quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Chocolate escuro pode diminuir pressão sanguínea, diz estudo

O consumo diário de chocolate escuro pode ajudar a reduzir levemente a pressão sanguínea, segundo indica uma análise de 20 estudos
A pesquisa foi feita pelo grupo Cochrane – colaboração internacional de milhares de especialistas que revisam estudos já realizados.
A causa seria o cacau, principal ingrediente do chocolate, que relaxa os vasos sanguíneos.
A teoria é que o cacau contém o flavonoide, que faz o corpo humano produzir a substância química chamada óxido nítrico, que "relaxa" os vasos, facilitando a passagem do sangue e, por consequência, diminuindo a pressão sanguínea.
Os estudos anteriores, combinados pela análise Cochrane, haviam apresentando resultados variados.
A quantidade diária de cacau consumida por cada participante varia de 3g a 105g, mas todos apresentaram uma leve redução na pressão.
Uma pressão sistólica de 120 mmHg (milímetros de mercúrio) é considerada normal. O cacau reduziu-a entre 2 a 3 mmHg.
Mas os estudos duraram apenas duas semanas, portanto os efeitos no longo prazo são desconhecidos.
"Embora não tenhamos ainda evidência de diminuição sustentada da pressão sanguínea, a pequena redução que observamos no curto prazo pode complementar outras opções de tratamento e pode contribuir para reduzir o risco de uma doença cardiovascular", disse a pesquisadora que liderou a revisão, Karin Ried, do Instituto Nacional de Medicina Integrada de Melbourne, Austrália.
Pressão alta é um problema comum, sendo relacionada com 54% dos ataques cardíacos em todo o mundo e 47% das doenças coronárias.
Entretanto, especialistas dizem que há maneiras mais saudáveis de se diminuir a pressão do sangue já que o chocolate possui muita gordura e açúcar.
Há inclusive um alerta na publicação médica Lancet de que o chocolate escuro pode conter menos flavonoide do que se imagina já que a substância pode ser removida por ser amarga.
"É difícil saber ao certo a quantidade de flavonoide do cacau que seria necessária para que seja observado um efeito benéfico e qual a melhor forma de obtê-la", diz Victoria Taylor da Fundação Britânica do Coração (British Heart Foundation).
"As 100g de chocolate que precisariam ser consumidas diariamente, segundo alguns estudos, também viriam com 500 calorias. Isto é um quarto da recomendação diária para mulheres."
"Feijões, maçãs e outras frutas também contêm flavonoide e, mesmo vindo em menor quantidades do que no cacau, estas opções tem menos efeitos indesejáveis do que os encontrados no chocolate", disse ela.

Chocolate escuro pode diminuir pressão sanguínea, diz estudo

O consumo diário de chocolate escuro pode ajudar a reduzir levemente a pressão sanguínea, segundo indica uma análise de 20 estudos
A pesquisa foi feita pelo grupo Cochrane – colaboração internacional de milhares de especialistas que revisam estudos já realizados.
A causa seria o cacau, principal ingrediente do chocolate, que relaxa os vasos sanguíneos.
A teoria é que o cacau contém o flavonoide, que faz o corpo humano produzir a substância química chamada óxido nítrico, que "relaxa" os vasos, facilitando a passagem do sangue e, por consequência, diminuindo a pressão sanguínea.
Os estudos anteriores, combinados pela análise Cochrane, haviam apresentando resultados variados.
A quantidade diária de cacau consumida por cada participante varia de 3g a 105g, mas todos apresentaram uma leve redução na pressão.
Uma pressão sistólica de 120 mmHg (milímetros de mercúrio) é considerada normal. O cacau reduziu-a entre 2 a 3 mmHg.
Mas os estudos duraram apenas duas semanas, portanto os efeitos no longo prazo são desconhecidos.
"Embora não tenhamos ainda evidência de diminuição sustentada da pressão sanguínea, a pequena redução que observamos no curto prazo pode complementar outras opções de tratamento e pode contribuir para reduzir o risco de uma doença cardiovascular", disse a pesquisadora que liderou a revisão, Karin Ried, do Instituto Nacional de Medicina Integrada de Melbourne, Austrália.
Pressão alta é um problema comum, sendo relacionada com 54% dos ataques cardíacos em todo o mundo e 47% das doenças coronárias.
Entretanto, especialistas dizem que há maneiras mais saudáveis de se diminuir a pressão do sangue já que o chocolate possui muita gordura e açúcar.
Há inclusive um alerta na publicação médica Lancet de que o chocolate escuro pode conter menos flavonoide do que se imagina já que a substância pode ser removida por ser amarga.
"É difícil saber ao certo a quantidade de flavonoide do cacau que seria necessária para que seja observado um efeito benéfico e qual a melhor forma de obtê-la", diz Victoria Taylor da Fundação Britânica do Coração (British Heart Foundation).
"As 100g de chocolate que precisariam ser consumidas diariamente, segundo alguns estudos, também viriam com 500 calorias. Isto é um quarto da recomendação diária para mulheres."
"Feijões, maçãs e outras frutas também contêm flavonoide e, mesmo vindo em menor quantidades do que no cacau, estas opções tem menos efeitos indesejáveis do que os encontrados no chocolate", disse ela.

Chocolate escuro pode diminuir pressão sanguínea, diz estudo

O consumo diário de chocolate escuro pode ajudar a reduzir levemente a pressão sanguínea, segundo indica uma análise de 20 estudos
A pesquisa foi feita pelo grupo Cochrane – colaboração internacional de milhares de especialistas que revisam estudos já realizados.
A causa seria o cacau, principal ingrediente do chocolate, que relaxa os vasos sanguíneos.
A teoria é que o cacau contém o flavonoide, que faz o corpo humano produzir a substância química chamada óxido nítrico, que "relaxa" os vasos, facilitando a passagem do sangue e, por consequência, diminuindo a pressão sanguínea.
Os estudos anteriores, combinados pela análise Cochrane, haviam apresentando resultados variados.
A quantidade diária de cacau consumida por cada participante varia de 3g a 105g, mas todos apresentaram uma leve redução na pressão.
Uma pressão sistólica de 120 mmHg (milímetros de mercúrio) é considerada normal. O cacau reduziu-a entre 2 a 3 mmHg.
Mas os estudos duraram apenas duas semanas, portanto os efeitos no longo prazo são desconhecidos.
"Embora não tenhamos ainda evidência de diminuição sustentada da pressão sanguínea, a pequena redução que observamos no curto prazo pode complementar outras opções de tratamento e pode contribuir para reduzir o risco de uma doença cardiovascular", disse a pesquisadora que liderou a revisão, Karin Ried, do Instituto Nacional de Medicina Integrada de Melbourne, Austrália.
Pressão alta é um problema comum, sendo relacionada com 54% dos ataques cardíacos em todo o mundo e 47% das doenças coronárias.
Entretanto, especialistas dizem que há maneiras mais saudáveis de se diminuir a pressão do sangue já que o chocolate possui muita gordura e açúcar.
Há inclusive um alerta na publicação médica Lancet de que o chocolate escuro pode conter menos flavonoide do que se imagina já que a substância pode ser removida por ser amarga.
"É difícil saber ao certo a quantidade de flavonoide do cacau que seria necessária para que seja observado um efeito benéfico e qual a melhor forma de obtê-la", diz Victoria Taylor da Fundação Britânica do Coração (British Heart Foundation).
"As 100g de chocolate que precisariam ser consumidas diariamente, segundo alguns estudos, também viriam com 500 calorias. Isto é um quarto da recomendação diária para mulheres."
"Feijões, maçãs e outras frutas também contêm flavonoide e, mesmo vindo em menor quantidades do que no cacau, estas opções tem menos efeitos indesejáveis do que os encontrados no chocolate", disse ela.

Chocolate escuro pode diminuir pressão sanguínea, diz estudo

O consumo diário de chocolate escuro pode ajudar a reduzir levemente a pressão sanguínea, segundo indica uma análise de 20 estudos
A pesquisa foi feita pelo grupo Cochrane – colaboração internacional de milhares de especialistas que revisam estudos já realizados.
A causa seria o cacau, principal ingrediente do chocolate, que relaxa os vasos sanguíneos.
A teoria é que o cacau contém o flavonoide, que faz o corpo humano produzir a substância química chamada óxido nítrico, que "relaxa" os vasos, facilitando a passagem do sangue e, por consequência, diminuindo a pressão sanguínea.
Os estudos anteriores, combinados pela análise Cochrane, haviam apresentando resultados variados.
A quantidade diária de cacau consumida por cada participante varia de 3g a 105g, mas todos apresentaram uma leve redução na pressão.
Uma pressão sistólica de 120 mmHg (milímetros de mercúrio) é considerada normal. O cacau reduziu-a entre 2 a 3 mmHg.
Mas os estudos duraram apenas duas semanas, portanto os efeitos no longo prazo são desconhecidos.
"Embora não tenhamos ainda evidência de diminuição sustentada da pressão sanguínea, a pequena redução que observamos no curto prazo pode complementar outras opções de tratamento e pode contribuir para reduzir o risco de uma doença cardiovascular", disse a pesquisadora que liderou a revisão, Karin Ried, do Instituto Nacional de Medicina Integrada de Melbourne, Austrália.
Pressão alta é um problema comum, sendo relacionada com 54% dos ataques cardíacos em todo o mundo e 47% das doenças coronárias.
Entretanto, especialistas dizem que há maneiras mais saudáveis de se diminuir a pressão do sangue já que o chocolate possui muita gordura e açúcar.
Há inclusive um alerta na publicação médica Lancet de que o chocolate escuro pode conter menos flavonoide do que se imagina já que a substância pode ser removida por ser amarga.
"É difícil saber ao certo a quantidade de flavonoide do cacau que seria necessária para que seja observado um efeito benéfico e qual a melhor forma de obtê-la", diz Victoria Taylor da Fundação Britânica do Coração (British Heart Foundation).
"As 100g de chocolate que precisariam ser consumidas diariamente, segundo alguns estudos, também viriam com 500 calorias. Isto é um quarto da recomendação diária para mulheres."
"Feijões, maçãs e outras frutas também contêm flavonoide e, mesmo vindo em menor quantidades do que no cacau, estas opções tem menos efeitos indesejáveis do que os encontrados no chocolate", disse ela.

Chocolate escuro pode diminuir pressão sanguínea, diz estudo

O consumo diário de chocolate escuro pode ajudar a reduzir levemente a pressão sanguínea, segundo indica uma análise de 20 estudos
A pesquisa foi feita pelo grupo Cochrane – colaboração internacional de milhares de especialistas que revisam estudos já realizados.
A causa seria o cacau, principal ingrediente do chocolate, que relaxa os vasos sanguíneos.
A teoria é que o cacau contém o flavonoide, que faz o corpo humano produzir a substância química chamada óxido nítrico, que "relaxa" os vasos, facilitando a passagem do sangue e, por consequência, diminuindo a pressão sanguínea.
Os estudos anteriores, combinados pela análise Cochrane, haviam apresentando resultados variados.
A quantidade diária de cacau consumida por cada participante varia de 3g a 105g, mas todos apresentaram uma leve redução na pressão.
Uma pressão sistólica de 120 mmHg (milímetros de mercúrio) é considerada normal. O cacau reduziu-a entre 2 a 3 mmHg.
Mas os estudos duraram apenas duas semanas, portanto os efeitos no longo prazo são desconhecidos.
"Embora não tenhamos ainda evidência de diminuição sustentada da pressão sanguínea, a pequena redução que observamos no curto prazo pode complementar outras opções de tratamento e pode contribuir para reduzir o risco de uma doença cardiovascular", disse a pesquisadora que liderou a revisão, Karin Ried, do Instituto Nacional de Medicina Integrada de Melbourne, Austrália.
Pressão alta é um problema comum, sendo relacionada com 54% dos ataques cardíacos em todo o mundo e 47% das doenças coronárias.
Entretanto, especialistas dizem que há maneiras mais saudáveis de se diminuir a pressão do sangue já que o chocolate possui muita gordura e açúcar.
Há inclusive um alerta na publicação médica Lancet de que o chocolate escuro pode conter menos flavonoide do que se imagina já que a substância pode ser removida por ser amarga.
"É difícil saber ao certo a quantidade de flavonoide do cacau que seria necessária para que seja observado um efeito benéfico e qual a melhor forma de obtê-la", diz Victoria Taylor da Fundação Britânica do Coração (British Heart Foundation).
"As 100g de chocolate que precisariam ser consumidas diariamente, segundo alguns estudos, também viriam com 500 calorias. Isto é um quarto da recomendação diária para mulheres."
"Feijões, maçãs e outras frutas também contêm flavonoide e, mesmo vindo em menor quantidades do que no cacau, estas opções tem menos efeitos indesejáveis do que os encontrados no chocolate", disse ela.

Sangue tipo O é associado a menor chance de ataque cardíaco, diz estudo

Uma pesquisa realizada nos Estados Unidos sugere que pessoas que têm o sangue do tipo O são menos suscetíveis a problemas cardíacos do que quem possui sangue A, B, e AB.
O estudo, realizado por cientistas da Escola de Saúde Pública da Universidade de Harvard, em Boston, concluiu que as pessoas com o tipo sanguíneo mais raro, o AB, são as mais vulneráveis a doenças do coração.
Para estas pessoas a probabilidade de sofrer com doenças cardíacas é 23% maior do que para as pessoas com o tipo sanguíneo O.
A pesquisa também descobriu que para pessoas com sangue do tipo B o risco de doenças cardíacas aumentava em 11% e, para pessoas com sangue tipo A, o aumento era de 5%.
Os pesquisadores não sabem a razão deste aumento de probabilidades. Eles vão agora analisar como os grupos sanguíneos reagem a um estilo de vida mais saudável.
"As pessoas não podem mudar o tipo sanguíneo, mas nossas descobertas podem ajudar os médicos a compreender melhor quem tem risco de desenvolver doenças cardíacas. É bom saber qual o seu tipo sanguíneo, da mesma forma como você deveria saber seu colesterol ou pressão sanguínea", disse o professor Lu Qi, que liderou o estudo.
"Se você sabe que o risco é maior, pode reduzi-lo adotando um estilo de vida mais saudável, ao se alimentar bem, praticar exercícios e não fumar."
A pesquisa foi divulgada na publicação especializada American Heart Association Journal.

'Complicado'

As descobertas dos cientistas americanos são baseadas em dois grandes estudos realizados nos Estados Unidos, um envolvendo 62.073 mulheres e outro, 27.428 pessoas adultas. Eles tinham entre 30 e 75 anos e foram acompanhados durante 20 anos.
Como a etnia das pessoas estudadas era predominantemente caucasiana, os pesquisadores afirmam que ainda não foi esclarecido se as descobertas podem ser apicadas para outros grupos étnicos.
O grupo sanguíneo AB foi ligado à inflamações, que têm um papel importante nos danos em artérias.
Também foram encontradas provas de que o tipo sanguíneo A está associado ao colesterol ruim, o LDL, que pode bloquear as artérias.
Já as pessoas com o tipo sanguíneo O podem se beneficiar dos níveis maiores de um elemento químico que ajuda no fluxo sanguíneo e na coagulação.
No entanto, o estudo não analisou as razões dos riscos diferentes para os tipos sanguíneos distintos.
"O tipo sanguíneo é algo muito complicado, então podem existir múltiplos mecanismos influenciando (estas diferenças)", disse Lu Qi.

Policiais do Brasil vão à cidade boliviana onde brasileiros morreram queimados

Dois policiais da Polícia Federal devem chegar na noite desta quarta-feira à cidade de San Matías, na Bolívia, para se informar das circunstancias da morte de dois brasileiros queimados vivos enquanto estavam presos em uma delegacia local. As informações são de fontes diplomáticas.
Segundo relatos da imprensa boliviana, os brasileiros mortos seriam Rafael Max Díaz e Jefferson Castro. Ambos estavam presos após o assassinato de três bolivianos na localidade fronteiriça.
De acordo com fontes diplomáticas, os policiais federais deixaram no início do dia o consulado brasileiro em Santa Cruz de la Sierra para se dirigir a San Matias, a 800 km de distância. Junto deles foi um funcionário do Itamaraty (Ministério das Relações Exteriores).
Uma vez confirmada oficialmente a identidade dos brasileiros, o passo seguinte deve ser o de contatar as famílias e cuidar da repatriação dos corpos.
Segundo o jornal El Diario, outros dois bolivianos ficaram gravemente feridos no incidente da segunda-feira, que resultou na morte dos brasileiros.
A morte teria sido motivada após os dois brasileiros terem supostamente matado três bolivianos durante um desentendimento referente à venda de uma motocicleta – possivelmente roubada.
A notícia do crime teria enfurecido moradores de San Matías, que invadiram a delegacia para linchar os suspeitos brasileiros.
Segundo relatos da imprensa, os moradores jogaram gasolina nos suspeitos e atearam fogo.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Em Brasília, 'concurseiros' apoiam greves de servidores

A greve que se alastrou por cerca de 30 órgãos federais e deve nesta terça-feira levar à Esplanada dos Ministérios pelo menos mil servidores que pleiteam aumentos salariais tornou-se assunto recorrente nas rodas de candidatos a cargos públicos.
À porta de um dos maiores centros de preparação para concursos em Brasília, o Gran Cursos, estudantes engrossavam o coro dos manifestantes.
"Se estivesse lá, também faria greve", diz a aluna de pedagogia da Universidade de Brasília (UnB) Cecília de Souza, 22, que busca um cargo técnico no Ministério da Fazenda. Segundo ela, aumentos salariais tendem a motivar os servidores, melhorando a qualidade dos serviços públicos.
"A hora de batalhar é agora", diz Fernando Freitas, 25 anos, que prestará concursos para as polícias Civil e Militar do Distrito Federal (ambos os órgãos têm feito paralisações em prol de melhores condições).
"O governo diz que não tem dinheiro, mas abre os cofres para organizar uma Copa do Mundo. O mundo hoje tem um outro olhar sobre o Brasil, a máquina pública não pode ficar obsoleta", afirma à BBC Brasil.
Também em busca de um cargo no setor de segurança pública, Thiago Fassanaro, 29, cita outros argumentos em defesa do movimento. "O crescimento da economia e a ascensão da nova classe média exigem mais serviço público."

Aumento do setor público

Souza, Freitas e Fassanaro integram um grupo cada vez maior de brasileiros que buscam ingressar em carreiras públicas, atraídos pelo aumento de vagas e pelas vantagens concedidas nas últimas décadas ao setor.
Segundo o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), durante o governo Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010), 155.534 pessoas foram contratadas em concursos públicos da administração federal, número três vezes maior que os 51.613 ingressantes na gestão Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).
De acordo com o órgão, porém, a saída de servidores por aposentadoria fez com que o número de funcionários ativos na administração federal em 2010 (631 mil) ficasse abaixo do pico medido em 1992 (680 mil). Em 2011 e 2012, o número de funcionários se manteve estável.
Segundo o empresário José Wilson Granjeiro, dono do Gran Cursos, cerca de 5 milhões brasileiros prestavam concursos públicos anualmente no início da década de 1990. Em 2011, diz ele, o número subiu para 30 milhões.
Nos últimos anos, diz Granjeiro, a concorrência pelas vagas aumentou com a ascensão dos brasileiros mais pobres. Hoje, segundo ele, metade dos que se preparam para concursos públicos pertencem às classes C e D.
Granjeiro afirma que a procura por cargos públicos também cresce motivada pela crise econômica mundial, que gera maior instabilidade na iniciativa privada. "Eles (candidatos) querem a certeza do contracheque no fim do mês."

Afinidade

O empresário diz que uma enquete entre seus alunos revelou que, ao pleitear cargos públicos, os candidatos buscam, por ordem de importância, estabilidade profissional, salário maior que o do setor privado, benefícios e status conferido pelo posto.
Embora a estabilidade continue a ser considerada a principal vantagem do setor, ele afirma que com o aumento da oferta de carreiras públicas, boa parte dos candidatos têm cada vez mais levado em conta afinidades pessoais ao optar por disputar um concurso. "São pessoas predispostas a contribuir com o seu talento para o engrandecimento da administração pública."
Granjeiro diz que esses profissionais se concentram em órgãos que têm implantado gratificações por produtividade e remunerações iniciais mais altas. “A partir de 1995, constituímos verdadeiras ilhas de excelência em órgãos como o Ministério Público Federal, Receita, Polícia Federal, Banco Central, Itamaraty, Magistratura e Advogacia Geral da União”.
No entanto, segundo ele, ao elevar os salários iniciais das carreiras nobres para torná-las mais atraentes, o governo reduziu a variação entre as remunerações inicial e final desses servidores, gerando queixas entre as categorias.
De acordo com cálculo da Folha de S.Paulo, a despesa média mensal com servidores do Executivo saltou de R$ 2.840 per capita, no início da gestão Lula, para R$ 7.690 hoje, alta de 170% num período em que a inflação foi de 70%.
"Como o aumento dos salários iniciais foi muito maior do que a inflação, o governo parou de dar recomposição (aos demais servidores) para equilibrar os gastos. Isso mobilizou as grandes categorias", diz Granjeiro.

Regulamentação

Nem todos os candidatos a cargos públicos entrevistados pela BBC Brasil, porém, apoiam as greves. Para o administrador Adriano Prado, 29, que busca cargo no setor financeiro do governo , "é preciso separar o joio do trigo".
"Alguns setores têm razão, como professores e profissionais da saúde. Outros já ganham muito bem."
Segundo Prado, a ausência de regras sobre o direito de greve dos servidores fez a mobilização fugir do controle. Um projeto de lei sobre o tema tramita no Congresso há vários anos, mas não há sinais de que seja votado num futuro próximo.
"O Legislativo deveria regulamentar a lei de greve do servidor, assim a população seria menos prejudicada."

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Filho sueco de Garrincha fala com orgulho de pai que não conheceu

Único filho homem vivo de Garrincha, o sueco Ulf Lindberg fala com orgulho do pai que nunca viu.
"Não há ninguém como Garrincha", disse Ulf em entrevista por telefone à BBC Brasil de sua casa em Halmstad, no litoral oeste da Suécia. Seu estilo de jogar era e sempre será único", acrescentou ele.
Ulf classificou como uma "catástrofe total" a atuação da seleção brasileira na final da Olimpíada de Londres no sábado, que deu vitória ao México por 2 a 1.
"Fiquei furioso. A seleção jogou constrangedoramente mal. Foi uma catástrofe total. E apesar de Pelé ter dito que Neymar é tão bom quanto (o argentino Lionel) Messi, não foi isso que vimos no gramado", desabafou.
Ulf nasceu de uma aventura amorosa de Garrincha (1933-1983) com uma jovem sueca em 1959, durante uma excursão do Botafogo na Suécia.
Nesta terca-feira, ele chega a Estocolmo como convidado especial das cerimônias de despedida a Råsunda, a arena em que o pai brilhou na final da Copa de 1958.
"Råsunda é um símbolo marcante da história de meu pai e do futebol brasileiro. Mas para mim, o estádio mais importante é o de Umeå (cidade do Norte da Suécia): foi em Umeå que Garrincha foi jogar em1959 com o Botafogo. E graças a isso eu existo", brinca Ulf.

Adoção

A mãe o entregou em adoção para uma família sueca de classe média quando ele tinha apenas nove meses de idade. Aos sete anos, veio a revelação: os pais adotivos contaram a ele que seu pai era Mané Garrincha, que encantava multidões nos estádios de futebol.
Garrincha em ação na Copa de 62 (Wikimedia Commons)
'Não há ninguém como Garrincha', diz o filho
Mas o encontro de pai e filho nunca aconteceu.
"Lamento muito nunca tê-lo encontrado. Até hoje, muitas vezes me pego pensando em como seria bom poder ter conhecido meu pai. E estar com ele agora, dizer o quanto o admiro. Mas não foi possível. Infelizmente, ele tinha problemas sérios com o álcool. Se não fosse por isso, poderia estar hoje aqui entre nós, comemorando o reencontro com os companheiros de 58", disse Ulf.
Em 1977, ele chegou a ter esperanças de ver o pai: um jornal sueco havia divulgado que Garrincha queria conhecer o filho. Chegou a ser combinado que Ulf viajaria no ano seguinte para a Argentina, na Copa de 1978, para encontrar Garrincha, que faria comentários para um canal de TV.
"Mas a viagem não aconteceu. Meu pai bebia muito, e infelizmente já não estava bem", lembra Ulf. Garrincha faleceu em 20 de janeiro de 1983, vítima de uma infecção generalizada.
Restou ao filho continuar buscando o pai em recortes de jornais, filmes de TV, na internet.
"Uma das minhas manchetes de jornal preferidas sobre meu pai aqui na Suécia, depois de um show de dribles dele em Gotemburgo contra a seleção russa, dizia que ele era um talento extraterrestre: 'De que planeta ele vem?'", conta.

Pelé

A cerimônia de despedida de Råsunda vai ser uma oportunidade de conhecer um pouco mais sobre o pai. Ulf aguarda pelo momento de encontrar, pela primeira vez, seu ídolo Pelé:
"Quero perguntar a ele o quanto bom de bola meu pai era. Mas quero saber principalmente como Garrincha era como pessoa. Vai ser bom encontrar também seus outros amigos de 58, e ouvir suas histórias sobre meu pai. Quero ter lembranças positivas dele".
Filho de brasileiro com sueca, ele diz que vai torcer pelas duas seleções no amistoso desta quarta-feira. E revela seus favoritos:
Brasil celebra 58 Wikimedia Commons
Garrincha é o terceiro da direita para a esquerda
"Neymar faz jogadas inacreditáveis, mas não é o meu jogador preferido. Sempre gostei de Robinho, é uma alegria vê-lo jogar. Mas meu grande favorito é Ronaldinho Gaúcho".

Quiosque de salsichas

Aos 52 anos, divorciado, o filho do célebre campeão mundial de 1958 na Suécia e 1962 no Chile ganha a vida trabalhando num quiosque de salsichas de Halmstad. Nem Ulf nem os quatro filhos - Jonas, de 25 anos, Martin, de 22, e os gêmeos Hendrik e Linnea, de 14 anos – falam português. Mas a paixão pelo futebol é quase unânime.
"Só o Jonas não joga", diz Ulf, que por sua vez teve sua tentativa de jogar futebol frustrada por uma doença óssea na adolescência.
Martin sofreu lesões sérias no joelho durante um treino há dois anos e meio, e só recentemente voltou a treinar como meio-campo no Oskarströms, um pequeno clube nos arredores de Halmstad. Apesar da sua gritante semelhança física com o pai, segundo Ulf nem ele nem Martin têm as pernas tortas de Garrincha:
"São só ligeiramente tortas, não são como as de meu pai", diz ele. As lesões de Martin limitam agora sua chance de brilhar no gramado. Ulf aposta nos gêmeos – Hendrik treina no Halmstads, clube de elite local, e Linnea joga no Centern:
"Os dois são bastante talentosos. Marta é a jogadora favorita da Linnea, ela tem verdadeira adoração por ela", conta Ulf.

Mãe

Ulf é o 14º filho reconhecido de Manuel Francisco dos Santos, o Garrincha. No Brasil, já esteve três vezes. Pouco antes da primeira viagem, quando participava de um documentário sueco em 2005, acabou descobrindo que também nunca ia conhecer a mãe biológica: ela falecera meses antes.
Daquela primeira viagem ao Brasil, ficou a lembrança da emoção forte de ter encontrado as irmãs – são dez as filhas de Garrincha, que também teve quatro filhos.
"Naquele momento, ser o filho de Garrincha tornou-se mais real para mim", relembra Ulf, que também visitou o túmulo do pai no distrito de Pau Grande, em Magé (RJ).
A nova viagem ao Brasil já tem data:"Adoro o sol, adoro o calor, adoro os quiosques de Copacabana. Daqui a dois anos estarei lá" – promete, referindo-se à Copa de 2014.

Rio ainda tem longa lista de obrigações para cumprir até Olimpíada de 2016

No momento em que os holofotes se voltam de Londres para a próxima sede olímpica, o Rio se esforça para mostrar que as obras estão no prazo. Mas a longa lista de obrigações que a cidade tem até 2016 faz quatro anos parecerem curtos.
O prefeito Eduardo Paes vem destacando que todos os projetos com prazos maiores de três anos já foram iniciados, e lista projetos que já foram entregues - como o Sambódromo, cuja reforma foi concluída para o carnaval, e o Parque dos Atletas, que ficou pronto para abrigar o último Rock in Rio.
"As pessoas vão ver uma cidade que está fazendo o que é preciso fazer para os jogos, está com os projetos em dia e na qual os jogos significarão um grande legado e ajudarão a integrar a cidade", diz Paes à BBC.
A quantidade de canteiros de obra na cidade refletem avanços em diversas áreas: no Maracanã, na região portuária, na estação de metrô que chegará até a Barra e nos BRTs, corredores de ônibus que estão sendo construídos para ampliar o transporte público na cidade.
Porém algumas obras contam com prazos apertados, como a do metrô, previsto para ficar pronto no primeiro semestre de 2016.
O principal projeto olímpico ainda esbarra em contratempos com os quais os prazos de conclusão não contam, e que expõem a fragilidade do planejamento.

Entraves

Para usuários, sistema de ônibus 'olímpico' do Rio já está lotado
Modelo BRT faz parte da estratégia da Prefeitura da cidade para ampliar a rede de transportes carioca para a Olimpíada de 2016.
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O Parque Olímpico concentrará as principais instalações para os Jogos e será construído no terreno que pertencia ao Autódromo de Jacarepaguá. A obra, que levará cerca de três anos e meio, foi inciada em julho.
O projeto começa a ser tocado, entretanto, sem que haja uma resposta para duas grandes questões. A demolição do antigo autódromo é condicionada à construção de uma nova pista de corrida em Deodoro.
Mas o terreno destinado para isso vinha sendo usado como um campo de instrução militar pelo Exército por décadas, como revelou-se em junho. O Ministério Público estadual está estudando a liberação da área para a construção, levando em consideração questões ambientais e de segurança na área.
O Comando Militar do Leste (CML) afirmou que o uso civil da área exigirá a descontaminação prévia do terreno, onde soldados aprendiam a manusear minas e granadas de mão e de bocal.
Obras no metrô (Foto: Sarah Robbins-BBC)
Metrô também está em obras por conta da Olimpíada de 2016
O Parque Olímpico esbarra também em uma questão social: o projeto tal como foi concebido exige a remoção da Vila Autódromo, favela com cerca de 500 famílias no terreno que está resistindo à remoção e encontrou o apoio de movimentos sociais e acadêmicos.
Lá, os moradores contrariam o discurso de Eduardo Paes sobre os benefícios que as Olimpíadas vão trazer para as populações pobres do Rio. Eles dizem que os Jogos ameaçam trazer uma "grande injustiça".
"Nós temos todo o direito sobre esta terra, estamos aqui há mais de 40 anos e temos os papéis para provar", diz Altair Guimarães, representante da associação de moradores local.

Remoções

Guimarães entrega jornais diariamente até as 3h e volta de madrugada para a casa onde vive há 17 anos. Ele diz que não quer ser reassentado. Em seu quintal, cria galinhas e planta abacaxi, algo que seria impossível no conjunto habitacional que está sendo proposto.
"As Olimpíadas não precisam significar a remoção de ninguém. É isso que o prefeito deveria fazer, para mostrar aos governos lá fora que o Brasil pode fazer as coisas de forma diferente. Eles não precisam fazer isso com a nossa comunidade."
"As Olimpíadas não precisam significar a remoção de ninguém. É isso que o prefeito deveria fazer, para mostrar aos governos lá fora que o Brasil pode fazer as coisas de forma diferente. Eles não precisam fazer isso com a nossa comunidade"
Altair Guimarães, representante da associação de moradores da Vila Autódromo
No fim desta semana, os moradores da Vila Autódromo vão entregar uma proposta ao prefeito Eduardo Paes apresentando argumentos para a permanência e urbanização da comunidade, desenvolvida com apoio de universidades.
"O plano evidencia que não há necessidade de remover", diz Carlos Vainer, professor titular do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional da UFRJ (IPPUR/UFRJ), que ajudou a elaborar o projeto.
"Há alternativas viáveis de urbanização daquela área. A remoção sai muito mais cara e só poderia ser explicada pela vontade de fazer uma limpeza social da área", afirma.
Vainer é um dos apoiadores do Comitê Popular da Copa e das Olimpíadas, criado por movimentos sociais e grupos da sociedade civil para monitorar o andamento dos projetos relacionados aos megaeventos. Ele critica a falta de um "debate democrático" e diz que o projeto olímpico está sendo desenvolvido sem a participação da sociedade.
Mas o prefeito Eduardo Paes afirma que tudo está sendo feito com transparência, conversas com a população e prestação de contas.

Orçamento e exemplo do Maracanã

A realização dos Jogos Olímpicos no Rio foi anunciada em outubro de 2009. A cidade ganhou a candidatura com base em um projeto com orçamento inicial estimado em R$ 28,2 bilhões.
Obras no metrô (Foto: Sarah Robbins-BBC)
Para crítico, projeto do Rio é 'elitista e segregador'
De lá para cá, os projetos passaram por modificações e foram aprimorados à medida que foram saindo do papel. Alguns ficaram também mais caros, mas a prefeitura vem postergando a divulgação de um orçamento global, que estabeleceria um parâmetro a partir do qual avaliar a evolução dos custos.
"Nós temos a maioria dos valores mas ainda há projetos que estão sendo desenvolvidos. Não queremos falar para a população que o Parque Olímpico vai custar determinado valor. Ainda precisaremos de algumas instalações temporárias e isso pode custar mais dinheiro", diz Paes.
Muitos moradores do Rio temem que os preços dos projetos acabem disparando ou representem um desperdício de recursos públicos, como aconteceu com o Maracanã. O estádio havia sido reformado para os Jogos Panamericanos em 2007 e agora está sendo praticamente reconstruído para se adequar às exigências da Fifa. O orçamento inicial mais do que triplicou, chegando hoje a R$ 900 milhões.
O Velódromo, construído também para os Panamericanos, é um caso igualmente polêmico. A construção não atende aos requisitos do Comitê Olímpico Internacional e o projeto para os Jogos 2016 previam a sua reconstrução. Após grita à demolição entre a opinião pública, o prefeito Eduardo Paes prometeu encontrar uma solução para usar a edificação existente e disse que a demolição é "inaceitável".
Paes chega ao Rio nesta segunda-feira com a bandeira olímpica, depois de recebê-la na cerimônia de encerramento dos Jogos de Londres. O símbolo olímpico encontra uma cidade que enfrenta grandes de infraestrutura, sobretudo no setor de transportes, mas também de saneamento básico e no quesito habitação.
A cidade teve uma amostra recente da insuficiência de sua rede hoteleira, durante a Rio+20, a Conferência da ONU para o Desenvolvimento Sustentável, em junho. Os hotéis ficaram superlotados e os preços dispararam.
"Nós temos a maioria dos valores mas ainda há projetos que estão sendo desenvolvidos. Não queremos falar para a população que o Parque Olímpico vai custar determinado valor. Ainda precisaremos de algumas instalações temporárias e isso pode custar mais dinheiro"
Eduardo Paes, prefeito do Rio
De acordo com a Secretaria municipal de Urbanismo, o Rio deve ganhar mais 106 hotéis até 2016, a maioria concentrada na Barra, próximos às principais instalações olímpicas.

Reflexão

Para Carlos Vainer, a chegada da bandeira olímpica deve suscitar reflexão, mais do que celebração.
"Essa data significa que temos quatro anos para mudar radicalmente um projeto que é elitista e segregador, e implantar um projeto mais democrático", afirma Vainer.
Ele critica o principal projeto de mobilidade urbana para as Olimpíadas, os BRTs, corredores de ônibus que convergem para a zona oeste.
Para Vainer, o sistema não soluciona a carência de transportes para áreas de maior densidade demográfica da cidade e favorece a expansão territorial da cidade para a zona oeste, o que a seu ver alimenta a especulação imobiliária na região e vai contra a noção moderna de crescimento urbano inteligente, que prioriza a restrição da expansão da malha urbana e a densificação dos espaços urbanos.
*Colaborou Quentin Sommerville, da BBC no Rio de Janeiro

PIB tímido faz governo repensar estratégia de estímulo à economia

Preocupada com o fraco desempenho da economia brasileira neste ano, a presidente Dilma Rousseff prepara mais um pacote de medidas para tentar reverter tal quadro. A primeira etapa desse novo plano deve ser anunciada na próxima quarta-feira, incluindo concessões de rodovias e ferrovias ao setor privado.
Desta vez, porém, os projetos em discussão podem indicar uma mudança sensível na gestão econômica do país, segundo analistas ouvidos pela BBC Brasil. As ações buscam baixar os custos de produzir no Brasil e ampliar o papel da iniciativa privada na economia.
O governo, dizem eles, parece ter se convencido de que a principal estratégia adotada desde o governo Luiz Inácio Lula da Silva para promover o crescimento deixou de surtir efeitos.
Segundo esses analistas, a alta do consumo interno que alimentou grande parte do êxito econômico dos últimos anos – facilitada tanto pelo aumento do crédito quanto pela elevação da renda entre os mais pobres – não é mais capaz de sustentar taxas de crescimento satisfatórias.
Ao aumentar o espaço para a iniciativa privada e esforçar-se para baratear os custos de produção, afirmam, o governo ampliaria seu leque de estratégias, o que permitiria uma retomada a longo prazo da economia.
Com as ações, Dilma quer evitar novas reduções na projeção de crescimento do PIB deste ano. O governo já baixou sua previsão de crescimento de 4,5% para 3%, enquanto analistas consultados pelo Banco Central estimam que o PIB crescerá apenas 1,81%, segundo o último boletim Focus divulgado nesta segunda-feira.
Nas próximas semanas, grandes empresários devem ser convidados a Brasília para assistir ao anúncio da primeira parte do pacote econômico. Entre as medidas em discussão estão novas desonerações para a indústria, a redução das tarifas de energia e privatizações de rodovias, ferrovias, portos e aeroportos.
O grau dos estímulos, porém, dependerá da disposição do governo em reduzir o superavit primário – a economia para abater a dívida pública. A meta do superavit em 2012 é de 3,1% do PIB, mas o governo considera reduzi-la para aumentar os gastos ou promover novas desonerações.
Também será levada em conta a perda na arrecadação com o Plano Brasil Maior, recentemente aprovado no Congresso e que reduziu alíquotas para vários setores industriais.

Diagnóstico atrasado

Para Silvia Matos, professora do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getúlio Vargas, "o governo parece estar convencido de que o problema (da economia) é mais estrutural".
"O diagnóstico é correto, mas demorou", afirma à BBC Brasil.
Segundo Matos, os últimos incentivos à indústria concedidos por Dilma – como a redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para montadoras de veículos – não foram suficientes para erguer o setor.
Nem mesmo a recente desvalorização do real (que barateou produtos brasileiros no exterior) e a progressiva redução na taxa básica de juros (que baixa custos de empréstimos no país) surtiram grandes efeitos por enquanto.
De acordo com a CNI (Confederação Nacional da Indústria), apesar de uma pequena melhora nos indicadores industriais em junho, o primeiro semestre foi "perdido" para a maioria do setor. Dos 19 segmentos monitorados, 11 tiveram queda no uso da capacidade instalada, o que indica o esfriamento da atividade industrial.
A professora do Ibre diz que a tendência já era verificada em 2011. Para ela, os fracos resultados se devem principalmente aos altos custos de produção no Brasil, que encarecem os produtos nacionais. Entre os principais fatores para as despesas elevadas estão o alto preço da energia, infraestrutura falha e mão-de-obra mais cara que em outros países emergentes.
Dilma tem sinalizado que pretende baixar o preço da energia para as indústrias. Com a extinção de algumas taxas por meio de Medida Provisória, calcula-se que os custos possam cair até 10%.
Se houver menos impostos, Dilma estará em melhor posição para exigir que as concessionárias baixem os preços da energia na renegociação de contratos que expiram a partir de 2015. A despeito da pressão de federações industriais, a presidente pode decidir renovar os contratos com as atuais concessionárias.
Reduções ainda mais expressivas na eletricidade dependeriam de negociação com os governadores, já que um dos principais impostos que incidem sobre a energia, o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), é definido pelos Estados.

Investimentos

Matos cita ainda como agravantes para a má situação da indústria a crise mundial, que reduz a demanda por manufaturas, e o endividamento da população brasileira, que diminui o consumo.
Segundo a professora, o governo poderia reduzir o superavit em cerca de meio ponto percentual, desde que o gasto extra seja em investimentos.
O governo teria ainda de baixar os custos de produção, dando mais espaço à iniciativa privada, diz Matos.
A estratégia está contemplada nas discussões sobre uma nova rodada de privatizações. Em fevereiro, o governo concedeu três dos maiores aeroportos do país (Guarulhos, Viracopos e Brasília) a empresas privadas. Agora, cogita-se privatizar alguns dos principais portos do país.
"O governo percebeu que as concessões são o caminho para impulsionar os investimentos", diz Felipe Salto, economista da consultoria Tendências.
Segundo ele, as privatizações também ajudariam a reforçar o caixa do governo.
Por outro lado, o economista se diz preocupado com uma possível nova rodada de desonerações para a indústria. "Na ausência de mudanças estruturais, podem até gerar demanda e crescimento de curto prazo, mas também provocam maior inflação", ele afirma.
A solução, diz ele, é aumentar as despesas com investimentos, ampliando também as condições de oferta da indústria.
As desonerações, segundo Salto, ainda prejudicariam o equilíbrio fiscal e afetariam as expectativas do mercado sobre a manutenção das regras do jogo.
Para o economista, as greves dos servidores públicos federais por maiores salários impõem outro risco às contas públicas.
Segundo Silvia Matos, do Ibre, o governo precisa criar mecanismos de controle para os gastos com servidores e com a Previdência, que vêm crescendo "de forma preocupante".
"Há que definir regras para os reajustes, senão o governo ficará refém do funcionalismo público."

domingo, 12 de agosto de 2012

Após investimento, Brasil avançou em medalhas, mas 'perdeu bonde para 2016'

Especialistas na área de economia do esporte e profissionais ligados a confederações de esportes individuais dizem que o Brasil já "perdeu o bonde para 2016", mesmo com um aumento de benefícios a atletas e o investimento na infraestrutura de treinamento.
Na reta final de Londres 2012, o Time Brasil conquistou 17 medalhas (sendo três de ouro), superando em apenas duas a previsão do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), que esperava atingir o mesmo resultado da Olimpíada de Pequim 2008.
A previsão do COB, que chegou a ser considerada "modesta" pelo ministro do Esporte, Aldo Rebelo, foi justificada pelo comitê pela "falta de tempo" para que as confederações pusessem seus projetos em prática desde que foi anunciado um aumento de R$ 90 milhões no investimento, em 2011.
"O investimento deveria ter acontecido antes. Já deveríamos ter terminado Pequim olhando para a Olimpíada de 2016", disse à BBC Brasil Miguel Arruda, conselheiro da Confederação Brasileira de Atletismo e do clube BMF, o principal do país na modalidade.
Em Pequim 2008, o investimento governamental de cerca de R$ 1,2 bilhão culminou em 15 medalhas, duas a menos do que em Londres 2012, onde as cifras, que serão anunciadas pelo COB ainda hoje, parecem ter sido muito maiores.
Nos Jogos de Londres, a delegação brasileira manteve o bom desempenho em esportes de grupo e dupla, chegando às finais do vôlei feminino e masculino, do futebol masculino e do vôlei de praia masculino.
Com uma performance dentro do planejado no judô e surpresas positivas no boxe e na ginástica artística masculina, aumentaram a contagem de medalhas do país.
Neste domingo, o superintendente executivo do COB, Marcus Vinicius Freire, disse que atletismo e natação, que foram para menos finais em Londres, tornaram-se pontos de "atenção" e "preocupação".

Falta de renovação

O atletismo participou de somente três finais, no revezamento 4x100 metros feminino, no arremesso de peso e no salto em distância masculino, e terminou os Jogos sem medalha pela primeira vez desde 1992. Em Pequim, foram sete finais e um ouro.
Segundo Arruda, o desempenho se deve à pouca quantidade de atletas de alto rendimento em condições de competir em Olimpíadas - e o quadro não deve melhorar até 2016, por causa da dificuldade de renovação da equipe brasileira.
"No atletismo é possível que tenhamos resultados piores (no Rio 2016) do que em Londres. Os atletas que vão competir no Rio já estão em competições nacionais e os resultados que estamos observando são ínfimos. Temos que tirar leite de pedra dos poucos atletas que a gente tem."
"Nosso contingente de atletas em Londres é bom, mas se você fizer um corte de idade, terá poucos deles em 2016. A performance deles já está baixa, por causa do avanço da idade. Na minha opinião, não há tempo. 2016 já passou. Já perdemos o bonde no atletismo", afirmou à BBC Brasil.
Maurren Maggi em Londres 2012. | Foto: Reuters
Maurren Maggi não conseguiu medalha no atletismo; país 'perdeu o bonde' na modalide
A ginástica artística, que participou de seis finais em Pequim, foi a somente duas em Londres e obteve o ouro surpreendente de Arthur Zanetti. No entanto, o especialista Marco Antonio Bortoletto, da Unicamp, também aponta a falta de renovação nas equipes como um problema para o Rio.
"Sou bastante cético quanto a isso. Acho que esse investimento já deveria ser feito e talvez não dê tempo para o Rio. Os centros de treinamento já deveriam estar prontos para que nossas categorias infantil e de base pudessem treinar.", disse à BBC Brasil.
"Se olharmos para o que era há dez anos, melhorou muito, mas não o suficiente para sermos uma potência. E Diego, Arthur e Sasaki são exceções e devem ser tratados como tal. São talentos acima da média e é por isso que chegaram onde chegaram, mesmo não tendo as condições necessárias."

Investimento tardio

A equipe britânica, que competiu em todas as modalidades e ganhou 65 medalhas, sendo 29 de ouro, também atribui o bom desempenho principalmente ao investimento financeiro no esporte de alto rendimento, que quadruplicou no ciclo olímpico de Atenas 2004 a Pequim 2008.
Em Atlanta 1996, tanto a Grã-Bretanha quanto o Brasil tiveram 15 medalhas cada. No ciclo seguinte, quando o governo britânico passou a destinar parte dos lucros com a Loteria Nacional no esporte pela primeira vez, a delegação dobrou seu número de medalhas e conquistou 28 em Sydney.
O Brasil fez o mesmo em 2001, quando o governo sancionou a lei Agnelo Piva, destinando 2% da arrecadação da loteria para o COB e o Comitê Paralímpico.
Mas entre 2004 e 2008, o investimento do governo britânico quadruplicou e, em Pequim, o país deu um salto de 17 medalhas em relação a Atenas. Agora, com um aumento de 30 milhões de libras (cerca de R$ 95 milhões) no orçamento destinado ao esporte, os britânicos chegaram a 65 medalhas.
O ministro do Esporte, Aldo Rebelo, admite que os investimentos do governo brasileiro foram tardios em relação às metas do país para 2016, quando o COB chegou a prever a conquista de 30 medalhas. Mas ele afirma que o país chegará ao resultado planejado para 2016 pela "necessidade".
Ministro do Esporte diz que Brasil terá mais medalhas em 2016 'por necessidade'
Em entrevista à BBC Brasil, Aldo Rebelo afirma que país terá mais investimento e pode alcançar meta para o Rio com "afinco".
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"O investimento deveria ter começado antes do que começou, mas é preciso também dizer que se o dinheiro é essencial, ele não é tudo. É preciso que a aplicação dos recursos se dê dentro de um planejamento, de metas e nos detalhes que definem a medalha", disse o ministro à BBC Brasil.
"Mais do que possível (chegar ao resultado previsto para 2016), é necessário. Nós precisamos melhorar o nosso desempenho pra 2016."
Após o encerramento dos Jogos de Londres, a presidente Dilma Roussef deve anunciar um "Plano Medalha", que aumentará ainda mais os recursos destinados ao esporte de alto rendimento no país.
O programa deverá ter como foco modalidades os esportes individuais, que distribuem mais medalhas e são o "ponto fraco" do time Brasil. Segundo Rebelo, outro programa, chamado até agora de "Bolsa-Técnico" destinará recursos para a equipe de especialistas que acompanha os atletas.
Aldo Rebelo diz que o foco no aumento do número de medalhas acontece, além da pressão do país-sede, por causa do efeito "pedagógico" sobre as novas gerações.
"O bom desempenho no esporte de alto rendimento cria uma cultura, tem um efeito pedagógico e educativo sobre as crianças e sobre os jovens. Essas referências estimulam a prática nao só do esporte de alto rendimento, mas da atividade física, do esporte de lazer."

Esporte de base

De acordo com o ministério do Esporte, a prioridade do atendimento do Bolsa-Atleta são os atletas olímpicos e paralímpicos. Em 2012, o benefício passou a contemplar também os atletas já consagrados, independentemente de terem outros patrocínios.
Atualmente, 42% dos atletas olímpicos e 85% dos paralímpicos de alto rendimento que já obtêm bons resultados em competições nacionais e internacionais de sua modalidade recebem a bolsa.
"É um erro pensarmos que vamos colocar dinheiro em quatro anos e vamos criar muitos atletas. Um atleta não se forma da noite para o dia."
Paulo Montagnet, coordenador do Grupo de Estudos Avançados em Esporte, da Unicamp
No entanto, especialistas afirmam que, sem investimentos maiores nas categorias de base, será difícil trazer mais medalhas para o país nos próximos Jogos.
"Não há condição biológica de formar um atleta num espaço menor do que 10 anos. É o tempo que a estrutura física demora para se adaptar às cargas dos treinamentos. Nos esportes coletivos é um pouco diferente, mas os esportes individuais demandam mais da capacidade física, isso é determinante", diz Miguel Arruda.
Paulo Montagner, coordenador do Grupo de Estudos Avançados em Esporte da Unicamp, afirma que o investimento do Brasil no alto rendimento é de ordem parecida ao de outros países, mas critica o que considera o pouco esforço para criar uma estrutura de esporte escolar, que possa revelar novos atletas.
"A discussão mais errada que podemos ter é querer fazer com dinheiro público mais medalhas em 2016. Financiamentos esportivos em um país saudável devem passar por políticas de longo prazo. É um erro pensarmos que vamos colocar dinheiro em quatro anos e vamos criar muitos atletas. Um atleta não se forma da noite para o dia", disse à BBC Brasil.
"O país tem que investir em esporte de rendimento, sim. Porque é bonito, é motivador. Mas é preciso proporcionar esporte. O que adianta agora as crianças quererem fazer ginástica artística e não terem onde fazer? Esse é o papel do Estado."
O COB recebe 85% dos recursos da Loteria Nacional. Desse total, 10% vão para o esporte escolar e 5%, ao universitário, segundo dados do Ministério do Esporte. "Em relação à necessidade, é pouco, mas em relação ao que tínhamos, é muito", disse Aldo Rebelo.

Personalidades brasileiras revelam como fariam a cerimônia de abertura do Rio 2016

Em meio à passagem de bastão de Londres para o Rio de Janeiro, cidade-sede das próximas Olimpíadas, cresce a expectativa do público brasileiro e internacional sobre como será a cerimônia de abertura dos Jogos de 2016.
No Rio, a festa ficará a cargo do cenógrafo português Abel Gomes, radicado há décadas no país.
Em Londres, a abertura foi dirigida pelo tarimbado cineasta britânico Danny Boyle, vencedor do Oscar de Melhor Diretor em 2009 por Quem quer ser um milionário?, e recebeu elogios proporcionais ao tamanho do público que assistiu ao evento pela televisão, estimado em 1 bilhão de pessoas ao redor do mundo.
Boyle utilizou referências de suas produções passadas para fazer uma viagem no tempo, pontuando a história da Inglaterra com personagens de época e grandes inventores do país.
Entre os pontos altos da festa destacados pela imprensa mundial, um dublê da Rainha Elizabeth 2ª pulou de pára-quedas de um helicóptero que sobrevoava o Estádio Olímpico, após uma cena em que a própria monarca contracenava com Daniel Craig, intérprete do lendário herói James Bond.
Com vistas à cerimônia de abertura das Olimpíadas de 2016 no Rio de Janeiro, a BBC Brasil convidou personalidades brasileiras para responder à seguinte questão: Se você fosse responsável pelo evento, o que você faria e como organizaria essa festa?.
Confira os depoimentos.
Fernando Meirelles | Crédito da foto: AP
"O que o Brasil tem de mais particular em relação ao resto do mundo é a maior floresta do planeta, os maiores aquíferos e nossa biodiversidade, também campeã. Faria da preservação deste patrimônio o tema central da festa da abertura. Do que nós temos é o que mais interessa ao resto do mundo".
Fernando Meirelles é cineasta, produtor e roteirista. Foi indicado ao Oscar de Melhor Diretor em 2004 pelo filme Cidade de Deus.

Equipes de resgate procuram sobreviventes de terremotos no Irã

Equipes de resgate chegaram à região nordeste do Irã, afetada por dois fortes terremotos no sábado, e buscam sobreviventes entre os escombros.
Pelo menos 250 pessoas morreram e mais de 2 mil estariam feridas. Milhares passaram a noite em abrigos de emergência ou ao relento.
Depois dos dois terremotos de sábado já ocorreram 55 tremores mais fracos na região.
O primeiro terremoto, de magnitude 6,4, atingiu a cidade de Ahar, na região de Tabriz, às 16h53 no horário local (8h23 de Brasília) e de acordo com as autoridades locais os esforços de resgate foram dificultados com o início da noite.
Segundo o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS, na sigla em inglês), o tremor foi seguido de uma réplica de magnitude 6,3, apenas 11 minutos depois.
Pelo menos 66 equipes de resgate foram enviadas para a região junto com cerca de 200 ambulâncias e cinco helicópteros.
Imagens do canal de televisão estatal iraniano mostram muitos corpos no chão de um necrotério na cidade de Ahar.
Quando amanheceu, os cães farejadores começaram a trabalhar com as equipes de resgate em Tabriz.
O gabinete do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, divulgou uma declaração oficial em seu website dando os pêsames a todos os que estão na zona de desastre e pedindo que as autoridades "mobilizem todos os esforços para ajudar a população afetada".

Fora de casa

Uma autoridade da província atingida pediu que a população permaneça fora de casa devido ao risco dos tremores secundários.
"Minha família está muito assustada. É noite, mas não conseguimos dormir. Este terremoto foi... muito forte e violento", disse à BBC Amina Zia, que mora em Tabriz.
O correspondente da BBC em Teerã, Mohsen Asgari, informou que centenas de pessoas foram resgatadas durante a noite, mas os tremores que continuaram pela madrugada de domingo dificultaram ainda mais o trabalho das equipes.
Asgari afirma ainda que o número de vítimas deve aumentar e as agências de ajuda estão entregando barracas, cobertores, alimento e água para os sobreviventes.
O Crescente Vermelho do Irã assumiu o controle de um estádio de esportes para abrigar os que perderam suas casas nos terremotos ou todos os que estiverem com medo de voltar para suas residências. A estimativa da organização é que 16 mil pessoas foram para o estádio.
Iranianos passaram a noite ao relento na cidade de Varzaqan (AFP/Getty)
Autoridades locais instruíram sobreviventes a passar a noite ao relento devido aos tremores secundários

O Crescente Vermelho da Turquia informou que está enviando carregamentos de suprimentos para a fronteira entre os dois países.

Mortes em áreas rurais

A maioria das mortes relatadas nos dois tremores de sábado ocorreram em áreas rurais, de acordo com as autoridades locais, uma indicação da baixa qualidade das casas fora das áreas urbanas no Irã.
As linhas telefônicas de muitos vilarejos da região foram cortadas e as equipes de resgate estão tendo que trabalhar apenas com rádios.
"O terremoto criou um pânico enorme entre as pessoas. Todos correram para as ruas e as sirenes de ambulâncias eram ouvidas por todos os lados", um morador de Tabriz disse à BBC.
As cidades de Haris e Varzaqan, na província do Azerbaijão do Leste, estão entre as que contabilizam até o momento o maior número de mortes, disse Khalil Saei, chefe do comitê local de crise, em entrevista à TV estatal iraniana.
"A magnitude do desastre é tão grande que as autoridades estão conseguindo apenas levar pessoas de outras províncias para ajudar (na região de Tabriz)", disse um funcionário do Crescente Vermelho iraniano à agência de notícias AFP.
O vice-ministro do Interior iraniano, Hassan Ghadami, disse à agência de notícias oficial do Irã, a Fars, que cerca de 110 vilarejos foram danificados. A televisão estatal do país informou que pelo menos seis vilarejos foram totalmente destruídos e outros 60 sofreram danos que atingem entre 50% e 80% de sua área.
"O vilarejo virou uma cova coletiva. Há tantos outros vilarejos que foram complemente destruídos", disse à AFP Alireza Haidaree, que procurava sobreviventes em sua casa, em Baje Baj.
Moradores do local informaram que 33 dos 414 habitantes foram mortos nos tremores.
O Irã está localizado sobre uma grande falha geológica, que aumenta as possibilidades de terremotos no país. Em 2003, um terremoto na cidade de Bam deixou mais de 25 mil mortos.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Entenda o que está por trás da alta nos preços dos combustíveis e alimentos

O aumento no preço dos alimentos e a já esperada alta dos combustíveis voltaram a espalhar temores de uma crise de segurança alimentar em vários países em desenvolvimento. A consequente volatilidade nos preços das commodities agrícolas também poderá ter impactos nocivos em várias economias.
Após três meses de queda consecutiva, o Índice de Preços dos Alimentos da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) voltou a registrar alta.
Ainda que o preço dos alimentos tenha atingido seu pico em fevereiro, o custo final ao consumidor continua a subir, o que tem ocasionado um aumento da inflação ao redor do mundo. A culpa, quase sempre, tem sido creditada aos especuladores.
Para piorar o quadro, a seca que atinge as plantações de grãos no meio-oeste americano e o cinturão do milho na região próxima à Califórnia deu guarida às preocupações de que haja desabastecimento na produção de trigo e, como resultado, um aumento no preço internacional dessas commodities agrícolas.
Embora o preço dos combustíveis, outro elemento que pesa na conta da inflação, tenha recuado aos valores do início deste ano, a provável queda na oferta de petróleo o e crescimento da demanda dão indicações de que o preço voltará a subir.
Embora produtores brasileiros tenham inicialmente visto com bons olhos a seca americana, segundo dados do IBGE, a inflação oficial em julho, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), interrompeu a trajetória de queda e subiu 0,48%, acumulando alta de 5,2% nos últimos 12 meses, em grande parte pelo aumento no preço dos alimentos e das bebidas.
Em meio à tamanha instabilidade de preços, a BBC preparou um questionário para explicar o que está por trás desse cenário. Confira.

Quais são, atualmente, as principais pressões sobre o preço dos alimentos?

Até o último alerta da FAO, os temores sobre uma eventual escassez de alimentos têm diminuído desde 2008, quando a alta dos preços causaram protestos e manifestações ao redor do mundo.
A FAO informou em julho que "o fornecimento total e a situação da demanda em 2012 e 2013 permanece estável"
A entidade também apontou para um estoque "abundante" de arroz, alimento que faz parte da mesa de muitos países asiáticos e também indicou que há trigo e outros grãos disponíveis para exportação.
Além disso, estima-se que a produção mundial de cereais quebre outro recorde neste ano, com 2,4 bilhões de toneladas produzidas, um aumento de 2% em relação à marca histórica alcançada em 2011.
No entanto, com algumas áreas dos Estados Unidos tradicionalmente produtoras de grãos afetadas pela pior seca em 25 anos, os preços do trigo, do milho e da soja têm aumentado rapidamente nas últimas semanas.
Somente o preço do trigo, por exemplo, subiu 35% nos últimos meses.

E em relação ao preço de outros alimentos?

A FAO informou que os preços de todas as commodities agrícolas caíram em junho, principalmente impulsionados pela queda registrada por oleoginosas e gorduras.
Isso porque, apesar do desespero dos agricultores americanos em relação à colheira dos seus campos de cereais, seus pares canadenses estão prevendo uma safra recorde de colza, uma das principais fontes de óleo vegetal.
O Brasil, entretanto, vem sofrendo atrasos na colheita do açúcar, do qual é o maior produtor mundial, por causa do excesso de umidade, reduzindo os estoques e elevando os preços.
Já na Índia, o segundo maior produtor mundial de arroz e açúcar, há temores de que as chuvas deste ano abaixo da média possam reduzir a produção após dois anos de boas colheitas.
"É um desafio imenso para os agricultores alcançar a mesma performance dos últimos dois anos", disse o ministro da Fazenda da Índia, Sharad Pawar, no mês passado. "Neste ano, a chuva está brincando de esconde-esconde conosco", brincou.

Qual é o peso dos especuladores?

"A volatilidade excessiva dos preços de alimentos, especialmente na velocidade em que vem ocorrendo desde 2007, tem impactos negativos sobre os consumidores e produtores pobres em todo o mundo"
José Graziano da Silva, diretor-geral da FAO
O diretor-geral da FAO, o brasileiro José Graziano da Silva, apontou o dedo para a especulação dos mercados financeiros, dizendo que "mais compreensão é necessária" para avaliar seu impacto na volatilidade dos preços dos alimentos.
"Não estamos falando de especulação relacionada ao preço real dos alimentos e do normal funcionamento dos mercados de futuros", disse.
"Estamos falando de especulação excessiva nos mercados de derivativos, o que pode aumentar a oscilações de preços e sua velocidade”, acrescentou.
"A volatilidade excessiva dos preços de alimentos, especialmente na velocidade em que vem ocorrendo desde 2007, tem impactos negativos sobre os consumidores e produtores pobres em todo o mundo", afirmou Graziano.
A Economist Intelligence Unit (EIU), unidade de inteligência da revista britânica The Economist, também observou casos em que os especuladores que aproveitam da escassez das matérias-primas como uma oportunidade de investimento têm "ajudado a exagerar" na inflação dos preços.
O Movimento de Desenvolvimento Mundial (WDM) está empenhado em frear tal aposta.
A entidade quer uma maior regulação da compra e venda dos contratos futuros, quando a safra de uma mercadoria é vendida a um determinado preço em um horário definido.
Tal sistema foi criado para reduzir a incerteza, garantindo tanto o preço de venda ao produtor quanto os bens de que necessita o comprador. Na prática, trata-se de um mecanismo que reduz o risco dos negócios.
Mas o WDM e outros organismos internacionais afirmam que a negociação desses contratos, com ativos e ações, está pressionando o preço dos alimentos para cima, impactando negativamente em especial os mais pobres.

O que está acontecendo com o preço do petróleo?

Petróleo | Crédito da foto: AP
Apesar do recuo no início do ano, preço do barril do petróleo já dá sinais de retomada.
O preço do barril de petróleo tipo Brent recuou desde abril, quando foi negociado a US$ 125 (R$ 250) o barril. Os preços já não estão muito acima da marca de US$ 110.
No entanto, as tensões políticas continuam a afetar alguns países produtores de petróleo no Oriente Médio.
O Irã ainda ameaça bloquear o transporte do óleo através do Estreito de Ormuz, por meio do qual cerca de um quinto do petróleo do mundo atualmente passa, caso as sanções contra o país não sejam interrompidas.
Aliado a esta incerteza, está o aumento da demanda por petróleo.
Analistas apontam, em particular, para a sede da China por energia para alimentar suas fábricas e os milhares de novos veículos.
No Brasil, a alta da cotação do petróleo teve um impacto forte nas contas da Petrobras, que registrou prejuízo de R$ 1,346 bilhão no segundo trimestre deste ano, especialmente porque a estatal não tem repassado o reajuste do preço internacional da commodity aos consumidores.
Apesar de o temor de que o repasse gere um ônus político, no âmbito eleitoral, e econômico, contribuindo para a inflação, o governo parece ter cedido a um novo reajuste no preço dos combustíveis até o final do ano.
Como os alimentos, é difícil escapar do impacto dos crescentes preços do petróleo.
A alta não só afeta diretamente o custo do combustível e energia, mas também impacta o preço de outros bens, uma vez que aumenta o custo de produção e transporte.
Como muitas economias ao redor do mundo ainda lutam para lidar com uma dolorosa recessão global, os salários não estão subindo para manter o ritmo. Assim, muitos estão realmente sentindo o aperto.