sexta-feira, 19 de outubro de 2012

México enfrenta crise de 'refugiados do narcotráfico'

Um dos efeitos colaterais da guerra travada entre cartéis de narcotraficantes rivais e o governo mexicano nos últimos anos tem vindo à tona com cada vez mais clareza: milhares de pessoas tiveram que abandonar suas casas e suas cidades para fugir da violência, sobretudo no norte, criando uma crise de "refugiados do narcotráfico" dentro do próprio país.
Até agora não há estatísticas oficiais sobre o número de refugiados, embora alguns especialistas estimem que a cifra possa ultrapassar um milhão.
Na visão dos analistas, no entanto, mesmo sem números oficiais é possível estimar o impacto e o alto poder destrutivo do fenômeno na sociedade mexicana.
Muitos, principalmente indígenas e agricultores, migraram para os subúrbios das cidades mais próximas, onde sentem-se mais seguros. Outros optaram por locais alheios às guerras entre cartéis, como a capital, e um grande número deixou o país rumo aos Estados Unidos.
Mas a maioria vive um "alto grau de vulnerabilidade", sem emprego e com poucos recursos, em locais precários e sob a ameaça de diferentes grupos de criminosos, indica a analista Magdalena Ávila Lara em entrevista à BBC Mundo.
"Estão sem casa, sem acesso à saúde, sem documentos, sem identidade. Perderam tudo. Em alguns casos seus pertences foram roubados e seus animais saqueados. Perderam sua tranquilidade, sua terra. Em muitos casos vivem escondidos por medo de serem encontrados por grupos do narcotráfico ou as pessoas que os ameaçam", acrescenta.
De acordo com os especialistas, o governo mexicano não reconhece que exista um deslocamento forçado de pessoas devido à guerra contra o tráfico, apesar de o Congresso ter exigido que a administração federal tenha um programa especial para lidar com o problema.
A BBC Mundo solicitou à Secretaria de Governo uma posição sobre as ações oficiais para auxiliar os mexicanos "refugiados" pela guerra do narcotráfico, mas não obteve resposta.

Cidades fantasma

Durango | Foto: BBC
Cenas típicas de bairros abandonados na região de Durango no norte do México
Ainda no final de 2010, praticamente todos os moradores de Cidade Mier, no Estado de Tamaulipas, no noroeste do país, deixaram o local para fugir de uma batalha travada entre o Cartel do Golfo e seu rival, Los Zetas, que pouco a pouco tomou as ruas da região.
A maioria retornou às suas casas quando a Secretaria de Marinha e Exército enviou dezenas de soldados para ajudar a população.
Cidade Mier, chamada de "cidade mágica" em guias turísticos, é o caso mais conhecido de deslocamento forçado pela guerra contra o narcotráfico, mas está longe de ser o único.
ONGs documentaram que locais como Chihuaha, Durango e Sinaloa já podem ser classificados como cidades fantasma pois seus habitantes fugiram temendo as ameaças dos criminosos.
Em alguns casos mais específicos, como em Durango, os chefes do narcotráfico queriam obrigar os agricultores a plantar drogas. Já nas montanhas de Sinaloa, muitos se viram isolados entre as disputas territoriais de grupos como o Pacífico sul, Zetas e a Federação de Sinaloa.
De forma geral, grande parte da população dessa região sofreu extorsões, ameaças, ou tiveram membros de suas famílias assassinados, abrindo mão de suas casas temendo serem mortas.

Problema grave

Em Cidade Juárez, que foi considerada durante muitos anos a cidade mais perigosa do México, autoridades estimam que mais de 100 mil pessoas abandonaram suas moradias nos últimos anos.
No mais recente Censo mexicano, o governo identificou que há cerca de 110 mil casas vazias na cidade. Embora o nível de criminalidade tenha diminuído praticamente à metade, segundo a Secretaria de Segurança Pública, muitas permanecem desocupadas.
Outros sinais que indicam o êxodo nas regiões de maior conflito são a queda do número de matrículas em escolas e universidades e da atividade econômica. Muitos empresários de Chihuahua y Tamaulipas, por exemplo, migraram para a capital ou para o Texas, segundo dados da Câmara de Comércio local.
Fidel López García, do Instituto Luis Mora, diz que o governo ainda não tem uma avaliação mais abrangente.
"No México não temos uma avaliação objetiva, final e determinante sobre as pessoas que se encontram nessas condições".
Ele insiste que se trata de algo muito grave, pois enquanto as autoridades continuarem a ignorar a situação, o problema só tende a piorar. Em agosto, por exemplo, o deputado Arturo Santana, do esquerdista Partido da Revolução Democrática (PRD), apresentou um projeto de lei específico para lidar com os "refugiados do narcotráfico", mas o Congresso decidiu arquivar a proposta.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Um ano após libertação, soldado israelense vira colunista esportivo

Um ano após ser libertado, o soldado israelense Gilad Shalit tornou-se colunista esportivo e tenta viver uma vida normal – se distanciando o máximo possível de seu passado traumático.
Durante a meia década que passou em cativeiro, após ser capturado pelo grupo palestino Hamas, Shalit foi alvo de uma intensa campanha do povo israelense por sua libertação.
Seus pais acamparam em frente à residência do premiê e um grupo de apoiadores fez uma marcha de 12 dias do norte do país até Jerusalém.
Hoje aos 26 anos, ele tem uma rotina completamente diferente. Ao ser libertado, ele se desligou oficialmente do Exército israelense em abril deste ano.
Shalit virou colunista do jornal Yediot Aharanot, o mais lido de Israel. Ele já cobriu as finais da NBA em Miami, a Eurocopa na Ucrânia e uma partida do "El Clásico" espanhol, entre Real Madrid e Barcelona.
Focada apenas em esporte, sua mais recente coluna faz um breve e raro comentário que menciona política, ao relatar um protesto de torcedores pró-Palestina.
"Nós fomos acompanhados por uma equipe de segurança, que se fez necessária em função das ameaças de protesto por grupos pró-Palestina. Mas, na prática, nada aconteceu", escreveu Shalit.
O episódio revela que, por mais que tente viver uma vida normal, Gilad Shalit sempre terá que conviver de alguma forma com seu passado.

Como um irmão ou filho

O ex-soldado, que tinha apenas 19 anos quando foi capturado, tornou-se um poderoso símbolo em Israel justamente por ser uma pessoa tão normal e comum, com a qual a maioria dos israelenses pode se identificar.
Muitos sentiam que o que ocorreu com Gilad poderia perfeitamente acontecer a um irmão, filho ou namorado.
Convocado para o serviço militar obrigatório, ele foi sequestrado após ter ficado ferido em um ataque de militantes palestinos em junho de 2006.
Seu rosto logo se espalhou por diversos pôsteres e adesivos em Israel e até no exterior. Seu nome era repetido em diversos noticiários por todo planeta.
Há exatamente um ano, no dia 18 de outubro de 2011, pálido e magro, o major Shalit (ele foi promovido durante o cativeiro) finalmente foi solto, após um acordo que culminou na libertação de 1.027 prisioneiros palestinos.
Alguns analistas criticaram Israel pela negociação, dizendo que o país saía da negociação enfraquecido, mas pesquisas de opinião sugeriram que a grande maioria das pessoas apoiou o acordo.
Fama
Desde que voltou para casa, Shalit precisou lidar com os efeitos psicológicos do trauma que passou, além de precisar aprender a lidar com a fama.
Inicialmente houve um veto a todas as tentativas de aproximação da mídia. No entanto, os noticiários não conseguiram resistir por muito tempo. Logo eles começaram a veicular imagens de sua vida, como seu primeiro passeio de bicicleta desde a volta para casa.
Encontros com o então presidente francês, Nicholas Sarkozy, e com o prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, também receberam bastante cobertura da imprensa.
Depois de um hiato longe das câmeras, Shalit voltou a aparecer na televisão. Recentemente ele foi visto comemorando seu 26º aniversário em um show em Tel Aviv do cantor pop Shlomo Artzi, que dedicou uma música ao ex-soldado.
Shalit também é presença constante em diversas competições esportivas e visitou até mesmo o set de filmagens do seriado americano Homeland, em um episódio que foi rodado em Israel.
Hoje, ele já tem um aspecto mais saudável e já recuperou alguns quilos.

Revelações

Ainda durante o cativeiro, Shalit foi entrevistado pela rede Nile TV pouco antes de ser entregue às autoridades egípcias, que o repassaram a Israel. Desde então, ele falou muito pouco sobre sua experiência ao público em geral.
Um novo documentário feito pelo Canal Dez, de Israel, traz alguns detalhes da vida do ex-soldado obtidos por meio de relatos na imprensa. Em um trecho, Shalit revela que – para lidar com a ansiedade e o tédio do cativeiro – ele desenhava mapas de sua cidade natal Mitzpe Hilla, "para lembrar, imaginar os lugares".
"Tentei ser otimista", revela Shalit. "Tentei focar nas pequenas e boas coisas que eu tinha", acrescenta.
Ele disse que seus sequestradores o alimentavam bem, jogavam xadrez e dominó e quase nunca o agrediam. Ele podia assistir a notícias na televisão em árabe, e depois acabou ganhando um rádio, onde podia ouvir estações israelenses.
Às vezes, ele assistia junto com seus sequestradores a esportes e filmes na TV.
Ele também falou sobre suas primeiras sensações ao ser solto, quando foi levado de seu cativeiro em Gaza para a fronteira com Rafah, no Egito.
"De repente, eu vi dezenas, centenas de pessoas diante de mim, após anos de ver apenas algumas", conta Shalit. "Eu tinha medo de que algo fosse dar errado na última hora, e assim que sai [de Gaza] e fui para o Egito, senti alívio", relembra.

Ciclo de violência indica dinâmica de retaliação entre PM e PCC

Os recentes assassinatos de policiais militares atribuídos à facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), seguidos de outras mortes na mesma região dos ataques, sinalizam um ciclo cada vez mais intenso de retaliação e derramamento de sangue nas ruas de São Paulo, segundo analistas ouvidos pela BBC Brasil.
Os sinais de uma onda de crimes de vingança se destacam no mesmo momento em que as estatísticas de criminalidade no Estado se elevam. Neste ano, mais de 80 policiais militares, da ativa e da reserva, foram assassinados. O número geral de homicídios entre janeiro e agosto também já é 7,6% mais alto que o do mesmo período do ano anterior.
Nos últimos 15 dias, os conflitos se intensificaram ainda mais, com os assassinatos de quatro PMs e 21 cidadãos em quatro diferentes cidades. A maioria dos policiais sofreu emboscadas durante seus horários de folga.
As investigações sobre esses últimos crimes ainda não comprovaram que os PMs foram mortos por ordem do PCC. No entanto, em casos anteriores, como o do assassinato do policial Edison Avelino de Sales, no Guarujá, em maio de 2012, o Ministério Público diz ter provas dessa relação.
"Sales foi morto por membros do PCC por ser combativo e aguerrido", diz o promotor público Cássio Conserino, de Santos, em entrevista à BBC Brasil.
Seguindo um mórbido padrão, em três dos quatro casos mais recentes de assassinatos de policiais, diversas pessoas foram mortas em seguida, no mesmo local, por homens mascarados.
"É impossível negar que há uma linha ligando as mortes de civis e as de policiais militares", afirma o procurador Márcio Christino, especialista em investigações sobre o PCC. "Os casos estão relacionados."
Uma das hipóteses investigadas pela polícia é de que os homicídios tenham sido praticados por esquadrões da morte integrados por policiais. Eles agiriam para vingar os colegas mortos.
Entretanto, o secretário da Segurança Pública de São Paulo, Antônio Ferreira Pinto, tem afirmado que outros criminosos podem estar explorando a situação e acertando contas com rivais para que a culpa recaia sobre policiais.

Estratégia

Para Christino, os recentes assassinatos de policiais marcam uma mudança de estratégia do PCC após uma série de ataques em maio de 2006 - que deixaram quase 500 civis e 50 servidores mortos.
Segundo ele, na ocasião, as operações de grande envergadura da polícia após os ataques acabaram com a capacidade de venda de drogas e armas nas cidades onde a facção opera no oeste do Estado.
"Depois de 2006, o PCC adotou a estratégia de conflitos de baixa intensidade", diz Christino, "sem a característica espetacular e midiática de antes, atingindo agora apenas seu oponente mais efetivo, a Polícia Militar". Ele acrescenta ser pouco provável que ataques da escala dos ocorridos há seis anos se repitam.
Analistas sugerem, porém, que o aumento nas mortes de PMs acontece simultaneamente a um endurecimento das ações da polícia.
No fim de maio, a Rota - tropa de elite da PM designada pelo governo para combater o PCC - protagonizou uma das ações mais violentas deste ano contra a facção. Seis suspeitos de integrar o grupo criminoso e acusados de planejar resgatar um detento foram mortos pela polícia.
Um deles teria sobrevivido ao tiroteio inicial e sido supostamente executado a tiros pelos PMs no caminho para o hospital. Três membros da Rota foram presos durante as investigações sobre o episódio.

Mensagens da prisão

Símbolo do PCC pichado em parede de favela em Santos
Facção criminosa estaria enviando ordens de vingança contra policiais de dentro de prisões
Segundo Camila Nunes Dias, pesquisadora do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo e da Universidade Federal do ABC, a recente onda de violência não é uma reação dos criminosos a ações mais eficientes da polícia, como sugere o governo estadual. Seria, sim, uma resposta a operações policiais mais violentas.
Um sinal disso seria o fato de lideranças do PCC passarem a enviar mensagens - conhecidas como "salves" - para seus subordinados em liberdade, ordenando assassinatos de policiais militares.
Uma das mensagens, enviada em maio, teria partido do detento Roberto Soriano, o Betinho Tiriça, uma liderança do PCC. Segundo promotores, ele estaria ordenando vingança contra a polícia devido ao assassinato de um traficante de drogas.
"Uma das diretrizes do PCC diz que, se um policial capturar um de seus membros e executá-lo ao invés de prender, a célula do PCC da região deve se vingar matando PMs", afirma Dias.
Ela afirma que, dadas as circunstâncias das ações policiais que resultam em mortes de suspeitos, não se pode descartar a possibilidade que a Rota tenha tido acesso a informações de inteligência - tais como escutas telefônicas feitas pela Poliícia Militar. Essas informações deveriam ser usadas para fazer prisões de surpresa, evitando possíveis confrontos.
Contudo, as características de ações ocorridas neste ano levantam a possibilidade de que elas tenham sido utilizadas apenas para encontrar os membros do PCC e entrar em confronto com eles.
Procurada, a Secretaria da Segurança Pública preferiu não comentar o assunto.

Controle

O ex-secretário nacional da segurança pública Luiz Eduardo Soares, atualmente professor da Universidade Estácio de Sá, no Rio, afirma que picos de violência já ocorreram antes em São Paulo e ainda é impossível saber se o atual cenário é temporário ou representa uma escalada da violência.
"A raiz (do problema) está na ingovernabilidade das polícias civil e militar, organizadas segundo parâmetros herdados da ditadura, associada à leniência com que autoridades da segurança pública - apoiadas por autoridades políticas - tacitamente autorizam a brutalidade policial letal em nome do rigor no combate ao crime", avalia Soares.
Para ele, a tolerância com ações ilegais da polícia não reduz, mas aumenta a criminalidade e intensifica sua violência, "projetando o ciclo vicioso da brutalidade letal contra os próprios policiais".
O índice de letalidade da Rota, por exemplo, vem subindo ao longo dos anos. Entre 2007 e 2011, essa elevação foi de 78% - de 46 pessoas para 82. Neste ano, 229 suspeitos foram mortos pela PM como um todo.
Camila Nunes Dias diz que, ao não refrear a violência dos policiais, o Estado ajuda a legitimar o discurso do PCC - que afirma existir para proteger seus membros dos abusos do governo. "Foi feita em São Paulo uma opção pelo conflito armado", afirma a pesquisadora.
"Os criminosos matam um policial, e acredito que não por coincidência, naquele local são executadas outras pessoas. Isso gera mais sede de vingança dos criminosos", acrescenta. "A meu ver, a tendência é isso se agravar se não houver uma tentativa de romper com esse ciclo vicioso. Não dá para esperar que os bandidos vão interromper isso, então a iniciativa tem que partir do lado das forças da ordem."
Já o analista político Bruno Garschagen, do Instituto Millenium, avalia que não é possível afirmar que uma suposta tolerância a ações duras da polícia seja uma política do atual governo de São Paulo.
Segundo ele, as forças de segurança governamentais promovem ações de maior intensidade em determinados momentos - como após atentados ou crimes que geraram comoção pública.

Montadora anuncia carro sem barra de direção

A montadora japonesa Nissan anunciou que vai lançar no ano que vem o primeiro carro com a tecnologia steer-by-wire que, em vez de conectar o volante às rodas por meio de uma barra de direção, vai usar um sistema computadorizado.
Para especialistas, a tecnologia de transmissão eletrônica, que é comum em aviões, pode ser aperfeiçoada e usada futuramente em carros que não precisem de motoristas ou que sejam programados para evitar batidas.
No entanto, a novidade vai ter de superar as preocupações dos consumidores sobre segurança, principalmente, após problemas em outros sistemas computadorizados.
Em 2004, a Mercedes-Benz enfrentou queixa de consumidores sobre falhas no Sensotronic brake-by-wire, que usava controle eletrônico para ativar as pastilhas de freio.
Apesar dos veículos terem um freio hidráulico alternativo, a empresa realizou um recall de dois milhões de carros para trocar o sistema, que não foi mais usado.
Mais recentemente, a Toyota teve de convocar os donos do modelo Prius para fazer uma atualização do software depois de relatos de inconsistências no freio.
A Nissan parece estar atenta a estas questões e vai instalar um sistema de proteção que, em caso de um eventual problema, conecta o volante às rodas, mas espera, no longo prazo, abandonar esta medida adicional de segurança.
Além de aumentar custos, o sistema adicional de proteção da direção adiciona peso aos veículos, o que compromete um dos supostos benefícios da tecnologia: a eficiência no consumo de combustível.
"Se nos liberarmos disso, seremos capazes de botar o volante onde quisermos, como no banco de trás, ou até mesmo dirigir o carro por meio de um joystick", disse o engenheiro da Nissan Masaharou Satou.

Vantagens

A Nissan disse que a linha Infiniti será a primeira a apresentar a nova tecnologia.
De acordo com a companhia japonesa, os consumidores vão se beneficiar de uma melhor experiência de direção, já que a as decisões no volante do motorista vão ser transmitidas de maneira mais rápida às rodas do ocorre atualmente com os sistemas hidráulico ou mecânico.
Além disso, a montadora afirma que a novidade vai proteger o motorista contra tremores desnecessários no volante.
"Por exemplo, em uma estrada de superfície com pequenos sulcos ou irregularidades, o motorista não irá precisar agarrar o volante para fazer ajustes necessários", descreveu a empresa em um comunicado.

Carros sem motorista

Jay Naglev, diretor da consultoria automotiva Redspy, acredita que a novidade veio para ficar.
"Eu acho que as pessoas vão achar um pouco assustador, mas vão se sentir seguras pelo fato de que há um uma também um sistema mecânico, se for preciso", disse ele à BBC.
"Mas acredito que, com o tempo, as pessoas vão se acostumar como parte do contexto de novos carros, em que o motorista não precisa estar no controle a todo momento".
A montadora alemã Volkswagen já testou a tecnologia drive-by-wire em uma versão modificada do Passat, que se "auto-dirigiu" sem nenhum motorista pelas ruas de Berlim.
A sueca Volvo também incorporou algo semelhante em testes do chamado "trem de estrada", que envolveram um comboio de carros sem motoristas usando drive-by-wire para imitar as ações feitas por um veículo líder.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Obama renasce em ‘duelo de imagem’ com Romney em Nova York

Um duelo de imagem, tanto quanto de substância, marcou o segundo e penúltimo debate entre os dois candidatos na corrida à Casa Branca - o presidente Barack Obama e seu rival do Partido Republicano, Mitt Romney.
Os milhões de telespectadores que assistiram pela TV ao evento realizado na noite desta terça-feira em Hempstead, Nova York, viram um Obama agressivo, determinado e irreconhecível comparado ao que esteve presente no primeiro encontro cara a cara entre os dois, realizado no dia 3 de outubro.
Naquela ocasião, o mau desempenho do presidente, sob os olhos de quase 70 milhões de telespectadores que o assistiram pela TV, fez com que todos os holofotes se virassem para ele na revanche.
À vontade com o formato deste segundo debate, no qual as perguntas vinham primordialmente da plateia, o presidente teve momentos à altura de sua fama como bom orador que ganhou na campanha de 2008.
Entretanto, Romney também levantou pontos que ressoam junto aos eleitores indecisos, sobretudo o estado da economia. “Se você votar em Obama”, disse Romney a um eleitor em determinado momento, “sabe o que serão os próximos quatro anos”.
“Não podemos suportar mais quatro anos disto”, disse Romney, culpando as políticas do governo Obama pelos 23 milhões de desempregados americanos e a manutenção da taxa de desemprego acima de 8% por mais de 40 meses.

Temas

Mitt Romney criticou no debate o desempenho das políticas econômicas do presidente
Se Romney conseguiu colocar seus pontos de vista no campo da economia, não o fez sem estar sob ataque permanente de Obama.
O democrata lembrou a declaração do republicano sobre deixar falir a indústria automotiva, criticou o nível de tributos (cerca de 14%) pago pelo ex-governador de Massachusetts, recordou que o plano de corte de impostos de Romney inclui os mais ricos e mencionou a posição do republicano de cortar recursos para o planejamento familiar.
Contestando a promessa do republicano de um plano de cinco pontos para reviver a economia, Obama disse que Romney tem apenas um “plano de um ponto só”: beneficiar os mais ricos da sociedade americana e pressionar a classe média.
Algumas vezes o presidente conseguiu tirar o republicano do sério, fazendo-o discutir com a moderadora, a repórter de Política da CNN Candy Crowley, por mais tempo de resposta. Romney também foi obrigado a usar parte do seu tempo para replicar um ataque anterior feito do presidente.
Ao mesmo tempo, Obama defendeu sem reservas os avanços dos seus quatro anos de mandato e tratou de assuntos internacionais e militares com autoridade.
Falando sobre um assunto sensível ao governo – o ataque ao consulado americano em Benghazi, na Líbia, que matou o embaixador americano para o país, Christopher Stevens –, Obama acusou Romney de politizar o incidente.
“Não é assim que um comandante-em-chefe opera”, afirmou Obama. “Você não politiza a segurança nacional, certamente não quando (os eventos estão) acontecendo.”
O presidente assumiu a responsabilidade pela segurança dos diplomatas americanos e reiterou que prometeu encerrar a guerra do Iraque e encontrar Osama Bin Laden – promessas que cumpriu.

Pesquisas

Pesquisas após o debate indicaram uma ligeira vitória de Obama, principalmente entre os indecisos
A performance oferecida por Obama na terça-feira expressa a determinação do democrata em retomar a liderança que vinha mantendo nas pesquisas de opinião – mais crucial em determinados Estados indecisos onde os resultados podem cimentar o caminho de um ou de outro candidato para a Casa Branca.
Obama perdeu terreno, por exemplo, no indeciso estado de Ohio, onde faz campanha nesta quarta-feira para tentar reenergizar o eleitorado. Na Flórida e na Virgínia, sua vantagem desapareceu após o primeiro debate.
Uma pesquisa do instituto Gallup divulgada pouco antes do debate indicou os dois candidatos empatados tecnicamente, Romney com 50% das intenções de votos e Obama com 46%.
A subida do republicano nas pesquisas inflou as expectativas de que o debate da terça-feira fosse a chance de Obama de evitar um perigoso mergulho no humor de sua campanha.
Nas primeiras horas desta quarta-feira, ambos os lados reivindicaram vitória no debate da noite anterior. Uma pesquisa pós-debate divulgada na rede CNN indicou uma “ligeira vitória de Obama”, mas um empate em geral.
Dos eleitores indecisos pesquisados – a maioria republicanos, segundo a CNN –, 46% disseram que Obama venceu o encontro, enquanto 39% consideraram que Romney se saiu melhor.
Já na rede CBS, 37% de 500 eleitores indecisos pesquisados consideraram Obama vencedor, contra 30% que deram o primeiro posto para Romney. Porém 30% consideraram que os candidatos empataram.
Os dois candidatos se reencontram uma última vez na próxima segunda-feira, dia 22, em um debate sobre política internacional em Boca Raton, na Flórida.

Astrônomos descobrem planeta de fora do Sistema Solar mais próximo à Terra

Astrônomos do Observatório Europeu do Sul encontraram um planeta semelhante à Terra na órbita de uma estrela do sistema Alpha Centauri, o mais próximo ao Sistema Solar, a apenas quatro anos-luz de distância.
O planeta tem massa próxima à da Terra, mas tem uma órbita mais semelhante à de Mercúrio.
Segundo os pesquisadores, isso o deixaria fora da "zona habitável", o que descartaria a possibilidade de haver vida no planeta.
Os estudos recentes sobre os exoplanetas (planetas de fora do Sistema Solar) mostram porém que quando um planeta é identificado na órbita de uma estrela, é provável que haja outros, vários.
O novo estudo, publicado na revista Nature, começa a desvendar os antigos questionamentos sobre os planetas em torno das estrelas mais próximas do Sistema Solar.
A estrela mais próxima ao Sol é a Proxima Centauri, parte de um sistema com três estrelas que também inclui as estrelas maiores Alpha Centauri A e Alpha Centauri B.
O novo planeta foi encontrado perto de Alpha Centauri B pelos equipamentos do Observatório Europeu do Sul (ESO, na sigla em inglês) em La Silla, no Chile.
Ele é o mais próximo à Terra entre os mais de 800 exoplanetas já confirmados.

'Gêmea da Terra'

Imagem da estrela Alpha Centauri B captada pelo ESO
A estrela Alpha Centauri B faz parte do sistema Alpha Centauri, o mais próximo do Sistema Solar
A órbita do planeta em torno de Alpha Centauri B é de apenas 3,6 dias, e a temperatura na superfície foi estimada em 1.200 graus Celsius.
Muitos planetas com órbitas semelhantes têm um lado permanentemente voltado à estrela hospedeira, mas os pesquisadores dizem que novas análises são necessárias para verificar se esse é o caso do novo planeta.
Desde que os primeiros planetas de fora do Sistema Solar foram descobertos no começo dos anos 1990, a esperança é de se encontrar um "gêmeo da Terra" - um planeta como o nosso, que orbita uma estrela semelhante ao Sol, em uma órbita semelhante à da Terra.
O novo planeta que orbita Alpha Centauri B tem apenas um desses atributos - massa semelhante à da Terra. Ele é um dos menores exoplanetas já descobertos.
Mas dentro do catálogo de centenas de planetas confirmados desde 1992 e milhares em processo de confirmação, a descoberta tem pouca importância, a não ser pela proximidade.
"Alpha Centauri B é claramente um caso especial - é nossa vizinha de porta", diz o astrônomo Stephane Udry, coordenador do estudo.
"É uma descoberta importante, porque é um planeta com uma massa muito pequena e é nosso vizinho mais próximo", observa.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Documentos afirmam que Fidel recrutou ex-nazistas para treinar Exército cubano

Documentos do serviço de inteligência alemão (da sigla alemã, BND) afirmam que Fidel Castro contratou ex-nazistas para treinar o exército cubano durante o episódio que ficou conhecido como a Crise dos Mísseis, entre os Estados Unidos e a União Soviética, em outubro de 1962.
De acordo com o relatório, baseado em documentos confidenciais recém-divulgados, o presidente cubano teria contratado quatro ex-oficiais da SS, uma divisão do Exército nazista, que iriam embarcar rumo a Cuba no dia 25 de outubro de 1962 para treinar tropas na ilha.
Posteriormente, foi relatado que somente dois dos quatro oficiais teriam chegado ao país.
"Como pagamento foram oferecidos o equivalente a mil marcos alemães por mês, em moeda cubana, e mais mil marcos alemães por mês, na cotação desejada, em uma conta de um banco na Europa", detalha o documento que não traz, no entanto, provas a respeito da suposta ligação de Fidel Castro com ex-nazistas.
Bodo Hechelhammer, coordenador de pesquisa do BND, diz que Fidel tentava buscar formas alternativas de proteger Cuba, que não fossem ligadas aos soviéticos.
"Obviamente, o exército revolucionário cubano mostrou não ter medo de estabelecer contato com pessoas de passado nazista, quando isto era útil para a própria causa", argumenta Hechelhammer com base nas informações dos documentos.
A Crise dos Mísseis de Cuba, no auge da Guerra Fria, fez 50 anos no último domingo. Na ocasião, Estados Unidos e a União Soviética estiveram à beira de um conflito nuclear.
A guerra iminente só foi afastada quando os soviéticos concordaram em retirar os mísseis da ilha e os americanos fizeram o mesmo com armamentos similares na Europa.
O impasse, que durou 13 dias, resultou em um bloqueio a Cuba imposto por Washington e um abalo nas relações entre Cuba e União Soviética.

Compra de armas com extrema direita

Fidel Castro, na ocasião, ficado insatisfeito com a forma com que os comunistas russos enfrentaram a crise.
O documento alemão alega ainda que o líder cubano se aproximou de dois traficantes de armas ligados a extrema direita alemã para comprar pistolas de fabricação belga.
De acordo com os arquivos do BND, o político alemão, Ernst-Wilhelm Springer, e o ex-oficial da Wehrmacht (as forças armadas nazistas), Otto Ernst Remer, vendiam armas internacionalmente e, mesmo pertencendo a um grupo de extrema direita, teriam sido contactados pelo comunista cubano, que buscava formas alternativas de armar o seu Exército.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Patriota promete interceder por palestinos junto à Europa e à América Central

Ao final de sua visita a Israel e à Autoridade Nacional Palestina, chanceler Antonio Patriota disse trabalhar para que a Palestina seja admitida como Estado observador na ONU.
O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Antonio Patriota, voltou declarar o empenho do Brasil para o reconhecimento da Palestina como Estado independente. Em visita a Israel e à Cisjordânia, o chanceler disse nesta segunda-feira que irá buscar apoio aos palestinos junto a países da Europa e da América Central.
No domingo (14) o ministro Patriota se encontrou, em Jerusalém, com os principais líderes de Israel e nesta segunda-feira foi a Ramallah, na Cisjordânia, onde teve reuniões com os principais líderes da Autoridade Nacional Palestina (ANP).
Em coletiva ao final da visita, Patriota afirmou que "prometi e já estou fazendo isto", em referência ao pedido do ministro das Relações Exteriores da ANP, Riyad Al Malki, para que o Brasil exerça sua influência "junto a outros países, além da América do Sul" no sentido de convencê-los a apoiar o pedido palestino, que será encaminhado à Assembleia Geral da ONU no próximo mês de Novembro.
Segundo o chanceler brasileiro, a iniciativa palestina é "pacífica, diplomática e legitima, e poderá fortalecer o elo mais fraco em negociações futuras".

Divergência

Esse não foi o único ponto de divergência entre o chanceler brasileiro e os líderes israelenses com os quais se reuniu durante a visita.
Em referência ao argumento das autoridades israelenses contra a iniciativa palestina na ONU, de que trata-se de uma "iniciativa unilateral", Patriota declarou que neste caso é um "unilateralismo pacifico".
"O Brasil se opõe ao unilateralismo coercitivo, que envolve o uso da força e contradiz a Carta da ONU", disse.
O tema que dominou a pauta das reuniões do chanceler do Brasil com os líderes israelenses foi o das medidas a serem tomadas em relação ao projeto nuclear do Irã.
Patriota rejeitou a posição de Israel de que "todas as opções devem ser mantidas sobre a mesa", inclusive a opção militar, e afirmou que "para o Brasil, só existem as opções legais".
O ministro das Relações Exteriores de Israel, Avigdor Lieberman, comparou o Irã ao regime nazista e disse que espera que "os países do Ocidente não repitam hoje o mesmo erro que cometeram antes da Segunda Guerra Mundial, quando tentaram apaziguar os nazistas e causaram uma grande tragédia ao povo judeu".
A questão iraniana foi discutida nas reuniões de Patriota com o premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, com o ministro de Inteligência e Energia Atômica, Dan Meridor, com o presidente Shimon Peres, além de Lieberman.
O chanceler reiterou a posição do Brasil de "manter portas abertas e canais de diálogo".

Negociação

Segundo chanceler patriota, pleito palestino é "pacífico, diplomático e legitimo"
O principal negociador palestino, Saeb Erekat, elogiou a capacidade do Brasil de dialogar com todas as partes.
"Quantos países no mundo têm a capacidade de se encontrar em um dia com Netanyahu, Lieberman e Peres, e no dia seguinte com Mahmoud Abbas, Salam Fayyad e Riyad Al Malki?", perguntou Erekat em conversa com a BBC Brasil.
Para Erekat, o Brasil é "um país gigante, com tradição de paz e tolerância, que pode contribuir muito para reavivar o processo de paz entre israelenses e palestinos".
Ao final da coletiva, realizada no hotel American Colony, em Jerusalém Oriental, Patriota disse que encontrou um "grande interesse pelo Brasil" tanto dos israelenses como dos palestinos.
Nesta terça-feira (16), o chanceler brasileiro parte para a Jordânia, onde deverá se encontrar com o rei Abdullah.

Os cinco pontos-chave das negociações entre a Colômbia e as Farc

Os colombianos aguardam ansiosos o início das negociações de paz entre o governo e as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), previstas para esta semana em Oslo, na Noruega. A participação política, a posse das terras e a questão do narcotráfico devem ser os pontos-chave das conversações.
A negociação deveria começar nesta segunda-feira (15), mas as fortes chuvas na Colômbia atrasaram a viagem de alguns guerrilheiros à Noruega. Uma nova data foi marcada para quarta-feira (17), mas ainda não está claro se essa será a data do início das conversas ou a ocasião em que o dia escolhido será anunciado.
Será a terceira vez que guerrilheiros e governo tentam acabar com o conflito que dura 50 anos. A última rodada de negociações foi há dez anos, em San Vicente de Caguán. Após acusações mútuas, o acordo fracassou.
A rodada inicial do processo de paz ocorre sob um clima tenso, provocado por uma divergência sobre a data de início de um cessar-fogo. As Farc propuseram iniciar a trégua antes das negociações, hipótese rejeitada pelo governo de Juan Manuel Santos.
Diferente de tentativas anteriores, o governo quer manter suas operações militares, para pressionar e impedir que a guerrilha se reorganize. O governo diz que só abandonará as ações armadas só quando um acordo final for atingido.
O atual processo de paz foi iniciado em 2010, quando Santos chegou ao poder. Em agosto de 2012, as partes chegaram a um acordo sobre como conduzir as negociações de paz, que devem ter uma fase na Noruega e outra em Cuba.
Foi estabelecido que ao menos cinco pontos principais seriam tratados. Veja quais são:

1. Desenvolvimento agrário

O primeiro tema a ser abordado será a posse das terras no país. Ele é crucial pois foi a razão da formação das Farc a partir de um grupo de autodefesa camponês, em 1964.
O conflito entre a guerrilha e o governo deixou em cinco décadas mais de quatro milhões de pessoas "deslocadas" de suas moradas originais.
Segundo um levantamento da ONU, as ações guerrilheiras não melhoraram a situação da distribuição de renda no país. Mais de 52% das grandes propriedades de terra do país estão nas mãos de apenas 1% dos habitantes.

2. Participação política

A participação dos guerrilheiros no processo político colombiano é um dos pontos mais polêmicos do processo.
Segundo pesquisas, até 70% da população é contrária à entrada das Farc na política. Santos reconhece, porém, que sem isso a conquista da paz será praticamente impossível.
Além da polêmica, há impedimentos legais para que procurados pela Justiça concorram a cargos políticos. Mesmo no caso de uma anistia ampla, muitos guerrilheiros ainda seriam procurados por tráfico de drogas em países como os Estados Unidos - o que causaria mais complicações.

3. Desmobilização

O governo colombiano se comprometeu a intensificar o combate às organizações criminosas. Mesmo assim, as Farc não descartam ser vítimas da ação de grupos paramilitares opositores - como ocorreu há 10 anos.
Por isso, é possível que os guerrilheiros concordem em baixar as armas, porém não em entregá-las ao governo.
Analistas temem porém que determinados setores das Farc não concordem com os termo do acordo e permaneçam mobilizadas.

4. Narcotráfico

A polícia colombiana alega que as Farc se transformaram em um grande cartel que domina os laboratórios de refino da cocaína na selva e comanda o transporte da droga.
Os guerrilheiros dizem que não controlam a produção e o tráfico de narcóticos, mas cobram taxas dos traficantes.
Nesse ponto, guerrilheiros e governo devem discutir alternativas para desenvolver a região onde atualmente se cultiva a coca com projetos de investimento e desenvolvimento.

5. Vítimas

O tema dos direitos das vítimas do conflito deverá causar polêmica. Isso porque envolve a discussão sobre punições contra responsáveis por abusos de direitos humanos.
Porém, os membros das Farc não aceitam ser julgados e condenados à prisão.
Além disso serão discutidas as devoluções de terras e edifícios tomados pelas Farc para seus verdadeiros donos.

domingo, 14 de outubro de 2012

Presidente do Egito recua e promotor da era Mubarak fica no cargo

O presidente do Egito, Mohammed Mursi, recuou em sua decisão de quinta-feira e decidiu permitir que o procurador-geral do país, Abdel-Maguid Mahmoud, permaneça no cargo.
Porta-vozes do presidente e do procurador-geral confirmaram o acordo fimado em uma reunião ocorrida neste sábado no Cairo.
Antes da reunião, Mahmoud chegou ao trabalho escoltado por juízes e advogados.
Mursi tentou demitir o procurador-geral depois da absolvição de mais de 40 autoridades do antigo governo do país, leais ao ex-presidente Hosni Mubarak.
Estas autoridades foram acusadas de organizar um ataque contra os manifestantes durante a rebelião de 2011, que resultou na queda de Mubarak.
A absolvição destas autoridades levou à convocação de novos protestos na praça Tahrir, Cairo, na sexta-feira, nos quais 110 pessoas ficaram feridas.
Foi o pior protesto desde que Mursi assumiu a presidência no final de junho.
Segundo o correspondente da BBC no Cairo John Leyne, a decisão deste sábado significa uma grande derrota para o presidente do Egito, que até agora estava conseguindo consolidar o poder no país.
No governo de Mubarak eram frequentes as críticas em relação a juízes e promotores, considerados sujeitos a pressões do governo. Mas, de acordo com Leyne, agora eles lutam para garantir a independência em relação ao novo governo.

Demonstração

Protestos no Cairo (Reuters)
Mais de 110 pessoas ficaram feridas em protesto no Cairo (Reuters)
O correspondente da BBC afirma que a volta oficial de Mahmoud ao cargo neste sábado foi uma demonstração simbólica de independência, depois que o presidente Mohammed Mursi tentou retirá-lo do cargo ao indicá-lo para ser embaixador do Egito no Vaticano.
"Eu ocupo este cargo e vou me defender, vou defender minha opinião e defenderei a independência do procurador-geral e a independência dos juízes e não vou deixar este cargo a não ser que eu seja assassinado", disse Mahmoud a jornalistas neste sábado.
Depois que Mursi tentou tirar o procurador-geral, vários juízes também teriam ameaçado renunciar a seus cargos.
Além do procurador-geral, participaram da reunião deste sábado um dos vice-presidentes do Egito.
Depois da reunião, o vice-procurador-geral, Adel Said, afirmou que Mahmoud e o presidente Mursi tinham se encontrado e concordado que o procurador-geral não deixará o cargo.
Segundo uma declaração de Said à televisão estatal do Egito, houve um "mal-entendido" devido à nomeação de Mahmoud para o cargo de embaixador no Vaticano.
O vice-presidente egípcio, Mahmoud Mekki, confirmou a jornalistas que Mursi tinha concordado em manter Mahmoud no cargo.

Turquia e Síria ampliam retaliações quanto ao espaço aéreo

Aeronaves sírias foram proibidas de entrar no espaço aéreo turco, disse neste domingo o Ministério dos Negócios Estrangeiros turco.
A proibição segue as mesmas restrições impostas pela Síria, após um avião sírio, supostamente carregando munição russa, ter sido interceptado pela Turquia.
A retaliação turca foi decidida e relatado à Síria na noite de sábado, mas apenas se tornou pública no domingo.
A medida se aplica a aeronaves civis, já que aeronaves militares já haviam sido proibidas, disse um funcionário do ministério.
Do lado síria, a decisão de proibir aviões comerciaios turcos no espaço aéreo foi tomada dias depois de a Turquia ter interceptado um avião civil que fazia a rota Moscou-Damasco e encontrado munição e equipamento de defesa de fabricação russa na aeronave.
A Turquia alegou que a munição seria usada pelo Exército sírio, o que a Síria nega.
A Turquia já havia recomendado a suas próprias companhias aéreas civis que evitassem o espaço aéreo sírio por precaução.

Na televisão

O Ministério do Exterior sírio fez o anúncio na televisão estatal afirmando que a proibição seria aplicada a partir da meia-noite (hora local) de sábado e era uma retaliação à medida interceptação do avião síria pelo governo turco.
A Turquia havia informado que vai continuar a interceptar aeronaves civis da Síria se suspeitar que elas levam carga militar.
A tensão entre a Síria e a Turquia aumentou nos últimos dias devido a uma série de incidentes na fronteira entre os dois países.
Na semana passada, durante vários dias, ocorreram disparos na região depois que cinco civis turcos foram mortos por disparos vindos da síria.
O governo da Turquia tem dado apoio à oposição síria e já pediu a renúncia do presidente Bashar al-Assad.

Reunião

O enviado da ONU e da Liga Árabe à Síria, Lakhdar Brahimi, se reuniu neste sábado na Turquia com o ministro do Exterior do país, Ahmet Davutoglu, para discutir a crescente tensão entre os dois países.
Lakhdar Brahimi (Reuters)
Lakhdar Brahimi teve reuniões na Turquia neste sábado
Segundo James Reynolds, correspondente da BBC na Turquia, não eram esperados resultados mais decisivos a partir desta reunião, que também contou com a participação do ministro do Exterior da Alemanha, Guido Westerwelle.
"É importante que ninguém jogue petróleo no fogo. Estamos contando com a moderação", disse Westerwelle de acordo com a agência de notícias AFP.
Ainda neste sábado, o presidente turco, Recep Tayip Erdogan, disse em uma conferência em Istambul que o fracasso das medidas da ONU para a Síria deu ao presidente Bashar al-Assad o sinal verde para matar dezenas ou centenas de pessoas diariamente no país.
O correspondente da BBC afirma que a Turquia pode não estar em guerra com a Síria, mas está cada vez mais envolvida no conflito do país vizinho.
O presidente Bashar al-Assad acusa a Turquia, junto com a Arábia Saudita e o Catar, de fornecer armas para os rebeldes.
Mas, a Síria também afirma que está pronta para estabelecer um comitê conjunto para supervisionar a segurança na fronteira entre os dois países.

Sem plano de paz

Tanques turcos concentrados em Sanliurfa, fronteira com a Síria (AFP)
Tanques turcos estão na fronteira com a Síria
A visita de Brahimi à Turquia ocorreu um dia depois de sua viagem à Jeddah, na Arábia Saudita, onde se encontrou com autoridades do país.
O vice-ministro do Exterior saudita, Abdel Aziz bin Abdullah, teria pedido o "fim imediato do derramamento do sangue do povo sírio".
Mas, a visita do enviado da ONU e da Liga Árabe não significa um novo plano de paz, segundo James Reynolds.
De acordo com Reynolds, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, sugeriu que Brahimi pode ir até Damasco na próxima semana se as reuniões na região forem bem.
E, ainda neste sábado, a imprensa estatal do Irã, país que é um dos grandes aliados da Síria na região, informou que Brahimi deve visitar Teerã no domingo para uma reunião, antes de sua visita ao Iraque na segunda-feira.

Marines britânicos são acusados de assasinato no Afeganistão

Cinco Royal Marines britânicos foram acusados de assassinato em conexão com um incidente no Afeganistão em 2011, confirmou o Ministério da Defesa da Grã Bretanha.
Dois fuzileiros navais foram detidos pela Polícia Militar Real (RMP) no fim de semana, elevando o total de prisões para nove.
Quatro dos detidos foram libertados sem acusação.
As regras de alistamento militar, em grande parte decorrentes das convenções de Genebra, estabelecem em que circunstâncias as tropas britânicas estão autorizados a abrir fogo, seja para evitar um ataque do inimigo ou o contato direto.
No caso em questão, os marines são acusados de não ter seguido tais regras e de eventualmente ter matado um inocente.
O Ministério da Defesa havia afirmado anteriormente que o incidente era decorrente de um "confronto com um insurgente" e não havia civis envolvidos.

"Insurgente"

Os marines foram presos na sexta-feira depois de um vídeo suspeito ter sido encontrado no computador de um dos militares por policiais civis no Reino Unido.
"Eles (marines) carregam cartões em seus uniformes com as regras, caso precisem se lembrar delas"
Philip Hammond, secretário de Defesa
Acredita-se que esta é a primeira vez que militares britânicos foram presos e acusados de tais crimes durante o conflito no Afeganistão.
As acusações estão relacionadas a um incidente no ano passado, quando o Commando 3 foi baseado em Helmand.
Durante os seis meses de serviço, de abril a outubro do ano passado, sete militares do Comando 3 foram mortos em ação.
Um porta-voz do Ministério disse que os acusados de assassinato "permanecem em custódia por processos judiciais pendentes".
"Seria inapropriado fazer mais comentários sobre a investigação em curso".

"Regras"

Os cinco casos foram encaminhados para o SPA, um organismo independente que investiga crimes militares. O SPA decidiu que os marines devem enfrentar acusações de assassinato.
Foto: PA
O secretário de Defesa, Philip Hammond, em programa da BBC
Em entrevista ao Andrew Marr Show, da BBC, o secretário de Defesa, Philip Hammond, não fez comentários sobre detalhes do caso, mas insistiu que o Ministério da Defesa está "determinado que as regras de alistamento" sejam seguidas.
Ele acrescentou: "Todo mundo servindo sabe as regras, eles (marines) carregam cartões em seus uniformes com as regras, caso precisem se lembrar delas."
Há possibilidade de o processo ir para uma corte marcial, um tribunal público com poderes semelhantes a um tribunal real. Ali, podem ser impostas sentenças de prisão, multas ou outras formas penalidades, dependendo da natureza do crime.
Estas cortes são presididas por um juiz auditor e um conjunto de até sete membros leigos, pessoas sem formação jurídica, a exemplo do júri nos tribunais civis.

sábado, 13 de outubro de 2012

Síria proíbe voos civis da Turquia em seu território

O governo da Síria anunciou neste sábado que aviões civis da Turquia estão proibidos de sobrevoar o território sírio.
A medida foi tomada dias depois de a Turquia ter interceptado um avião civil que fazia a rota Moscou-Damasco e encontrado munição e equipamento de defesa de fabricação russa na aeronave. A Turquia alegou que a munição seria usada pelo Exército sírio, o que a Síria nega.
O Ministério do Exterior sírio fez o anúncio na televisão estatal afirmando que a proibição será aplicada a partir da meia-noite (hora local) deste sábado e é uma retaliação à medida semelhante adotada pelo governo turco.
A Turquia não anunciou nenhuma proibição de voos sírios em seu território, mas informou que vai continuar a interceptar aeronaves civis da Síria se suspeitar que elas levam carga militar.
A tensão entre a Síria e a Turquia aumentou nos últimos dias devido a uma série de incidentes na fronteira entre os dois países.
Na semana passada, durante vários dias, ocorreram disparos na região depois que cinco civis turcos foram mortos por disparos vindos da síria.
O governo da Turquia tem dado apoio à oposição síria e já pediu a renúncia do presidente Bashar al-Assad.

Reunião

O enviado da ONU e da Liga Árabe à Síria, Lakhdar Brahimi, se reuniu neste sábado na Turquia com o ministro do Exterior do país, Ahmet Davutoglu, para discutir a crescente tensão entre os dois países.
Lakhdar Brahimi (Reuters)
Lakhdar Brahimi teve reuniões na Turquia neste sábado
Segundo James Reynolds, correspondente da BBC na Turquia, não eram esperados resultados mais decisivos a partir desta reunião, que também contou com a participação do ministro do Exterior da Alemanha, Guido Westerwelle.
"É importante que ninguém jogue petróleo no fogo. Estamos contando com a moderação", disse Westerwelle de acordo com a agência de notícias AFP.
Ainda neste sábado, o presidente turco, Recep Tayip Erdogan, disse em uma conferência em Istambul que o fracasso das medidas da ONU para a Síria deu ao presidente Bashar al-Assad o sinal verde para matar dezenas ou centenas de pessoas diariamente no país.
O correspondente da BBC afirma que a Turquia pode não estar em guerra com a Síria, mas está cada vez mais envolvida no conflito do país vizinho.
O presidente Bashar al-Assad acusa a Turquia, junto com a Arábia Saudita e o Catar, de fornecer armas para os rebeldes.
Mas, a Síria também afirma que está pronta para estabelecer um comitê conjunto para supervisionar a segurança na fronteira entre os dois países.

Sem plano de paz

Tanques turcos concentrados em Sanliurfa, fronteira com a Síria (AFP)
Tanques turcos estão na fronteira com a Síria
A visita de Brahimi à Turquia ocorreu um dia depois de sua viagem à Jeddah, na Arábia Saudita, onde se encontrou com autoridades do país.
O vice-ministro do Exterior saudita, Abdel Aziz bin Abdullah, teria pedido pelo "fim imediato do derramamento do sangue do povo sírio".
Mas, a visita do enviado da ONU e da Liga Árabe não significa um novo plano de paz, segundo James Reynolds.
De acordo com Reynolds, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, sugeriu que Brahimi pode ir até Damasco na próxima semana se as reuniões na região forem bem.
E, ainda neste sábado, a imprensa estatal do Irã, país que é um dos grandes aliados da Síria na região, informou que Brahimi deve visitar Teerã no domingo para uma reunião, antes de sua visita ao Iraque na segunda-feira.

Por que o Brasil ama Tufão

Reportagem de VEJA desta semana explica a popularidade do marido traído e bovinamente passivo de 'Avenida Brasil' - e que virou esteio moral da nação

Marcelo Marthe
ELE TARDA, MAS NÃO FALHA - O bate-boca em que Tufão (Murilo Benício) finalmente desmascarou Carminha (Adriana Esteves): "Me conta uma história para eu não te matar, sua vadia"
ELE TARDA, MAS NÃO FALHA - O bate-boca em que Tufão (Murilo Benício) finalmente desmascarou Carminha (Adriana Esteves): "Me conta uma história para eu não te matar, sua vadia" (Divulgação/TV Globo)
"Me conta uma história para eu não te matar, sua vadia." Repetindo a frase com o semblante fechado de um touro doido para cravar os cornos na mulher que o ludibriou, o ex-jogador Tufão - personagem do ator Murilo Benício na novela Avenida Brasil - enfim reagiu. No capítulo de segunda-feira passada, a apenas duas semanas do final da trama das 9 da Globo, ele revidou todas as bolas pelas costas que levou da mulher, a vilã Carminha (Adriana Esteves). Conforme o Brasil inteiro se cansou de saber ao longo de quase 170 capítulos, Carminha manteve por doze anos um affair com seu amante e cúmplice Max (Marcello Novaes) debaixo do teto da mansão de Tufão. Nesse meio-tempo, fez o ex-craque assumir a paternidade dos dois filhos que teve com Max. Armou o próprio sequestro para extorquir dinheiro do marido. Além de, é claro, esconder dele sua profissão de fato - ela era prostituta. Sempre que cacos dessas verdades ameaçavam vir à luz, Carminha inventava uma desculpa esfarrapada, fazia cara de santa e Tufão acreditava. A mansão só desabou por obra do próprio Max, que deixou de presente para a família as fotos em que surgia aos amassos com Carminha. No momento em que Tufão finalmente abriu os olhos, a comoção foi estrondosa: a novela bateu seu recorde de audiência até agora, atingindo 49 pontos na Grande São Paulo. Foi o programa mais visto da TV brasileira neste ano - mais até que o jogo em que o Corinthians conquistou a Taça Libertadores da América, em julho. Eis um atestado da popularidade de um herói incomum: o homem traído, passivo e bovinamente crédulo - mas que, com sua mansidão e honestidade, se impôs como uma espécie de esteio moral da nação. Assim como os chifres dos alces e outros bichos, a galhada de Tufão demonstrou ser um adorno valioso na guerra darwinista pelo ibope.
"Por demorar tanto a descobrir as coisas, o Tufão tinha tudo para ser um sujeito irritante. Não foi uma peça simples de ajustar dentro da trama", diz o noveleiro João Emanuel Carneiro. Mas o autor recorreu a uma boa fonte: buscou na literatura o pai de todos os Tufões. Trata-se do príncipe Michkin, protagonista do romance O Idiota, do russo Fiodor Dostoievski (1821-1881). A semelhança entre os personagens, aliás, foi escancarada em uma daquelas indiretas absolutamente diretas dadas pela heroína Nina/Rita (Débora Falabella) por meio de suas sugestões de leitura ao patrão. O personagem é um jovem dotado de uma bondade sem tamanho. Revela-se tão superior em sua pureza que as pessoas corrompidas e pavorosas que o cercam o julgam um desajustado.
Ao transportar O Idiota para o subúrbio do Divino, Carneiro criou - Carminha que não nos ouça - o personagem que resume o espírito da novela. "Ele não tem as atitudes de um herói. Carece de iniciativa e fica a reboque dos outros", afirma o autor. Ele usou certos truques para evitar que Tufão não fosse visto como um paspalho pela audiência. O personagem exercita o que o noveleiro chama de "amor de renúncia": ama mais a família que a si próprio. "Essa coisa toca demais a alma do brasileiro", diz. Bem ou mal, Tufão também nunca deixou de buscar a verdade. Por fim, um dado essencial: apesar de ele levar um golpe de Carminha, sua vida de alcova com a vilã, até onde se saiba, era satisfatória. "Ser enganado, tudo bem. Mas, se ele não fosse para a cama com ninguém, o espectador iria achá-lo um completo banana", diz Carneiro. Amor de verdade, no entanto, Tufão só iria fazer neste fim de semana, ao deitar e rolar com sua antiga amada, a cabeleireira Monalisa (Heloísa Perissé). Por fim, como ensina a psicologia evolutiva, a  fantasia das mulheres é atiçada pela grandeza de Tufão em assumir a prole alheia.
É óbvio que Murilo Benício teve parte fundamental em conferir credibilidade a esse homem bom tão difícil de encontrar nas novelas. O ator fluminense de 41 anos emprestou a Tufão tiques que, aparentemente, comunga com ele - como o hábito de coçar a nuca. Em uma entrevista, Benício já contou que aquele jeito de olhar por baixo foi surripiado de um personagem vivido no cinema pelo americano Robert De Niro. Com seu abdômen meio fora de forma, o ator dota Tufão, ainda, de uma semelhança providencial com os heterossexuais de verdade disponíveis no mercado - e, como sabe qualquer mulher que já tenha vivido um bocadinho a vida, muito mais vale uma barriga afetuosa que um tanquinho indiferente.
Para tentar manter segredo sobre o final de Avenida Brasil, no dia 19, Carneiro preparou cinco versões do desfecho - apenas uma, claro, é a que vale. Não se sabe o que vai ser de Carminha. "Só posso adiantar que ela terá um fim nada convencional", diz. Ele declara, contudo, que em dado momento Carminha vai implorar para ter Tufão de volta. Em vão. Ele pode ser um macho meio bovino. Mas não é nenhum burro.

Descoberta de petróleo pode mudar destino da Irlanda

A descoberta de uma reserva de petróleo na costa da República da Irlanda pode gerar bilhões de libras para o país.
A companha irlandesa e britânica Providence Resources informou que a reserva foi descoberta a quase 50 quilômetros da costa da região de Cork, em Barryroe, e deve produzir 280 milhões de barris.
Tony O'Reilly Jr, diretor-executivo da Providence, descreveu para a BBC a descoberta como um enorme sucesso, depois de décadas de exploração na costa do país.
O'Reilly afirmou que ainda é necessário mais trabalho em questões como tributação dos lucros obtidos com o petróleo, segurança do fornecimento e empregos.
Mas, segundo o diretor da Providence, este é o início da indústria do petróleo irlandesa.
"Esperamos que ocorra um renascimento do interesse de companhias internacionais que precisam vir para a Irlanda e nos ajudar a explorar nossos recursos naturais. Não podemos fazer isto sozinhos", afirmou.
O'Reilly rejeitou as sugestões de alguns críticos, de que a Irlanda não teria um papel muito importante caso uma indústria de petróleo se instale no país.
"Queremos usar a estrutura da Irlanda. Nós deixamos isto bem claro. É um bom negócio para nós. É loucura pensar que levaríamos (os benefícios gerados pela exploração de petróleo) para outro lugar", afirmou.

Exxon Mobil

A Providence vai contar com a ajuda da gigante petrolífera Exxon Mobil, para explorar um poço em Drumquin.
Mas, muitos na Irlanda afirmam que as leis do país relativas aos recursos naturais precisam ser revisadas.
A Irlanda fica com apenas 25% de todos os lucros, algo que pode subir para 40%, dependendo do volume extraído.
O ministro da Energia da Irlanda, Pat Rabbitte, admite que a fatia do governo irlandês é muito menor do que a que é dada aos governos da Grã-Bretanha ou Noruega, por exemplo, países com mais recursos de petróleo e gás.
Mas o ministro afirma que os números precisam continuar atraentes para companhias de outros países, pois a Irlanda não tem a experiência ou a verba para explorar as reservas sozinha.
Estima-se que a Providence já tenha gasto cerca de 500 milhões de libras (mais de R$ 1,6 bilhão) procurando petróleo em águas irlandesas.
Ativistas como William Hederman, do site Irishoilandgas.com, afirmaram que o petróleo de Barryroe pode nunca ir para a Irlanda e ser levado para o refino na Europa ou ainda mais longe, o que significa menos empregos em solo irlandês.
A Providence afirma que sua intenção é levar o petróleo de Barryroe para Cork, na Irlanda, mas que a decisão final será tomada em um momento mais próximo de a extração começar na região.

Questão ambiental

O Partido Verde Irlandês também mostrou uma postura mais cautelosa em relação à descoberta de petróleo no país.
Em julho, o líder do partido no país, Eamon Ryan, afirmou que desconfia dos números divulgados.
"O petróleo pode estar lá mas há um limite de quanto você consegue extrair e isto ainda é apenas uma pequena fração do que será usado", afirmou.
"Como qualquer perfuração no mar, há riscos, (e) os padrões mais altos precisam ser aplicados."
A Royal Society for the Protection of Birds, uma organização de caridade britânica de proteção de aves, também expressou preocupação sobre qualquer projeto de extração de petróleo em uma outra área, em volta da ilha de Rathlin, que é uma área especial de conservação.
A organização argumenta que esta região é muito importante para a vida selvagem e que o impacto potencial de uma exploração de petróleo na região ainda não foi avaliado.

Inflação pode levar Brasil a rever medidas de estímulo, diz FMI

A recuperação do crescimento da economia brasileira, que deve se consolidar em 2013, vai obrigar o Brasil a rever suas políticas de estímulo para frear o aumento da inflação, diz um relatório divulgado nesta sexta-feira pelo FMI (Fundo Monetário Internacional).
Na revisão do relatório Regional Economic Outlook (Perspectivas Econômicas Regionais), sobre a América Latina e o Caribe, o FMI cita especialmente o Brasil, mas também outros países da região, como o Uruguai, como exemplos dessa tendência.
O Fundo projeta inflação de 5% para o Brasil neste ano e 5,1% em 2013. No mais recente boletim Focus – levantamento semanal feito pelo Banco Central do Brasil com base em consultas ao mercado –, a projeção é de 5,42% para 2012 e 5,44% em 2013.
No mês passado, a inflação oficial no Brasil, medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), registrou alta de 0,57%, maior taxa desde abril e maior variação para o mês de setembro desde 2003. Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a inflação já acumula alta de 3,77% neste ano.

Desaceleração forte no Brasil

O relatório também destaca a política monetária "especialmente agressiva" do Brasil, ao falar sobre as reduções na taxa básica de juros (Selic) desde agosto de 2011.
Nesta semana, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anunciou a décima redução consecutiva, passando a Selic para 7,25%, menor patamar da série histórica iniciada em 1996.
"Além das incertezas globais, estas medidas respondem ao objetivo de levar a taxa de juros real a níveis comparáveis aos de outras economias emergentes", diz o FMI.
Segundo o FMI, o crescimento na região da América Latina e Caribe sofreu desaceleração desde abril, quando foi divulgado o último relatório.
"A desaceleração foi mais pronunciada no Brasil, a maior economia da região", diz o documento. "Onde as incertezas globais e a aplicação de políticas mais restritivas tiveram impacto maior que o previsto, sobretudo nos investimentos privados."
O FMI projeta crescimento de 1,5% para o Brasil neste ano – queda de 1 ponto em relação ao relatório de abril e em linha com a projeção do mercado, de 1,57% – e 4% em 2013.
De acordo com o FMI, a aceleração do crescimento brasileiro em 2013 será apoiada pelas "importantes medidas de estímulo implementadas recentemente".
Para a região, a previsão é de 3,2% para este ano – 0,6 ponto percentual menor que a previsão de abril – e 3,9% em 2013.

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Nobel da Paz para UE causa choque e surpresa em Bruxelas

A decisão de dar à União Europeia o Prêmio Nobel da Paz teria sido unânime no painel de cinco integrantes – embora tenha sido uma grande surpresa.
Não só para analistas, que vinham especulando sobre as chances de blogueiros envolvidos na Primavera Árabe ou de grupos humanitários na Rússia.
A escolha chocou até o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso. Ele admitiu para jornalistas que, ao acordar, não esperava que o seu dia fosse ser tão bom.
O presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, afirmou estar orgulhoso, e que o prêmio reconhece o papel do bloco como o "maior pacificador na História".
O Nobel certamente não foi conquistado pela atuação da União Europeia no combate à atual crise na Zona do Euro.
Em vez disso, a comissão do Nobel preferiu destacar o papel da UE na promoção da paz ao longo das últimas seis décadas.
Concentrando-se no longo prazo, os integrantes ressaltaram a reconciliação entre as nações, após as duas guerras mundiais.

Fracasso diplomático

Também mencionaram a integração dos países do antigo bloco comunista e o papel da União no processo de estabilização dos Balcãs.
No entanto, não se falou no fracasso da diplomacia de Bruxelas e de outros países, que pouco fizeram para evitar que as guerras eclodissem.
Para aqueles que veem na Comissão Europeia uma instituição não-democrática, burocrática e até corrupta, a escolha chega a ser irritante.
E vale lembrar que a escolha foi feita na Noruega, um país que historicamente se recusa a entrar para o bloco, preferindo manter a soberania.
No comunicado escrito em Oslo há até uma menção aos problemas que estão sendo criados pela atual crise econômica.
De fato, há poucos dias, manifestantes na Grécia receberam a líder alemã – em visita oficial – com saudações nazistas.
Com a crise da Zona do Euro, a União Europeia parece viver um dos seus momentos de maior divisão e fragilidade.
Os sucessos da UE são claros, e a comissão os deixou evidentes.
Mesmo assim, o momento para destacá-los parece bastante estranho.

Britânico com nível universitário é contratado como espantalho humano

Jamie Fox, de 22 anos, tem um trabalho um tanto quanto inusitado. O rapaz se dedica a assustar perdizes.
Formado em Música e em Letras pela Universidade de Bancor, no Reino Unido, Jamie foi contratado como espantalho em uma plantação de colza - planta usada para fabricar azeites vegetais e biodiesel.
Vigia uma área de quatro hectares no Leste da Grã-Bretanha, recebendo um salário de US$ 400 (R$ 817) por semana.
Jamie espanta os pássaros usando um acordeão e um sino, vestido com um casaco laranja chamativo. Ele diz que o trabalho não é difícil e lhe permite ler livros e aprender a tocar ukulele - instrumento musical semelhante ao cavaquinho.
"O fazendeiro (que me contratou) disse: 'Traga uma cadeira e um bom livro'", contou Fox. "Eu posso ficar sentado e ler na maior parte do tempo, mas quando as perdizes aparecem, tenho de assustá-las. Uso um sino ou o acordeão, mas o ukelele parece não ter nenhum efeito", lamenta.

Inveja

Nascido no vilarejo de Aylsham, Jamie quer viajar para a Nova Zelândia no próximo ano e está poupando para a viagem.
"Não é um trabalho ruim. Alguns de meus amigos com empregos que pagam melhor, mas também mais estressantes, têm inveja de mim", afirma o jovem. "É bom ficar ao ar livre, ainda que faça frio quando o vento sopra e eu tenha de correr para me abrigar quando chove."
A única companhia que Jamie tem em seus longos turnos de oito horas no campo é a de um cão, que costuma passar pelo local.
Jamie Fox em sua formatura (Foto PA)
Jamie Fox durante sua formatura na universidade
O fazendeiro que o contratou, William Young, também visita o rapaz todos os dias. Ele diz que decidiu contratar um espantalho humano porque as perdizes estavam comendo parte da colheita e os métodos tradicionais para espantá-las fracassaram.
"Essas aves adoram a colza. Para elas, é como um bife suculento", disse Young. "Os pássaros devoram as folhas e a planta morre. Há alguns anos, perdemos 12 hectares e milhares de libras por causa deles."
O fazendeiro conta que também tentou usar fogos de artifício para assustar as perdizes, mas elas voltaram depois de alguns minutos.
"A única solução eficiente é persegui-las", afirma. "Jamie está fazendo um bom trabalho, você, realmente, consegue ver a diferença."