anéis de Saturno

Príncipe William e Kate apresentam o bebê real ao mundo

Um dia após o nascimento do filho, o príncipe William e sua mulher, Kate Middleton, apresentaram nesta terça-feira o bebê real ao mundo na porta do hospital Hospital St. Mary, no oeste de Londres.
O casal foi aplaudido por um multidão que aguardava há horas diante do hospital.
Falando a jornalistas, o pai disse que o nome do menino ainda não foi decidido. Pouco depois, o casal e o bebê deixaram o hospital em um carro preto.
Pouco antes da saída de William e Kate, o garoto recebeu a visita dos avós Carole and Michael Middleton, pais de Kate, além do pai de William e avô pela primeira vez, o príncipe Charles, e de sua mulher, Camilla Parker-Bowles.
O bebê é o terceiro na linha da sucessão do trono britânico, atrás de Charles, o primeiro, e de William, o segundo.
O futuro
Kate - que, como seu marido, tem 31 anos - deu à luz na segunda-feira na mesma área privativa do hospital onde os príncipes William e seu irmão, Harry, nasceram.
Segundo uma nota divulgada pelo palácio de Kensington (residência oficial de William e Kate), o parto ocorreu às 16h24, hora local (12h24, hora de Brasília), e o menino veio ao mundo pesando 3,7 kg. William acompanhou o nascimento.
Segundo o protocolo, o nascimento do bebê foi anunciado primeiro à família real. Em seguida, um auxiliar da realeza levou um boletim médico ao Palácio de Buckingham, sob escolta policial, para o anúncio oficial, em um cavalete colocado diante do palácio. Logo o anúncio tomou conta das redes sociais.
O bebê real é o terceiro bisneto da atual monarca britânica, a rainha Elizabeth 2ª.
William terá duas semanas de licença paternidade antes de retomar seu trabalho como piloto da Força Aérea britânica.

Pesquisador testa hormônio para substituir cirurgia de redução do estômago

Um estudo em curso na Grã-Bretanha está testando o uso de hormônios para combater a obesidade e substituir cirurgias de redução de estômago em pacientes obesos.
Os hormônios são praticamente os mesmos liberados naturalmente pelo corpo após todas as refeições e que indicam ao corpo que a fome foi saciada, explica à BBC Brasil o líder do estudo, o médico Steve Bloom, chefe do departamento de estudos sobre diabetes, endocrinologia e metabolismo do prestigioso Imperial College, em Londres.
Os médicos perceberam que esses mesmos hormônios são liberados em grandes quantidades pelo corpo de pacientes que se submeteram à cirurgia bariátrica - e esse seria um dos motivos para o sucesso da cirurgia em grande parte dos casos. Agora, a equipe de Bloom quer replicar esse efeito mesmo que o paciente não queira ou não possa se submeter ao procedimento cirúrgico.
"Ainda estamos na fase de desenvolvimento, mas já mostramos que a iniciativa funciona. Agora temos que torná-la disponível", diz Bloom à BBC Brasil.
Ainda assim, diz ele, ainda serão necessários cerca de nove anos até que o medicamento hormonal esteja devidamente testado, aprovado e pronto para ser comercializado.

Hormônios alterados

Bloom prevê que os hormônios devam causar poucos ou nenhum efeito colateral, por serem "quase naturais" - sua alteração mais significativa é que estão sendo desenvolvidos para seu efeito durar uma semana no corpo, em vez de apenas alguns minutos.
Pacientes obesos receberiam, assim, uma injeção semanal da droga - em alguns casos ao longo da vida inteira, para controlar seu apetite e assim perder peso.
Mas Bloom diz que, até agora, tudo indica que a droga não causará dependência e sua ingestão poderá ser interrompida, se necessário. "Se a pessoa ficar doente e perder peso, por exemplo, pode parar de tomá-lo. Ela também pode tentar uma dieta por conta própria e, se não conseguir emagrecer, voltar a tomar o hormônio."
O custo estimado do tratamento, com 52 injeções anuais, é de cerca de 3 mil libras (R$ 10,2 mil) ao ano.

Estudos no Brasil

Sua equipe recebeu 2 milhões de libras (R$ 6,8 milhões) de um centro de financiamento pesquisas para dar prosseguimento aos estudos e aos testes clínicos, que podem ser parcialmente feitos no Brasil, diz Bloom.
"Escolheremos três ou quatro países para os testes internacionais, e o Brasil é uma possibilidade por ter boa infraestrutura e marcos regulatórios", explica o médico, lembrando também que o país seria um "grande mercado" em potencial para a droga em desenvolvimento.
Dados do ano passado compilados pelo Ministério da Saúde apontam que a proporção de pessoas acima do peso no Brasil avançou de 42,7%, em 2006 para 48,5%, em 2011.
Um levantamento do mesmo ano feito pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro calculou em R$ 3,57 bilhões os gastos públicos do Sistema Único de Saúde (SUS) com doenças relacionadas à obesidade, como males cardiovasculares, diabetes e alguns tipos de câncer.
Em março passado, o Ministério da Saúde publicou uma portaria reduzindo de 18 para 16 anos a idade mínima para realizar a cirurgia bariátrica em casos em que haja risco ao paciente. A operação costuma ser indicada como um último recurso, em pessoas com outros problemas de saúde associados ao excesso de peso.
Segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica, o procedimento foi realizado 60 mil vezes no Brasil em 2010.

Problema global

E o aumento da obesidade no Brasil está longe de ser uma exceção. A Organização Mundial da Saúde informa que o índice de obesidade infantil global aumentou de 4,2% em 1990 para 6,7% em 2010. A expectativa é de que quase 10% das crianças do mundo sejam acima do peso ou obesas em 2020.
Bloom diz à BBC Brasil que o problema está "cada vez pior" no mundo inteiro, com consequências preocupantes.
"Por motivos ainda não compreendidos, notamos que cânceres são duas vezes mais frequentes em pessoas obesas", diz o médico.

O que o futuro reserva para o bebê real?

A não ser que haja uma revolução na Grã-Bretanha, a trajetória da vida do recém-nascido príncipe de Cambridge já está, em vários sentidos, pré-determinada.
Ele será preparado para sentar em um dos mais antigos tronos hereditários do mundo, para ocupar um cargo cujos escolhidos para preenchê-lo nascem a cada 30 anos ou mais, como foi o caso do príncipe Charles, em 1948, de William, em 1982.
Será uma vida protegida de muitas das pressões e frustrações diárias que o resto de nós enfrenta.
Mas, mesmo assim, é uma posição que traz seus próprios, por vezes intensos, desafios.

Em busca da autoestima

Foto: PA
William e Harry enfrentaram o escrutínio público desde cedo
Os filhos e netos de reis da Inglaterra ganham acesso direto ao topo da sociedade britânica, cercados por gente rica de todo tipo e recebendo de bandeja toda espécie de mimos e bajulações.
Em um ambiente desses, muitos membros mais sensíveis da realeza podem ser suscetíveis a falta de autoconfiança — já que jamais tiveram de provar que são dignos de tal favorecimento.
Essa talvez seja a característica do sistema hereditário mais desprezada por meritocratas e republicanos.
Daí a importância — reconhecida por aqueles em torno de William e Harry — de dar à jovem realeza a oportunidade de se testar e descobrir um sentido de autoestima na conquista, em lugar da simples arrogância.
Os príncipes têm feito isso através do serviço militar — William como piloto de busca e resgate da Força Aérea Real, e Harry, através de sua atuação no Exército, no Afeganistão.
No devido tempo, os mesmos princípios terão de ser aplicados à vida do mais novo membro da família real.
Esse bebê é "especial", algo que a maioria das pessoas reconhecem.
Mas, no mundo em que ele vai crescer, seria, certamente, um erro para ele acreditar que "especial" automaticamente significa "melhor".

O exemplo da avó

William entre Diana e Charles: realeza terá que proteger bebê da mídia
Conforme a vida do bebê avança, ele precisará fazer o que seus pai, avô e bisavó tentaram — ganhar o respeito pela maneira com que desempenham o próprio papel.
Sem surpresa, talvez o melhor modelo a seguir seja o de sua bisavó, que exibiu empenho e um senso de humildade como monarca.
Tudo isso é para o futuro. No entanto, um desafio que provavelmente se apresentará bem cedo para o príncipe de Cambridge é o escrutínio público.
O duque e a duquesa tentarão proteger seu filho da mídia.
William está ciente, a partir da própria infância, do quão intrusivo e perturbador isso pode ser.
Será uma prioridade absoluta para ele tentar garantir que o seu filho desfrute da infância mais tranquila possível, protegida da mídia internacional, que vê os jovens da realeza como um imã para vender produtos noticiosos.
Kate Middleton também sabe algo sobre como lidar com a curiosidade insaciável da mídia.
Ela estará igualmente determinada a cercar o seu filho primogênito com o máximo de "normalidade" possível.
Foto: BBC
Passado de classe média de Kate pode ajudar bebê
Para esse fim, ela tem a vantagem considerável de vir de uma família unida, que construiu os próprios êxitos.
O Middletons mostraram determinação para alcançar os objetivos familiares e — em geral — uma impressionante discrição diante de tamanha proximidade com a rainha e sua família.
O único ponto de interrogação persistente contra isso é a irmã mais nova de Kate, Pippa, mas isso é outra história.

Instituição milenar

Muito já foi escrito sobre como príncipe de Cambridge será o primeiro descendente real imbuído de valores de classe média — de onde sua mãe vem.
Se for esse o caso, quem pode argumentar seriamente que uma boa dose de "Middleton" em inspiração e autodisciplina não será benéfica para um jovem nascido com tamanhos privilégios.
Pode-se dizer que Carole, mãe de Kate, e avó da criança, terá influência significativa, sobretudo tendo-se em conta a proximidade de seu relacionamento com sua filha mais velha.
Em algum momento pode haver um irmão mais novo — mas talvez apenas um, já que a família real parece ter entendido os problemas da produção de muitos jovens reais, que necessitam de um papel.
Então, o que o futuro reserva para o bebê real?
Em suma, uma vida submetida à curiosidade pública e, no devido tempo, a responsabilidade de atualizar e avançar em uma instituição milenar, que é a mais conhecida monarquia hereditária do mundo.