O Brasil deu um passo importante nesta sexta-feira para aderir ao
grupo de países que têm submarinos de propulsão nuclear, com a
inauguração da Unidade de Fabricação de Estruturas Metálicas, no
município fluminense de Itaguaí, que vai construir submarinos projetados
pela França.
A presidente Dilma Rousseff inaugurou a fábrica que vai fazer as
estruturas de metal para quatro submarinos de ataque convencionais
Scorpene e um submarino alimentado por um reator nuclear desenvolvido
inteiramente pelo Brasil.
Os submarinos serão feitos pela construtora de navios francesa DCNS
em uma joint venture com a brasileira Odebrecht na base da Marinha na
baía de Sepetiba, sul do Rio de Janeiro.
O programa de 7,8 bilhões de reais vai entregar o primeiro submarino
convencional em 2015 e o submarino de propulsão nuclear ficará pronto em
2023 e entrará em operação em 2025, após dois anos de testes, informou a
Marinha do Brasil em comunicado.
Os submarinos são uma parte fundamental do esforço do Brasil para
construir uma Marinha moderna, que possa defender seu petróleo e os
interesses comerciais no Atlântico Sul, uma região há muito dominada
pelas Marinhas britânica e norte-americana. É também um renascimento do
desenvolvimento nuclear militar brasileiro, que foi interrompido em 1990
com o fim do programa de bomba atômica do país.
Dilma indicou, em seu discurso, que a construção de um submarino
nuclear coloca o Brasil mais próximo de alcançar o objetivo de
conquistar uma vaga permanente no Conselho de Segurança da ONU, um grupo
ao qual o país aspira se juntar.
"Podemos dizer que, de fato, com ela nós entramos no seleto grupo que
é aquele dos integrantes do Conselho de Segurança das Nações Unidas,
únicas nações que têm acesso ao submarino nuclear, Estados Unidos,
China, França, Inglaterra e Rússia", disse Dilma em discurso na
cerimônia de inauguração da fábrica.
"Acredito que nós podemos afirmar com orgulho que o programa de desenvolvimento de submarinos é uma realidade", acrescentou.
EUA, Rússia, Grã-Bretanha, França e China são os únicos países com
capacidade para construir submarinos nucleares. A Marinha indiana tem um
submarino de ataque de propulsão nuclear, o INS Chakra, que foi
arrendado da Rússia, e a Índia está construindo um submarino nuclear com
tecnologia própria que deve estar em funcionamento até 2015.
Segundo Dilma, apesar de o Brasil viver em profunda paz com todos os
vizinhos e de não fazer disputas bélicas, existe a consciência de que o
mundo é complexo, e que o Brasil assumiu nos últimos anos uma extrema
relevância.
"Isso (ser pacífico) não nos livra de termos uma indústria da defesa e
termos toda uma constribuição a dar na garantia de nossa soberania e
nos inserirmos cada vez de forma mais pacífica... no cenário
internacional", disse.
A Marinha do Brasil salientou que o sistema de propulsão nuclear será
construído com tecnologia inteiramente nacional, que não foi
transferida pela França.
"Eu gostaria de louvar um fato que é muito importante. Uma indústria
da defesa, como disse o ministro (da Defesa) Celso (Amorim), é uma
indústria da paz. Mas eu acho que a indústria da de defesa é sobretudo
uma indústria do conhecimento. Aqui se produz tecnologia, aqui tem
também um poder imenso de difundir tecnologia. É isso que em outros
países a indústria da defesa faz", acrescentou Dilma.
TRANSFERÊNCIA TECNOLÓGICA
O programa de submarino Brasil-França foi acertado em 2008 pelos
então presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Nicolas Sarkozy, e é o
projeto de defesa mais caro do Brasil.
"É um programa importante porque é necessário que o Brasil modernize
sua estrutura de defesa", disse o deputado Leonardo Gadelha (PSC-PB),
membro da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da
Câmara.
"Nós estamos há muitos anos sem fazer investimentos. Temos um dos
maiores litorais do mundo e precisamos ter mecanismos para fazer a
defesa e a vigilância desse litoral, e os submarinos são uma grande peça
de defesa dos oceanos."
A Força Aérea Brasileira (FAB) também está buscando renovar sua frota
com a compra de 36 caças, num contrato de defesa avaliado em 4 bilhões
de dólares inicialmente. A Boeing Co., a francesa Dassault Aviation e a
sueca Saab AB estão na disputa pelo acordo.
O Brasil tem insistido na máxima transferência de tecnologia em tais
contratos militares para melhorar sua indústria de defesa privada que se
tornou um importante exportador de armas.
"Nós temos, por parte do povo brasileiro, a missão de garantir e
assegurar que de fato essa tecnologia nos seja transferida conforme o
contrato", afirmou Dilma sobre o acordo com a França a respeito dos
submarinos.
Na quarta-feira, a unidade de defesa da Embraer ganhou seu primeiro
contrato militar dos EUA para a venda de 20 aviões leves de ataque Super
Tucano, para uso na contra-insurgência no Afeganistão.
"Foi um certificado de qualidade" para a industria nacional de defesa, disse Amorim.
será que brasil descoberá dentro no fundo do mar?
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