quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

FBI desmantela megaesquema de fraude com cartões de crédito

A polícia federal americana desmantelou uma quadrilha que teria roubado mais de US$ 200 milhões usando cartões de crédito falsos, no que está sendo visto como um dos maiores esquemas de fraude da história dos Estados Unidos.
Ao todo, 18 pessoas foram presas e acusadas pela fraude, que teria envolvido milhares de identidades e empresas falsas, dados falsos para agências de avaliação de risco e até procedimentos em outros países.
Um agente do FBI informou que os acusados faziam parte de um sofisticado sistema baseado no Estado americano de Nova Jersey, mas com atuação também em outros 28 Estados.
Segundo os investigadores, o esquema foi iniciado em 2007. Os fraudadores usavam avaliações de crédito de 7 mil portadores de cartões de créditos, todos falsos, para conseguir empréstimos de grande porte - que nunca foram reembolsados.
"Os acusados criaram uma 'cafeteria virtual'...cujos principais itens do cardápio eram cobiça e enganação", afirmou David Velazquez, agente especial comandante do escritório do FBI em Newark, na terça-feira.

Falsificações

Mais de 25 mil contas de cartão de crédito foram abertas usando registros falsos e uma rede de 1.800 endereços de correspondência.
O esquema também estabeleceu pelo menos 80 empresas falsas e comprou máquinas de pagamentos de cartão de crédito. Eles passavam os cartões e ficavam com o dinheiro.
O prejuízo confirmado, de US$ 200 milhões, pode ser ainda maior, devido ao tamanho do esquema.
"Este tipo de fraude aumenta os custos dos negócios para cada consumidor americano, todos os dias", afirmou o promotor americano Paul Fishman.
"Com a ganância e arrogância, os indivíduos presos hoje e seus conspiradores teriam prejudicado não apenas as companhias de cartão de crédito, mas todos que precisam lidar com taxas de juros e outras taxas cada vez maiores por causa do dinheiro tirado do sistema por criminosos em esquemas fraudulentos como este."
Os envolvidos também teriam enviado milhões de dólares para o Paquistão, Índia, Emirados Árabes Unidos, Canadá, Romênia, China e Japão.
Milhões foram gastos na compra de ouro, tratamentos em spas, artigos eletrônicos e carros de luxo. Em uma das operações de busca do FBI, os agentes encontraram US$ 78 mil escondidos em um forno.
Entre os detidos, 14 compareceram a uma audiência na terça-feira, oito foram liberados, e seis continuam detidos, aguardando uma nova audiência na sexta-feira.
Se forem considerados culpados, poderão ser condenados a até 30 anos de prisão e ao pagamento de uma multa de US$ 1 milhão.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

França derruba lei que proibia mulheres de usar calças

Foi derrubada nesta segunda-feira uma lei de criada há dois séculos que proibia as mulheres de usarem calça.
A ministra francesa dos Direitos da Mulher, Najat Vallaud-Belkacem, disse que a lei foi cassada porque não estava alinhada com os valores da França atual.
Instaurada em 1800, logo após a Revolução Francesa, a lei exigia que mulheres que quisessem se vestir como homens pedissem permissão para a polícia.
Na virada do século 20, foi adotada uma emenda na lei, permitindo que as mulheres usassem calças, mas apenas diante de duas situações: "se estiverem segurando um guidão de uma bicicleta ou as rédeas de um cavalo".
As mulheres parisienses lutavam pelo direito de usar calças desde a Revolução, quando os trabalhadores passaram a usar calças compridas de algodão, em vez dos culotes de seda - calça larga na parte de cima e justa a partir do joelho –, como fazia a aristocracia.

Vestuário polêmico

O vestuário feminino continua a despertar paixões políticas na França. Em maio, a ministra da Habitação, Cécile Duflot, foi criticada por usar uma calça jeans durante o primeiro encontro do gabinete do presidente François Hollande.
Alguns meses depois, antes de começar um discurso na Assembleia Nacional, ela foi alvo de assobios e gracinhas por parte de muitos políticos por estar usando um vestido floral.
“Já trabalhei em canteiro de obras e nunca vi nada assim”, disse Cécile. “Isso diz muito sobre alguns dos parlamentares. Eu fico pensando nas mulheres deles...”

Abusos em presídios de SC são recorrentes, diz OAB

A advogada e presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB de Joinville (SC), Cynthia Pinto da Luz, disse em entrevista à BBC Brasil que a violência de agentes penitenciários nos presídios de Santa Catarina catarinenses é uma prática frequente e está em vigor há muito tempo - algo que o Departamento de Administração Prisional (DEAP) do Estado nega.
Cynthia fez o comentário após ter recebido denúncias de torturas contra detentos e ter visitado o presídio da cidade, onde ouviu relatos de presos que dizem ter sido arrastados pelo pescoço, espancados, que foram atacados com spray de pimenta e viu hematomas que teriam sido feitos por balas de borracha.
Um vídeo divulgado nos últimos dias deu peso aos relatos ao mostrar policiais praticando esse tipo de abusos contra os detentos.
"(A violência) é um prática recorrente do Deap (Departamento Estadual de Administração Prisional). Eles praticam tortura psicológica, castigos inadequados, usam balas de borracha e outras práticas abusivas", afirma Cynthia. "Fazem isso para dar vazão à política prisional de violência que é praticada no Estado."
Segundo ela, todos os anos são denunciados casos de violência contra presidiários, mas as denúncias raramente terminam em punição dos responsáveis.
"Já ocorreram casos de funcionários de presídios serem transferidos ou afastados de seus cargos. Mas em geral há um comportamento por parte do governador Raimundo Colombo (PSD) e da do secretária de Justiça, Ada de Luca, de se omitirem na hora de punir esses agentes", afirma Cynthia, acrescentando que a corregedoria do órgão nem sempre apura os fatos.
"Há uma conivência do governo. O Estado insiste em manter em seus quadros pessoas que praticam a tortura."

Outro lado

Vídeo
Denúncias de abuso ganharam peso com vídeo divulgado nos últimos dias
O diretor do DEAP, Leandro Lima, nega que haja violência recorrente no sistema e diz que a administração penitenciária "repudia qualquer forma e tortura física ou psicológica" e investe em programas de ressocialização e trabalho de detentos.
"Há agentes em processo de punição. Não falta vontade do sistema. Todas as denúncias são encaminhadas para apuração da Corregedoria", diz à BBC Brasil.
No caso específico do presídio de Joinville, onde agentes penitenciários foram filmados agredindo detentos nus, Lima diz que "as imagens falam por si só". "Vamos nos recolher em reflexão e corrigir os erros."
Ele diz também que o presídio é "inadequado" e será reformado.

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Cynthia Pinto da Luz acredita que os agentes sabiam que estavam sendo filmados durante a tortura dos presos - há mais de três horas de gravação, obtidas da câmera de segurança do local. No entanto, ela acha que os funcionários não imaginavam que, dessa vez, os abusos teriam tamanha publicidade.
Segundo ela, a Comissão de Direitos Humanos da OAB local está acompanhando os desdobramentos do caso de perto e levará as denúncias à Secretaria de Direitos Humanos da Presidência, vinculada ao Ministério da Justiça, e ao Departamento Penitenciário Nacional.
Também será realizada uma ação conjunta com a OAB de Florianópolis, para apurar torturas em outros presídios do Estado. Juntamente com o Centro de Direitos Humanos e o Conselho Carcerário, ela visitou o presídio no dia 30 de janeiro, 12 dias após os atos de violência. Ainda assim, os exames de corpo de delito realizados nos presos mostravam, segundo ela, sinais claros de tortura.
Cynthia afirma que a onda de violência que vem assolando o Estado há uma semana é uma reação extremamente inaceitável por parte do crime organizado, que faz sofrer o cidadão comum.
"Mas essa reação é algo que já se sabia que iria acontecer, por conta da violência contra os detentos de São Pedro de Alcântara e, agora, no de Joinville."

Facção criminosa de Santa Catarina copia modelo do PCC

A facção criminosa PGC (Primeiro Grupo Catarinense), que realizou mais de 50 ataques contra ônibus e forças de segurança em 16 cidades de Santa Catarina na última semana, estruturou suas forças seguindo o modelo do crime organizado de São Paulo, segundo membros do Judiciário ouvidos pela BBC Brasil.
Assim como o paulista PCC (Primeiro Comando da Capital), o PGC foi criado com o suposto objetivo de lutar contra abusos de direitos humanos cometidos contra detentos por agentes do Estado. O mais notório exemplo desses abusos é um vídeo divulgado recentemente pelo jornal A Notícia com cenas de tortura num presídio de Joinville.
As imagens mostram agentes penitenciários usando bombas de gás lacrimogêneo, spray de pimenta e disparando com tiros de borracha contra dezenas de detentos nus agachados contra uma parede, sem mostrar resistência.
Segundo o juiz de execuções penais de Joinville, João Marcos Buch, a violência ocorreu durante uma operação realizada por agentes do Deap (Departamento de Administração Prisional), enviados da capital, Florianópolis, ao Presídio Regional de Joinville no dia 18 de janeiro.
O magistrado solicitou as gravações das câmeras de segurança depois de receber denúncias de parentes dos presos. "Após os relatos dos familiares, fui até a prisão e pude constatar, a olho nu, as violações. Pedi a liberação das imagens das câmeras de segurança e exames de corpo de delito comprovaram o uso de tortura", disse em entrevista à BBC Brasil.
Os abusos contra os detentos foram o estopim da atual onda de ataques incendiários e a tiros contra ônibus, carros e bases da polícia iniciada no último dia 30.
Os atos de violência já deixaram um passageiro de ônibus ferido e um suspeito morto. Trata-se da segunda onda de violência do gênero em pouco mais de três meses.
"Eu diria que a onda de ataques em Santa Catarina é motivada por uma série de fatores, mas na região de Joinville sem dúvida passa pelos reflexos da operação alvo de denúncias de tortura", avalia Buch. Outras causas da violência são transferências de presos e corte de regalias no sistema prisional.

Modelo importado

Segundo o promotor Alexandre Graziotin, coordenador do Gaeco (Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado), de Florianópolis, o PGC surgiu há cerca de cinco anos, depois que uma liderança criminosa local conviveu com chefes do PCC em um presídio federal.
De acordo com Graziotin, a facção possui atualmente cerca de dois mil membros, espalhados pelo sistema prisional catarinense. Eles convivem com membros de outras organizações criminosas – inclusive o PCC.
"Recebemos informações de que há um compromisso de tratamento não agressivo entre as facões (PGC e PCC)", afirmou.
Membros do Judiciário ouvidos pela BBC Brasil dão uma dimensão do poder de fogo da organização.
O juiz João Marcos Buch afirma que as autoridades catarinenses já admitem a existência do grupo. "Eles (PGC) seguem os moldes estruturais e organizacionais do PCC. O governo estadual já admite isso. Só não temos certeza quanto ao nível de organização", disse.
"É muito nítido que as ordens (dos ataques) partem de dentro dos presídios. E se o crime organizado chegou onde chegou dentro das penitenciárias, é por falta do Estado", avalia o juiz.

Investigação

A Secretaria de Estado da Justiça e Cidadania e o Departamento de Administração Prisional afirmaram, por meio de nota, que "repudiam todo e qualquer ato de excesso, que denote falta de profissionalismo e não encontre amparo legal em sua execução".
Autoridades estaduais afirmaram que um inquérito foi aberto para averiguar as denúncias de tortura e aplicar as potenciais punições.
"O vídeo nos deixou muito tristes. Nenhum de nós aceita aquele comportamento. Por isso instauramos uma sindicância”", disse o governador catarinense, Raimundo Colombo (PSD).

Força Nacional

O possível envio da Força Nacional de Segurança para o Estado foi discutido na segunda-feira por autoridades catarinenses, segundo Graziotin.
Mas, segundo ele, como os alvos atacados são muito diversos e não há informações de inteligência sobre onde poderiam ocorrer os próximos atentados, o acionamento da Força Nacional não seria totalmente eficaz. Isso porque não seria capaz de patrulhar todo o Estado simultaneamente, evitando novas ações.
"Não quero dizer que receber ajuda é ruim, mas mesmo que o grupo (a Força Nacional) venha para cá não há como identificar qual tipo de ação a facção vai fazer", disse o promotor.

Cientistas fazem reconstituição do rosto de Ricardo 3º

Rosto reconstituído de Ricardo 3º
Uma reconstrução facial feita a partir do crânio de Ricardo 3º revelou qual teria sido a aparência desse rei, que governou a Inglaterra no século 15.
Após fazer uma série de testes de DNA, cientistas britânicos confirmaram na segunda-feira que um esqueleto encontrado em um estacionamento na cidade de Leicester é de Ricardo 3º.
O rei inglês foi morto na Batalha de Bosworth, em 1485, mas seus restos mortais haviam se perdido.
Com a ossada recuperada, cientistas puderam reconstruir seu rosto em um processo que incluiu, primeiro, a criação de um modelo virtual do crânio de Ricardo 3º.
Em seguida, foram adicionadas camadas de músculos e pele ao crânio virtual.
Por fim, o modelo computadorizado foi usado para se fazer um modelo de plástico do rosto do monarca.

Reconstituição

"O busto digital foi recriado em plástico usando um sistema de prototipagem rápida", explicou Caroline Wilkinson, professora de identificação craniofacial da Universidade de Dundee.
Segundo Wilkinson, a artista plástica Janice Aitken, da equipe da Universidade de Dundee, usou os retratos de Richard 3º como referência para recriar o cabelo, olhos e roupas do monarca.
A figura resultante, com um nariz ligeiramente arqueado e um queixo proeminente, é semelhante aos retratos de Richard 3º pintados após sua morte.
"(Ver a projeção do rosto de Ricardo 3º) é quase como estar cara a cara com o rei", disse o historiador John Ashdown-Hill.
"As características mais marcantes dos retratos são a forma do nariz e do queixo, e ambos podem ser percebidos na reconstituição facial."
Segundo historiadores, a reconstituição é particularmente importante porque nunca foi encontrado nenhum retrato de Ricardo 3º pintado enquanto o rei ainda estava vivo.
Ela foi divulgada por uma associação voltada para a preservação da memória de Ricardo 3º na Sociedade de Antiquários de Londres, mas espera-se que seja exposta publicamente no futuro.

História

Em 1483, logo após a morte de seu irmão, Ricardo foi nomeado como tutor de seu sobrinho, Eduardo 5º. Mas, em vez disso, assumiu o poder.
Ele ficou apenas dois anos no trono, e foi morto aos 32 anos, após ser desafiado pelas forças de Henrique Tudor, o futuro rei Henrique 7º.
Segundo especialistas, Ricardo 3º teria sido enterrado às pressas em uma igreja no centro de Leicester que foi demolida no século 16.
A localização da cova teria sido esquecida nos séculos seguintes até que um grupo de historiadores e cientistas conseguiu rastreá-la.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

História-Reino Unido: DNA confirma descoberta de esqueleto do rei Ricardo

LONDRES, REINO UNIDO, 4 de fevereiro (Folhapress) - Cientistas britânicos confirmaram hoje que um esqueleto encontrado embaixo de um estacionamento em Leicester, no interior da Inglaterra, era do rei Ricardo 3º, morto em uma batalha em 1485.

Testes de DNA confirmaram a semelhança entre a ossada, escavada em setembro por uma equipe da Universidade de Leicester, e o material genético de um descendente vivo do rei.

É a descoberta arqueológica mais importante das últimas décadas. Os restos mortais de Ricardo 3º estavam perdidos desde o século 16, quando a igreja em que eles estavam enterrados foi demolida.

O rei é visto como um dos tiranos mais cruéis da história da Inglaterra: teria ordenado a morte de dois sobrinhos na Torre de Londres para garantir o seu lugar no trono. O caso deu origem à peça "Ricardo 3º" de Shakespeare, escrita cerca de um século depois.

A morte do monarca deu fim à Guerra das Rosas, que opôs as casas reais de Lancaster e York na disputa pelo trono inglês. O episódio é visto por alguns historiadores como o marco final da Idade Média no Reino Unido.

O esqueleto de Ricardo 3º agora deve ter um enterro com honras reais em Leicester.

Polícia suspeita de manipulação de 680 partidas de futebol em 15 países

A polícia da União Europeia (Europol) está investigando a possível manipulação de resultados em 680 partidas de futebol em anos recentes, na que está sendo chamada de "a maior investigação do tipo na Europa".
A suspeita é de que jogos de futebol tenham sido manipulados "nos últimos três ou quatro anos" inclusive em campeonatos importantes, como a Liga dos Campeões e as qualificatórias da Copa do Mundo.
Apesar de a investigação ser centrada na Europa, os investigadores afirmaram nesta segunda-feira que as partidas suspeitas ocorreram em 15 países, inclusive na Ásia, na África e na América Latina. Mas nenhuma partida específica foi mencionada pelos investigadores.
De acordo com Rob Wainwright, diretor da Europol, a manipulação de resultados é feita por "uma organização criminosa baseada na Ásia que, segundo suspeitas, opera com redes criminosas pela Europa".
O trabalho dos criminosos é subornar autoridades e jogadores para manipular os resultados das partidas e lucrar com apostas feitas com base nesses resultados.
Até o momento, foram identificados 425 suspeitos (entre jogadores, criminosos e cartolas), e 50 pessoas foram detidas, disse Wainwright, alertando para a descoberta de "um grande problema para a integridade do futebol europeu".

Vitórias do PMDB selam continuidade de pacto feito por Lula, dizem analistas

A eleição de políticos do PMDB para as presidências da Câmara e do Senado sela a continuidade do pacto político negociado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para sustentar o governo federal, segundo analistas ouvidos pela BBC Brasil.
Nesta segunda-feira, o deputado Henrique Alves (PMDB-RN) venceu a eleição para a Presidência da Câmara, cargo que na primeira metade do governo Dilma Rousseff fora ocupado pelo PT. O pleito ocorreu três dias após Renan Calheiros (PMDB-AL) se sagrar presidente do Senado.
Em votação secreta, Alves obteve 271 votos, ante 165 de Júlio Delgado (PSB-MG), 47 de Rose de Freitas (PMDB-ES) e 11 de Chico Alencar (PSOL-RJ). Ele presidirá a Câmara no biênio 2013-2014.
Ao assumir o comando das duas Casas do Congresso com o apoio do PT, segundo analistas, o PMDB se fortalece como principal aliado do governo federal e dissipa rumores de que poderia perder espaço na coalizão para o PSB (Partido Socialista Brasileiro).
Francisco Teixeira, professor de História Contemporânea da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), lembra que as vitórias dão ao PMDB os três postos da linha sucessória da Presidência (além do comando do Congresso, o partido também ocupa a vice-presidência da República, com Michel Temer).

PSB

Segundo o professor, o apoio do PT às candidaturas de Calheiros e Alves – previsto em negociação após a eleição de 2010 – não só fortalece a aliança costurada por Lula como resguarda a coalizão governista de uma possível defecção do PSB.
Um dos maiores vitoriosos nas últimas eleições municipais, o partido do governador pernambucano, Eduardo Campos, tem dado sinais ambíguos sobre sua permanência na coalizão.
Alguns analistas chegaram a avaliar que, para manter o partido em sua base e tirar Campos da próxima disputa presidencial, o PT poderia oferecer ao PSB a vice-presidência na eleição de 2014.
Teixeira diz que a nova composição do Congresso, porém, sugere que o PMDB continuará na vice-presidência da chapa governista para 2014.
Segundo ele, trata-se de um arranjo natural, dado o tamanho da bancada peemedebista no Congresso, que a torna essencial para a aprovação de projetos de interesse do Executivo. “Não vejo outra forma de viabilizar um governo no Brasil”.

Nova coalizão?

Para o professor, o rompimento dessa aliança só seria possível se PT e PSDB encabeçassem a coalizão, hipótese atualmente fora de cogitação.
Para o sociólogo Antônio Flávio Testa, professor da Universidade de Brasília (UnB), as vitórias do PMDB nas eleições do Congresso dão ao partido maior poder de barganha em indicações políticas para ministérios e estatais.
A ampliação do poder do partido, diz ele, poderá exigir que Dilma participe mais de negociações políticas com o Congresso, para evitar derrotas em temas de interesse do governo.
Testa avalia que, diante do novo cenário, o ministério de Relações Institucionais poderá sofrer mudanças.
Responsável pelas negociações entre o Planalto e o Congresso, a pasta chefiada por Ideli Salvatti tem sido criticada por não ter evitado impasses como os que atrasaram a votação do Orçamento pelo Legislativo.
“Ela (Dilma) está afastada demais dessas negociações, e a articulação política tem falhado”, diz Testa.

Acusações

A eleição de Alves – parlamentar com 11 mandatos consecutivos na Câmara, um recorde na Casa – ocorre após reportagens apontarem que ele beneficiou a empresa de um ex-assessor por meio de emendas parlamentares.
O assessor pediu demissão após a denúncia, mas Alves negou irregularidades.
Na última semana, o deputado se tornou alvo de investigação do Ministério Público Federal que apura o repasse de dinheiro público a empresas de aluguel. Alves diz desconhecer o teor da denúncia.
Eleito na sexta-feira para o comando do Senado, Renan Calheiros também enfrenta uma série de acusações. No dia de sua eleição, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, disse que o senador é acusado de ter praticado três crimes: peculato, falsidade ideológica e utilização de documento falso.
O documento com as denúncias foi apresentado ao Supremo Tribunal Federal (STF) na semana passada. O senador se diz inocente.
Em 2007, quando ocupava a presidência do Senado, Calheiros fora acusado de ter suas despesas pagas pelo lobista de uma empreiteira. Ele deixou a presidência da Casa, mas foi absolvido.

Aos 40 anos, Embrapa busca manter relevância após transformar cerrado

Elogiada por seu papel na transformação do Brasil numa potência agropecuária nas últimas décadas, a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) completa 40 anos em abril com uma agenda muito mais abrangente do que em sua origem e o desafio de se manter relevante num ambiente cada vez mais competitivo e sujeito a revoluções tecnológicas.
Ao se tornar no governo Luiz Inácio Lula da Silva peça importante da busca do país por maior projeção global, a estatal ganhou atribuições diplomáticas e passou a ter como missão, além de gerar conhecimento, compartilhar sua expertise com nações subdesenvolvidas, principalmente na África.
Enquanto se lançava em novas frentes no exterior, a Embrapa viu seu orçamento crescer (em 2012, chegou a R$ 2,1 bilhões) e ampliou sua atuação também no Brasil. A empresa conta hoje com 9.812 funcionários, entre os quais 2.389 pesquisadores – desses, 81% têm doutorado ou pós-doutorado, dado que a torna uma das estatais com maior proporção de profissionais altamente qualificados.
A companhia também tem expandido seus campos de pesquisa: áreas em que atua há longa data – como melhoramento genético de grãos, hortaliças e gado – hoje convivem com estudos em nanotecnologia, pesca, tecnologia da informação e vinicultura.
A transformação em curso na empresa, no entanto, preocupa especialistas. Eles temem que, diante de tantas novas missões, a Embrapa negligencie questões prioritárias e não consiga acompanhar o ritmo das inovações tecnológicas no setor privado.

Transformação do cerrado

Pesquisadores ouvidos pela BBC Brasil unanimemente apontam como maior conquista da Embrapa a criação de tecnologias para corrigir a acidez do solo do cerrado brasileiro e a adaptação à região de plantas oriundas de outros biomas.
Antes das descobertas, até os anos 1970, o bioma era irrelevante para o agronegócio nacional. Hoje, segundo a estatal, responde hoje por 48,5% da produção do país.
Para o professor José Vicente Caixeta Filho, diretor da Esalq-USP (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz), desde então os feitos da empresa ficaram aquém das expectativas. “Esperava-se que as contribuições da Embrapa continuassem, no mínimo, no mesmo nível dos seus primórdios, o que de fato não ocorreu”.
"Esperava-se que as contribuições da Embrapa continuassem, no mínimo, no mesmo nível dos seus primórdios, o que de fato não ocorreu."
José Vicente Caixeta Filho, diretor da Esalq-USP
Segundo o professor, a internacionalização da empresa pode afastá-la de tarefas mais urgentes. “Talvez esse passo tenha sido um pouco acelerado em alguns países, sem tempo para reflexão.”
Em outubro de 2012, críticas internas à forma como a internacionalização da Embrapa estava sendo conduzida foram apontadas como a principal razão para que o então presidente da companhia, Pedro Arraes, pedisse demissão.
Para Caixeta, os esforços da empresa no exterior deveriam se voltar à consolidação de centros remotos da companhia no Brasil. “Temos muita lição de casa doméstica: é importante incrementar a pesquisa em outros biomas.”
Ele cita, entre os campos de estudo que mereceriam mais atenção da empresa, as florestas tropicais. Pesquisas nessa área, segundo o professor, permitiriam viabilizar a produção sustentável, por exemplo, de frutas típicas da Amazônia, que poderiam ganhar mercados no Brasil e no exterior.

Revisão da estratégia

Segundo o presidente da Embrapa, Maurício Antônio Lopes, a internacionalização da Embrapa “não tira o foco da empresa às assimetrias no Brasil”. Ainda assim, ele diz que a estatal está revendo sua estratégia na África. “Não faz sentido a Embrapa dispersar sua ação num grande número de países, fragmentando recursos que são sempre escassos.”
Hoje, a empresa atua em 22 nações africanas, além de manter programas em países latino-americanos, caribenhos e em Timor Leste.
Para o ex-ministro da Agricultura e coordenador do Centro de Agronegócio da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Roberto Rodrigues, a atuação externa da Embrapa não será um problema “desde que os recursos para esse tema não sejam maiores do que para desenvolvimento tecnológico interno”.
Ele defende que a Embrapa priorize, em suas pesquisas, a busca por novos fertilizantes. Segundo Rodrigues, o Brasil hoje importa quase 80% de alguns tipos de fertilizantes, cruciais para o aumento da produtividade das lavouras. “É um dado dramático”.
O ex-ministro diz ainda que a Embrapa tem competido no mercado em condições desvantajosas: enquanto a estatal vende aos produtores nacionais apenas novas variedades de plantas ou vantagens tecnológicas, multinacionais oferecem, além desses itens, crédito, máquinas, assistência técnica, fertilizantes, pesticidas e, em alguns casos, até compram a produção.
Mandioca desenvolvida pela Embrapa | Foto: José Cruz/ABr
Embrapa diz investir em estudos genéticos de espécies que não interessam setor privado
Rodrigues defende que, para fazer frente ao cenário, a Embrapa se associe a cooperativas, que também oferecem o pacote tecnológico e compram a produção dos cooperados.

Transgênicos

O reitor da Universidade Federal de Goiás e presidente da Ridesa (Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento do Setor Sucroalcoleiro), Edward Madureira, também considera que a Embrapa não tem conseguido competir com companhias privadas em alguns setores. “Hoje o setor privado tomou conta e tem o protagonismo no desenvolvimento de transgênicos para as principais culturas”.
Maurício Antônio Lopes, presidente da Embrapa, reconhece que a empresa perdeu espaço no mercado de variedades de milho, soja e algodão, mas diz se tratar de processo natural. Segundo ele, “não faz nenhum sentido fazer investimento de recursos públicos para competir com empresas que são eficientes e estão provendo inovações para o mercado”.
Lopes afirma que a empresa está intensificando o trabalho de melhoramento genético em espécies em que o setor privado dificilmente investirá e que a Embrapa terá melhores condições de competir no mercado caso o Congresso aprove a criação de uma subsidiária da empresa voltada para negócios, proposta atualmente em tramitação.
Para Helena Nader, presidente da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), o maior desafio da Embrapa será renovar seu quadro, à medida que os pesquisadores que a moldaram se aposentam.
Ela lembra que, em seu início, a companhia enviou aos Estados Unidos e Europa grande número de pesquisadores, para que fizessem mestrado e doutorado nas melhores universidades do ramo. Após a volta, diz ela, e com o auxílio de outros institutos de pesquisa, esses profissionais “criaram a agricultura dos trópicos”.
“Espero que os novos pesquisadores entrem com o mesmo espírito daqueles primeiros.”

Polícia de Londres é suspeita de usar passaportes de crianças mortas

A policia metropolitana de Londres investiga denuncias de que oficiais à paisana usaram identidades de crianças mortas para evitar serem identificados ao se infiltrarem em grupos de ativistas políticos.
Segundo uma reportagem publicada pelo jornal The Guardian, uma unidade secreta já desativada roubou as identidades de até 80 crianças que haviam morrido prematuramente.
Acredita-se que as acusações se refiram principalmente a policiais operando nos anos 1980.
Outros inquéritos também foram abertos para investigar o comportamento de policiais à paisana após um deles ter sido acusado em dois mil e um de ter enganado ativistas a se envolver sexualmente com ele.

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Santa Maria: cinco vozes de uma tragédia

Uma semana após o incêndio na boate Kiss, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, sobreviventes, familiares e moradores da cidade contam suas experiências e como superam o trauma dos acontecimentos.
O incidente, que deixou pelo menos 236 mortos e mais de 70 feridos, a maioria ainda hospitalizados, é considerado a segunda maior tragédia do tipo no Brasil.
Durante a semana, foram presos os dois donos da casa noturna e dois membros da banda Gurizada Fandangueira, que tocava em uma festa universitária no local.
Confira as histórias de quem participou da festa, do resgate, do reconhecimento das vítimas e da ajuda aos familiares:
O estudante de zootecnia Bernardo Bopp, de 22 anos, está reunido com sua família em Itaara, a 14 km de Santa Maria, desde que escapou do incêndio na boate Kiss. A turma de Bopp era uma das que participava da organização da festa onde o incêndio aconteceu, na madrugada de 27 de janeiro.
Bopp era um dos responsáveis pelos convites da festa e conta que viu o incêndio logo no início - ele e cerca de 15 amigos estavam entre os primeiros a deixar a casa noturna.
"Vi que (a banda) tinha acendido os foguetinhos, mas só percebi quando a banda parou de tocar. Comentei com meu colega e ele me disse 'olha lá, tá pegando fogo'. A gente tava perto de um dos corredores que levam para a saída. Fomos os primeiros. Só dois colegas nossos que não saíram. O guri morreu, a guria tá no hospital", disse à BBC Brasil.
O estudante e seus amigos ajudaram outras pessoas a saírem da boate até as 7h da manhã de domingo. Entre os mortos estavam amigos de infância de Itaara, que ele havia convidado para a festa.
"Uns dez segundos depois que eu saí, ainda saía gente caminhando. Pouco depois, eram só pessoas resgatadas pelos voluntários e bombeiros, ainda com alguns sinais de vida. Por volta de 3h da manhã eu estava ajudando a tirarem pessoas, a maioria já mortas. E aí vi os caras tirarem um dos meus amigos", relembra.
"O primo desse amigo viu de longe e quis vir pra ver se era ele mesmo, eu não deixei. A gente conversou com ele na hora. Foi tri ruim."
Segundo Bopp, diversos estudantes da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) pensam em não voltar às aulas imediatamente. Alguns, só no próximo semestre.
"Tá todo mundo bem abalado, a maioria do pessoal viajou para suas casas em outras cidades. Tem gente que está pensando em nem vir, demorar mais uma semana, ou abandonar o semestre. Esse semestre já está atrasado por causa da greve. Da minha turma morreu uma pessoa, mas teve turmas de agronomia em que morreram mais de dez, imagina."
*Colaborou Paula Adamo Idoeta.

Israel tenta desestabilizar a Síria, diz Assad

O presidente da Síria, Bashar al-Assad, afirmou que Israel está tentando desestabilizar seu país.
Os comentários de Assad foram uma referência aos ataques aéreos israelenses realizados na quarta-feira passada contra um centro de pesquisas militares na cidade síria de Jamraya.
Segundo Assad, os ataques expuseram ''o papel que Israel está exercendo, em colaboração com forças estrangeiras inimigas e seus agentes em território sírio, para desestabilizar e enfraquecer a Síria''.
De acordo com autoridades dos Estados Unidos, os ataques tinham por alvo um comboio que levaria armas para o Líbano.
O ministro da Defesa isarelense, Ehud Barak, disse que a incursão israelense é prova de que ''quando dizemos uma coisa, nós falamos para valer''.
''Não achamos que a Síria deva ser autorizada a trazer armamentos avançados para dentro do Líbano'', acrescentou Barak.

Diretor do Bolshoi diz saber quem o atacou com ácido

O diretor artístico do balé Bolshoi diz ter ''certeza absoluta'' de que sabe quem estava por trás do ataque com ácido que causou queimaduras de terceiro grau em seu rosto e pescoço.
Mas em entrevista à BBC, Sergei Filin, de 42 anos, disse que não dará nomes até que os investigadores estejam prontos para fazer um anúncio oficial sobre os culpados.
Ele afirma estar certo de que o objetivo do ataque era retirá-lo do posto de diretor artístico do Bolshoi e destruir a reputação da consagrada companhia de balé.
Filin deve viajar para a Alemanha na semana que vem para dar continuidade ao seu tratamento.
Seus olhos foram gravemente danificados pelo ataque realizado no dia 17 de janeiro, em frente à sua casa, em Moscou.
O diretor artístico do Bolshoi, afirma que sabe que algumas pessoas não gostavam da forma que ele estava conduzindo a companhia de balé, que é conhecida por suas brigas internas e rivalidades, mas acrescentou que não tinha quaisquer ''inimigos confessos''.
BBC - Como está indo o tratamento?
Sergei Filin - O tratamento está indo bem. Estou satisfeito, mas o mais importante é se os médicos estão satisfeitos. De um modo geral, está indo bem. Eu me sinto bem. Meu corpo está cheio de força e energia. A prioridade agora é minha vista. Porque o problema mais sério e mais grave permanece sendo os meus olhos.
BBC - Como está sua vista?
Filin - Não posso dizer. Já passei por quatro operações e hoje fiz outra pequena cirurgia que não havia sido prevista. Meus olhos estão sendo monitorados constantemente. Um olho foi mais atingido do que o outro. O olho esquerdo foi um pouco menos prejudicado, o olho direito foi mais. Portanto, será preciso muito trabalho para tratá-los. Não seria correto eu comentar sobre a minha condição. Acho que isso cabe aos médicos. Mas posso dizer o seguinte: baseado no que estou sentindo, quando os médicos me dão a oportunidade de meio que abrir meus olhos e fazer com que eu tente ver alguma coisa, acredito que haja uma chance de que eu serei capaz de ver meus filhos novamente. Realmente quero acreditar nisso.

Perdão

"E eu sinceramente quero que eles (os autores do ataque) entendam que eu os perdoo. Porque é Deus que irá julgá-los"
BBC - Você já havia sido ameaçado antes?
Filin- Já disse várias vezes que o que aconteceu está ligado unicamente ao meu trabalho junto ao Teatro Bolshoi. É claro, eu recebi ameaças. Eu acho que eu as ignorei com facilidade excessiva. Ignorei os conselhos de amigos para que eu passasse a ter um motorista e um segurança. Porque a intimidação que eu comecei a sofrer, ataques contra meus telefones celulares, que ficavam tocando constantemente, o hackeamento da minha conta de email, minhas mensagens foram reescritas de forma negativa e postadas no Facebook, eu percebo agora que tudo isso iria levar à tragédia que acabou ocorrendo. Se eu tivesse levado isso mais a sério como o sinal de que um ataque estava para ocorrer, se eu pelo menos tivesse contratado um motorista, isso nunca teria acontecido.
BBC - Houve ameaças concretas, do tipo, ''se você não fizer isso, nós faremos isso''?
Filin- Não, ninguem me ameaçou diretamente.
BBC - Qual você acredita que tenha sido o objetivo do ataque?
Filin - Acho que havia dois objetivos. O que está claro é que isso foi fruto da psicose de uma ou mais pessoas que tinham pressa em me causar muita dor para realizar suas ambições pessoais. Essa é a primeira coisa. O segundo objetivo era me tirar da direção artística do Bolshoi por um longo período, e prejudicar a reputação do Balé Bolshoi. Porque acredito que fizemos muitas coisas e estamos fazendo muitas coisas. Estamos indo na direção certa. E alguém realmente não gosta do que estou fazendo aqui. Talvez eles não gostem do fato de que eu fui bem-sucedido.
Filin sofreu queimaduras de terceiro grau após ataque (Reuters)
Filin sofreu queimaduras de terceiro grau
BBC - Por que você acha que alguém queria tirar você do Bolshoi? Você fez inimigos?
Filin - Quando estou tocando a minha vida e o meu trabalho, não tenho tempo de pensar se tenho inimigos. Não tenho quaisquer inimigos confessos. Tive uma carreira interessante e brilhante. E ao longo dela, nunca tive um momento em que eu temesse o que se passva do lado de fora, em que eu estivesse olhando por cima do meu ombro. Sou uma pessoa muito honesta. Tenho minhas opiniões a respeito das coisas, tomo decisões difíceis. Fui um adminstrador, o administrador de um coletivo muito sério, o Balé Bolshoi. Talvez houvesse pessoas que que não gostavam disso ou que achavam que eu não seria a pessoa certa ou que se incomodavam com isso. Mas não posso chamá-los de inimigos. Por que eles queriam se livrar de mim? Eu gostaria de esperar antes de responder isso. Eu acredito que as investigações darão a resposta a isso.
BBC - Eu não esperaria que você tivesse inimigos, mas você tem alguma ideia de quem pode ter feito isso?
Filin - Sim, não apenas eu suspeito de quem fez isso, como eu tenho certeza absoluta de quem o fez. Mas eu só falarei a respeito disso quando os investigadores estiverem prontos para divulgar isso.
BBC - Que medidas você tomou para proteger a si mesmo e à sua família daqui para a frente?
Filin - Não tive tempo para isso, porque, no hospital, todos os dias, tive de me submeter a uma série de procedimentos médicos, diversas operações, primeiro na pele do meu rosto, depois nos meus olhos. Todos os dias, olhos, pele, rosto. Quanto à segurança da minha família, toda a família agora está sendo vigiada.
BBC - Que mensagem você tem para as pessoas que organizaram esse ataque?
Filin - Você sabe, eu convidei um padre ao hospital para falar sobre este mesmo assunto. Ele ouviu minha confissão, eu pedi a ele que perdoasse todos os que têm ligações com este crime terrível. E eu sinceramente quero que eles entendam que eu os perdoo. Porque é Deus que irá julgá-los.

Jovem de Santa Maria cria ONG para fiscalizar boates

No dia seguinte ao incêndio na boate Kiss, em Santa Maria, que matou 237 pessoas há uma semana, o estudante Giordano Goellner, de 23 anos - ele próprio frequentador assíduo da casa noturna - disse a si mesmo que não deixaria a tragédia que abalou sua cidade natal passar em branco.
Junto com outros sete amigos, Goellner, que estuda Administração de Empresas na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), decidiu criar a ONG 'Andradas Viva', cujo objetivo é fiscalizar, com a ajuda das redes sociais, locais de grande reunião de público e verificar se tais estabelecimentos estão cumprindo as normas de segurança previstas na legislação.
"Nosso intuito é, com a ajuda de nossos colaboradores, saber se o estabelecimento comercial está adequado às normas básicas de segurança. Para isso, vamos contar com a ajuda da nossa página na Internet e das redes sociais", diz Goellner à BBC Brasil.
O nome da entidade, 'Andradas Viva', faz alusão à rua onde a boate Kiss está localizada, até então um dos principais pontos de encontro de vários jovens da cidade, incluindo inúmeros estudantes da UFSM que morreram no trágico episódio.

Conscientização

Além da fiscalização, que inicialmente se concentrará nas casas noturnas, Goellner explica que também quer conscientizar a população sobre seus direitos e pressionar as autoridades para a alteração de leis que, em sua opinião, estão "atrasadas".
''Até o incêndio na Kiss, eu, por exemplo, não sabia quais equipamentos de segurança uma boate precisaria ter", comenta Goellner.
"Também queremos pressionar as autoridades para mudar algumas leis retrógradas, em relação, por exemplo, aos prazos longos que donos de alguns estabelecimentos têm se adequar a certas normas, como alarmes de incêndio".

Sorte

Goellner conta que por pouco não foi uma das vítimas da tragédia em Santa Maria. Ele e sua namorada já haviam combinado de ir à Kiss na noite do último sábado, 26 de janeiro, mas mudaram os planos.
"Uma amiga nossa sentiu um mal estar e desistimos de sair".
Entretanto, vários conhecidos do jovem morreram no incêndio.
Um dos amigos de Goellner, que também é integrante da ONG e estava na boate no dia do incidente, conseguiu sair minutos antes de o fogo começar.
"Ele, porém, perdeu 15 amigos", lamenta o jovem.
"Não podemos mudar o passado, mas esperamos evitar que, no futuro, tragédias como essa voltem a acontecer", diz Goellner.
"Queremos transformar nossa revolta em resultado", afirmou.

Vítimas

A Secretaria Estadual de Saúde do Rio Grande do Sul confirmou que o número de vítimas fatais da tragédia subiu para 237, com o anúncio oficial do óbito de Bruno Portella Fricks, de 22 anos, neste sábado.
Um total de 113 pessoas feridas no incêndio permanecem hospitalizadas, muitas delas em estado grave.
Cerca de quatro mil pessoas se reuniram para uma missa de sétimo dia neste sábado à noite, no Santuário Basílica Nossa Senhora da Medianeira de Todas as Graça, em Santa Maria.
Centenas de pessoas também se reuniram entre a noite de sábado e a madrugada deste domingo para uma vigília silenciosa nas imediações da boate Kiss, no centro de Santa Maria.
No sábado, o prefeito de Santa Maria, anunciou que a casa noturna Kiss será transformada em um memorial para as vítimas.
* Colaborou Mariana Della Barba, da BBC Brasil em São Paulo.

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Acusados de estupro coletivo na Índia se declaram inocentes

Cinco homens acusados pelo estupro coletivo e o espancamento de uma jovem na Índia se declararam inocentes.
O crime, cometido dentro de um ônibus na capital indiana Nova Déli, causou revolta e protestos populares no país.
A jovem foi lançada para fora do veículo em movimento após o ter sido violentada e espancada com barras de ferro e acabou morrendo em consequência de seus ferimentos.
Os réus assinaram declarações na qual se disseram inocentes, após terem sido formalmente acusados em um julgamento de rito sumário.
O tribunal ouvirá depoimentos de testemunhas a partir da terça-feira. A promotoria disse que convocará três testemunhas.
Um sexto suspeito que é menor de idade será julgado por um tribunal juvenil.
Na sexta-feira, o governo da Índia aprovou a maior parte das recomendações de uma comissão formada para revisar casos de crimes sexuais, formada após o caso ter vindo à tona.

Filme mostra a rotina arriscada de médicos que fazem abortos tardios nos EUA

Apenas quatro médicos fazem abortos tardios nos Estados Unidos. Eles são o tema de um novo documentário que narra seu cotidiano de trabalho.
Durante o festival Sundance de cinema na semana passada, esse foi o único filme cuja primeira exibição teve segurança armada e detectores de metais.
O aparato não visava proteger celebridades e as jóias usadas por elas em eventos do gênero.
A proteção era para LeRoy Carhart, Warren Hern, Susan Robinson e Shelley Sella. Eles são os quatro médicos cujas são retratadas no documentário After Tiller (Depois de Tiller, em tradução literal), de Lana Wilson e Martha Shane.

Assassinato

George Tiller, um dos mais proeminentes médicos especializados em abortos nos Estados Unidos, foi assassinado em 2009 em uma igreja no Kansas, enquanto rezava com a família.
A cineasta Wilson se viu confundida pela ironia - de um homem ser morto dentro de uma igreja por um fanático religioso.
"Eu me perguntei quem havia sobrado para fazer abortos anos nove meses, sua especialidade", disse.
Antes de sua morte, Tiller treinou os quatro médicos.
Eles estão agora espalhados pelos Estados Unidos. Carhart, de 71 anos, em Maryland, Hern, de 74, no Colorado, e Robinson e Sella, ambos de 60 anos, trabalham na mesma clínica em Albuquerque, Novo México.
Sella e Robinson só se convenceram a participar do documentário após um ano. Já Carhart e Hern concordaram rapidamente.
"Eu sempre fui da opinião de que não importa o que as pessoas ouçam, se nos querem mortos, nos matarão de qualquer jeito", disse Carhart.
Para Hern, o filme é uma chance de educar o público sobre seu trabalho.
O filme chega às telas no 40º aniversário do julgamento do caso que ficou conhecido nos EUA como Roe Vs. Wade –ocasião em que a Suprema Corte americana estabeleceu o direito de abortar no país.

Prática reprovada

Uma pesquisa recente das redes NBC e WSJ revelou que a maioria dos americanos são favoráveis a alguma forma de aborto legalizado. Contudo, abortos realizados no final da gestação – que segundo especialistas representam apenas 1% dos casos – ainda são reprovados por uma maioria esmagadora das pessoas.
Uma pesquisa do Instituto Gallup realizada em 2011 mostrou que a maioria dos pesquisados – tantos dos favoráveis quanto dos contrários ao aborto – acredita que tais procedimentos deveriam ser considerado ilegais.
Apesar do aborto ser um dos temas mais polêmicos dos EUA, o documentário tentou apresentar o trabalho desses médicos, sem inseri-lo em um contexto político.
Shane, co-diretora da obra, disse que o objetivo de sua equipe era tratar o tema de uma forma honesta e mostrar que o assunto é muito mais complexo do que a forma como é retratado nos discursos tanto de defensores como detratores.
O filme retrata as histórias de vários casais que procuram a solução do aborto para casos de anomalia fetal. Eles realizam exames nos últimos períodos da gravidez e descobrem que seus filhos não terão chances de sobreviver muitos dias fora do útero.
As cineastas Martha Shane e Lana Wilson, autoras do documentário (Getty Images)
As cineastas Martha Shane e Lana Wilson, autoras do documentário
Os médicos dizem que essa é a maior causa de abortos tardios.
Outros casos abordados no documentário são de uma adolescente estuprada, uma mulher que diz que não poderia sustentar outro filho e de uma garota de 14 anos que ameaça cometer suicídio.
"O meu respeito para os médicos aumentou dez vezes, mas isso não é devido ao fato de que eles estão arriscando suas vidas", diz Shane.
"Eles estão ajudando as mulheres com uma das coisas mais difíceis que você jamais vai passar", afirma.
"O trabalho que estão fazendo é muito mais complexo emocionalmente do que qualquer um pode imaginar".
Robinson afirmou que seu trabalho é uma luta. "Nós já nos recusamos a atender muitas mulheres que queriam abortos, mas também realizamos muitos procedimentos com o coração pesado", disse.
"Mas, de modo geral, se uma mulher vem depois de viajar por quilômetros e enfrentar os manifestantes, então eu sei que ela está comprometida com seus desejos".

Ameaças e agressões

O documentário revela ainda as ameaças e agressões praticadas por ativistas contrários ao aborto contra esses médicos. Os criminosos teriam queimado um estábulo e matando 21 cavalos de Carhart, e ameaçado a mãe de Hern, de 90 anos de idade. Além disso, os quatro médicos já receberam ameaças de morte.
E diariamente, eles se deparam com uma barreira de manifestantes esperando por eles no trabalho. E eles permanecem irredutíveis.
''Se não formos nós, quem irá fazê-lo?'', pergunta Carhart. "Eu faria tudo novamente, se tivesse a escolha, apesar de tudo que já me aconteceu.''
''No final das contas, é uma questão de saúde. Estamos prestando um serviço às mulheres.''
Quando estes médicos se forem, não se sabe quem irá fornecer estes cuidados às mulheres e se este serviço ainda estará disponível.
A clínica de Albuquerque está treinando um novo médico, mas 8 Estados americanos já promoveram emendas em suas legislações a fim de proibir o aborto após 20 semanas de gravidez.
After Tiller foi aplaudido de pé durante sua exibição, mas sites de grupos antiaborto e blogs condenaram-no por glorificar o aberto e médicos que realizam-nos.
O documentário está sendo vendido pelos seus realizadores, com vistas a um lançamento no cinema.
Enquanto isso, os médicos estão voltando ao trabalho.

Maduro diz que Chávez saiu de fase pós-operatória

O vice-presidente venezuelano Nicolás Maduro afirmou que o presidente Hugo Chávez terminou o que ele chamou de "sua última fase pós-operatória".
O mandatário da Venezuela não é visto em público desde dezembro do ano passado, quando foi submetido em Cuba a uma cirurgia para tratar de um câncer na região pélvica.
O vice também anunciou que o presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello está visitando Chávez e fará um pronunciamento em breve.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Jovem em estado terminal pede 'despedida de solteira' falsa

Em estado terminal por um tipo raro de câncer contra o qual vem lutando há quatro anos, uma britânica de 21 anos preparou uma lista de desejos para antes de morrer, que inclui uma "despedida de solteira" falsa, viagens e diversões com a família e dar apoio a outro paciente de câncer para fazê-lo mais feliz.
Stephanie Knight resolveu tornar pública sua história em um blog para ajudar a arrecadar fundos para uma ONG especializada em pesquisas e apoio para os pacientes de sarcoma de Ewing, um tipo de câncer que acomete os ossos e é mais frequente em pessoas brancas entre os 10 e os 20 anos.
A metástase do câncer de Stephanie, detectado inicialmente na região pélvica, já havia exigido a amputação de sua perna direita em outubro do ano passado, mas no fim do ano ela foi internada novamente por conta de fortes dores e, em janeiro, exames confirmaram que a doença está fora de controle e não há mais chance de cura.
O tratamento contra o câncer também provocou um grande aumento de peso em Stephanie.
Ela ainda deverá passar por novas sessões de quimioterapia em uma tentativa de prolongar sua sobrevida. "Veremos como os tumores responderão (à quimioterapia) e o que acontecerá daí em diante", informa seu blog.
"Lamentavelmente, não haverá cura para o câncer de Stephanie, mas estamos determinados a lutar contra ele o maior tempo possível e ajudá-la a fazer todas as coisas que ela quer fazer", diz o texto de sua família.
Segundo o blog, Stephanie e sua família esperam estabelecer uma fundação em seu nome para ajudar outros jovens com o mesmo problema.

Pequenos prazeres

Stephanie Knight (foto: SWNS)
Tratamento provocou ganho de peso e exigiu amputação da perna direita em outubro
A lista de Stephanie, com 36 itens, inclui alguns pequenos prazeres, como "rir até chorar ou o corpo doer", "fazer muitas compras", "ir a shows de música", "comer uma comida muito boa", "tomar um chá da tarde" ou passar por uma sessão completa de manicure com a pintura das unhas em diferentes cores.
Uma boa parte dos desejos também envolve outras pessoas, como encontrar o time de futebol do Manchester United com seu pai ou o do Tottenham Hotspur com seu irmão, levar a irmã para conhecer os ídolos pop Robbie Williams e Gary Barlow, sair de férias com a família toda ou passar um fim de semana em um spa com as amigas.
Outros itens são um pouco mais específicos e elaborados, como "saltar de um avião com um instrutor", "uma noite de coquetéis com garçons nus", "aprender a tirar uma rolha de uma garrafa com uma espada" ou "encontrar Kate e o príncipe William".
A criação da lista de desejos foi inspirada por amigos do hospital onde ela vem recebendo tratamento para o câncer, na cidade de Cambridge.
Segundo uma das irmãs de Stephanie, Rachel, a jovem "sente que já perdeu muito tempo após um período tão longo no hospital" e está determinada a aproveitar da melhor maneira o tempo que resta.
"Stephanie é uma pessoa muito altruísta. Para ela, a lista tem mais a ver com as memórias que ela vai deixar para nós do que as experiências agradáveis para si mesma", disse Rachel, de 31 anos, à imprensa britânica. "Ela quer que nós tenhamos boas lembranças suas em vez de todas aquelas memórias do hospital."

Eleição de Renan fortalece aliança crucial para campanha de 2014

Cinco anos depois de ter renunciado à presidência do Senado, em dezembro de 2007, em meio a acusações de corrupção, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) volta ao cargo novamente, após ter sido eleito com 56 votos nesta sexta-feira.
A eleição ocorre no mesmo dia em que o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, confirmou a apresentação, na semana passada, de uma denúncia contra o senador pelos crimes de peculato, falsidade ideológica e uso de documentos falsos. A denúncia foi enviada ao STF (Supremo Tribunal Federal) na semana passada.
Apesar de ter sido recebida com críticas, por causa do envolvimento do senador em escândalos de corrupção, a candidatura de Renan Calheiros foi apoiada pelo Planalto.
Segundo analistas, o governo da presidente Dilma Rousseff aposta no fortalecimento da aliança política com o PMDB – partido considerado um aliado crucial – já de olho na campanha presidencial de 2014.
"Talvez seja o primeiro ato significativo da campanha de 2014", disse à BBC Brasil o cientista político Ricardo Ismael, professor da PUC-Rio, lembrando que, na próxima semana, outro peemedebista, o deputado Henrique Alves (PMDB-RN), deverá ser eleito presidente da Câmara.
A cientista política Maria do Socorro Souza Braga, professora da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos), observa que Renan Calheiros é um representante de alguns setores nos quais o governo Dilma não tem tanto trânsito.
"Sendo o governo Dilma mais de centro-esquerda, a aliança com Renan Calheiros acaba facilitando o relacionamento do governo com esses setores", diz a analista.
"Ele também é um grande articulador político, muito próximo do baixo clero", observa.

Denúncias

Renan Calheiros foi eleito para um mandato de dois anos e vai suceder o senador José Sarney (PMDB-AP) na presidência da Casa.
"O grande eleitorado não dá a menor pelota para essa eleição"
Ricardo Ismael, cientista político e professor da PUC-Rio
O senador Pedro Taques (PDT-MT), que também concorria ao cargo, recebeu 18 votos. Foram registrados ainda dois votos em branco e dois nulos, em votação secreta.
A denúncia de Gurgel contra Renan Calheiros, divulgada pela imprensa, diz respeito ao desvio de dinheiro do Senado e ao uso de notas frias e documentos falsos para justificar gastos com o pagamento de pensão da filha que teve fora do casamento. O senador foi acusado de três crimes: falsidade ideológica, uso de documentos falsos e peculato.
"(Com a eleição) O Senado federal ignora a denúncia da Procuradoria Geral da República, ignora o fato de que o próprio Renan Calheiros renunciou em 2007", diz Ricardo Ismael.
Para Maria do Socorro Souza Braga, da UFSCar, em um momento em que o país acaba de acompanhar o julgamento do mensalão, considerado um marco, e que a presidente Dilma Rousseff se destaca pelos esforços no combate à corrupção, a eleição de um nome envolvido em denúncias tem “um aspecto simbólico negativo”.
No entanto, ambos os analistas avaliam que o episódio não deverá ter impacto negativo sobre o governo.
"Não deve haver queda de popularidade da presidente. O que mexe com isso é a economia", diz Souza Braga. Já Ismael avalia que "o grande eleitorado não dá a menor pelota para essa eleição, não está nem acompanhando".
Colocando na balança prós e contras do apoio a Renan Calheiros, os analistas consultados pela BBC Brasil afirmam que, do ponto de vista político, é um aspecto muito positivo para o governo manter o PMDB em seu campo de influência.
"Será fundamental nos esforços de Dilma para se reeleger", diz Souza Braga.

Estados Unidos chamam ataque a embaixada na Turquia de 'ato de terrorismo'

O secretário de imprensa da Casa Branca, Jay Carney, chamou o atentado contra a embaixada dos Estados Unidos em Ancara, na Turquia, de "um ato de terrorismo".
O porta-voz do presidente dos EUA, Barack Obama, assinalou que o governo americano ainda não sabe quem é o responsável pelo ataque.
Para Carney, entretanto, um ataque suicida com explosivos no perímetro de uma embaixada é, por definição, um "ato terrorista".
Na manhã desta sexta-feira, um homem bomba detonou o explosivo que carregava no corpo em frente à representação diplomática dos EUA em Ancara.
Além do próprio autor do atentado, um segurança turco morreu no incidente.
Autoridades do país atribuíram o ataque aos esquerdistas do país.

Por que alguns países regulam a escolha dos nomes das crianças?

Recém-nascido / BBCA recente decisão da Justiça da Islândia, que concedeu a uma menina o direito de permanecer com seu nome de batismo, gerou um debate sobre as regras impostas por vários países do mundo sobre como os pais podem chamar seus filhos.
O caso aconteceu com a jovem Blaer, de 15 anos, nome que, em islandês, significa "brisa".
Aos olhos da Justiça da Islândia, ao chamá-la por esse nome, sua mãe, Björk Eidsdottir infringiu a lei do país.
Isso porque, para as autoridades locais, Blaer era um nome masculino.
Como resultado, Blaer era conhecida simplesmente como "garota" nos documentos oficiais.
Na última quinta-feira, entretanto, um tribunal da capital Reyjavik decidiu que a jovem poderia permanecer com seu nome de batismo.
"Finalmente, eu poderei ter meu nome no meu passaporte", disse ela após a decisão da Justiça.
Mas, tal como a Islândia, muitos países do mundo, como Alemanha, Suécia, China e Japão, também restrigem os nomes que pais podem dar a seus filhos.
No caso islandês, as regras obedecem a gramática, para que a criança não seja exposta ao ridículo.
Além disso, frequentemente as autoridades reforçam pedidos para que os pais escolham um nome que possa ser escrito na grafia do idioma islandês.

Quais nomes não são permitidos?

Islândia
  • Sim: Elvis
  • Não: Carolina
Nova Zelândia
  • Sim: Number 16 Bus Shelter
  • Não: Yeah Detroit
Alemanha
  • Sim: Legolas
  • Não: Matti
Suécia
  • Sim: Metallica
  • Não: Brfxxccxxmnpcccclllmmnprxvclmnckssqlbb11116
Japão
  • Não: Akuma (significa "demônio" em japonês)
Portugal
  • Não: Mona Lisa
Dinamarca, França, Espanha e Argentina também possuem restrições quanto à escolha de nomes.
No Brasil, não há restrição desde que o nome não ofereça constrangimento à criança.
Há no país uma lista de 1.853 nomes femininos e 1.712 nomes masculinos. Os pais devam embasar suas escolhas nessa compilação ou, então, pedir permissão de um comitê especial.

"4Real" banido

Na Alemanha, preocupações similares quanto ao constrangimento infantil ocorreram quando um casal turco foi proibido de chamar seu bebê de Osama Bin Laden, o ex-líder da Al-Qaeda morto no Paquistão há dois anos.
Outro episódio polêmico aconteceu com um casal que quis batizar seu filho de "Berlim", em homenagem à cidade em que se conheceu.
A Justiça alemã inicialmente não aceitou o pedido, mas teve de voltar atrás depois de reconhecer que já havia dado ganho de causa a uma família que batizou seu filho de "Londres".
A Alemanha também proíbe que sobrenomes sejam usados como pré-nomes. Assim, Merkel (atual chanceler alemã), Schröder (ex-chanceler) e Köhl (ex-chanceler) são banidos como nomes de crianças.
Na Nova Zelândia, um pedido de um casal para batizar seu filho de 4Real ("de verdade", em tradução livre) não caiu no gosto das autoridades.
Um juiz também deu autorização para que uma jovem local mudasse seu nome de batismo. Ela chamava-se "Talula Does The Hula from Hawaii" ("Talula faz a Ula do Havaí", em tradução livre).
Situação parecida acontece no Japão. Quando os pais japoneses vão registrar seus recém-nascidos, as autoridades locais podem negar o registro se acharem que o nome é inapropriado.
Em 1993, o nome Akuma, que significa "demônio", foi banido.
Na China, as pessoas são forçadas a trocar de nomes se eles forem considerados muito obscuros.

Mais liberais

Já o Reino Unido e os Estados Unidos têm leis mais liberais.

Nomes poucos comuns nos EUA

  • Female
  • Enamel
  • Lettuce
  • Mustard M Mustard
  • Vagina
  • Mutton
  • Post Office
Pais americanos podem batizar seus filhos de praticamente qualquer coisa, disse Michael Sherrod, coautor do livro "Bad baby Names: The Worst True Names Parents Saddled Their Kids With" ("Nomes de bebês ruins: Os piores nomes verdadeiros que os pais batizaram seus filhos", em tradução livre).
Na prática, diz Sherrod, os pais veem a liberdade de escolher o nome de seus filhos como liberdade de expressão, um dos princípios da Constituição americana.
"Quando eu descobri as restrições que outros países tinham, fiquei absolutamente surpreso."
Nomes estranhos não são novidade, afirma o autor. Ele explica que registros do Censo americano nos séculos 18 e 19 revelam nomes como "King's Judgment" (que pode ser traduzido como Julgamento ou Discernimento do Rei), "Noble Fall" (Queda Nobre) e "Cholera Plague" (Praga da Cólera).
"Pesquisei os registros e achei 20 pessoas chamadas "Noun" (Nome), 458 pessoas chamadas Comma ("Vírgula") e 18 pessoas chamadas "Period" ("Ponto final")", enumera Sherrod.
"Mas dessas apenas uma única chamava-se "Semicolon" (Ponto e vírgula)", acrescenta.

Brasil

Nomes pouco comuns no Brasil

  • Bimbomura
  • Maicon Jackson
  • Magaiver
  • João Lenão
  • Roleystone
  • Winchester Cano Longo
A lista foi compilada com base em situações reais vividas por especialistas ouvidos pela BBC Brasil.
No Brasil, a escolha dos nomes não chega a ser tão liberal quanto nos Estados Unidos, mas está longe de ser rígida, explicam especialistas ouvidos pela BBC Brasil.
"A lei de registros públicos, de 1975, diz que não há restrição quanto à escolha dos nomes, desde que não se exponha a criança ao ridículo", explica Oscar Paes de Almeida Filho, dono de um cartório em Ribeirão Preto (SP).
Há mais de quatro décadas na profissão, Almeida Filho diz que já perdeu as contas de quantas vezes se deparou com registros inusitados.
"Em 1988, recebi um pai que queria chamar seu filho de 'Bimbomura'. Inicialmente recusei, mas ele alegou se tratar de um nome africano. Posteriormente, ele providenciou ao juiz a documentação necessária para comprovar a origem do nome."
O notário também diz ter se tornado popular na cidade uma criança com 22 nomes, filha de um conhecido radialista da região.
Para Luís Carlos Vendramin Júnior, presidente da Associação dos Registradores de Pessoas Naturais do Estado de São Paulo (Arpen-SP), o sistema brasileiro, por ser mais "liberal", oferece benefícios.
"A língua é mutável e assim são os nomes. Evidentemente que podemos recusar um pedido se acharmos que haverá constrangimento para a criança, mas devemos estar abertos às transformações."

Motivação

Mas por que os pais batizar seus filhos com nomes exóticos?
"Muitos pais querem que seus filhos sejam únicos. Eles acham que é divertido pois se trata de uma maneira de diferenciar seus filhos dos outros, dar-lhes personalidade", diz Sherrod.
"Os americanos, por exemplo, seguem aquele pensamento de "nós podemos fazer o que quisermos e se eles (filhos) não gostarem de seus nomes, então eles podem mudá-los quando crescerem".

Motivos para a recusa das autoridades

  • A razão mais comum é de evitar expor a criança ao ridículo
  • O risco de confusão também é um fator
  • Alguns países têm regras sobre nomes dependendo do gênero e da gramática
  • números também costumam ser proibidos
Segundo Sherrod, crianças com nomes inusitados sofrem maior bullying na escola, "mas depois tendem a aceitá-los".
Não há dúvida de que alguns nomes são mais ofensivos e inusitados do que outros, mas, para o especialista, não cabe à lei determinar a escolha dos pais, e os tribunais só devem intervir em casos especiais.
Um exemplo dessa intervenção judicial ocorreu quando o americano Thomas Boyd Ritchie 3º tentou mudar seu nome apenas para 3º, mas uma corte da Califórnia afirmou que isso seria "inerentemente confuso".
Colaborou Luís Guilherme Barrucho, da BBC Brasil em São Paulo.

Inalação de fumaça dificulta tratamento de queimados em incêndio, diz médica

Embora sejam uma minoria entre as mais de 120 pessoas que permanecem internadas após o incêndio em Santa Maria, no último domingo, os pacientes com grandes queimaduras estão tendo seu tratamento dificultado por conta dos problemas decorrentes da inalação da fumaça tóxica produzida pela combustão do material de isolamento acústico da boate Kiss.
De acordo com a cirurgiã plástica Maria da Graça Figueira Costa, responsável técnica pela Unidade de Queimados do Hospital Cristo Redentor, em Porto Alegre, onde estão internadas sete vítimas do incêndio, o fato de os pacientes terem que ficar permanentemente ligados aos respiradores e não poderem deixar a Unidades de Terapia Intensiva dificulta as intervenções cirúrgicas necessárias para o tratamento de queimaduras externas.
"Os pacientes ficam instáveis, têm que ficar no respirador, alguns estão fazendo diálise. (Os problemas respiratórios) comprometem todo o organismo", diz a médica. "Alguns pacientes não podem nem ir ao bloco cirúrgico de queimados, não podem sair da UTI, e nós temos que tentar fazer as cirurgias lá mesmo, para não atrasar (o tratamento)."
A cirurgia avalia que a existência de lesões respiratórios aumenta o risco de morte. "Isso aumenta muito (o risco) de mortalidade, porque esse material que queimou libera muitas substâncias químicas que são tóxicas para o pulmão e para as vias respiratórias, o que agrava toda a patologia", diz Maria da Graça.
Na última segunda-feira, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, disse que cerca de 20% das vítimas do incêndio sofreram com grandes queimaduras. Para tratar desses pacientes, bancos de pele de São Paulo, Pernambuco, Rio Grande do Sul e até de outros países foram deixados de prontidão.
Ainda na segunda-feira, o governo da Argentina anunciou o envio de 10 mil cm² de pele e 20 mil cm² de membranas para ajudar as vítimas de queimaduras no incêndio.

Tratamento

O tratamento dos chamados grandes queimados, pacientes que têm extensões significativas do corpo atingidas pelo fogo, é complexo e pode se estender por meses.
Em um primeiro momento, são realizadas cirurgias para retirada do tecido necrosado que foi atingido pelo fogo, o chamado processo de desbridamento.
"Muitas vezes não é possível tirar tudo de uma vez só, porque sangra muito", afirma Maria da Graça. "Então as cirurgias têm que ser feitas de maneira sequencial, fazemos uma ou duas vezes por semana."
Durante esse processo, as áreas lesionadas são cobertas com curativos especiais ou com a pele de cadáveres vinda de bancos de tecido. O procedimento evita que o paciente se desidrate e protege o ferimento. Esta pele, no entanto, é um curativo temporário, que deve ser trocado a cada semana.
O tratamento prossegue até que o paciente comece a desenvolver tecido saudável nas partes atingidas, o que - no caso dos grandes queimados - leva no mínimo um mês, de acordo a médica. Inicia-se então o procedimento de enxerto de pele do próprio paciente, o que cobrirá definitivamente as áreas afetadas.
Segundo Maria da Graça Figueira da Costa, no entanto, o tratamento dos grandes queimados se estende para além da área cirúrgica. Depois das intervenções, o paciente segue para o atendimento ambulatorial.
Em geral, é necessário ainda acompanhamento psicológico, fisioterapia e tratamento fonaudiológico para aqueles que ficaram entubados por longos períodos.

Vítimas

De acordo com dados divulgados pelo Ministério da Saúde, 127 vítimas permaneciam internadas até a noite de quinta-feira por conta do incêndio que matou mais de 230 pessoas na madrugada do último domingo em uma casa noturna da cidade de Santa Maria, região central do Rio Grande do Sul .
Deste total, 71 pessoas estavam respirando com a ajuda de aparelhos e em estado crítico. Há pacientes internados em Santa Maria, na região metropolitana de Porto Alegre, além de Ijuí e Caxias do Sul.
Na madrugada desta sexta-feira, um hospital em Porto Alegre confirmou a morte de um jovem que estava internado no local por conta da tragédia. O jovem de 20 anos é a 236ª morte confirmada após o incêndio na boate Kiss.
As autoridades vêm alertando àquelas pessoas que tiveram contato com a fumaça tóxica do incêndio que procurem os hospitais devido ao risco de desenvolvimento de condições respiratórias graves.

Morre 236ª vítima de incêndio em Santa Maria

O estudante Matheus Rafael Raschen, de 20 anos, morreu na noite desta quinta-feira em Porto Alegre, tornando-se a 236ª vítima fatal do incêndio de domingo na boate Kiss, em Santa Maria.
Rasche, que estudava tecnologia de alimentos na Universidade Federal de Santa Maria, era um ex-jogador de basquete que chegou a defender a seleção brasileira sub-18.
Segundo relatos familiares, o estudante estava na área externa da boate quando o incêndio começou, mas decidiu entrar para ajudar amigos que estavam do lado de dentro.
Cerca de 70 vítimas do incêndio permanecem internadas em estado crítico, segundo o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.