O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, líder histórico da
esquerda, virou réu por tentativa de obstrução das investigações do
megaesquema de corrupção na Petrobras.
"A causa é por obstrução da Justiça", no âmbito da investigação da
Operação Lava Jato, declarou nesta sexta-feira (29) uma porta-voz da
promotoria de Brasília à AFP.
É a primeira vez que o fundador do Partido dos Trabalhadores, que foi
presidente do Brasil de 2003 a 2010, irá a julgamento pelo escândalo
que defraudou a Petrobras durante uma década, custando mais de 2 bilhões
de dólares, para beneficiar dezenas de políticos, empresários e
funcionários da empresa petroleira.
Lula, de 70 anos, deixou a presidência no fim de 2010 com mais de 80%
de popularidade, devido seus programas sociais que tiraram mais de 40
milhões de brasileiros da pobreza.
Seu carisma foi fundamental para que o Rio de Janeiro fosse escolhido
em 2009 como a cidade-sede dos Jogos Olímpicos que começarão em uma
semana, mas seu legado foi assombrado pela gigantesca rede de corrupção
descoberta na Petrobras, em que dezenas de políticos de seu partido
estavam envolvidos.
Mas nem Lula, nem sua sucessora Dilma Rousseff, suspensa pelo
Congresso enquanto é julgada por uma suposta manipulação das contas
públicas, assistirão a cerimônia inaugural dos Jogos em 5 de agosto, que
será liderada pelo presidente interino Michel Temer.
Na mesma decisão, o juiz federal Ricardo Leite aceitou uma denúncia
por obstrução da justiça contra outras seis pessoas envolvidas no caso,
entre elas o banqueiro André Esteves (ex-presidente do BTG Pactual), o
empresário pecuarista, e amigo de Lula, José Carlos Bumlai e o ex-líder
do Partido dos Trabalhadores (PT), o ex-senador Delcídio do Amaral.
Cumpridor da lei
Após saber que irá a julgamento, o ex-presidente insistiu nesta
sexta-feira de sua inocência. "Duvido que haja alguém mais cumpridos da
lei que eu. A única coisa que quero é respeito, que não haja um
ajuizamento através dos titulares e filtrações contra pessoas
inocentes", disse em uma seminário em São Paulo, citado pelo jornal
Folha de S. Paulo.
"O que fizeram foi vingança política (...) O objetivo de tudo isso é
tirar o Lula da campanha de 2018" à presidência do Brasil, afirmou.
Lula "já esclareceu ao procurador-geral da República, em uma
declaração, que jamais interferiu ou tentou interferir em declarações
relativas a Lava Jato", assinalou em uma nota o escritório de advogados
Teixeira, Martins & Advogados, que representa o ex-presidente.
Quando for notificado "apresentará sua defesa e ao final sua inocência será certamente reconhecida", acrescentaram.
"A acusação se baseia exclusivamente na delação premiada de um réu
confesso e sem credibilidade, que fez acordo com o Ministério Público
Federal para ser transferido para a prisão domiciliar", acrescentaram os
advogados de Lula, fazendo referência ao ex-senador Delcídio do Amaral.
Em declarações à promotoria, Delcídio afirmou que Lula, Esteves e
Bumlai, entre outros, se juntaram para tentar comprar o silêncio do
ex-diretor da área internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, que se
prestava a assinar um acordo com a justiça e proporcionar detalhes de
como funcionava o esquema de subornos na estatal.
A tentativa de silenciar Cerveró motivou a denúncia pelo crime de obstrução da justiça.
A prisão de Delcídio, em novembro de 2015, quando ainda era membro do
Congresso, convulsionou a classe política e em especial o PT, temeroso
das repercussões que sua confissão poderia trazer para seus filiados.
A justiça investiga também se Lula, que por ser um ex-presidente não
está protegido por foros, se beneficiou de supostos pagamentos de
construtoras que obtinham contratos na Petrobras em troca de subornos.
O ex-presidente apresentou na quinta-feira (28) uma demanda ao Comitê
de Direitos Humanos da ONU, em Genebra, para denunciar "abusos de
poder" contra ele por parte do juiz Sérgio Moro, que lidera a
investigação da Lava Jato.
Dias difíceis para o PT
O julgamento contra Lula chega em um momento difícil para o PT,
abatido por diversos escândalos de corrupção, além do processo de
impeachment de Dilma Rousseff, sua sucessora, que está em curso no
Congresso.
Rousseff foi provisoriamente suspensa em 12 de maio, acusada por seus
opositores de maquiar e usar irregularmente as contas públicas em 2014 -
ano de sua reeleição - e 2015.
O Senador decidirá no final de agosto, após o fim dos Jogos Olímpicos
no Rio de Janeiro, se Dilma deverá ser afastada definitivamente do
cargo e se seu vice-presidente e ex-aliado político, Michel Temer
(PMDB), a substituirá na presidência até que novas eleições
presidenciais ocorram em 2018.
"Estamos esperando que o impeachment seja resolvido entre os dias 25 e
26 de agosto, porque se for verificado nos dia 4, 5 ou 6 de setembro, o
Brasil não poderá estar na cúpula do G20 (na China). O undo necessita
saber quem é o presidente" do Brasil, disse Temer nesta sexta-feira em
uma entrevista com a AFP e outras agências internacionais.
Manifestantes fizeram um protesto na Praia de Copacabana, na manhã
deste domingo (31), contra a corrupção e em apoio à Operação Lava Jato.
Vestidos de verde e amarelo, com cartazes e alguns com os rostos
pintados, os ativistas se concentraram na altura do Posto 5 e tiveram o
apoio de dois caminhões de som.
O alvo principal dos
manifestantes foi a presidenta afastada, Dilma Rousseff, mas sobraram
críticas também ao governo do presidente interino, Michel Temer. A
Polícia Militar não informou o número de manifestantes.
“Eu vim à
passeata em protesto contra a corrupção, a crise econômica e a crise
política que estão assolando o país. O povo quer o afastamento
definitivo da Dilma. O atual governo está menos pior. Não temos saúde,
não temos educação nem segurança pública. Também não temos emprego, são
mais de 12 milhões de desempregados”, declarou o comerciante Fernando
Ribeiro, que carregava um cartaz escrito em inglês com seu protesto.
“Eu
estou aqui porque sou contra a corrupção. Não basta a saída da Dilma,
temos que ir em frente, dando apoio à Polícia Federal. Eu apoio o
governo Temer, porque ele está tentando acertar”, disse a dona de casa
Sileide de Sá Ribeiro.
“Sou a favor do impeachment da Dilma,
porque ela quebrou o país. O Brasil precisa acabar com a corrupção
generalizada. O atual governo me satisfaz em alguns aspectos, em outros
não. No campo econômico, o Temer está fazendo a coisa certa”, disse o
professor aposentado Luiz Carlos Ryff. Com cartazes e vestidos de verde e amarelo, ativistas se concentraram na altura do Posto 5Tânia Rêgo/Agência Brasil “Eu
não quero mais a corrupção no meu país. Temos de ir além. A saída da
Dilma é só o começo da mudança. Queremos um Brasil novo, com novos
políticos e pessoas com mentes diferentes. Que a mudança venha melhorar a
saúde e a educação. O atual governo não é o ideal, mas no momento está
nos servindo”, disse o dentista Fábio Oliveira.
Por volta de
12h30, os líderes do protesto, ligados ao Movimento Vem Pra Rua,
encerraram a passeata. Não foram registrado incidentes durante a
manifestação, que também atraiu a atenção dos milhares de turistas e de
jornalistas estrangeiros que estão na cidade para a Olimpíada e
aproveitaram o dia de sol para passearem em Copacabana.
Em todo o país, movimentos favoráveis e contrários ao impeachment de Dilma Rousseff promovem manifestações neste domingo.
A presidenta afastada Dilma Rousseff
disse hoje (27) que os supostos pagamentos ilegais referentes à sua
campanha presidencial de 2010, recebidos pelo publicitário João Santana e
a mulher dele, Mônica Moura, por meio de caixa 2, devem ser explicados
pela tesouraria do PT, e não por sua coordenação de campanha à época.
Na
semana passada, João Santana e Mônica Moura confirmaram, em depoimento
ao juiz Sérgio Moro, terem recebido, em 2013, U$ 4,5 milhões referentes a
dívidas da campanha de 2010 de Dilma, por meio de uma conta do
empresário Zwi Skornicki na Suíça. O casal de publicitários encontra-se
preso preventivamente em Curitiba desde fevereiro.
“Não
é a mim que você deve perguntar isso. Como o próprio João Santana
falou, ele tratou disso com a tesouraria do PT”, respondeu Dilma ao ser
questionada sobre o assunto, em entrevista à Rádio Educadora, de
Uberlândia (MG).
A
petista argumentou que uma vez que o suposto pagamento foi feito, três
anos após encerrada a campanha, quem deve esclarecer o repasse do
dinheiro é o PT. “A minha campanha não tem nenhuma responsabilidade
sobre as circunstâncias em que se pagou uma dívida remanescente da
campanha de 2010, por que ela foi paga três anos depois”, afirmou a
presidenta afastada.
Romance
Dilma
negou também declarações do presidente do Senado, Renan Calheiros
(PMDB-AL), que disse na semana passada a jornalistas ter escutado um
“desabafo” da petista, no qual ela confidenciou estar cansada e abatida
com o processo de impeachment. “Quero acabar logo com essa agonia”,
teria confessado a presidenta afastada.
“Isso
é um romance, porque, primeiro, eu não estive com o presidente do
Senado nem na semana passada, nem na semana retrasada”, afirmou ela. Sem
citar quais, Dilma acusou veículos de imprensa de querer criar a
impressão de que ela esteja propensa a renunciar. “Há uma fantasia, uma
invenção, uma ficção que foi divulgada de forma incorreta e indevida.”
Ela
garantiu que irá cumprir o prazo dado até amanhã (28) para apresentar
suas alegações finais à Comissão Processante do Impeachment no Senado.
“Não estou cansada, não. Estou plenamente disposta a lutar até o ultimo
minuto pelos meus direitos”, afirmou Dilma.
Perguntada
se a tendência para a votação do impeachment não estaria desfavorável a
ela, Dilma respondeu que “não é verdade” que não tenha votos o bastante
para derrotar seu impedimento. “Nós teremos uma guerra de informações,
uma parte vai dizer que tem os votos, outra parte vai dizer que não tem,
mas nós vamos saber só no dia o que vai acontecer.”
Olimpíada
Dilma
confirmou que não comparecerá à abertura dos Jogos Olímpicas do Rio
2016, marcada para 5 de agosto. “Eu não vou participar de um ato nessa
condição de expectadora, num ato em que fui protagonista, então prefiro
não ir, para não causar nenhum constrangimento”, explicou ela.
A
presidenta afastada demonstrou descontentamento com o fato do
presidente interino Michel Temer, “uma pessoa que não trabalhou” ser o
representante do governo que estará no palanque da cerimônia ao lado de
outras autoridades internacionais.
Vítima, que estava enrolada em um cobertor e apresentava sinais de violência, foi encontrada pela companheira
O corpo de um empresário do ramo de transportes, de 64 anos, foi
encontrado na manhã desta segunda-feira (25), embaixo do sofá da casa da
família, usada para passar fim de semana. O imóvel está localizado na
rua Dona Maria da Glória, em Macacos (São Sebastião das Águas Claras),
na região metropolitana de Belo Horizonte.
A mulher da vítima, uma médica, foi quem acionou a Polícia Militar
(PM). Ela contou aos policiais que a família mora em Belo Horizonte, mas
que nos finais de semana segue para essa propriedade para descansar.
Neste final de semana, especificamente, o empresário foi sozinho para o
local.
Como o companheiro não entrou em contato durante o sábado e o domingo,
algo incomum, ela decidiu pedir ao caseiro do local para ir até a casa e
verificar se estava tudo bem. Segundo informações da médica à polícia, o
funcionário encontrou a casa trancada, mas uma das janelas estava
entreaberta. A mulher foi informada e decidiu ir até a propriedade.
No local, ela encontrou o corpo do marido embaixo do sofá. Ele
apresentava ferimentos na cabeça e estava enrolado em um cobertor.
"Ainda não podemos dizer o que teria acontecido. Não tem evidência. Não
há nada que pudesse identificar o que teria ocorrido", explicou o major
Damom Matheus, da Polícia Militar.
A Polícia Civil informou que não havia nenhum registro de empresário
desaparecido na região. Se a família notou o sumiço do homem, pode ser
que não tenha registrado na polícia. Porém, uma equipe da Polícia Civil
esteve na residência da vítima na tarde desta segunda (25) e a
corporação irá investigar o caso. Vítima
Conforme informações dadas à polícia pela mulher do empresário, que
estava casada com ele há mais de 20 anos, ele não tinha problemas com
ninguém e também não tinha antecedentes criminais.
O empresário deixa uma filha do primeiro casamento.
A defesa do ex-presidente Lula divulgou nota neste sábado, em que rebate
a afirmação do juiz Sergio Moro, que disse que já poderia ter prendido o
ex-presidente Lula, se assim o desejasse; "Essa afirmação é
manifestamente descabida e apenas reforça que o juiz Moro perdeu a
imparcialidade para julgar qualquer assunto envolvendo Lula, como vem
sendo reiterado pelos seus advogados", diz o texto assinado pelos
advogados Cristiano Martins e Roberto Teixeira; eles lembram que um juiz
só pode decretar prisão se houver pedido do Ministério Público – o que
não ocorreu no caso de Lula; "Lula não se opõe a qualquer investigação,
mas tem o direito de ver observadas suas garantias constitucionais e
aquelas previstas em Tratados Internacionais que o Brasil se obrigou a
cumprir", diz ainda a nota.
Paraná 247 – A
defesa do ex-presidente Lula divulgou nota neste sábado, em que rebate a
afirmação do juiz Sergio Moro, que disse que já poderia ter prendido o
ex-presidente Lula, se assim o desejasse (leia aqui).
"Essa afirmação é manifestamente descabida e apenas reforça que o juiz
Moro perdeu a imparcialidade para julgar qualquer assunto envolvendo
Lula, como vem sendo reiterado pelos seus advogados", diz o texto
assinado pelos advogados Cristiano Martins e Roberto Teixeira. Eles
lembram que um juiz só pode decretar prisão se houver pedido do
Ministério Público – o que não ocorreu no caso de Lula.
Leia, abaixo, a íntegra da nota:
O juiz Sergio Moro afirmou ontem
(22/07/2016) - e foi repercutido pela imprensa – que o teor dos diálogos
interceptados dos ramais do ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva
“por si só poderia justificar, por ocasião da busca e apreensão, a
prisão temporária dele, tendo sido optado, porém, pela medida menos
gravosa da condução coercitiva”.
Essa afirmação é manifestamente
descabida e apenas reforça que o juiz Moro perdeu a imparcialidade para
julgar qualquer assunto envolvendo Lula, como vem sendo reiterado pelos
seus advogados.
O fato é que Moro deixou de observar que:
(a) a lei apenas permite ao juiz
decretar a prisão temporária se houver pedido do órgão policial ou do
Ministério Público (Lei nº 7.960/1989, art. 2º), o que não existiu em
relação a Lula;
(b) no dia 24/02/2016 o MPF
requereu a condução coercitiva do ex-Presidente Lula, sem abrir a opção
de prisão temporária — até porque ausentes os requisitos legais (Lei nº
7.960/1989, art. 1º) —, como no trecho abaixo:
Lula não se opõe a qualquer
investigação, mas tem o direito de ver observadas suas garantias
constitucionais e aquelas previstas em Tratados Internacionais que o
Brasil se obrigou a cumprir.
A Polícia Federal prendeu nesta quinta-feira brasileiros suspeitos de
planejar ataques na Olimpíada do Rio. Eles se comunicavam pela internet e
parte fez juramento de lealdade ao grupo autodenominado Estado Islâmico
- mas, segundo as investigações, não tiveram contato direto com os
extremistas.
São 12 pessoas com pedidos de prisão, sendo que 10 já foram detidos.
Segundo o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, eles não se
conheciam pessoalmente e vivem em diferentes Estados do país.
"Aparentemente,
era uma célula absolutamente amadora, sem nenhum preparo", disse o
ministro em entrevista coletiva no fim da manhã. De acordo com ele, a
probabilidade de um ataque na Olimpíada é "mínima".
São
12 pessoas com prisão decretada, sendo que 10 já foram detidas. As
outras duas já foram rastreadas pela Polícia Federal, mas ainda não
tinham sido detidas até o momento do pronunciamento de Moraes, no fim da
manhã.
Todos os suspeitos são brasileiros - suas idades não
foram reveladas. Segundo o juiz federal Marcos Josegei da Silva, um dos
responsáveis pelo caso, há jovens e pessoas de meia idade. "A maioria
tem entre 20 e 40 anos de idade", disse.
O magistrado afirmou que
nenhum deles têm nome ou sobrenome característicos do Oriente Médio, mas
utilizam em suas conversas pela internet apelidos de origem árabe.
Além das 12 pessoas com pedido de prisão, um menor de idade foi alvo de ação de busca e apreensão.
Os
suspeitos nunca marcaram um encontro pessoal - eles não se conheciam
pessoalmente e viviam em Estados diferentes. Segundo o ministro, a ordem
era cada um por si.
De acordo com a Justiça Federal, os
investigados preconizam a intolerância racial, de gênero e religiosa,
além do uso de armas e táticas de guerrilha para alcançar seus
objetivos.
Eles foram detidos em dez Estados: Amazonas, Ceará,
Paraíba, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso, Rio de Janeiro, São Paulo,
Paraná e Rio Grande do Sul. Dois deles já foram condenados e cumpriram
prisão por homicídio.
Além disso, a operação investiga uma ONG
"com atuação na área humanitária e educacional" que teria colaborado com
o grupo suspeito.
2) Como eles se comunicavam?
Os
envolvidos participavam de um grupo virtual chamado Defensores da
Sharia - a lei islâmica. A investigação contou com quebra de sigilo
telefônico e de dados dos suspeitos, que trocavam mensagens usando redes
sociais.
Eles também se comunicavam via aplicativos de mensagens
instantâneas como WhatsApp e Telegram. Questionado pela BBC Brasil, o
ministro disse, no entanto, que não poderia esclarecer se houve
monitoramento desses aplicativos.
Nesta semana, o WhatsApp foi
tirado do ar por algumas horas, após decisão judicial, justamente por
sua resistência em quebrar a privacidade dos usuários para permitir
monitoramento de supostos criminosos - a empresa diz que, como as
conversas agora são criptografadas de ponta a ponta, ela não tem acesso
às conversas.
"Nós temos outros métodos de investigação", disse o ministro, sem especificar quais.
3) Qual era o contato com o Estado Islâmico?
Segundo
as investigações, não houve contato direto com os extremistas. Mas
alguns dos suspeitos fizeram juramento ao grupo pela internet - de
acordo com Moraes, isso foi realizado por meio de uma ferramenta online
padrão.
Ele não soube precisar o número, mas de quatro a seis indivíduos teriam feito o juramento.
Além
disso, um deles teria manifestado a intenção de ir ao exterior para
fazer contato com o grupo, mas dias depois desistiu por falta de
recursos para custear a viagem.
4) O que permitiu que eles fossem presos?
O
grupo detido nesta quinta-feira está sendo investigado com base em dois
artigos da recém aprovada lei 13.260, a Lei Antiterrorismo.
Segundo
o juiz Silva, um deles é o artigo 3º, que caracteriza como crime
"promover, constituir, integrar ou prestar auxílio" a organização que
realiza ataques terroristas. A punição varia de cinco a oito anos de
prisão e multa.
O outro é o artigo 5º, que descreve a ação
criminosa de "realizar atos preparatórios de terrorismo". A pena para
esse crime depende do ato que vinha sendo realizado pelo suspeito.
Segundo
o ministro Moraes, as pessoas presas trocaram mensagens em que
planejavam iniciar treinamento em artes marciais e em tiro.
Um deles enviou e-mail para uma loja de armas para comprar um fuzil AK-47, disse o ministro.
As autoridades não deram mais detalhes sobre a preparação dos supostos ataques.
5) Que tipo de ataque pretendiam executar?
Pelas
conversas monitoradas, o ministro identificou que o grupo teria mais
interesse em um ataque por tiros, já que discutiram sobre treinamento em
armas e um deles tentou comprar um AK-47.
Além disso, disse
Moraes, eles elogiaram nas conversas o ataque recente de um atirador
solitário em uma boate gay em Orlando, nos EUA, que terminou com 50
pessoas mortas. "Em nenhum momento eles falaram de bomba", notou o
ministro.
Em outro ataque recente, em Nice, na França, um homem atirou um caminhão contra uma multidão, matando 84.
6) Qual o nível de periculosidade do grupo?
Moraes
classificou o grupo de "célula absolutamente amadora" e
"desorganizada". Os suspeitos vivam em Estados diferentes e nunca tinham
se encontrado pessoalmente.
O ministro disse que não pode
detalhar quando teve início o monitoramento dos presos, mas revelou, por
exemplo, que as mensagens sobre treinamento em artes marciais e tiro
eram muito recentes.
"Aparentemente, era uma célula absolutamente
amadora, sem nenhum preparo. 'Vamos treinar artes marciais', essa
mensagem é recentíssima. E qualquer célula organizada não tentaria
comprar uma arma na internet. Até porque um deles estava no Paraná, mais
próximo de onde sabemos que infelizmente se compra muita arma, que é o
Paraguai", explicou.
Apesar do claro amadorismo dos suspeitos, o ministro disse que nenhuma ameaça, por mínima que seja, deve ser ignorada.
"Nenhuma
força de segurança séria pode ignorar, mesmo verificando que tudo
levaria a crer que não realizaria um ato sério, competente de
terrorismo, mas não seria de bom senso aguardar para ver", destacou.
7) Qual o grau de risco para a Olimpíada?
Moraes
informou que nem o governo brasileiro nem as agências internacionais
alteraram a classificação de risco de ataque no Brasil após essas
prisões.
Ele reiterou que "a questão da segurança pública (na
Olimpíada) é muito mais importante, gera muito mais preocupação que a
questão do terrorismo".
"Probabilidade mínima de ataque terrorista", disse ainda.
8) Quais serão as próximas etapas da investigação?
Além
das prisões, a Polícia Federal realizou uma série de mandados de busca e
apreensão. Os objetos coletados (entre eles computadores, celulares e
documentos) serão analisados e os suspeitos detidos, interrogados.
O objetivo é tentar verificar se eles realmente pretendiam realizar os atentados sobre os quais falaram na internet.
"Nem tudo que uma pessoa preconiza no mundo virtual, ela vai realizar no mundo real", disse o juiz.
Segundo ele, as prisões eram necessárias devido ao contexto mundial de ataques recentes.
Os suspeitos cumprirão prisão temporária de 30 dias - prorrogáveis por mais 30 - para que não atrapalhem as investigações.
As delegadas da Convenção do Partido Republicano defendem que o
provável candidato à presidência dos Estados Unidos pela legenda, o
empresário Donald Trump, é um aliado das mulheres e minimizaram a
importância da retórica machista que lhe rendeu uma impopularidade
recorde entre o eleitorado feminino.
Todas as delegadas e convidadas para a convenção com as quais a
reportagem da Agência Efe entrevistou rejeitaram categoricamente que o
emprésário tenha um discurso machista, com argumentos como seu apoio às
mulheres em suas empresas e a confiança que tem em sua filha Ivanka, uma
de suas principais assessoras.
Trump enfrenta a uma situação duplamente insólita: concorrerá à
presidência com a primeira mulher candidata por um grande partido, a
democrata Hillary Clinton, e o faz com uma impopularidade histórica
entre o eleitorado feminino, que supera os 70% em algumas pesquisas.
"Ele valoriza as mulheres muito mais do que Hillary, as mulheres, para
ela, não poderiam importar menos. Se é que há uma guerra contra as
mulheres (algo do qual os democratas acusam recorrentemente os
republicanos), essa guerra vem do Partido Democrata", comentou,
indignada, Barbara Heming, convidada pelos delegados da Flórida.
"Hillary não quer mulheres líderes, quer um governo com muito peso,
quer controlar os indivíduos, tirar seus direitos", acrescentou,
exibindo um vistoso chapéu vermelho com laço azul e adesivos de apoio a
Trump.
Sherry Ogrodnik, que a acompanhava, a interrompeu para acrescentar que
Trump tem "valores" como os que nos anos 80 a incentivaram a deixar de
ser democrata e passar a apoiar os republicanos, atraída pelas propostas
do presidente conservador Ronald Reagan.
Quando perguntadas se o magnata é suficientemente conservador em
assuntos sociais, ambas se apressaram em lembrar que essa dúvida ficou
liquidada no dia em que ele anunciou que seu candidato a vice-presidente
seria o governador de Indiana, Mike Pence, que acumula décadas de
batalha contra o aborto e o casamento gay.
Nos corredores da Quicken Loans Arena, que recebe a convenção, as
mulheres republicanas exibem com orgulho seu apoio a Trump, um candidato
que, segundo as pesquisas, é rejeitado por mais de 40% das
conservadoras por seu longo e documentado histórico de comentários
pejorativos sobre as mulheres, a quem com frequência julga apenas por
seu aspecto físico.
"Se ouvir tudo o que disse, a razão pela qual fez esses comentários foi
para obter muita atenção da mídia, para poder falar depois dos temas
importantes", justificou à Efe a jovem Nazly de la Hoya, delegada pelo
Texas.
Perguntada se, por ter origens mexicanas, se sentiu ofendida com os
insultos de Trump sobre os imigrantes desse país, ela sorriu, fez uma
pausa e se explicou.
"Não me senti ofendida, o que acontece é que Trump não teve filtro. Seu
ex-chefe de campanha dizia que tinha um cartaz no qual colocava 'deixem
que Trump seja Trump'. Muitas das coisas que disse eram só para que a
mídia falasse constantemente dele", alegou.
Nazly, que pertence a dois segmentos do eleitorado muito difíceis para
Trump, argumentou que não há nenhum conflito entre ser mulher e latina e
apoiar o magnata ou o Partido Republicano, que têm seu nicho de apoio
entre homens brancos.
Para Barbie Jones, uma designer de joias que vende suas criações na
praça de alimentação da convenção, Trump é um homem a quem admira por
"sua força e sua bondade" e porque "não tem medo de ser ele mesmo".
"Me fascina seu discurso a favor de que os produtos sejam fabricados
aqui, e não fora. Eu o faço com minhas joias, tudo é feito aqui porque é
bom para os empregos e porque as coisas são de melhor qualidade quando
feitas aqui", afirmou, enquanto mostrava um elegante bracelete com um
elefante, símbolo republicano, em prata.
A poucos passos de seu estande de joias estão as meninas da ONG Future
Female Leaders ("Futuras mulheres líderes"), um movimento social de
jovens conservadoras que visa convencer outras de que podem e devem ser
orgulhosas de serem republicanas.
"Nas universidades, as jovens republicanas podem se sentir em minoria,
não representadas, porque são espaços onde uma maioria é progressista,
sobretudo em temas sociais como o aborto. Nós queremos criar um orgulho
de ser republicana", contou à Efe Amanda Owens, fundadora do movimento.
Aos 18 anos, e já uma delegada substituta pelo estado do Texas,
Brittany Divver está acostumada a ser perguntada por amigas por que é
republicana. E responde de forma simples e direta: "Acredito nos valores
do partido".
O Exército israelense informou que disparou dois mísseis contra um drone
que entrou o seu espaço aéreo vindo da Síria. Segundo os militares,
dois mísseis Patriot foram lançados contra o drone a partir do sistema
de defesa aérea israelense nos Montes Golã. Os militares dizem que o
aparelho voltou para a Síria. Israel já abateu aeronaves síria no
passado. Em 2014, o país derrubou um drone e um jato sírio que tinham
entrado em seu espaço aéreo em duas ocasiões distintas. Israel
tem evitado tomar partido na guerra civil síria. No entanto, tropas
israelenses têm respondido a tiros de morteiros que atingem os Montes
Golã. Israel também alega que atingiu alvos ligados ao grupo militante
libanês Hezbollah localizados na Síria.
Monumento receberá iluminação especial por três dias.
Maior símbolo da França, a Torre Eiffel ficará iluminada com as cores
da bandeira francesa pelos próximos três dias, em homenagem às vítimas
do ataque em Nice. As cores branca, vermelha e azul iluminarão o
monumento por todo o período em que vigorar o luto nacional. Um homem de
31 anos, identificado como Mohamed Bouhlel, originário da Tunísia, mas
com cidadania francesa, jogou um caminhão contra uma multidão que aguardava as celebrações do feriado do Dia da Bastilha na avenida Promenade des Anglais.
Ele percorreu quase dois quilômetros a uma velocidade
de 80 km/h com seu caminhão e matou 84 pessoas. Outras 200 estão
feridas, sendo que 50 correndo risco de vida. Em 13 de novembro do ano
passado, Paris sofreu o maior atentado de sua história, organizado pelo
grupo extremista Estado Islâmico (EI, ex-Isis), com 130 mortos.
Brasileiro estaria por trás do planejamento dos ataques que deveriam ocorrer durante as Olimpíadas do Rio de Janeiro
Reprodução/Internet
Em 2015, ataques reivindicados pelo Estado Islâmico deixaram mais de 130 mortos na França
A facção terrorista Estado Islâmico, também conhecida por Daesh ou ISIS, responsável pelos recentes atentados no aeroporto de Istambul e
de Paris no ano passado, havia planejado novos ataques contra delegação
da França durante os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, informou um
novo relatório oficial da agência de inteligência do governo francês
nesta quarta-feira (13).
A
informação foi anunciada pelo chefe da Direção de Inteligência Militar
(DRM), general Christophe Gomart, durante uma audição, em maio, na
comissão parlamentar de luta contra o terrorismo, responsável por
investigar os atentados de 2015 na França. Na ocasião, os ataques foram reivindicados pelo Estado Islâmico e deixaram 130 pessoas mortas. O episódio é considerado um dos mais sangrentos da história recente do país.
Há
indícios de que um brasileiro poderia estar por trás dos ataques,
assegurou Gomart em declaração aos parlamentares. Não se sabe se o
brasileiro estaria sendo treinado remotamente ou em bases locais do
Estado Islâmico no oriente médio. De acordo com a agência ANSA, é
provável que ele estivesse fora do Brasil e já tenha sido detido. LEIA MAIS: Trump elogia ditador Saddam Hussein por matar terroristas
Em
nota, o jornal francês “Libération” afirmou que o diálogo entre Gomart e
os parlamentares não deixam claro a identidade desse suposto
brasileiro.
Dario Oliveira/Código19/Estadão Conteúdo - 7.5.16
Em maio, uma simulação de ataque terrorista foi realizada no metrô de São Paulo
Analistas
afirmam que pela grande concentração de turistas no País, os Jogos
Olímpicos do Rio de Janeiro, que ocorre entre 5 a 21 de agosto, podem
ser oportunos para atentados terroristas.
SEGURANÇA REFORÇADA
A
Abin (Agência de Inteligência brasileira) vem delineando estratégias
para reforçar a segurança durante os jogos. Em Junho, o ministro da
Justiça, Alexandre de Moraes, anunciou que o contingente de soldados da
Força Nacional de Segurança terá um reforço de mil homens de São Paulo
para a segurança do Rio de Janeiro.
Em abril, a Abin elevou o
risco de ataque do Estado Islâmico durante as Olimpíadas ao constatar
aumento no número de cidadãos brasileiros que se aliaram ao jihadista
Estado Islâmico. LEIA MAIS: Polícia Federal procura sírio suspeito de terrorismo no Brasil
O
ministro da Defesa do governo interino de Michel Temer, Raul Jungmann,
também admitiu que o Estado Islâmico é uma preocupação para o Brasil,
alertando que população não deve ignorar as ameaças.
*Com informações da Agência Ansa
Morreu na manhã de hoje (12) em Porto Alegre, aos 63 anos, a
intelectual e ativista do movimento negro Luiza Helena Bairros,
ex-ministra da Secretaria de Políticas Públicas da Igualdade Racial,
cargo que ocupou entre 2011 e 2014. Ela foi vítima de um câncer no
pulmão, contra o qual lutava havia três meses.
De acordo com informações da família, o corpo da ex-ministra será velado até amanhã (13), quando deve ser sepultado.
Uma
das principais personalidades brasileiras da luta contra o racismo,
Luiza passou os últimos anos em viagens pelo país realizando palestras e
trabalhando intensamente na articulação do movimento negro, atividade
que desempenhava há mais de 40 anos.
Durante sua passagem pelo
governo federal, foi responsável por criar o Sistema Nacional de
Promoção da Igualdade Racial (Sinapir), cujo objetivo é implementar
políticas públicas voltadas a proporcionar à população negra igualdade
de oportunidades e instâncias de combate à discriminação e à
intolerância.
A principal forma de atuação do Sinapir, conforme
defendia Luiza Bairros, é por meio da articulação com municípios e
governo estaduais, através da criação de órgão regionais para a promoção
da igualdade racial.
“Luiza foi uma incansável militante da
causa negra e da democracia brasileira. Sua obra permanece viva e
continua sendo um símbolo da luta contra o preconceito e em favor das
melhores causas da vida política nacional”, escreveu a presidenta
afastada Dilma Rousseff em nota na qual lamentou a morte da ex-ministra.
Natural
de Porto alegre, Luiza Bairros formou-se em administração pública pela
Universidade Federal do Rio Grande do Sul e era doutora em sociologia
pela Univesidade de Michigan (EUA). Entre 2001 e 2005, trabalhou em
programas da Organização das Nações Unidas (ONU) contra o racismo.
Com residência em Salvador, Luiza Bairros foi também um dos principais nomes do Movimento Negro Unificado (MNU).
“Perdi
uma mãe, uma amiga, uma companheira, uma referência para toda vida, a
mais ousada e primorosa combinação de inteligência, disciplina,
generosidade e coerência que o movimento negro produziu nos últimos 40
anos”, escreveu o assessor pessoal da ex-ministra, o advogado Felipe
Freitas, em sua conta no Facebook.
A defesa da ex-mulher de Fernando Collor, Rosane Collor, solicitou a
penhora do salário do senador na 27ª Vara de Família de Alagoas.
Uma
decisão transitada em julgado no Superior Tribunal de Justiça obriga
Collor a dar dois apartamentos de R$ 3,4 milhões, dois carros Toyota
Corolla, R$ 700 mil e uma pensão de 30 salários mínimos a Rosane.
Se Collor não aceitar pagar, no dia 8 de agosto, a Justiça deve arrestar seus bens. As informações são da coluna Painel, da Veja.
Os policiais do estado do Rio mataram ao menos 645 pessoas em 2015 e
mais de 8.000 na década passada, é o que denuncia um longo relatório
divulgado nesta quinta-feira pela ONG Human Rights Watch.
Diante destas cifras, fica a pergunta: é possível ser um bom policial no perigoso Rio de Janeiro?
A HRW denuncia em seu estudo as dezenas de execuções extrajudiciais
pelas mãos dos que devem proteger a população e a impunidade destes
crimes a menos de um mês da inauguração dos Jogos Olímpicos do Rio, no
dia 5 de agosto.
A HRW identificou 64 casos nos últimos oito anos, nos quais a polícia
do Rio tentou acobertar massacres ilegais e que deixaram 116 mortos,
incluindo ao menos 24 crianças.
"Matar criminosos era exigido por meus superiores como forma de
mostrar um bom desempenho", disse à HRW um dos mais de 30 policiais
entrevistados para o relatório, que não fornecem seu nome por medo de
represálias fatais de seus colegas.
"Danilo" (nome fictício), como é identificado este policial que
depois de se formar foi enviado a um dos bairros pobres mais perigosos
do Rio, disse ter participado de operações para matar traficantes de
drogas com a meta de diminuir a criminalidade.
Segundo este policial ainda em atividade, alguns de seus colegas
também sequestram traficantes, obtêm pilhagens e depois os matam. Outros
assassinam traficantes para ser reconhecidos como assassinos e,
portanto, poder extorqui-los mais facilmente.
Para esconder os crimes, os policiais às vezes plantam armas ou
drogas perto das pessoas que executaram. E, por vezes, ameaçam
testemunhas para que não contem a verdade.
Em 2011, por exemplo, torturaram e mataram o filho de 14 anos de uma
testemunha de uma execução na favela do Salgueiro para intimidá-la,
segundo apontaram ao HRW.
Para cada policial que morreu em serviço em 2015, a polícia matou 24
civis, uma taxa duas vezes maior que na África do Sul e três vezes maior
que nos Estados Unidos.
Os abusos cometidos por alguns policiais colocam em risco toda a
corporação e tornam ainda mais perigoso seu trabalho nas favelas, alerta
o HRW.
Com colegas assim, é difícil ser um policial honesto, afirma o
documento "O bom policial tem medo: os custos da violência policial no
Rio".
"As execuções ilegais pelas mãos de colegas policiais tornam um
trabalho já perigoso em ainda mais perigoso" e encorajam a ira da
população em relação às forças de ordem, afirma a HRW.
Em razão dos abusos policias, os moradores das favelas não alertam a
polícia do perigo, e os próprios criminosos não se rendem quando
suspeitam que serão torturados ou mortos.
A situação é especialmente complicada para os agentes que moram nas
favelas, que escondem suas identidades dos vizinhos e não podem se quer
lavar seus uniformes em casa.
Mas denunciar os colegas corruptos também pode levar à morte.
"O policial que quer fazer o seu trabalho direito no Rio de Janeiro
tem medo. Tem mais medo de seus colegas policia do que de outros
criminosos. Porque se denunciar um ato de delito por parte de outros
policiais - corrupção, execuções, torturas - corre risco de morte",
explicou à AFP César Muñoz, investigador do HRW responsável pelo
relatório.
O Procurador-Geral de Justiça do estado do Rio de Janeiro, Marfan
Martins Vieira, disse à ONG de defesa dos direitos humanos que uma
grande porcentagem dos tiroteios reportados pela polícia foram
"simulados", mas admitiu que seu gabinete denunciou um número muito
pequeno de homicídios cometidos pela polícia.
Vieira acusa a polícia civil, encarregada de investigar os
homicídios, de não realizar bem seu trabalho. Mas a HRW afirma que "a
responsabilidade por colocar fim a esta impunidade nos últimos tempos
recai sobre o gabinete do procurador-geral do Rio de Janeiro, que tem
autoridade legal para supervisionar o trabalho de investigadores
policiais, assim como de realizar suas próprias investigações".
Dos 64 casos identificados pela HRW, apenas oito foram a julgamento, e
apenas quatro terminaram com a detenção de policiais envolvidos em
assassinatos.
No entanto, a ONG elogiou algumas iniciativas recentes, como a
criação há seis meses de um grupo de fiscais para denunciar os abusos
cometidos por policiais e nas prisões um programa piloto que obriga os
policiais a trabalhar com câmeras instaladas em suas roupas.
O plenário do Senado aprovou hoje (5) as indicações presidenciais
para quatro diretorias do Banco Central (BC). O administrador Reinaldo
Le Grazie foi aprovado para a Diretoria de Política Monetária; o atual
procurador-geral do BC, Isaac Sidney Menezes Ferreira, foi aprovado para
a Diretoria de Relacionamento Institucional e Cidadania; o economista
Tiago Couto Berriel, assumirá a diretoria de Assuntos Internacionais e
de Gestão de Riscos Corporativos e o economista Carlos Viana de Carvalho
foi aprovado para a diretoria de Política Econômica.
Os quatro passaram por sabatina hoje mais cedo na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, onde também foram aprovados. Eles defenderam o controle da inflação, a responsabilidade fiscal e o câmbio flutuante, mas com intervenções no mercado.
O
administrador Reinaldo Le Grazie, indicado para a Diretoria de Política
Monetária, foi criticado por assumir cargo no BC depois de ser
diretor-superintendente da Bradesco Asset Management. O líder da
minoria, senador Lindbergh Farias (PT-RJ), argumentou, durante a
sabatina, que há conflito de interesse. No plenário, Lindbergh voltou a
criticar a aprovação de quatro novos diretores do banco antes da
conclusão do processo de impeachment.
“Me espanta ver que, ainda
na interinidade, o presidente interino Michel Temer mexe nos cinco
diretores do Banco Central. É, no mínimo, uma contradição com quem faz
esse discurso da independência do Banco Central. Podiam esperar o
julgamento da presidenta Dilma, que vai acontecer no final de agosto”,
disse.
O líder encaminhou voto contra a indicação de Le Grazie em
razão de sua ligação com o banco Bradesco, mas a favor das outras
indicações por se tratarem de funcionários de carreira do BC ou
provenientes da academia. “Quero demarcar aqui a nossa posição. Há uma
mudança de conteúdo no Banco Central, há uma entrega para o setor
privado desses importantes cargos para regulação no sistema financeiro”,
disse Lindbergh sobre o voto contra.
No entanto, todos os quatro
foram aprovados com placares de 53 favoráveis e nove contrários para Le
Grazie; 49 favoráveis e um contrário para Tiago Couto; 54 favoráveis
para Carlos Viana e quatro contrários; e 51 votos a favor e dois
contrários para Isaac Menezes.
Foi aprovado ainda, com 53 votos
favoráveis e cinco contrários, a indicação de Henrique Balduíno Machado
Moreira para exercer o cargo de Diretor da Comissão de Valores
Mobiliários (CVM).
Reforma do Maracanã saltou de R$ 705 milhões para R$ 1,2 bilhão.
Irregularidades constatadas na obra de reforma do Estádio do Maracanã
para a Copa do Mundo de 2014 poderão resultar no bloqueio de R$ 198
milhões em contratos das empreiteiras Odebrecht e Andrade Gutierrez com o
Governo do Estado do Rio, de acordo com informações do jornal O Globo deste domingo (3).
Nesta
terça-feira (5), o Tribunal de Contas do Estado decidirá, em sessão
plenária, o pedido de punição feito pelo conselheiro do tribunal José
Gomes Graciosa, relator dos processos sobre a reforma do estádio.
De
acordo com levantamento do relator, o contrato original informa que o
governo do estado deveria ter feito pagamento no valor de R$ 705 milhões
pela reforma do Maracanã. No entanto, a inclusão de 16 aditivos elevou a
reforma para R$ 1,2 bilhão. Entre 2010 e 2014, o TCE instaurou 21
processos, mas até hoje não tomou nenhuma decisão sobre o assunto.
Em
delação premiada, o ex-dirigente da Andrade Gutierrez Clóvis Renato
Peixoto Primo afirma que autorizou o pagamento de propina para o TCE no
valor de 1% do contrato do Maracanã, reformado em consórcio da empresa
com a Odebrecht e a Delta de Fernando Cavendish. Na delação, o executivo
diz, ainda, que pagou 5% de propina ao ex-governador Sérgio Cabral. Relatório
aponta sobrepreço de materiais, serviços desnecessários, pagamento
duplicado de itens e modificações entre o projeto básico e o executadoNo
pedido de bloqueio dos quase R$ 200 milhões das empreiteiras estão
listados pagamento duplicado de itens, realização de serviços
desnecessários e fictícios, sobrepreço de materiais, modificações entre o
projeto básico e o executado e problemas em rampas de acesso e
arquibancadas do estádio.
“O objetivo, como se vê, não era,
apenas, a realização de um evento futebolístico, mas propiciar o farto
desperdício de dinheiro público, o que, certamente, contribuiu em muito
para as dificuldades que hoje atravessam os estados que sediaram estes
eventos desportivos. É inegável e inevitável a afirmação de que melhor
seria se o Estado do Rio de Janeiro, um dos Estados sedes da Copa do
Mundo, tivesse gasto 1,2 bilhão de reais na saúde e educação”, diz o
relator no texto.
Atualmente, a Andrade Gutierrez e a Odebrecht
participam do consórcio para a Linha 4 do Metrô, BRT Transolímpico,
Parque Olímpico da Barra, despoluição das lagoas da Bara e Porto
Maravilha.
>>Ex-executivos da Andrade Gutierrez dizem ter pago propina a Sérgio Cabral
>>Supostas propinas a Cabral representam o emprego de 69 mil trabalhadores
>>Cabral recebeu propina em obras da Copa do Mundo, diz Odebrecht
>>Sérgio Cabral é foco de nova rodada de depoimentos da Carioca Engenharia
>>'Emissário' de Sérgio Cabral é citado em delações e relacionado em investigações
Pelo menos duas pessoas morreram e outras 26 ficaram feridas em um
ataque realizado por homens armados, reivindicado pelo grupo terrorista
Estado Islâmico (EI), contra um restaurante frequentado por estrangeiros
na região diplomática de Daca, em Bangladesh, e que continua em
andamento com reféns, informaram nesta sexta-feira várias fontes à
Agência Efe.
"Atendemos 28 feridos e dois deles morreram", disse Miraz Ul Islan,
gerente do United Hospital, localizado no bairro nobre de Gulshan, onde
acontece o ataque, e para onde estão sendo transferidas as vítimas, a
maioria policiais, de acordo com a imprensa local e uma testemunha
ouvida pela Efe.
Segundo fontes citadas pelo jornal "The Daily Star", os dois mortos são comandantes da Polícia.
O alvo do ataque é Holey Artisan Bakery, especializado na cozinha
mediterrânea cujos chefs são dois argentinos. Um deles, Diego Rossini,
estava no local no momento do incidente.
"Estão atirando. Por favor, chamem a polícia. Estou escondido no terraço", escreveu Rossini em uma rede social.
Horas mais tarde, ele confirmou pelo Facebook que tinha conseguido escapar do restaurante.
Um funcionário do Holey, Sumon Reza, disse ao "The Daily Star" que
vários homens armados com artefatos explosivos, pistolas e espadas
invadiram o restaurante às 20h45 locais (11h45 em Brasília).
Vários veículos da imprensa de Bangladesh e fontes oficiais afirmam que
há 20 reféns no estabelecimento, entre os quais estão vários cidadãos
estrangeiros. A polícia não confirma a informação.
O EI reivindicou a autoria do ataque em mensagem divulgada pela agência
jihadista Amac e compartilhada pela consultoria americana SITE
Intelligence Group através de sua conta no Twitter.
"Mais de 20 pessoas de diferentes nacionalidades foram assassinadas no ataque do EI em Daca", diz a mensagem.
As embaixadas da Espanha e dos Estados Unidos em Bangladesh divulgaram
mensagens através das redes sociais para alertar seus cidadãos que
evitem a região do restaurante.
Desde 2013, Bangladesh sofre uma onda de ataques relacionados com
radicais islamitas que se intensificou no ano passado. Os incidentes
levaram a polícia a organizar uma grande operação policial que terminou
com milhares de detidos. Algumas das ações foram reivindicadas pelo EI e
outras pela filial indiana da Al Qaeda.