sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Ossada que pode ser de Amarildo é investigada

Uma ossada encontrada em Resende, no sul fluminense, será analisada para que se confirme ou descarte a hipótese de se tratar do pedreiro Amarildo de Souza, morador da Rocinha (zona sul do Rio) desaparecido desde 14 de julho.
Os ossos foram encontrados no último domingo, 22, por um morador do bairro Montese que caminhava perto de um matagal. A cabeça, carbonizada, estava pendurada em uma árvore. Os demais ossos estavam espalhados pelo chão. Segundo a polícia, não há nenhuma razão especial para que se suspeite tratar-se de Amarildo, mas é necessário examinar para que a dúvida seja esclarecida.
Um parente de Amarildo já cedeu material genético que será comparado com o dos ossos. O exame será feito pelo Instituto de Pesquisas e Perícias em Genética Forense, no Rio, e deve ser concluído na próxima quinta-feira, 3.

Dados da Pnad são animadores e mostram que país está muito melhor, diz ministra

A Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios 2012 (Pnad), divulgada nesta sexta-feira (27) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), anima o governo e mostra que o país e sua população estão “muito melhor”, disse a ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello, no Palácio do Planalto. Para ela, o Brasil continua avançando em todos os indicadores estratégicos.
Quanto à taxa de analfabetismo, que, segundo a pesquisa, aumentou de 8,6% (12,9 milhões de pessoas) em 2011 para 8,7% (13,2 milhões de pessoas) no ano passado, a ministra considerou uma variação da própria amostra. “Nossa avaliação é que não houve aumento da taxa de analfabetismo, e sim que ficou estável e que temos de continuar avançando”.
Segundo Tereza Campello, o governo ainda analisará os microdados da Pnad e fará uma avaliação mais aprofundada na próxima segunda-feira
Segundo Tereza Campello, o governo ainda analisará os microdados da Pnad e fará uma avaliação mais aprofundada na próxima segunda-feira
>> Rendimento real do trabalhador cresce 5,8% em 2012, segundo a Pnad
>> Trabalho infantil diminui, mas ainda há 3,5 milhões de menores ocupados
>> Mais de 80 milhões de brasileiros acessam a internet
>> Desemprego no país ficou em 6,1% em 2012
>> Analfabetismo para de cair após 8 anos
>> Número de domicílios no país cresce mais do que a população
>> Pnad indica que ganhos de rendimento das mulheres são menores que os dos homens
>> População brasileira chega a 197 milhões de pessoas
A ministra manifestou entusiasmo com os dados referentes à taxa de emprego e ao aumento de renda da população. “Se olharmos para o mundo, [veremos que] no trabalho, temos dados absolutamente fantásticos. Cai o desemprego e aumenta o rendimento real em todas as regiões”. De 2011 para 2012, o Brasil registrou queda de 6,7% para 6,1% na taxa de desemprego. O rendimento médio mensal do trabalhador brasileiro chegou a R$ 1.507 em 2012, com ganho real de 5,8% em relação aos R$ 1.425 de 2011, reajustados pela inflação.
Tereza Campello comemorou também a queda de 23% no trabalho infantil, na faixa etária entre 10 e 13 anos, e disse que o país tem bons números para apresentar na 3ª Conferência Global sobre Trabalho Infantil, de 8 a 10 de outubro, em Brasília. “Poderemos abrir a conferência com números muito impressionantes. O trabalho infantil despencou em todo o Brasil”, afirmou a ministra.
Segundo Tereza Campello, o governo ainda analisará os microdados da Pnad e fará uma avaliação mais aprofundada na próxima segunda-feira (30).

Autor de Dilma Bolada diz que faz entretenimento, e não política

Após encontro com a presidente, Jeferson Monteiro afirmou que não pensa em impactos políticos do perfil

Depois de ser recebido pela presidente Dilma Rousseff durante o relançamento da conta presidencial no Twitter, Jeferson Monteiro, o administrador da conta Dilma Bolada nas redes sociais afirmou que faz entretenimento e que não está pensa em impactos políticos do perfil, que virou um fenômeno na internet. Fã declarado e eleitor de Dilma, Jeferson simpatizou com a mandatária e acredita que o famoso estilo durão só é aplicado a quem merece.
“É ótimo imaginar a Dilma sambando, correndo com as emas, ‘boladinha’ com o cachorro. Tudo é ficção. O que eu faço é ficção, é entretenimento. Eu não estou interessado na imagem política ou no jornal”, conta.


​O administrador da sátira digital da presidente reconhece que o sucesso não vai durar para sempre. “Isso tudo é muito passageiro. A Dilma Bolada não vai durar para sempre e vai chegar uma hora em que ela vai acabar”, afirma.
Sobre críticas de políticos da oposição, Jeferson Monteiro vê “dor de cotovelo”. “Acho que os políticos devem se preocupar mais com coisas sérias do que ficar se preocupando com personagem de internet”, dispara.
Dilma Rousseff e "Dilma Bolada" se encontraram pela primeira vez na manhã desta sexta-feira durante a reativação da conta presidencial do Twitter. A retomada do microblog está em consonância com a reformulação da política de comunicação em redes sociais do governo. Dilma já estreou também um perfil no Instagram e promete uma página no Facebook.
Jeferson saiu da audiência com a melhor impressão da presidente e minimizou a fama de rígida de Dilma para com seus subordinados. "Se ela dá bronca às vezes em algumas pessoas, é porque elas merecem", conclui.

Como Messi caiu na malha fina e foi parar no tribunal na Espanha

Jogador Lionel Messi
O pai de Messi acusa o antigo agente do jogador, que nega as irregularidades
O craque Lionel Messi é presença constante na imprensa. Considerado por muitos o melhor jogador do mundo, o argentino voltou às manchetes dos jornais, desta vez por outro motivo: o atacante do Barcelona é réu em um caso de evasão de impostos.
Messi responde ao processo junto com o pai, Jorge Horacio Messi. Nesta sexta-feira, ele deixou a audiência fechada em um tribunal na cidade catalã de Gavà com um sorriso no rosto, em meio a uma multidão de simpatizantes que foi ao local para apoiá-lo.
Mas nem tudo era simpatia. Ele também escutou gritos de "ladrão" e "chorizo", termo para corrupto na Espanha.
Um dos esportistas mais bem pagos do mundo, Messi ganha cerca de US$ 20 milhões (cerca de R$ 45 milhões) por temporada. Além do generoso salário, recebe ainda mais de US$ 21 milhões (R$ 47 milhões) em contratos publicitários com empresas como Danone, Adidas, Pepsi e Procter & Gamble, segundo a revista Forbes.

Qual acusação pesa sobre Messi?

A Promotoria de Delitos Econômicos de Barcelona acusa Messi e o pai de fraudar mais de 4 milhões de euros (cerca de R$ 12,2 milhões) nas declarações de impostos de renda nos anos de 2007, 2008 e 2009.
Segundo a promotoria, Messi "teve renda significativa" de seu direito de imagem nesses anos e nunca a declarou.
Messi é acusado de burlar a fiscalização da Receita cedendo os direitos de imagem a empresas fantasmas sediadas em Belize e no Uruguai. Outros tipos de contratos seriam firmados com empresas estabelecidas no Reino Unido e na Suíça.
O jogador conseguiria, assim, transferir dinheiro desses países europeus a empresas em paraísos fiscais, fugindo da tributação da Receita espanhola.

O que diz Messi?

O astro da seleção argentina e o pai sempre negaram ter cometido irregularidades. Quando a acusação veio à tona ano passado, Messi se disse "surpreso" em sua página no Facebook.
"Sempre cumprimos nossas obrigações tributárias seguindo os conselhos de nossos contadores, que vão esclarecer esta situação”, disse, na época, o jogador de 26 anos, que há 13 anos vive em Barcelona.
Já o pai do jogador, segundo o jornal Periódico de Catalunya, teria enviado uma carta aos juízes em que argumentou que seu filho se dedicou "sempre e somente a jogar futebol".
"Jorge Messi assume certa falta de controle a respeito da atividade de seus assessores e acusa o antigo sócio, Rodolfo Schinocca, que segundo a acusação foi quem, em 2005, organizou a estrutura para burlar os impostos", já que o então jogador ainda era menor de idade, diz o jornal.
Schinocca se defendeu das acusações e disse que foi o pai de Messi quem o encarregou de abrir as contas nos países estrangeiros.

Como o escândalo afeta Messi?

O caso veio à tona em junho deste ano, quando o campeonato espanhol já tinha chegado ao fim com a vitória do Barcelona.
Em campo, Messi não parece ter sofrido qualquer impacto. Ele foi o maior goleador do campeonato, junto com o brasileiro Diego Costa, do Atético de Madri.
Os contratos publicitários de Messi podem, no entanto, ser afetados em caso de condenação. Um dia antes de comparecer ao tribunal, o jogador passou a manhã gravando um comercial para a Adidas.

Qual pode ser a condenação?

A Justiça espanhola prevê multas e até prisão em casos de fraude fiscal. Messi e o pai, no entanto, já fizeram um "pagamento corretivo" de 5 milhões de euros (R$ 15,3 milhões) à Receita espanhola, o que deve reduzir a pena em caso de condenação ou se eles se declararem culpados.
Segundo o Periódico de Catalunya, a carta do pai de Messi fazia referência a esse pagamento, citando o suposto valor fraudado mais os juros correspondentes.

Quanto de imposto pagam os jogadores?

Segundo o correspondente da BBC em Madri, Tom Burridge, a investigação surge no momento em que as autoridades espanholas tentam reduzir a evasão fiscal como parte das medidas para equilibrar as contas públicas em tempos de crise.
Messi é o primeiro jogador de elite a cair na malha fina. Na Espanha, jogadores de sucesso pagam mais de 50% dos rendimentos em impostos. Esse é o caso do galês Gareth Bale e do brasileiro Neymar.
Mas não foi sempre assim. Em 2006, o Parlamento aprovou a chamada Lei Beckham (em referência ao jogador inglês, ex-astro do Real Madrid), que concedia benefícios fiscais a jogadores estrangeiros que não se declaravam residentes na Espanha, pagando apenas 24% de impostos sobre rendimentos.
A lei acabou em 2010, mas não teve caráter retroativo. Jogadores como Cristiano Ronaldo, cujo contrato é anterior, continuam pagando 24%. Isso até 2015, quando entra em vigor a renovação do contrato do jogador português.
Messi, que tem nacionalidade espanhola, nunca pôde se beneficiar da Lei Beckham.
O craque do Barcelona também não é o primeiro astro argentino a se ver às voltas com o fisco. Diego Armando Maradona também responde a um processo de evasão fiscal de US$ 50 milhões (R$ 113 milhões) na Justiça italiana, referente aos anos em que foi o grande nome do Napoli, entre 1984 e 1991.

Conheça o homem que pode ter salvado o mundo de uma guerra atômica

Stanislav Petrov. Foto: Serviço Russo da BBC
Petrov não se vê como herói, mas diz que URSS teve sorte por ter sido ele quem estava trabalhando
Há trinta anos, no dia 26 de setembro de 1983, o mundo escapou de um possível desastre nuclear.
Nas primeiras horas do dia, os sistemas de alerta balístico da União Soviética detectaram mísseis vindo em direção à região. Leituras de dados de computador sugeriam que havia sido lançado um ataque dos Estados Unidos. O protocolo soviético determinava que a atitude a ser tomada em casos como esse seria o lançamento imediato de um ataque nuclear de retaliação.
Mas Stanislav Petrov — cujo trabalho era monitorar lançamentos de mísseis em países inimigos — decidiu não relatar o ataque a seus superiores, apostando na interpretação de que se tratava de um alerta falso.
Ele tinha ordens claras de, em casos como esse, reportar imediatamente o ocorrido a seus superiores. A opção segura seria a de passar a responsabilidade das decisões para seus superiores.
Mas sua decisão pode ter salvado o mundo.
"Eu tinha todos os dados (para sugerir que havia um ataque de mísseis em andamento). Se eu tivesse mandado meu relato para meus superiores, ninguém teria contestado meus dados", disse Petrov à BBC – 30 anos depois daquele dia.
Petrov – que se aposentou e hoje vive em uma pequena cidade perto de Moscou – era parte de uma equipe treinada que trabalhava em uma das primeiras bases de alerta da União Soviética, não muito longe da capital. Seu treinamento foi bastante rigoroso, e suas ordens sempre foram claras.
Seu trabalho era registrar qualquer ataque com mísseis e relatá-los aos líderes militares e políticos. No clima político de 1983, uma retaliação imediata seria a opção mais provável.
Mas Petrov congelou diante da situação.
"A sirene tocou, mas eu fiquei parado por alguns segundos, encarando a tela vermelha com a palavra 'lançado' escrita", diz. O sistema, com bom nível de confiabilidade, estava alertando sem grandes margens para dúvida de que os Estados Unidos tinham lançado um míssil.
"Um minuto depois, a sirene soou de novo. Um segundo míssil havia sido disparado. Depois um terceiro, um quarto e um quinto. Os computadores mudaram o alerta de 'lançado' para 'ataque de mísseis'."
"Não havia regras sobre quanto tempo tínhamos para ponderar antes de relatar um ataque. Mas nós sabíamos que cada segundo de adiamento era uma perda de tempo precioso, e que a liderança política e militar da União Soviética precisava ser alertada sem atrasos."
"Tudo que eu precisava fazer era pegar o telefone e fazer contato direto com os altos comandantes – mas eu não conseguia me mexer. Eu me sentia como se estivesse sentado em cima de uma frigideira", lembra Petrov.
Ele resolveu consultar fontes secundárias, como especialistas que operam radares de satélites, que disseram não ter detectado mísseis.
Mas o que mais chamou sua atenção foi a intensidade dos alertas feitos pelos computadores.
"Havia 28 ou 29 testes de segurança. Depois que o alvo fosse identificado, o alerta teria que passar por todos esses testes. Eu não via como isso podia ser possível nessas circunstâncias."
Petrov chamou o plantonista do quartel-general do Exército soviético e alertou para uma falha no sistema. Caso estivesse errado, a primeira explosão nuclear poderia acontecer em poucos minutos.
"Vinte e três minutos depois eu percebi que nada tinha acontecido. Se um ataque de verdade tivesse acontecido, eu já teria recebido notícias. Foi um alívio enorme", ele lembra, com um sorriso.

'Sorte que era eu'

Agora, 30 anos depois, Petrov avalia que a probabilidade de o ataque ser real era de 50%. Ele admite que nunca teve certeza de que se tratava de um alerta falso.
Ele afirma que foi o único entre seus colegas que tinha tido uma educação em escolas civis.
"Meus colegas eram soldados profissionais, ensinados a dar e receber ordens."
Ele acredita que, caso tivesse sido outra pessoa no seu lugar, provavelmente o alerta teria sido informado aos superiores.
Dias depois, Petrov foi repreendido por suas ações naquele dia. Mas curiosamente não foi por ter tratado tudo como alerta falso – mas sim por erros cometidos na hora de escrever tudo no livro de registros.
Por dez anos, ele não falou sobre o assunto.
"Eu achava que era uma vergonha para o Exército soviético que nosso sistema tivesse falhado desta forma."
Depois do colapso da União Soviética, a história foi amplamente contada na imprensa e Petrov ganhou vários prêmios internacionais.
Apesar de tudo, ele não se vê como um herói.
"Era meu trabalho", diz ele. "Mas eles tiveram sorte que era eu quem estava trabalhando naquela noite."

Inspeção do arsenal químico da Síria começa terça

Após uma reunião realizada ontem (26) em Haia (Holanda), ficou decidido que uma missão da Organização para a Proibição de Armas Químicas (Opaq) partirá no dia 1º de outubro para a Síria, com o objetivo de inspecionar o arsenal químico do governo.
    O encontro convocado pelo conselho executivo do órgão, que é ligado à Organização das Nações Unidas (ONU), contou com a presença de uma delegação do país, que não teve direito à palavra.
    Os inspetores visitarão todos os locais indicados pelo regime de Bashar al-Assad até o dia 26 do mesmo mês e terão acesso ilimitado aos armamentos. A Opaq espera que a destruição do arsenal seja concluída até a primeira metade de 2014. (ANSA)

Painel da ONU reforça consenso sobre ação humana em clima

Onda gigante no litoral britânico, em Durham. Foto: PA
Relatório minimiza pausa no aumento de temperaturas nos últimos 15 anos
Um relatório do painel da ONU para Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) afirma que há 95% de certeza de que as atividades humanas têm sido o principal agente causador do aquecimento global desde os anos 1950.
O relatório – que é um esforço de diversos integrantes da comunidade científica em todo o mundo – foi divulgado nesta sexta-feira.
Em 2007, o IPCC havia estabelecido em "mais de 90%" a probabilidade de que ações humanas seriam a principal causadora do aquecimento global.
Desde os anos 1950, a humanidade é "nitidamente responsável" por mais da metade do aumento observado nas temperaturas. Desde 1998, as temperaturas pararam de subir, mas os cientistas minimizaram este fato.
Segundo eles, aquele ano foi muito quente devido aos eventos climáticos El Niño — que ocorrem no Oceano Pacífico e tem grande influência sobre a distribuição de chuva e calor em várias regiões do mundo — e isso contribuiu para que as temperaturas médias parassem de crescer.
O relatório afirma que o aquecimento global é um fenômeno "inequívoco", verificado no ar, nos oceanos e no solo, e que mesmo a interrupção deste fenômeno nos últimos 15 anos foi curta demais para conter esta tendência de longo prazo.
"Tendências baseadas em dados de curto prazo [...] em geral não refletem tendências de longo prazo", afirma o texto.
O painel diz que os gases nocivos ao meio ambiente continuando sendo emitidos, e que isso vai agravar o aquecimento global. Para deter isso, seriam necessárias "reduções substanciais e sustentadas de emissões de gases nocivos ao ambiente".

Cada vez mais quente

O documento foi intensamente debatido por cientistas reunidos na Suécia nesta semana, antes de ser divulgado nesta sexta-feira. Os relatórios do IPCC servem como uma espécie de resumo consensual da comunidade científica para influenciar decisões tomadas pelos líderes políticos mundiais.
Esta é a primeira parte de três grandes documentos que serão divulgados ao longo dos próximos 12 meses. O texto de 36 páginas é considerado o mais abrangente já produzido pelo painel sobre os mecanismos de mudanças climáticas da Terra.
O relatório é categórico ao afirmar que, desde os anos 1950, as mudanças observadas são mais intensas do que as verificadas em "décadas e milênios" anteriores.
Nas últimas três décadas, a Terra foi ficando cada vez mais quente – com temperaturas médias provavelmente superiores a qualquer período nos últimos 1,4 mil anos.
"Nossa avaliação científica detecta que a atmosfera e os oceanos se aqueceram, a quantidade de neve e gelo diminuiu, a média do nível do mar aumentou e a concentração de gases nocivos ao ambiente se intensificou", diz Qin Dahe, que é um dos diretores do IPCC.
No resumo do documento, os cientistas dizem que o nível do mar vai crescer em um ritmo mais acelerado do que o registrado nos últimos 40 anos.
A previsão é de que o planeta vai se aquecer em 1,5 graus Celsius até o fim do século.

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Rede: partido de Marina Silva abre filiações em MS para eleições de 2014

A Rede Sustentabilidade (Rede) abre filiações para pré-candidaturas em Mato Grosso do Sul, por meio da executiva regional, para os cargos eletivos de 2014 - deputado estadual, deputado federal, senador, governador.
Um dos primeiros estados a cumprir a meta de apoio à criação da Rede foi o Mato Grosso do Sul, que já reuniu mais de 10 mil assinaturas. São necessários 0,01% do eleitorado, que no Estado representa 1.390 assinaturas de apoio.
Após a coleta das assinaturas em vários estados, as fichas são encaminhadas aos cartórios que verificam a veracidade dos dados preenchidos, além de certificar se as assinaturas são mesmo do eleitor em questão. As informações necessárias para que o apoio seja validado pelo cartório são: nome completo, assinatura, número do título de eleitor e zona eleitoral.
Segundo a executiva regional do partido, a Rede Sustentabilidade pretende reunir cidadãos dispostos a contribuir de forma voluntária e colaborativa para aprofundar a democracia no Brasil e superar o monopólio partidário da representação política institucional. 
Contato 
Os interessados devem entrar em contato pelos telefones (67) 9697-4720 (Eidson Brito), (67) 9185-2001 (Neide Herrero) ou (67) 9971-5515 Tatiana Ujacow. A ficha para filiação pleiteando a pré-candidatura já está disponível no site www.msemrede.com.br.

As grandiosas soluções da geoengenharia para o aquecimento global

Geoengenharia
Riscos de controlar o ambiente pela tecnologia ainda precisam ser considerados, dizem cientistas
A manipulação deliberada do ambiente terrestre em larga escala, chamada de geoengenharia, poderia ser uma das formas de resfriar a Terra ou ajudar a reduzir os níveis de dióxido de carbono na atmosfera.
Mas os cientistas sabem que essas tecnologias estão em seus estágios muito iniciais de desenvolvimento e ainda não foram testadas em uma escala global.
Apesar de haver grandes riscos em interferir deliberadamente com a natureza para resfriar o planeta, alguns pesquisadores dizem que se as concentrações de carbono na atmosfera alcançarem um estágio crítico, a geoengenharia seria a única forma de controlar nosso clima.
Geoengenharia
Algumas soluções falam em controlar o nivel de radição solar intervindo na atmosfera
Por outro lado, outros temem que ter uma tecnologia para "reverter" as mudanças climáticas poderia ser visto como um passe livre (para os poluidores) e que mais esforços deveriam ser concentrados nas maneiras atuais de reduzir as emissões.
Steve Rayner, co-diretor do Programa de Geoengenharia da Universidade de Oxford, na Grã-Bretanha, diz que não há resposta fácil, mas afirma que "seria irresponsável não explorarmos o potencial para entender as tecnologias da melhor forma possível".
"Ao longo da história da humanidade, as tecnologias de uma geração criam problemas para a seguinte. Temos que encontrar alguma forma para lidar com isso, porque é parte da evolução da sociedade humana", acrescenta.
  • O que é geoengenharia?
Geoengenharia
Produzir mais nuvens brancas poderia refletir a luz solar antes que ela chegue à terra
Geoengenharia se refere à manipulação deliberada do ambiente da Terra em larga escala para contrabalancear as mudanças climáticas.
Há essencialmente duas maneiras de fazer isso.
A primeira é chamada Gerenciamento da Radiação Solar (SRM, na sigla em inglês) e envolve refletir raios solares para que não cheguem à superfície da Terra e retornem ao espaço.
Um método proposto de SRM envolve colocar aerossóis de enxofre nas altas camadas da atmosfera.
Isso imita o que ocorre ocasionalmente na natureza quando um vulcão poderoso entra em erupção. Por exemplo, a erupção do Monte Pinatubo, nas Filipinas, em 1991, injetou um enorme volume de enxofre na estratosfera. As partículas produzidas nas reações subsequentes resfriaram o planeta em cerca de 0,5ºC nos dois anos seguintes ao refletir a luz solar de volta ao espaço.
Usar esse método apenas combateriam os sintomas e não combateriam o problema do aumento da concentração de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera.
É por isso que a segunda opção seria tentar remover o CO2 já presente na atmosfera. Várias maneiras de fazer isso foram propostas. Esses enfoques são conhecidos como Remoção de Dióxido de Carbono (CDR, na sigla em inglês).
Isso combateria a raiz do problema, mas Rayner observa que seria lento demais para ter algum efeito e precisaria de um grande investimento financeiro.
  • Dimensões políticas
O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) já havia afirmado que a geoengenharia poderia prover soluções importantes para combater as mudanças climáticas, mas também diz que mais pesquisas são necessárias sobre o tema.
Um grande relatório publicado em 2009 pela britânica Royal Society também sugeriu que "os métodos de geoengenharia por CDR e SRM deveriam ser considerados como parte de um pacote mais amplo de opções para combater as mudanças climáticas".
E apesar a ideia de geoengenharia ter ganhado força há vários anos, as propostas em escala global ainda não se concretizaram.
Por muitos anos, um acordo internacional, o Protocolo de Kyoto, estabeleceu metas para os países industrializados cortarem a emissão de gases do efeito estufa. Em 2012, as negociações para o clima em Doha estenderam o prazo do protocolo.
Rayner participou de dois painéis de avaliação anteriores do IPCC e acredita que tais metas seriam impossíveis de alcançar. Ele diz que independentemente dos esforços para redução das emissões de gases, e mesmo se isso for suplementado por tecnologias de geoengenharia, algum nível de adaptação para mudanças climáticas será necessário.
"As tecnologias de geoengenharia são vistas como potenciais ferramentas adicionais à disposição para lidar com as mudanças climáticas, não como um substituto para adaptação ou para a mitigação dos gases do efeito estufa", disse ele à BBC.
Ele acrescenta que os documentos compilados pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Unep) e pelo IPCC sugerem que não será possível cumprir as metas "sem encontrar maneiras de remover carbono do ar".
  • Tecnologias propostas
Gerenciamento da Radiação Solar (SRM): Reflexo de raios solares para que não cheguem à superfície da Terra e retornem ao espaço.
Melhoramento do albedo: Aumento da refletividade das nuvens sobre a superfície da Terra, para que mais do calor do Sol seja refletido de volta para o espaço.
Refletores espaciais: Bloquear uma pequena proporção da luz do sol antes que ela chegue à Terra.
Aerossóis estratosféricos: Introduzir pequenas partículas refletivas na alta atmosfera para refletir parte da luz solar antes que ela alcance a superfície da Terra.
Remoção de Dióxido de Carbono (CDR): Remoção de CO2 da atmosfera.
Reflorestamento: Esforços de plantação de árvores em escala global.
Biocarbono: Queimar biomassa (plantas) e enterrá-las para que o carbono fique preso no solo.
Bioenergia com captura e sequestro de carbono: Cultivo de biomassa, queima para a produção de energia e captura do CO2 gerado no processo, que é armazenado.
Captura no ar ambiente: Construção de máquinas que podem remover o CO2 diretamente do ar ambiente e armazená-lo em outro lugar.
Fertilização oceânica: Acrescentar nutrientes ao oceano em lugares selecionados para aumentar a produção de fitoplânctons, que absorvem CO2 da atmosfera.
Meteorização melhorada: Expor grandes quantidades de minerais que reagem com o CO2 na atmosfera e armazenar os compostos resultantes nos oceanos ou no solo.
Aumento da alcalinidade do oceano: Moer, dispersar e dissolver tipos de rochas como calcário, silicato ou hidróxido de cálcio no oceano para aumentar sua habilidade para armazenar carbono e combater a acidificação oceânica, um dos efeitos das mudanças climáticas.
Fonte: Programa de Geoengenharia de Oxford
A tecnologia mais estudada até agora tem sido a fertilização oceânica, que envolve o uso de ferro para estimular o crescimento dos fitoplânctons no oceano, aumentando a absorção de CO2.
Um estudo, por exemplo, mostrou que cerca de metade do fitoplâncton resultante da adição de ferro afundava até o fundo do oceano, isolando o carbono por um período que pode chegar a vários séculos.
Mas outro estudo indicou que pouco CO2 era absorvido pelos organismos e que o potencial para a fertilização com ferro depende em grande parte da localização onde é feita.
E alguns esquemas vêm gerando polêmica. Em julho de 2012, por exemplo, cem toneladas de sulfato de ferro foram depositadas no oceano Pacífico, na costa oeste do Canadá, em uma tentativa de ajudar a recuperar os estoques de salmão na região. A ação provocou forte reação de ambientalistas que se opõem à fertilização oceânica.
A ideia continua a ter seus defensores, mas John Shepherd, professor do Centro Nacional de Oceanografia da Universidade de Southampton, na Grã-Bretanha, que também coordenou o estudo da Royal Society de 2009, tem dúvidas sobre seus benefícios.
"A fertilização oceânica envolve uma grande interferência com o ecossistema. Você pode ter um grande impacto ambiental com um desejado efeito colateral pequeno", diz.
  • Riscos
Alguns cientistas observam que manipular o clima em uma parte do mundo poderia ter consequências em outros lugares. Por isso, dizem eles, qualquer ação desse tipo deveria ser feita em escala global com um acordo internacional.
A alteração do clima de outro país é até mesmo classificado como um crime de guerra de acordo com a Convenção de Genebra de 1976.
O professor Paul Nightingale, do departamento de pesquisas em políticas de ciência e tecnologia da Universidade de Sussex, na Grã-Bretanha, diz que não há atualmente uma infraestrutura montada para que tais decisões sejam tomadas sobre o clima global.
Rose Cairns, também da Universidade de Sussex, escreveu um relatório para o Economic and Social Research Council (ESRC) sobre o tema. Ela diz que uma questão é que a geoengenharia permanece um termo extremamente ambíguo, porque a tecnologia é muito ampla.
Aspergir aerossóis na estratosfera, por exemplo, poderia ser "altamente polêmico", enquanto um projeto global para plantar árvores causaria muito menos furor.

  • Zona de perigo?
Como acontece com qualquer nova tecnologia, os efeitos colaterais imprevisíveis da geoengenharia não devem ser descartados.
Por exemplo, além de qualquer benefício que poderia haver, acredita-se que espalhar aerossóis de enxofre poderiam esgotar o ozônio atmosférico e exacerbar o risco de secas, particularmente na Ásia e na África, onde poderia afetar as monções.
Outra vez, o problema recai sobre os tomadores de decisões. "Quem vai decidir o que constitui uma emergência tão séria para permitir a mudança da temperatura do planeta?", questiona Cairns.
"Quem tomaria esse tipo de decisão, levando em consideração que algumas dessas tecnologias arriscam, por exemplo, afetar as monções e os padrões de chuva?", diz.
Outra questão é que uma vez que a geoengenharia se torne uma opção, pode tirar a sensação de urgência de se reduzir as emissões de CO2.
"Nesse sentido, conceitualmente, é bem perigoso até mesmo ter essa opção sobre a mesa", afirma Cairns.
  • Custos
Outro fator importante é o custo considerável de usar novas tecnologias em uma escala global.
Apesar de os custos financeiros poderem ser menores que o custo da falta de ação, Nightingale diz que seria melhor gastar o dinheiro em tornar a produção de energia mais limpa.
"A termodinâmica de tirar o CO2 do ar é muito mais cara do que tirar o CO2 dos escapamentos e das usinas", explica.
"Parece uma série de tecnologias muito cara, complicada e arriscada para se considerar quando já temos várias tecnologias que são ambientalmente benignas", diz.
  • Prazos
Por ora, somente testes de geoengenharia de pequena escala podem ser feitos, desde que não afetem a biodiversidade, numa regra determinada pela Convenção da ONU sobre Biodiversidade, de 2010.
A limitação foi em parte consequência do forte lobby do grupo ambientalista internacional ETC. Eles dizem que a sua maior preocupação era "o controle internacional dos sistemas planetários: nossa água, nossa terra e nosso ar".
Eles também expressaram preocupação de que Estados mais ricos poderiam ver isso como "um conserto rápido e barato para as mudanças climáticas", deixando o combate das atuais questões climáticas sem recursos.
Andy Ridgwell, professor da Universidade de Bristol, na Grã-Bretanha, observa porém que já estamos afetando a biodiversidade "jogando carbono na atmosfera".
Mas ele diz que é mais provável que "nós sigamos nos adaptando" do que tenhamos projetos de geoengenharia de larga escala no futuro próximo.
"A não ser que as camadas de gelo derretam, não vejo um ponto no qual tenhamos ultrapassado um limite fundamental no qual os maiores emissores do mundo concordem de repente que precisamos fazer algo", diz Ridgwell.
"Considerando que a geoengenharia precisaria de um acordo internacional, suspeito que as temperaturas continuarão subindo e que as pessoas terão de se adaptar", observa.
Shepherd concorda que estamos longe de fazer qualquer coisa "além de discutir e pesquisar". Mas ele acrescenta que a geoengenharia seria a única forma de realmente reverter as mudanças climáticas.
"O controle das emissões nunca reverterão isso. Estamos fazendo o que é essencialmente uma mudança irreversível no clima em escala de tempo humano. O planeta ainda está desbalanceado e os oceanos ainda estão se aquecendo", diz.

Interpol emite alerta sobre "Viúva Branca", procurada no Quênia

A Interpol emitiu nesta quinta-feira um alerta de busca internacional para Samantha Lewthwaite, cidadã britânica conhecida como "Viúva Branca", sem mencionar suspeitas de seu envolvimento no ataque a um shopping center em Nairóbi.
O anúncio da Interpol, chamado "alerta vermelho", diz que Lewthwaite, 29, é procurada pelo Quênia por acusações de posse de explosivos e conspiração para cometer um crime em dezembro de 2011.
Lewthwaite, que também acredita-se usar o nome 'Natalie Webb', é viúva de Germaine Lindsay, um dos homem-bomba islâmicos que atacaram o transporte público de Londres em 2005, e suspeita-se que tenha deixado a Grã-Bretanha há muitos anos.
O ministro do Interior da África do Sul, Naledi Pandor, disse em uma coletiva de imprensa em Pretória nesta quinta-feira que Lewthwaite entrou na África do Sul em julho de 2008 com um passaporte ilegal que foi usado pela última vez em fevereiro de 2011.
Ela é procurada em conexão com um suposto plano para atacar hotéis de luxo e restaurantes no Quênia.
A polícia britânica apontou Lewthwaite como uma possível suspeita pelo ataque a um shopping center em Nairóbi por islâmicos do movimento somali Al Shabaab.
Algumas testemunhas disseram que mulheres estavam entre os militantes envolvidos no ataque ao shopping, que durou quatro dias e deixou 67 pessoas mortas. Mas o Al Shabaab negou em sua conta no Twiter utilizar "irmãs" em suas operações militares.

Irã quer acordo nuclear em até seis meses, diz presidente Rouhani

O presidente iraniano Hassan Rouhani afirmou que quer chegar a um acordo com o Ocidente sobre a questão nuclear em um prazo entre três e seis meses.
Ele afirmou ao jornal americano The Washington Post entender a solução sobre a questão como um primeiro passo para aliviar as relações entre seu país e os EUA.
O presidente iraniano disse que recebeu poderes do líder supremo, o aiatolá Khamenei, para negociar os assuntos nucleares.
Nesta quinta-feira, poucas horas após o encontro direto de mais alto nível entre o Irã e os Estados Unidos sobre a questão nuclear em seis anos, Rouhani disse que nenhum país deve possuir armas nucleares.
Durante um debate sobre desarmamento nuclear nas Nações Unidas, o presidente iraniano também disse que Israel deve aderir ao Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares para tornar o Oriente Médio uma área livre de armas nucleares.
Ainda na quinta-feira, o chanceler iraniano e o secretário de Estado americano John Kerry devem se encontrar para discutir o programa nuclear de Teerã.
Saiba quais são as principais questões relacionadas à disputa.

Por que o assunto se transformou em crise?

Numa abordagem direta e simplificada pode-se dizer que a crise tem origem na desconfiança. As superpotências suspeitam que as autoridades iranianas não estão sendo honestas ao fornecerem informações sobre o programa nuclear do país e que na verdade o Irã estaria empenhado na produção de uma bomba atômica.
O Irã insiste que seu programa nuclear se destina apenas a objetivos pacíficos - e anos de conversações não conseguiram resolver o impasse.

Como tudo começou?

As primeiras informações sobre o programa nuclear iraniano começaram a ser divulgadas em 2002, quando um grupo de oposição revelou atividades clandestinas incluindo a existência de uma unidade de enriquecimento de urânio em Natanz e de um reator a água pesada instalado em Arak. Em seguida, o governo iraniano concordou que seu programa nuclear fosse verificado pela agência de inspeção da ONU, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), mas as dúvidas em relação aos objetivos permaneceram. A AIEA não conseguiu confirmar a afirmação do governo iraniano de que seu programa nuclear tem objetivo pacífico e que não se destina à produção de armas nucleares.
Isso levou os Estados Unidos e seus aliados europeus a pressionar o Irã para interromper o enriquecimento de urânio, que tem potencial para ser usado não só para fins civis pacíficos de geração de energia como também para fabricação de bombas nucleares. Em 2003, o Irã havia aceitado suspender o enriquecimento, durante negociações diplomáticas. Mas a atividade foi retomada após a eleição do presidente Mahmoud Ahmadinejad, em 2005.
Em 2006, o conselho do AIEA denunciou o Irã no Conselho de Segurança da ONU por não obedecer o Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares. Desde então, o Conselho da ONU adotou seis resoluções exigindo que o Irã interrompesse o enriquecimento de urânio. Apesar disso, o Irã continuou com a atividade. Em 2009, o país revelou a existência de outra base subterrânea de enriquecimento de urânio.
Tentativas de uma negociação com o Irã feitas pelo P5+1 - grupo formado por Estados Unidos, Grã-Bretanha, China, Rússia, França e Alemanha - não avançaram. Isso despertou preocupação em Israel, cujos líderes passaram a ameaçar o Irã com ataques preventivos.

Por que o Conselho de Segurança ordenou o Irã a parar com o enriquecimento de urânio?

O medo é que a tecnologia seja aprimorada ao ponto de possibilitar a fabricação de uma bomba nuclear.
O Irã escondeu seu programa por 18 anos. O Conselho da ONU exige garantias do país de que seu programa só tem fins pacíficos.
Pela lei internacional, uma ordem emitida pelo Conselho de Segurança da ONU está acima a outras dadas pelas demais entidades internacionais. O capítulo 7 do artigo 41 da Carta da ONU permite que o Conselho decida "quais medidas tomar para fazer com que suas ordens sejam acatadas, sem a necessidade de envio de forças armadas".

Como o Irã justifica sua decisão de desobedecer o Conselho de Segurança?

O Irã afirma que está agindo dentro do Tratado de Não-Proliferação, que é enriquecer urânio apenas para uso como combustível em fins pacíficos.
Pelo tratado, os Estados signatários precisam aceitar inspeções da AIEA. O Irã está sendo inspecionado, mas não de acordo com os critérios mais rígidos da organização, já que o país decidiu não acatá-los. O tratado só permite que os países que já tinham armas nucleares em 1968 (ano em que ele foi assinado) possam enriquecer urânio no nível que permite o uso em armas nucleares.

Por que as negociações fracassaram?

Houve várias propostas de acordo entre o Irã e a comunidade internacional desde 2003. No entanto, nenhum teve aceitação de todas as partes envolvidas. Enquanto isso, o programa nuclear iraniano se expandiu.
Desde 2006, o P5+1 persegue uma solução com duas frentes, combinado as negociações entre o Conselho de Segurança e o governo iraniano, de um lado, e sanções a indivíduos e empresas envolvidas no negócio, do outro. A economia iraniana vem sofrendo desde 2012 com sanções adicionais impostas pelos Estados Unidos e União Europeia.
O Irã quer que o P5+1 reconheça o seu direito a enriquecer urânio, mas as potências mundiais não aceitam dar esse reconhecimento até que estejam convencidos de que o Irã não tem planos de fabricar uma bomba nuclear.
Desde sua vitória inesperada nas eleições presidenciais de junho, o presidente Rouhani tem buscado dialogar com o Ocidente para pôr fim às sanções.
Em artigo publicado no jornal americano Tje Washington Post em setembro, o presidente alertou que "a mentalidade de soma zero da época da Guerra Fria só traz perdas a todos". Seu objetivo é alcançar um "engajamento construtivo". Em entrevista à rede de TV NBC, ele disse que tem "total poder e autoridade completa" para fechar um acordo nuclear. O poder de fato é do aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do Irã, que transferiu a questão nuclear para o escopo do ministério do Exterior, hoje liderado pelo ex-diplomata Mohammed Javad Zarif, que estudou nos Estados Unidos.

Por que o Ocidente suspeita que o Irã quer fabricar armas nucleares?

Em 2007, os Estados Unidos publicaram um documento no qual afirmam "com alto nível de confiabilidade" que o Irã tinha um programa de armas nucleares em 2003, mas que isso foi interrompido quando descoberto. Em 2010, um documento semelhante não-divulgado oficialmente concluiu que o Irã conduziu pesquisas relacionadas a armas nucleares, segundo o jornal The New York Times. No entanto, não havia indícios de uma retomada do programa interrompido em 2003.
A AIEA publicou um relatório em 2011 dizendo ter informações confiáveis de que o Irã desenvolveu esse tipo de atividade. O Irã negou o conteúdo do relatório.

O Irã tem capacidade de fabricar uma arma nuclear?

O presidente americano, Barack Obama, disse à uma televisão de Israel, em março de 2013, que o Irã precisaria de "um ano ou mais para conseguir desenvolver armas nucleares". Isso envolveria o enriquecimento de urânio, a criação de ogivas e o desenvolvimento de uma plataforma de lançamento - avião, míssil ou navio.
Para que isso acontecesse, o Irã teria que expulsar inspetores de armas, e não conseguiria fazer isso sem despertar atenção internacional, segundo os americanos.

Quais são as chances de um ataque ao Irã?

O premiê israelense Binyamin Netanyahu afirma existir uma ameaça potencial de ataque por parte do Irã e que isso permanece.
Em um evento na ONU em setembro de 2012, Netanyahu havia estabelecido como "linha vermelha" a primavera ou o verão de 2013 – época em que o Irã já teria urânio enriquecido em grau suficiente para produzir uma bomba nuclear. Isso criou expectativas de que um ataque israelense poderia acontecer naquela época. Porém, negociações entre o grupo P5+1 e o Irã e a conversão de urânio enriquecido a 20% em combustível adiou essa data limite.
Autoridades americanas deixaram claro que qualquer ataque ao Irã gerará grande instabilidade. Eles aparentemente esperam que Teerã não tente construir a bomba, mesmo que continue desenvolvendo suas capacidades nucleares.
Contudo, Obama também procurou tranquilizar os israelenses dizendo que o uso da força militar continua sendo uma opção se as sanções e a diplomacia não conseguirem frustrar as supostas ambições nucleares do Irã. "Quando eu digo que toda sas opções estão na mesa, toda as opções estão na mesa", afirmou o presidente a uma TV israelense em março de 2013.

Israel não tem a bomba nuclear?

Israel não confirma nem nega ter armas nucleares – uma política conhecida como "ambiguidade nuclear" – porém acredita-se que o país possua até 400 ogivas nucleares. Israel mantém um complexo de pesquisa nuclear em Dimona desde a década de 1960. Em 1986, o ex-funcionário Mordechai Vanunu revelou detalhes de um programa de armas clandestino no local.
O Irã acusou o Ocidente de adotar uma posição contraditória ao se opor ao seu programa nuclear, mas não ao de Israel.
Contudo, Israel não faz parte do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares, por isso não é obrigado a fornecer informações sobre suas pesquisas. A Coreia da Norte abandonou o tratado e anunciou ter adquirido capacidade nuclear.
Em 18 de setembro de 2009, a Agência Internacional de Energia Atômica pediu a Israel que se junte ao tratado e abra suas instalações nucleares para inspeção.

Conselhos de medicina de vários Estados resistem a ceder registro a médicos estrangeiros

Nesta quarta-feira (25),122 registros dos 644 protocolados foram liberados
Conselhos regionais de Medicina de vários Estados continuam resistindo a emitir o registro a profissionais formados no exterior que vão atuar no Mais Médicos e, com isso, descumprindo os prazos de entrega. Por isso, o início das atividades dos profissionais está atrasado.
Balanço do MiConselhos resistem a ceder registro a médicos estrangeiro. O Ministério da Saúde aponta que só 78 (27%) dos 280 registros que deveriam ter sido liberados até terça-feira (24) foram de fato emitido pelos conselhos. Até esta quarta-feira (25), haviam sido liberados 122 registros dos 644 protocolados — 44 deles antes mesmo de o prazo expirar.
Os motivos alegados pelas entidades para a não emissão dentro da data prevista variam. São Paulo e Paraná, por exemplo, apontam inconsistências na documentação prevista na medida provisória, como problemas nos diplomas, falta dos selos consulares, ausência do comprovante de habilitação para exercer Medicina, entre outros.
80% dos profissionais do Mais Médicos continuam de braços cruzados por falta de registro
Espanhol é a língua mais falada entre os profissionais do Mais Médicos em SP
Na sexta-feira, São Paulo entregou um dossiê ao ministério e a representantes da AGU (Advocacia-Geral da União) apontando as falhas documentais nos 55 pedidos de registro, mas até ontem não havia resposta.
Já Minas Gerais e Rio de Janeiro decidiram manter a exigência de condicionar a emissão do registro à divulgação dos nomes dos tutores e supervisores dos médicos, além do endereço do local em que vão atuar. O Rio ainda exige uma carta em que o médico garanta ter domínio da Língua Portuguesa.
No CRM do Amazonas, o presidente Jeferson Jezine disse que há problemas em parte dos documentos, mas reiterou que nenhum deles traz informações sobre os tutores, nem sobre o endereço de trabalho.
João Batista Gomes Soares, presidente do CRM-MG, diz que a direção da entidade decidiu manter a exigência do nome dos tutores e supervisores, mesmo após orientação contrária do CFM (Conselho Federal de Medicina). Nesta quinta-feira (26), o tema voltará a ser discutido em reunião da plenária (com 41 conselheiros) para uma posição definitiva. “A informação dos tutores é fundamental para a fiscalização.
— Caso a plenária decida pelo contrário, posso renunciar”.
Na terça-feira (24), o médico Alexandre Bley, então presidente do CRM-PR, renunciou ao cargo após a plenária do conselho decidir, por maioria dos votos, emitir os registros.
Atraso no registro do programa Mais Médicos custará R$ 2,2 milhões
O CRM do Rio entrou com uma ação judicial, na última sexta-feira (20), pedindo para não conceder o registro para médicos estrangeiros sem a revalidação do diploma — exigência além da prevista na medida provisória. Segundo Jean Uema, diretor do Departamento Jurídico do Ministério da Saúde, "são tentativas claras de ganhar tempo".
— Na maioria dos casos há interpretações equivocadas dos conselhos, exigindo documentos além dos previstos na medida provisória. Por obrigação legal os conselhos têm de emitir esses registros”.
De acordo com ele, os documentos apresentados para os conselhos têm fé pública e confirmam que aqueles médicos cumprem os requisitos para trabalhar no programa.

IPCC: Dez pontos para você entender as discussões sobre clima

O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) divulga na sexta-feira em Estocolmo, na Suécia, um novo relatório no qual pretende estabelecer, com o maior grau de certeza já obtido, o papel das atividades humanas nas mudanças climáticas.
Para ajudar a entender melhor o tema, a BBC preparou uma lista com dez perguntas e respostas sobre a questão:

O que é mudança climática?

O clima do planeta está mudando constantemente ao longo do tempo geológico. A temperatura média global hoje é de cerca de 15ºC, mas as evidências geológicas sugerem que ela já foi muito maior ou muito menor em outras épocas no passado.
Entretanto, o atual período de aquecimento está ocorrendo de maneira mais rápida do que em muitas ocasiões no passado. Os cientistas estão preocupados de que a flutuação natural, ou variabilidade, está dando lugar a um aquecimento rápido induzido pela ação humana, com sérias consequências para a estabilidade do clima no planeta.

O que é 'efeito estufa'?

O efeito estufa se refere à maneira como a atmosfera da Terra "prende" parte da energia do Sol. A energia solar irradiada de volta da superfície da Terra para o espaço é absorvida por gases atmosféricos e reemitida em todas as direções.
A energia que irradia de volta para o planeta aquece tanto a baixa atmosfera quanto a superfície da Terra. Sem esse efeito, a Terra seria 30ºC mais fria, deixando as condições no planeta hostis para a vida.
Os cientistas acreditam que estamos contribuindo para o efeito natural de estufa com gases emitidos pela indústria e pela agricultura, absorvendo mais energia e aumentando a temperatura.
O mais importante desses gases no efeito estufa natural é o vapor de água, mas suas concentrações mostram pouca mudança. Outros gases do efeito estufa incluem dióxido de carbono, metano e óxido nitroso, que são liberados pela queima de combustíveis fósseis. O desmatamento contribui para seu aumento ao eliminar florestas que absorvem carbono.
Desde o início da revolução industrial, em 1750, os níveis de dióxido de carbono (CO2) aumentaram mais de 30%, e os níveis de metano cresceram mais de 140%. A concentração de CO2 na atmosfera é agora maior do que em qualquer momento nos últimos 800 mil anos.

Qual é a evidência sobre o aquecimento?

Os registros de temperatura, a partir do fim do século 19, mostram que a temperatura média da superfície da Terra aumentou cerca de 0,8ºC nos últimos cem anos. Cerca de 0,6ºC desse aquecimento ocorreu nas últimas três décadas.
Dados de satélites mostram um aumento médio nos níveis do mar de cerca de 3 milímetros por ano nas últimas décadas. Uma grande proporção da mudança nos níveis do mar se deve à expansão dos oceanos pelo aquecimento. Mas o derretimento das geleiras de montanhas e das camadas de gelo polar também contribuem para isso.
A maioria das geleiras nas regiões temperadas do mundo e na Península Antártica estão encolhendo. Desde 1979, registros de satélites mostram um declínio dramático na extensão do gelo no Ártico, a uma taxa anual de 4% por década. Em 2012, a extensão de gelo alcançou o menor nível já registrado, cerca de 50% menor do que a média do período entre 1979 e 2000.
O manto de gelo da Groenlândia verificou um derretimento recorde nos últimos anos. Se a camada inteira, de 2,8 milhões de quilômetros cúbicos, derretesse, haveria um aumento de 6 metros nos níveis dos mares.
Dados de satélites mostram que a capa de gelo do oeste da Antártica também está perdendo massa, e um estudo recente indicou que o leste da Antártica, que não havia mostrado tendências claras de aquecimento ou resfriamento, também pode ter começado a perder massa nos últimos anos. Mas os cientistas não esperam mudanças dramáticas. Em alguns lugares, a massa de gelo pode aumentar, na verdade, com as temperaturas em alta provocando mais tempestades de neve.
Os efeitos de uma mudança climática também podem ser vistos na vegetação e nos animais terrestres. Isso inclui também o florescimento e frutificação precoces em plantas e mudanças nas áreas ocupadas pelos animais terrestres.

Há uma pausa no aquecimento?

Alguns especialistas argumentam que desde 1998 não houve um aquecimento global significativo, apesar do aumento contínuo nos níveis de emissão de CO2. Os cientistas tentam explicar isso de várias formas.
Isso inclui: variações na emissão de energia pelo Sol, um declínio no vapor de água atmosférico e uma maior absorção de calor pelos oceanos. Mas até agora, não há um consenso geral sobre o mecanismo preciso por trás dessa pausa.
Céticos destacam essa pausa como um exemplo da falibilidade das previsões baseadas em modelos climáticos computadorizados. Por outro lado, os cientistas do clima observam que o hiato no aquecimento ocorre em apenas um dos componentes do sistema climático - a média global da temperatura da superfície -, e que outros indicadores, como o derretimento do gelo e as mudanças na fauna e na flora demonstram que a Terra continua a se aquecer.

Quanto as temperaturas vão aumentar no futuro?

Em seu relatório de 2007, o IPCC previu um aumento da temperatura global entre 1,8ºC e 4ºC até 2100.
Mesmo que as emissões de gases do efeito estufa caiam dramaticamente, os cientistas dizem que os efeitos continuarão, porque partes do sistema climático, particularmente os grandes corpos de água e gelo, podem levar centenas de anos para responder a mudanças na temperatura. Também leva décadas para que os gases do efeito estufa sejam removidos da atmosfera.

Quais serão os impactos disso?

A escala do impacto potencial é incerto. As mudanças podem levar à escassez de água potável, trazer mudanças grandes nas condições para a produção de alimentos e aumentar o número de mortes por inundações, tempestades, ondas de calor e secas.
Os cientistas preveem mais chuvas em geral, mas dizem que o risco de seca em áreas não costeiras deverá aumentar durante os verões mais quentes. Mais inundações são esperadas por causa de tempestades e do aumento do nível do mar. Deverá haver, porém, muitas variações regionais nesse padrão.
Os países mais pobres, que estão menos capacitados para lidar com a mudança rápida, deverão sofrer mais.
A extinção de plantas e animais está prevista, por conta de mudanças nos habitats mais rápidas do que a capacidade de adaptação das espécies à estas. A Organização Mundial da Saúde (OMS) advertiu que a saúde de milhões de pessoas pode ser ameaçada por aumentos nos casos de malária, doenças transmitidas pela água e malnutrição.
O aumento na absorção de CO2 pelos oceanos pode levá-los a se tornar mais ácidos. Esse processo de acidificação em andamento poderia provocar grandes problemas para os recifes de corais, já que as mudanças químicas impedem os corais de formar um esqueleto calcificado, que é essencial para sua sobrevivência.

O que não sabemos?

Os modelos computadorizados são usados para estudar a dinâmica do clima na Terra e fazer projeções sobre futuras mudanças de temperatura. Mas esses modelos climáticos diferem sobre a "sensibilidade climática" - a quantidade de aquecimento ou esfriamento que ocorre por conta de um fator específico, como a elevação ou a queda na concentração de CO2.
Os modelos também diferem na forma como expressam "feedback climático".
O aquecimento global deverá provocar algumas mudanças com probabilidade de criar mais aquecimento, como a emissão de grandes quantidades de gases do efeito estufa com o derretimento do permafrost (gelo eterno da superfície da Terra). Isso é conhecido como feedback climático positivo (no sentido de adicionar calor).
Mas também existem os feedbacks negativos, que compensam o aquecimento. Por exemplo, os oceanos e a terra absorvem CO2 como parte do ciclo do carbono.
A questão é saber qual o resultado final da soma dessas variáveis.

As inundações vão me atingir?

Detalhes vazados do relatório a ser apresentado nesta semana indicam que no pior cenário traçado pelo IPCC, com o maior nível de emissões de dióxido de carbono, os níveis dos mares no ano 2100 poderiam subir até 97 centímetros.
Alguns cientistas criticam os modelos usados pelo IPCC para calcular esse aumento. Usando o que é chamado de modelo semiempírico, as projeções para o aumento do nível do mar podem chegar a 2 metros. Nessas condições, 187 milhões de pessoas a mais no mundo sofreriam com inundações.
Mas o IPCC deve dizer que não há consenso sobre o enfoque semiempírico e manterá o dado pouco inferior a 1 metro.

O que vai acontecer com os ursos polares?

O estado dos polos Norte e Sul tem sido uma preocupação crescente para a ciência, conforme os efeitos do aquecimento global se tornam mais intensos nessas regiões.
Em 2007, o IPCC disse que as temperaturas no Ártico aumentaram quase duas vezes mais que a média global nos últimos cem anos. O relatório destacou que a região pode ter uma grande variação, com um período quente observado entre 1925 e 1945.
Nos rascunhos do relatório desta semana, os cientistas dizem que há uma evidência maior de que as camadas de gelo e as geleiras estão perdendo massa e que a camada de gelo está diminuindo no Ártico.
Em relação à Groenlândia, que por si só tem a capacidade de aumentar os níveis globais dos mares em 6 metros, o painel diz estar 90% certo de que a velocidade da perda de gelo entre 1992 e 2001 aumentou seis vezes no período entre 2002 e 2011.
Enquanto a extensão média do gelo no Ártico caiu cerca de 4% por década desde 1979, o gelo na Antártica aumentou até 1,8% por década no mesmo período.
Para o futuro, as previsões são bastante dramáticas. No pior cenário traçado pelo IPCC, um Ártico sem gelo no verão é provável até o meio deste século.
E a perspectiva para os ursos polares e para outras espécies que vivem nesse ambiente não é bom, segundo disse à BBC o professor Shang-Ping Xie, do Instituto de Oceanografia da Universidade da Califórnia em San Diego.
"Haverá bolsões de gelo marítimo em alguns mares marginais. Esperamos que os ursos polares sejam capazes de sobreviver no verão nesses bolsões de gelo remanescentes", disse.

Qual a credibilidade do IPCC?

Himalaia
IPCC reconheceu erro em inclusão de previsão sobre fim das geleiras do Himalaia até 2035
A escala global do envolvimento científico com o IPCC dá uma ideia do peso dado ao painel.
Dividido em três grupos de trabalho que analisam a ciência física, os impactos e as opções para limitar as mudanças climáticas, o painel envolve milhares de cientistas de todo o mundo.
O relatório a ser apresentado em Estocolmo tem 209 autores coordenadores e 50 revisões de editores de 39 países diferentes.
O documento é baseado em cerca de 9.000 estudos científicos e 50 mil comentários de especialistas.
Mas em meio a esse conjunto enorme de dados, as coisas podem não sair como o esperado.
No último relatório, publicado em 2007, houve um punhado de erros que ganharam grande projeção, entre eles a afirmação de que as geleiras do Himalaia desapareceriam até 2035. Também houve erro na projeção da porcentagem do território da Holanda que ficaria sob o nível do mar.
O IPCC admitiu os erros e explicou que em um relatório de 3 mil páginas é sempre possível que haja alguns pequenos erros. A afirmação sobre o Himalaia veio da inclusão de uma entrevista que havia sido publicada pela revista New Scientist.
Em 2009, uma revisão da forma como o IPCC analisa as informações sugeriu que o painel seja mais claro no futuro sobre as fontes de informação usadas.
O painel também teve a reputação manchada pela associação com o escândalo provocado pelo vazamento de e-mails trocados entre cientistas que trabalhavam para o IPCC, em 2009.
As mensagens pareciam mostrar algum grau de conluio entre os pesquisadores para fazer com que os dados climáticos se encaixassem mais claramente na teoria das mudanças climáticas induzidas pelo homem.
Porém ao menos três pesquisas não encontraram evidências para apoiar essa conclusão.
Mas o efeito final desses eventos sobre o painel foi o de torná-lo mais cauteloso.
Apesar de o novo relatório possivelmente enfatizar uma certeza maior entre os cientistas de que as atividades humanas estão provocando o aquecimento climático, em termos de escala, níveis e impactos a palavra "incerteza" deverá aparecer com bastante frequência.

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Com bancada de até 35 deputados, Solidariedade deve apoiar candidatura de Aécio

Nos próximos dias, legenda vai oficializar o ingresso de parlamentares e definir políticos que disputarão as eleições de 2014

Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, presidente da Força Sindical e deputado federal do PDT-SP
Deputado Paulo Pereira Da Silva, uma das lideranças do partido Solidariedade (Sergio Lima/Folha imagem)
Depois de ter o aval do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o novo partido Solidariedade estima que conseguirá montar uma bancada de até 35 deputados federais. Com projeções de poder controlar pouco mais de dois minutos de propaganda eleitoral no rádio e na televisão, a sigla pretende agora intensificar as negociações para integrar o bloco de apoio à candidatura do tucano Aécio Neves à Presidência da República.
Em um primeiro momento, a legenda vai utilizar os próximos nove dias para oficializar o ingresso de parlamentares e definir os políticos que vão disputar cargos eletivos nas eleições de 2014. O perfil dos futuros filiados é que vai delinear as negociações em torno da candidatura de Aécio. Conforme a lei eleitoral, para concorrer, o político precisa estar filiado a um partido pelo menos um ano antes da data fixada para as eleições majoritárias.
Leia também: MP investiga fraude na criação de partido de Paulinho
“O primeiro trabalho que estamos fazendo é verificar os parlamentares que vão se filiar também nos estados. Quais são os deputados candidatos estaduais e também a outros cargos. Temos até o dia 4 para filiar aqueles que querem ser deputados federais, estaduais, governador e senador”, disse o deputado Paulo Pereira da Silva, que atuou como o principal artífice para a criação do Solidariedade.
Depois de montar a lista de candidatos, a legenda começará a organizar diretórios estaduais e ampliar a capilaridade da sigla. A primeira reunião após o registro oficial do partido, realizada nesta quarta-feira, teve a presença de 24 deputados.
Nas votações no Congresso, a ideia inicial do Solidariedade é se classificar como “independente” e votar apenas de forma pontual, a depender do projeto, conforme orientação do Palácio do Planalto. Ainda assim, o deputado Paulo Pereira da Silva vai defender junto à futura bancada a possibilidade de o partido integrar a ala oposicionista ao governo.
Resistência – A criação do Solidariedade e do PROS (Partido Republicano da Ordem Social) acendeu o sinal amarelo nos principais partidos no Congresso Nacional. Eles temem perder os seus quadros para as novas agremiações.
Depois de o PMDB ter anunciado publicamente que vai entrar na justiça contra filiados que migrarem, sem justa causa, para outros partidos, o líder peemedebista na Câmara, Eduardo Cunha, defendeu que se acabe com a “farra partidária” e com a criação indiscriminada de partidos políticos. “Precisamos acabar com essa festa. Acho que aumenta o descrédito em geral com os partidos políticos. O partido político, que é uma representação de parte da sociedade, tem que se formar pelas urnas, e não por uma transferência ou por uma criação cartorial”, disse Cunha.
O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), por sua vez, afirmou que “um dia tem que parar” a criação frequente de novos partidos. “Vamos para 32 partidos. Está impossível se organizar uma democracia forte, consolidada com partidos programáticos com um número desses de partidos”, afirmou.

Fiscalização flagra trabalho escravo em obras de ampliação de Guarulhos

A fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), em conjunto com o Ministério Público do Trabalho (MPT), resgatou 111 operários em condições análogas à escravidão nas obras de ampliação do Aeroporto  Internacional de São Paulo/Guarulhos em três operações entre 6 e 21 de setembro. Os homens estavam em alojamentos considerados irregulares pelos fiscais.
“[Tinha] trabalhador dormindo no chão, não havia fornecimento de colchão. Os trabalhadores não estavam alimentados, não estavam vestidos corretamente”, detalhou o coordenador do Programa de Erradicação do Trabalho Escravo do MTE em São Paulo, Renato Bignami, sobre a situação dos 11 alojamentos que foram interditados nas três operações. As informações foram divulgadas hoje (25).
Foram lavrados 25 autos de infração contra a OAS,  empreiteira responsável pelas obras. Caso os autos sejam considerados procedentes, a empresa pode ter de pagar até R$ 145 mil em multas e ter o nome incluído da lista suja do trabalho escravo, ficando impedida de receber financiamento público por dois anos. A construtura teve de pagar as verbas rescisórias e indenização para os resgatados, cerca de R$ 6 mil para cada um. A Justiça do Trabalho bloqueou, por meio de liminar, R$ 15 milhões em bens da empreiteira e da concessionária que administra o aeroporto, a GRU Airport.
Os operários foram aliciados em estados do Nordeste, principalmente Pernambuco, mas também Piauí, Bahia e Maranhão, com a promessa de que receberiam salário de R$ 1,4 mil por mês. Para fazer a viagem, os homens gastaram entre R$ 300 e R$ 500. Ao chegarem em Guarulhos faziam, segundo o MPT, exame médico admissional da OAS. No entanto, os operários não eram contratados, ficavam à disposição da empresa em uma espécie de banco de reserva de mão de obra. “Eles deixavam um número enorme de trabalhadores à espera de uma contratação futura”, disse a procuradora Christiane Nogueira.
Entre os aliciados estavam seis índios da etnia Pankararu. Todos os resgatados puderam voltar para os seus locais de origem às custas da empresa. Segundo Chistiane, como estavam habituados a um clima mais quente, os trabalhadores tiveram problemas com temperaturas mais baixas na Grande São Paulo durante o mês de agosto. “A própria comunidade do entorno do aeroporto fez uma campanha do agasalho porque eles não estavam preparados para a condição climática”, disse a procuradora sobre a situação dos operários, que passavam até fome depois de gastarem todas as economias para permanecer em São Paulo.
Por meio de nota, a  GRU Airport disse que segue todas as normas trabalhistas previstas na legislação brasileira e exige a mesma conduta dos fornecedores e prestadores de serviço. “Nesse contexto, a empresa não poupará esforços para contribuir com os órgãos competentes no esclarecimento de fatos que contrariem sua conduta e/ou política institucional”, diz o comunicado.
A OAS emitiu uma nota oficial em que diz só ter tomado conhecimento das irregularidades no último dia 6 e que vem tomando providências para solucionar os problemas. “A  OAS ressalta que não mantêm pessoas alojadas na obra e não utiliza intermediários na contratação de seus colaboradores. A empresa, nas pessoas dos seus representantes, não teve qualquer participação nos incidentes relatados”, diz o comunicado, que ressalta que os colaboradores citados nos depoimentos foram afastados.

Mais Médicos: AGU pede que PGR investigue conselhos de medicina

A Advocacia-Geral da União (AGU) solicitou que a Procuradoria-Geral da República (PGR) apure as ocorrências de condutas ilícitas praticadas pelos Conselhos Regionais de Medicina e por seus dirigentes que se recusam a cumprir a Medida Provisória 621/2013, que institui o "Programa Mais Médicos para o Brasil". O pedido foi protocolado nesta quarta-feira (25) e é direcionado ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
No documento, a AGU alerta para a "reação política e corporativista" dos Conselhos contra o Programa que tem como objetivo melhorar a universalização da saúde pública no país. Sustenta, ainda, que a conduta das entidades tem causado atraso na implementação da política pública que beneficiará milhares de brasileiros que moram em municípios carentes de médicos.
De acordo com a Procuradoria-Geral da União (PGU), órgão da AGU que elaborou o pedido, a conduta dos Conselhos ao se recusarem a cumprir as normas que regulamentam o programa é um "flagrante desrespeito ao princípio da legalidade e também da impessoalidade".
O principal motivo para a alegação da Advocacia-Geral é que as dificuldades têm sido impostas apenas aos médicos estrangeiros que estão em regime de intercâmbio no Brasil.
Além disso, a Advocacia-Geral aponta que a conduta dos CRMs demonstra "uso excessivo do poder decorrente do uso do exercício da função pública em detrimento direto do direito individual dos intercambistas, bem como por consequência dos direitos da coletividade em se beneficiar da importante política pública".
Para o procurador-geral da União, Paulo Henrique Kuhn, que protocolou o documento, a AGU espera que o MPF apure a conduta dos Conselhos. "No oficio ao Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, estamos narrando todos os fatos que aconteceram desde a instituição do Programa Mais Médicos, as dificuldades e as reações dos Conselhos. Com a narrativa dessas circunstâncias, esperamos que o MPF analise e verifique a existência de um ato ilegal ou não", destacou.
Conselhos
As entidades tentaram impedir o início do trabalho dos médicos e, consequentemente, a implantação do programa, por meio de diversas ações judicias ajuizadas em todos os estados brasileiros, exceto no Maranhão e Roraima. No entanto, em todos os casos a Advocacia-Geral da União conseguiu liminares favoráveis demonstrando a legalidade do registro provisório para os profissionais que vão atuar no programa Mais Médicos.
"Diante do total insucesso no âmbito judicial, os CRM`s iniciaram então uma ação orquestrada na seara administrativa, com fins nitidamente procrastinatórios ao início efetivo do programa", destacou trecho do pedido.
O pedido da AGU descreve, ainda, que após o prazo de 15 dias, determinado na lei para que os Conselhos Regionais de Medicina emitam os registros provisórios, as entidades passaram a exigir documentos diversos aos estabelecidos pela Medida Provisória como informações sobre localidade de desempenho das atividades médicos educacionais do inscrito no projeto e dados sobre o supervisor e tutor acadêmico que acompanharão cada médico intercambista.
O documento demonstrou que para evitar condutas "procrastinatórias" ao início efetivo do "Mais Médicos para o Brasil", a Advocacia-Geral da União editou o Parecer nº 051/2013, aprovado pela Presidenta da República e publicado no Diário Oficial da União (DOU) no dia 16/09. O parecer afastou a possibilidade dos Conselhos Regionais de Medicina pedirem documentações extras, além das estabelecidas pela Medida Provisória nº 621/2013 para emissão dos registros. Na análise da AGU, os Conselhos Federal e Regionais de Medicina são entidades de natureza autárquica e exercem funções tipicamente públicas, delegadas pelo Poder Público.
Dessa forma, essas instituições estão submetidas aos princípios que regem a Administração Pública, em especial, o da legalidade e devem seguir o que foi definido no parecer.
Mais Médicos
Dados apontam que o Brasil possui cerca de 360 mil médicos ativos e apresenta uma proporção de 1,8 profissional para cada 1.000 habitantes, quantidade abaixo do encontrado em outros países como a Argentina (3,2), Portugal (4) e Espanha (4). Existe diferença também entre os estados. O Maranhão, por exemplo, tem um médico para cada dois mil habitantes. As informações também são preocupantes no estado do Pará que tem 0,77/por mil, Amapá com 0,76 e Acre com 0,94.
A legalidade da emissão do registro provisório para médicos intercambistas foi comprovada pela AGU nos estados do Rio de Janeiro, Ceará, Bahia, Mato Grosso, São Paulo, Goiás, Sergipe, Pernambuco, Paraíba, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Pará, Bahia, Acre, Amapá e Distrito Federal.

Muitas perguntas sem resposta após fim do cerco a shopping em Nairóbi

O fim do cerco ao centro comercial Westgate de Nairóbi deixou em suspenso várias questões, entre elas: quantas pessoas foram feitas reféns? Quem eram, de fato, os atacantes?
QUANTAS PESSOAS MORRERAM DESDE O INÍCIO DA AÇÃO?
Oficialmente, ao menos 67 pessoas morreram no ataque iniciado no sábado por um comando islamita: 61 civis, incluindo 16 expatriados estrangeiros, e seis membros das forças de segurança quenianas.
O balanço pode aumentar: ao menos 64 pessoas ainda estão desaparecidas segundo a Cruz Vermelha. Além disso, poderia haver outros desaparecidos estrangeiros que teriam sido assinalados diretamente a suas embaixadas.
À medida que as equipes de resgate avançarem entre os escombros do edifício parcialmente destruído, muitos cadáveres poderão ser descobertos. Mas a operação levará tempo, já que as autoridades continuam a procurar eventuais explosivos nos arredores do shopping.
Os insurgentes islamitas somalis shebab, que reivindicaram o ataque, e o governo queniano multiplicaram declarações contraditórias sobre os reféns, sobretudo nas últimas 24 horas de ataque. Desde segunda-feira à noite, Nairóbi afirmava ter liberado todos os reféns ainda em mãos dos islamitas. No dia seguinte, os shebab desmentiam, afirmando que o comanda ainda detinha reféns "vivos".
Quarta-feira, os shebab acusaram as autoridades quenianas de terem provocado a morte de 137 reféns nas últimas horas de operação, utilizando "gás químico" no prédio para acabar com o cerco.
Desde domingo à noite, nenhum refém foi levado ao posto de emergência avançado instalado próximo ao Westgate, segundo um jornalista da AFP.
O ataque foi rapidamente reivindicado pelos shebab. Um parente do líder supremo do movimento, Ahmed Abdi Aw-Mohamed, conhecido como Godane, relatou à AFP nesta quarta-feira que o ataque não teria sido realizado sem o seu aval.
Mas a identidade dos membros do comando - de 10 a 15 pessoas segundo Nairóbi - e o que aconteceu a eles, continuam a ser grandes pontos de interrogação.
Logo após o início da crise, houve rumores sobre o envolvimento de combatentes estrangeiros, incluindo americanos e britânicos.
O nome da britânica Samantha Lewthwaite, viúva de um dos homens-bomba dos atentados de Londres de 2005, foi citado com insistência.
Os shebab negaram a participação de mulheres no ataque. O presidente queniano Uhuru Kenyatta recusou-se, por sua vez, a confirmar a informação e, enquanto aguarda os resultados dos legistas, garantiu que ao menos cinco atacantes foram mortos.
A identidade dos islamitas mortos ainda precisa ser confirmada, assim como daqueles que saíram vivos, e o que foi feito a eles.
O presidente Kenyatta anunciou a prisão de 11 suspeitos, sem especificar se eram ou não combatentes, e se eles foram presos no local do ataque. Sobreviventes do comando foram presos? Alguns conseguiram fugir? Ou seus corpos estão sob os escombros?
Única indicação até o momento: Londres afirmou, sem dar detalhes, que uma pessoa de nacionalidade britânica havia sido presa. O Ministério das Relações Exteriores não especificou se foi uma mulher ou um homem.
COMO A PREPARAÇÃO DO ATAQUE PASSOU DESPERCEBIDA PELA INTELIGÊNCIA QUENIANA?
Desde que o Quênia lançou uma operação militar na Somália no final de 2011, o país recebeu várias ameaças de insurgentes. O país também foi alvo de uma série de ataques, mas em escala muito menor e que nunca foram reivindicados diretamente pelos shebab.
Antes do ataque de Westgate, os quenianos, ajudados há vários meses por muitas agências de segurança estrangeiras, inclusive o FBI, conseguiram frustrar várias tentativas de ataques.
Várias embaixadas ocidentais chegaram a alertar repetidamente para o risco de ataques contra locais frequentados por estrangeiros, em particular os centros comerciais.
Mas, desta vez, nenhuma atividade específica dos shebab foi observada. Nada foi filtrado antes do ataque, afirmou à AFP duas fontes dos serviços de inteligência ocidentais.
"Em geral, há interceptações (telefônicas) ou vazamentos, mas não desta vez", declarou uma dessas fontes.