Os militares que organizaram e mantiveram firme controle sobre o processo de votação no Egito reconheceram a vitória do candidato islâmico Mohammed Mursi, nas eleições presidenciais, apesar dos receios de fraude e instabilidade no cenário pós-eleitoral. Mas os desafios para a nova democracia egípcia estão longe de ter terminado.
Para começar, o novo presidente, do Partido Liberdade e Justiça – braço político da Irmandade Muçulmana –, governará com poderes esvaziados. Horas antes do fechamento das urnas no segundo turno, no dia 17, a Junta Militar que governa o país desde a queda do regime de Hosni Mubarak emitiu uma emenda constitucional segundo a qual o novo presidente não terá poderes sobre o Exército, a política externa e de defesa.Na realidade, ainda não está claro até onde irão os poderes do novo presidente, que está iniciando as articulações políticas para formar seu gabinete e escolher um primeiro-ministro.
Analistas esperam que a Junta Militar assuma a autoridade legislativa e mantenha o controle sobre o orçamento estatal e o processo de redação da nova Carta.
Por isso, apesar da vitória de Mursi, integrantes da Irmandade Muçulmana asseguram que continuarão a protestar na praça Tahir.
Mursi também fez sua primeira afronta à cúpula militar do país ao anunciar que só prestará juramento para assumir o cargo diante do Parlamento.
Polarização
Um segundo desafio do novo governo está relacionado ao fato de o Egito ser hoje um país polarizado.Mursi obteve 51,7% dos votos no segundo turno da eleição, mas seu rival, o general reformado da Forças Aérea Ahmed Shafiq, último primeiro-ministro no regime de Mubarak, ficou com 48,3%.
Para atrair votos, o candidato do Partido Liberdade e Justiça adotou um discurso em favor da união nacional. Mas muitos egípcios ainda temem que ele transforme o país numa República Islâmica.
Não será fácil convencê-los de que o novo presidente não representa apenas os interesses da Irmandade Muçulmana, por muitos anos um grupo ilegal no Egito.
A escolha do primeiro-ministro será crucial para os esforços de conciliação. Mursi já prometeu apontar alguém de fora do grupo islâmico para o posto e pode escolher moderados também para a vice-presidência e ministérios.
Ele também renunciou formalmente à Irmandade Muçulmana no domingo, ainda que na prática o grupo deva permanecer influente em seu governo.
egito esta com problemas
ResponderExcluir