O delegado Fábio Monteiro, de 38 anos, foi assassinado a poucos
metros da entrada da Cidade da Polícia, complexo que reúne várias
delegacias especializadas da Polícia Civil fluminense. O policial saiu
para almoçar na tarde desta sexta-feira (12), e seu corpo encontrado no
porta-malas de um carro, na favela do Jacarezinho, poucas horas depois.
A
Cidade da Polícia reúne 13 delegacias especializadas, além da
Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), e fica exatamente entre duas
grandes favelas que estão há anos dominadas por quadrilhas armadas.
Nos
fundos do complexo, está o conjunto de favelas de Manguinhos. À frente,
está a comunidade do Jacarezinho, onde o delegado foi morto.
A
chamada Cidpol foi inaugurada em setembro de 2013, com a proposta não só
de reunir várias unidades especializadas em um único espaço, mais
moderno e amplo. Mas fazia também parte de uma estratégia do governo
fluminense de aproximar unidades policiais de comunidades dominadas por
quadrilhas armadas.
Também fizeram parte dessa estratégia a
implantação de um complexo da Polícia Militar, na comunidade da Maré,
para abrigar a Coordenadoria de Operações Especiais.
Tanto o
complexo da Polícia Civil quanto o da Polícia Militar foram implantados
em uma época em que as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) prometiam
acabar com o controle territorial armado em várias favelas do Rio de
Janeiro.
A instalação de duas UPPs, uma no Jacarezinho e outra em
Manguinhos, prometiam garantir um cinturão de segurança para que os
agentes, delegados e peritos conseguissem entrar e sair da Cidade da
Polícia sem arriscar suas próprias vidas.
Mas quatro anos depois,
a UPP mostrou-se incapaz de garantir o controle efetivo do Estado nas
duas favelas e acabar com o controle territorial por quadrilhas armadas.
Tanto em Manguinhos quanto no Jacarezinho, as UPPs ainda existem, mas a
polícia hoje exerce pouquíssimo controle sobre tais territórios.
O
secretário estadual de Segurança do Rio de Janeiro, Roberto Sá, não
confirmou se Fábio Monteiro foi assassinado por ser policial. No
entanto, a morte de mais de 130 policiais militares no ano passado,
muitos deles vítimas de assalto, mostra que ser policial é uma profissão
de risco, mesmo quando o agente está de folga.
Durante o enterro
do delegado hoje, no Cemitério São Francisco Xavier, no Caju, o
secretário disse que vai estudar medidas para garantir a proteção dos
policiais que chegam e saem do trabalho na Cidade da Polícia e que
precisam passar em frente às duas comunidades.
“Vamos fazer uma
reunião na segunda-feira (15) para fazer um diagnóstico do entorno da
Cidade da Polícia, nessas áreas conflagradas e no seu entorno, para a
gente verificar, com o que a gente tem, como é possível tentar evitar
que isso ocorra de novo, melhorando a ostensividade, chamando a
prefeitura para fazer o ordenamento urbano”, disse.
Nenhum comentário:
Postar um comentário