A sentença de 18 anos de prisão dada pela Justiça do Vaticano ao ex-mordomo do papa, Paolo Gabriele, pode são ser o fim, mas sim o início de uma história complexa de traição e descontentamento no coração da Igreja Católica.
Centenas de documentos secretos roubados do escritório do papa - sistematicamente por um longo período de tempo - vazaram para a imprensa italiana e foram retratados em um livro que se tornou bestseller no início do ano.Ele convocou um sínodo de três semanas. Nele, bispos do mundo todo foram convocados para discutir formas de difundir o que a Santa Sé chama de forma otimista de "a nova evangelização".
Esse é o código de um esforço massivo da Igreja Católica para conter a difusão do secularismo em países - particularmente na Europa - que se proclamam católicos, mas cuja audiências nas missas de domingo cai cada vez mais.
O caso do julgamento do mordomo roubou as atenções da agenda religiosa planejada para o período e atraiu a atenção do mundo para mais um episódio que contribui para a crise de credibilidade da Santa Sé.
Ofertas Lucrativas
A edição de domingo do jornal do Vaticano Osservatore Romano, previsivelmente publicou apenas uma pequena reportagem sobre o julgamento do mordomo no pé de sua última página.Em teoria, segundo um tratado assinado pela Santa Sé e a Itália em 1929, pessoas condenadas por crimes cometidos no território do Vaticano cumprem suas sentenças em cadeias italianas - uma vez que não há instalações penitenciárias na Cidade do Vaticano.
Mas se Gabriele, um cidadão do Vaticano, fosse transferido para uma cadeia na Itália, ele poderia ser exposto a ofertas lucraticas para revelar detalhes do que presenciou enquanto estava a serviço do papa.
O advogado do ex-mordomo afirmou que ele não pretende recorrer da decisão judicial e está pronto para cumprir sua sentença em prisão domiciliar em seu apartamento na Cidade do Vaticano.
Outro julgamento
Em aproximadamente um mês, a Justiça do Vaticano deve analisar o caso de Claudio Sciarpelletti, um técnico de computadores que trabalhou para a Secretaria de Estado do Vaticano.Ele foi originalmente acusado de ser cúmplice de Gabriele no roubo de documentos, mas a Justiça do Vaticano decidiu julgá-lo separadamente.
Sciarpelletti convocou como uma de suas testemunhas de defesa um clérigo de alto escalão do papado para dar evidências relacionadas aos vazamentos de informações do Vaticano. A testemunha é o monsenhor responsável pelo setor de documentação da Secretaria de Estado.
A Promotoria está considerando fazer acusações ainda mais sérias contra Gabriele e Sciarpelletti - incluindo violação de segredos de Estado e ataque à segurança do Estado. As penas para esses crimes é mais severa que a de roubo.
O novo estrategista de comunicação do Vaticano, Greg Burke, ex-correspondente da Fox News, afirmou que Bento 16 ficou muito aborrecido com o escândalo.
Burke afirmou à BBC: "Há quatro ou cinco pessoas no mundo que têm a chance de falar diariamente com o papa e ter cinco minutos com ele sem distrações. Paolo Gabriele poderia ter sido uma delas. Ao invés disso ele provocou esse escândalo".
esse escândalo não tem fim
ResponderExcluir