terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Conselho decide manter promotor em investigação a Lula; entenda suspeitas contra ex-presidente

Uma decisão manteve, nesta terça-feira, o promotor Cássio Conserino - que intimou Luiz Inácio Lula da Silva a depor na semana passada - à frente das investigações do Ministério Público de São Paulo sobre o ex-presidente.
Conserino convocara Lula a prestar depoimento pela primeira vez como “investigado” no dia 17. O ex-presidente é suspeito de ocultar a posse de um triplex no Condomínio Solaris, no Guarujá, reformado pela construtora OAS.
Seu depoimento, porém, acabou sendo adiado por decisão do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) após um pedido do deputado Paulo Teixeira (PT), que argumentou que o promotor não poderia ter conduzido o inquérito porque este estaria correndo em uma vara diferente da que atua. Além disso, Teixeira alegava que Cosentino teria agido de forma irregular ao antecipar à revista Veja que denunciaria Lula por ocultação de propriedade.
A decisão do CNMP a favor da manutenção de Conserino no caso poderia abrir caminho para que o depoimento seja remarcado. Os conselheiros destacaram, porém, que a decisão é administrativa – e os advogados de Lula ainda podem levar o caso para a Justiça.
Nas últimas semanas, o nome do ex-presidente apareceu em notícias sobre pelo menos seis investigações - sendo a maior parte delas ligadas à existência de supostas relações indevidas com construtoras envolvidas no escândalo de corrupção na Petrobras.
Lula não é réu em nenhum processo até o momento.
Aliados e simpatizantes do ex-presidente acusam a imprensa e autoridades ligadas às investigações de uma ação política para manchar o nome do ex-presidente (candidato natural do partido nas eleições de 2018).
Segundo o presidente do PT, Rui Falcão, Lula seria vítima de uma tentativa de "linchamento moral". Uma prova de que essas seriam "ações políticas", segundo seus simpatizantes, seria o fato de acusações contra opositores receberem menos atenção.
Mas, afinal, quais são as suspeitas contra o ex-presidente? O que dizem os que o acusam - e como ele responde? Confira abaixo:

1) MP de São Paulo e o triplex: Quais as suspeitas contra Lula?

O Ministério Público de São Paulo intimou o ex-presidente e sua mulher, Marisa Letícia, além de José Adelmário Pinheiro, o Léo Pinheiro, da empreiteiro da OAS, a prestarem depoimento sobre o tríplex 164-A do Condomínio Solaris, na praia de Astúrias (Guarujá).
A suspeita da Promotoria é que o imóvel estaria sendo reformado pela OAS para Lula - e o presidente estaria escondendo a posse do triplex.
Seriam chave nas acusações os depoimentos de funcionários do condomínio ou ligados a OAS de que Lula e Marisa teriam estado no tríplex para supervisionar sua reforma.
De acordo com alguns desses funcionários, a OAS também teria pedido que não se falasse sobre a ligação do imóvel com o ex-presidente. O jornal O Globo diz que Lula teria ido ao apartamento três vezes.
A Veja publicou no último fim de semana que mensagens apreendidas no celular de Léo Pinheiro indicariam que ele discutiu com funcionários da OAS supostas exigências de Lula e Marisa para a reforma do triplex e de um sítio em Atibaia (ver abaixo).

O que o ex-presidente alega?

Segundo o Instituto Lula, em 2005 Marisa tornou-se associada à cooperativa Bancoop, então responsável pela construção do Solaris, adquirindo uma cota-parte do empreendimento. A Bancoop teria reservado o apartamento 141 (padrão) para sua família, a qual teria pago um total de R$ 179 mil à cooperativa.
Em 2009, o Solaris foi transferido para a OAS em função de problemas financeiros da Bancoop. Depois disso, a família teria decidido não comprar a unidade 141.
A cota-parte do empreendimento foi declarada no Imposto de Renda do presidente e em sua declaração de bens como candidato à reeleição. "O ex-presidente jamais ocultou seu único e verdadeiro patrimônio no Guarujá: a cota-parte da Bancoop", diz uma nota do instituto.
Lula e Marisa teriam visitado uma única vez o triplex 164-A para avaliar a possibilidade de compra, mas não compraram o imóvel e, em novembro, desistiram definitivamente de seu "direito de compra" no Solaris.

2) Operação Triplo X: O que há contra Lula?

Diretamente, nada. Mas um dos focos da 22ª etapa da operação Lava Jato, batizada de Triplo X, é justamente o condomínio Solaris e os procuradores são ambíguos ao serem questionados se o presidente é um de seus alvos.
O procurador Carlos Fernando Lima, por exemplo, depois de receber uma pergunta sobre o tema, disse, de acordo com o jornal Folha de S. Paulo: “Investigamos fatos. Se houver apartamento lá que esteja em seu nome ou negociado com alguém da sua família, como todos os outros (será investigado). Temos indicativos do uso desses apartamentos para lavagem de dinheiro.”
Segundo o juiz Sérgio Moro, os procuradores investigam se a OAS teria utilizado o Solaris "para repasse disfarçado de propina a agentes envolvidos no esquema criminoso da Petrobras".
Também é investigada na operação a offshore Murray, com sede no Panamá, dona de outro triplex no Solaris (não o 164-A). Ela teria sido aberta pela empresa Mossack Fonseca, que teria ligações com empreendimentos da Bancoop.
Segundo os procuradores, também há a suspeita de que alguns imóveis do Solaris poderiam estar relacionados à mulher e à cunhada de João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT que já comandou a Bancoop e é acusado de participar dos desvios da Petrobras (ele está preso).
Seu advogado, porém, defende que a Triplo X não tem "nenhuma suspeita" contra Vaccari e nenhuma "denúncia formal" contra a Bancoop.

O que a defesa do ex-presidente diz?

Segundo o Instituto Lula, as investigações sobre os apartamentos da Murray não são novas.
"Mesmo que tenham vindo a público agora, em meio a um noticiário sensacionalista, estes fatos nada têm a ver com o ex-presidente Lula, sua família ou suas atividades (...). Lula sequer é citado nos pedidos da força-tarefa e na decisão do juiz Moro", diz nota do Instituto.
"O que isso significa? Primeiro, que fracassaram todas as tentativas de envolver o nome do ex-presidente no processo da Lava Jato, apesar das expectativas criadas pela imprensa, pela oposição e por alguns agentes públicos partidarizados, ao longo dos últimos dois anos."
"(Também), que aos adversários de Lula (...) restou o patético recurso de procurar um crime num apartamento de 215 metros quadrados que nunca pertenceu a Lula. A mesquinhez dessa 'denúncia' (...) é o final inglório da maior campanha de perseguição que já se fez a um líder político neste país."
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, também saiu em defesa de Lula, pedindo um fim às “especulações e ilações”.
A presidente Dilma Rousseff seguiu a mesma linha: "Ao contrário do (que ocorria no) mundo medieval, (hoje) o ônus da prova é de quem acusa", disse.

3) O Sítio de Atibaia: Quais as acusações contra Lula?

Segundo a Folha de S. Paulo, testemunhas ouvidas pelo Ministério Público disseram que um consórcio de empresas do qual fariam parte a OAS e a Odebrecht fizeram uma ampla reforma em um sítio em Atibaia bastante usado pelo ex-presidente e seus familiares.
Ainda segundo a Folha, a ex-dona de uma loja de material de construção em Atibaia disse que a Odebrecht bancou R$ 500 mil em produtos para a obra, embora a empresa negue.
Moro autorizou a abertura de uma investigação da Polícia Federal sobre a reforma no âmbito da Lava Jato.
O sítio está em uma área de 173 mil m² dividida em duas partes. Ele pertence oficialmente a dois sócios de um dos filhos de Lula: Fernando Bittar (filho do ex-prefeito de Campinas e amigo de Lula, Jacó Bittar) e Jonas Suassuna, primo do ex-senador Ney Suassuna.
A suspeita levantada por reportagens recentes, porém, é que o ex-presidente poderia ser o verdadeiro dono do sítio.
O jornal O Estado de S. Paulo, por exemplo, diz que em 2011, quando Lula deixou o Planalto, parte de sua mudança teria sido levada para Atibaia.
Segundo a revista Época, Lula e a família teriam ido ao sítio 111 vezes desde 2012. O levantamento foi feito a partir dos dados das diárias dos integrantes da equipe de segurança do ex-presidente.

O que a defesa de Lula alega?

Lula de fato frequenta o sítio, que seria de propriedade de amigos da família.
"A tentativa de associá-lo a supostos atos ilícitos tem o objetivo mal disfarçado de macular a imagem do ex-presidente", diz nota do Instituto Lula.
"Não verificamos se a conta da Época está correta, mas sempre dissemos que o ex-presidente frequenta o sítio. Frequentar não o faz proprietário e o fato de haver um registro público dos servidores que acompanham o ex-presidente mostra que essas visitas nunca foram clandestinas", completa a assessoria de imprensa do instituto.
Os advogados de Suassuna e Bittar dizem que os dois serão ouvidos pela força tarefa da Lava Jato e que apresentarão provas de que o sítio lhes pertence.

4) Operação Acarajé: Quais as acusações contra Lula?

O relatório anexado ao inquérito da 23ª fase da Lava Jato – batizada de Acarajé – diz que Lula deve ser investigado pelo “possível envolvimento” em “práticas criminosas”, mas "com parcimônia".
A operação, deflagrada nesta segunda-feira, levou à prisão do marqueteiro João Santana, que trabalhou em campanhas de Lula e Dilma.
As suspeitas contra o ex-presidente surgem de uma anotação em uma planilha de computador de 2012 de uma administradora de empresas que manteria “vínculo empregatício” com a Odebrecht.
"Prédio (IL): 12.422.000”, diz a nota. Os policiais suspeitam que IL “pode ser uma alusão Instituto Lula” e o número seria referente a um pagamento em reais (R$ 12,4 milhões).
Eles também mencionam uma mensagem encontrada no celular de Marcelo Odebrecht em que ele citaria um “prédio novo” em 2010.
Os policiais suspeitam que a Odebrecht poderia ter financiado uma obra para o Instituto Lula ou a compra de uma propriedade, mas o relatório faz a ressalva ao falar do ex-presidente: "É importante que seja mencionado que a investigação policial não se presta a buscar a condenação e a prisão de 'A' ou 'B'. O ponto inicial do trabalho investigativo é o de buscar a reprodução dos fatos. (...) Se eles indicarem a inexistência de ilegalidades, é normal que a investigação venha a ser arquivada".

O que Lula diz?

O Instituto Lula diz que em 2010 ainda não existia e que nunca construiu nenhum prédio.
“Desde que foi criado, em 2011, o Instituto Lula funciona em um sobrado adquirido em 1991 pelo antigo Instituto de Pesquisas do Trabalhador. No mesmo endereço funcionou, por mais de 15 anos, o Instituto Cidadania”, diz a nota.
“Originalmente, era um imóvel residencial, semelhante a outros no bairro Ipiranga (…). Portanto, não há sentido em fazer ilações sobre velho imóvel.”

5) Operação Zelotes: Quais as acusações contra Lula?

O delegado da Polícia Federal Marlon Cajado informou à Justiça que há um inquérito em curso para investigar a eventual participação do ex-presidente e outros agentes públicos no suposto esquema de compra de medidas provisórias investigado pela operação Zelotes.
Lula era presidente quando foram editadas as medidas provisórias sob suspeita (a MP471 / 2009 e a MP512/2010), que beneficiavam montadoras.
Em janeiro, ele prestou depoimento na condição de "informante", não de "investigado".
Um dos lobistas presos na operação, Mauro Marcondes, teria pago, por meio de sua empresa (Marcondes e Mautoni), R$2,5 milhões à empresa LFT Marketing Esportivo, do filho caçula de Lula, Luís Claudio, supostamente por serviços de consultoria.
Segundo um relatório da PF divulgado pela imprensa, os documentos resultantes da consultoria teriam trechos copiados de fontes da internet, entre elas a Wikipédia.

O que a defesa do ex-presidente diz?

"Nada justifica a conduta do Delegado Federal Marlon Cajado ao afirmar que o ex-presidente Lula seria investigado no inquérito", disse o advogado do ex-presidente, Cristiano Zanin Martins, segundo nota do Instituto Lula.
"O ex-presidente foi ouvido no dia 6 de janeiro na condição de informante, sem a possibilidade de fazer uso das garantias constitucionais próprias dos investigados. Não há nenhum elemento que justifique a mudança do tratamento", completou Martins.
O Instituto Lula também diz que o contrato entre a empresa do filho de Lula e o escritório de Marcondes é de 2014.
"Em outubro de 2015, o O Estado de S. Paulo tentou vincular a MP de 2009 a um contrato assinado em 2014 entre a LFT Marketing Esportivo, de Luiz Cláudio, filho de Lula, e o escritório Marcondes e Mautoni, investigado na Zelotes (...). Os jornalistas estão sendo processados por Luís Cláudio", diz outra nota.

6. MPF-DF e tráfico de influência: Quais as suspeitas?

Um inquérito do Ministério Público do Distrito Federal (MPF-DF) foi aberto em julho para investigar se Lula teria feito tráfico de influência em favor da Odebrecht.
O órgão investiga viagens internacionais do ex-presidente bancadas pela empresa a países como Cuba, República Dominicana, Gana e Angola.
Segundo reportagem da revista Época em maio, documentos indicariam que o BNDES fechou o financiamento de pelo menos US$ 1,6 bilhão para obras da Odebrecht após Lula ter se encontrado com líderes de Gana e da República Dominicana em viagens bancadas pela construtora.
Em outubro, Lula prestou depoimento sobre o tema voluntariamente no MPF-DF.
No último fim de semana, a Época publicou que as mesmas investigações teriam indícios de que a Odebrecht teria se valido da “influência e trânsito” do ex-presidente para “poder obter o pagamento de quantia recebida pelo país (para obras da empreiteira) do BNDES”.
A reportagem faz a ressalva, porém, de que as investigações “ainda não são definitivas”.

O que Lula alega?

A defesa do ex-presidente diz que vai denunciar o MPF-DF ao Conselho Nacional do Ministério Público por “abusos e ilegalidades”.
A Odebrecht e o ex-presidente dizem que ele teria sido pago para dar palestras nesses países.
“A se acreditar na revista (...), a PRDF consumiu dez meses de ‘investigações’, custeadas com dinheiro público, para concluir que Lula teria, hipoteticamente, ajudado o BNDES a receber parcelas atrasadas do governo da Venezuela”, diz uma nota do instituto.
“Tratar tal hipótese como crime seria desmerecer não só o dever de imparcialidade do MP mas até a capacidade cognitiva de alguns de seus membros.”

domingo, 21 de fevereiro de 2016

Vazamento de grandes proporções atinge todos os andares da Biblioteca Nacional

Servidores denunciam problemas com manutenção em prédio centenário

Um dos maiores patrimônios públicos do país, a Biblioteca Nacional, no centro do Rio, tem sido atingida frequentemente pelas chuvas de verão deste ano. Na última sexta-feira (19), a Associação de Servidores da Fundação Biblioteca Nacional (ASBN) denunciou os problemas com a manutenção do prédio centenário da Cinelândia e publicou em sua página do Facebook fotos que mostram vazamentos até mesmo no quinto andar do edifício.
Ainda de acordo com a ASBN, o prédio não possui laudo de vistoria predial, engenheiro responsável pelo edifício. "A ASBN quer explicações e garantias para que servidores e colaboradores possam trabalhar em segurança", reivindica a associação.
Associação postou no Facebook imagens que mostram diversas áreas atingidas pelas chuvas recentes
Associação postou no Facebook imagens que mostram diversas áreas atingidas pelas chuvas recentes
A ASBN publicou manifesto em sua página:
"Desde 2012 vimos alertando sobre diversos acidentes que vem ocorrendo no prédio, tanto interna quanto externamente. Os vazamentos e outros fatos (elevadores precários, sistema elétrico inadequado, equipamentos de ar obsoletos..) vem trazendo intranquilidade e iminência de riscos a servidores e trabalhadores do prédio-sede, pois a Direção não dispõe de engenheiro qualificado, responsável pela edificação. O edifício data de 1907, desconhecemos qualquer laudo de vistoria predial que nos garanta segurança para permanecermos ali.
Tragédias são noticiadas todos os dias envolvendo desabamento, queda de coberturas, marquises, vazamentos e INCÊNDIOS!
A completa falta de atenção e descuido com a manutenção dos prédios da Biblioteca Nacional vem agravando a situação e aumentando a insegurança de todos.
NÃO POSSUÍMOS ALVARÁ DOS BOMBEIROS! NÃO POSSUÍMOS LAUDOS DE VISTORIA PREDIAL!
Essas negligências revertem-se em grandes prejuízos aos COFRES PÚBLICOS e podem gerar acidentes com danos irreversíveis e perdas de vidas !
O acervo está morrendo! A Real Biblioteca e todas as coleções formadoras vêm sofrendo com as altas temperaturas dos armazéns, vazamentos e fungos!
Temos que salvar a BIBLIOTECA NACIONAL ! Ela é um dos MAIORES TESOUROS DA HUMANIDADE!
BASTA DE DESCASO!"

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Força curdo-árabe conquista cidade controlada pelo EI na Síria

As Forças da Síria Democrática (FSD), uma coalizão armada curdo-árabe apoiada pelos EUA, anunciaram nesta sexta-feira que conquistaram a cidade de Al Shadadi, principal reduto do grupo terrorista Estado Islâmico (EI) na província nordeste síria de Al Hasaka.
Um comandante do Conselho Militar Siríaco Sírio (CMSS), Kino Gabriel, explicou à Agência Efe por telefone que as FSD, às quais pertence sua milícia, conseguiram dominar Al Shadadi, localizada no sul de Al Hasaka, após iniciar ontem o ataque contra o local.
Gabriel destacou que agora os combatentes das FSD "limpam" a cidade para consolidar a vitória.
As FSD são uma aliança integrada por organizações curdas, árabes e assírias (grupo étnico de credo cristão), que contam com o respaldo aéreo da coalizão internacional contra o EI, liderada pelos EUA.
Anteriormente, as FSD revelaram em comunicado divulgado em sua página no Facebook que tinham cercado Al Shadadi, após conquistarem na quinta-feira várias localidades e fazendas das imediações da cidade, como Al Mansura, Al Jalidiya, Badran e Tel Mania.
As FSD também bloquearam totalmente a estrada que liga Al Shadadi com Mossul, o reduto mais importante do EI no Iraque.
Essa coalizão armada, cujo componente principal é a milícia curdo-síria Unidades de Proteção do Povo (YPG, sigla em curdo), lançou no último dia 16 uma ofensiva para "libertar o sul de Al Hasaka do EI e restabelecer a segurança e a estabilidade", segundo o texto.
Essa força, cujo componente principal é a milícia ++kurdosiria++, Unidades de Proteção do povo / cidade (++YPG++, em sua sigla em curdo), iniciou no último dia 16 uma ofensiva para "liberar / libertar o sul de Ao Hasaka do '++dáesh++' (acrônimo em árabe de Estado Islâmico) e restabelecer a segurança e a estabilidade", segundo anunciou.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Como o PMDB do Rio se tornou boia de salvação de Dilma

O deputado federal Leonardo Picciani foi reeleito nesta quarta-feira à liderança do PMDB na Câmara dos Deputados, em uma vitória de Dilma Rousseff - e em mais um indicativo da importância do PMDB do Rio de Janeiro, ao qual Picciani pertence, para sustentar o governo da presidente.
Bombardeada por todos os lados, Dilma encontrou no PMDB fluminense seu principal apoio político contra o impeachment.
O governador Fernando Pezão, o prefeito da capital, Eduardo Paes, e o clã Picciani se tornaram fiéis soldados na luta pela manutenção do mandato da presidente.
A vitória de Picciani é fundamental para Dilma, pois são os líderes dos partidos que escolhem os membros da comissão especial da Câmara que emitirá um parecer recomendando ou não a abertura de um processo de impeachment contra a presidente – e o PMDB é o partido com direito a mais indicações, ao lado do PT (oito cada).
Era tamanha a importância dessa disputa que o secretário de governo de Paes, Pedro Paulo Carvalho, e o secretário estadual de Esporte e Lazer, Marco Antônio Cabral (filho do ex-governador Sérgio Cabral), foram exonerados de seus cargos para reassumirem seus mandatos de deputado e votarem em Picciani. Passada a eleição, voltarão a seus cargos. O ministro da Saúde, Marcelo Castro, indicado por Picciani, fará o mesmo.
Na visão de analistas políticos, o apoio à administração federal petista reflete uma perene aliança que tem trazido benefícios para os dois lados desde 2007, quando Cabral assume o governo do Rio pela primeira vez e forja uma relação bastante próxima com o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Dados do Tesouro Nacional revelam uma explosão nos repasses de recursos voluntários da União para o Rio de Janeiro a partir da aliança Lula-Cabral (veja os números ao longo desta reportagem).
E em tempos de forte crise financeira, a parceria se mostra mais uma vez vantajosa para o Rio – o governo Dilma acaba de autorizar que o Estado contraia dívida de R$ 3,5 bilhões a longo do ano. A primeira parcela, de R$ 1 bilhão, deve ser liberada em breve pelo Banco do Brasil.
O cientista político Geraldo Tadeu Monteiro, do Iuperj (Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro), observa que, após a redemocratização do país, com a administração José Sarney (1985-1990), quase sempre o governo do Rio esteve em oposição ao governo federal, o que prejudicou o Estado em termos de captação de recursos federais.
  • Siga a BBC Brasil no Facebook e no Twitter
  • Leia também: Sitiado por obras olímpicas, morador tem de mostrar credencial para entrar na própria casaIsso mudou substancialmente com a eleição de Cabral, que antes era um forte crítico de Lula, mas passou a apoiá-lo no segundo turno da eleição de 2006, quando o petista se reelegeu presidente.
    "Desde então, o Rio passou a ser beneficiado enormemente com vários convênios e acordos com o governo federal, não só para a Olimpíada e a Copa do Mundo, mas também obras do PAC, do programa Minha Casa, Minha Vida", nota Monteiro.
    "E, internamente, a aliança deu frutos tanto ao PMDB, como ao próprio PT, que ampliou a sua presença política no Estado, elegendo vários prefeitos, como em Niterói, com apoio do Cabral. Houve uma aliança política muito proveitosa para ambos os lados", resume.
    E a "sorte" de Dilma, ressalta o professor do Iuperj, é que o PMDB do Rio é a seção mais forte dentro do partido – não só detém o governo e a Prefeitura da capital, como elegeu o maior número de deputados federais dentro da legenda (9). "Isso contrabalança a influência de setores antidilmistas dentro do partido", afirma.

    Mudança de lado

    Curiosamente, a principal oposição à presidente parte justamente de outra liderança do PMDB do Rio, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, responsável por deflagrar o trâmite do impeachment.
    No entanto, Cunha foi alvo de uma série de denúncias de corrupção no ano passado, o que acabou levando à diminuição da sua influência dentro do PMDB.
    O próprio clã Picciani esteve ao seu lado nas eleições de 2014, contra Dilma, apoiando o candidato tucano Aécio Neves, mas o abandonou após as denúncias.
    Leonardo Picciani, que foi eleito líder da bancada do PMDB no ano passado com apoio de Cunha, depois se tornou principal interlocutor do governo dentro da Câmara, tendo indicado os ministros da Saúde, Marcelo Castro, e da Ciência e Tecnologia, Celso Pansera.
    Cunha tentou, sem sucesso, tirar a liderança do partido de Picciani apoiando a candidatura (derrotada nesta quarta-feira) do jovem deputado Hugo Motta (PMDB-PB).
    "O grupo do Picciani é muito pragmático. Quando a situação de Cunha ficou insustentável, ele viu que a única possibilidade de se fortalecer era aderindo ao governo", afirma a deputada Clarissa Garotinho (PR-RJ), adversária política do clã.
    Picciani justifica seu voto em Aécio em 2014 ao fato de o PT ter lançado a candidatura de Lindberg Farias ao governo do Rio contra a reeleição de Pezão – o governador, porém, manteve seu apoio a Dilma junto com Paes.
    "O que nos une ao governo (agora) é o princípio de que a presidenta venceu as eleições legitimamente, inclusive contra o meu voto, por decisão da maioria, e isso deve ser respeitado", afirmou Picciani à BBC Brasil.
  • Leia também: Novo tratamento contra câncer nos EUA dá esperança a pacientes terminais de leucemia

    'Distorção'

    O deputado reconhece que o Rio se beneficiou da parceria entre os governos e diz que isso é uma correção de uma "distorção do passado".
    "É inegável que o Rio de Janeiro foi muito prejudicado durante anos por conta de brigas políticas. Os políticos se desentendiam, e o Estado perdia oportunidade."
    "Acho que a partir do governo Cabral isso foi reposicionado da forma como deve ser. O Rio de Janeiro é a segunda maior economia do país, tem uma população de quase 17 milhões de brasileiros e deve ser tratado com essa dimensão", acrescentou.
    Em nota, o governo do Rio de Janeiro divulgou posicionamento semelhante: "O Estado viveu um isolamento político durante décadas, que impedia o seu desenvolvimento econômico e social. As transformações, iniciadas há nove anos e dois meses, só foram possíveis por causa da união das três esferas de governo".
    O comunicado destaca ainda a importância dessa parceria para enfrentar a atual crise: "Apesar da realidade econômica, tanto o Estado do Rio quanto a União vêm fazendo um grande esforço para manter todas as conquistas. São grandes os desafios pela frente, mas o avanço só é possível se houver integração".
    O Palácio do Planalto não quis se manifestar, e a Prefeitura o Rio não retornou até o fechamento desta reportagem.

    Alta de 420%

    As transferências discricionárias (que não são obrigatórias) da União para o Estado do Rio cresceram 420% no segundo mandato de Lula (2007-2010) em comparação ao primeiro (2003-2006), passando de R$ 755,8 milhões para R$ 3,9 bilhões, de acordo com dados do Tesouro Nacional, atualizados pela inflação.
    A alta – registrada exatamente no primeiro governo Cabral – foi bem superior à média dos outros Estados, já que o total desses repasses para o conjunto das unidades federativas cresceu no mesmo período 111%, para R$ 46,7 bilhões.
    Com isso, a fatia do Rio nas transferências voluntárias da União para Estados pulou de 3,4% para 8,4%.
    No primeiro mandato de Dilma Rousseff (2011-2014), os repasses para o Rio recuaram (R$ 2,9 bilhões), mas se mantiveram bem acima do patamar anterior à administração Cabral, representando ainda 6,8% do total repassado aos Estados (R$ 42,6 bilhões).
    O Ministério da Fazenda informou que não tinha dados prontos quantos aos repasses para a Prefeitura do Rio e por isso não poderia disponibilizá-los antes do fechamento desta reportagem.

    Eleições e Olimpíada

    Dois eventos importantes que ocorrem neste ano – eleições municipais e Olimpíada – também têm um papel importante na aliança entre a administração Dilma e o PMDB do Rio.
    Paes lançou como candidato a sucedê-lo seu secretário de governo, Pedro Paulo Carvalho, apesar das denúncias de agressão contra sua ex-mulher. A escolha tem sido alvo de muitas críticas, mas a expectativa é de que o PT mantenha seu apoio ao candidato, o que já foi sinalizado publicamente pelo presidente estadual do partido, Washington Quaquá.
    Fora isso, o sucesso da Olimpíada é de interesse das três esferas de governo. Os dados mais atualizados, de agosto de 2015, indicam que no total serão investidos cerca de R$ 38 bilhões na realização da competição, somando gastos com infraestrutura, com instalações esportivas, entre outros. Parte dos recursos vem da iniciativa privada e parte dos governos municipal, estadual e federal.
    Empréstimos concedidos pelo governo federal à Prefeitura do Rio para obras de legado (urbanização, saneamento e mobilidade urbana) somam cerca de R$ 7,3 bilhões, informou a Secretaria Municipal de Fazenda. Eles serão pagos em até 20 anos.
    Além disso, ainda de acordo com o órgão, a União está investindo de recursos próprios R$ 3,1 bilhões, dos quais 55% já foram pagos ou liberados. Esses investimentos envolvem também obras de urbanização e mobilidade, mas o grosso se destina aos parques olímpicos da Barra e Deodoro (R$ 1,7 bilhão).
  • Leia também: Entenda a ‘mini guerra mundial’ que ocorre na Síria

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Austrália apreende US$ 700 milhões em droga escondida em enchimento de sutiãs

Polícia achou 720 litros de metanfetamina chegando de Hong Kong; país tem um dos maiores índices de consumo da droga

BBC
Em dezembro, polícia de fronteiras encontrou 190 litros da droga escondidos em contêiner com enchimentos de gel
Australian Federal Police
Em dezembro, polícia de fronteiras encontrou 190 litros da droga escondidos em contêiner com enchimentos de gel
A Polícia Federal da Austrália anunciou nesta segunda-feira (15) uma das maiores apreensões de drogas da história do país graças ao confisco de mais 720 litros de metanfetamina escondida em um carregamento de gel para enchimentos de sutiã.
O carregamento, vindo de Hong Kong, foi avaliado em pelo menos US$ 700 milhões pelas autoridades australianas - também havia droga escondida em tubos de cola escolar. Quatro pessoas, todas de nacionalidade chinesa, foram presas sob acusação de envolvimento com a importação e produção da droga, que é ilegal no país.
A droga é usada para combater a fadiga, como estimulante e também como moderador de apetite; também é conhecida nas ruas como "ice" ou "speed".
Quatro pessoas de origem chinesa foram presas durante a operação
Australian Federal Police
Quatro pessoas de origem chinesa foram presas durante a operação
Consumo
De acordo com o ministro da Justiça local, Michael Keenan, a metanfetamina poderia ter atingido um valor de mercado superior a US$ 1 bilhão se vendida nas ruas.
"Hoje foi um ótimo dia para as forças policiais australianas e um péssimo dia para o crime organizado. Mostramos hoje que temos os recursos e os poderes para frustrar as pessoas querendo explorar o mercado de drogas na Austrália", disse o ministro, informando que os suspeitos poderão ser condenados à prisão perpétua.
As autoridades australianas foram alertadas pela primeira vez em dezembro, quando a polícia de fronteiras encontrou 190 litros da droga escondidos em um contêiner com enchimentos de gel.
A descoberta deu origem a uma ampla operação envolvendo várias forças policiais australianas, que acabaram encontrando 530 litros adicionais em cinco armazéns em subúrbios de Sydney.
A Austrália é um dos países com maior índice de consumo de metanfetaminas. Segundo estatísticas do Ministério da Justiça, pelo menos 1,3 milhão de pessoas no país já usaram ice ou speed e pelo menos 400 mil pessoas o fizeram nos últimos 12 meses.
Droga poderia ser vendida por mais de US$ 1 bilhão nas ruas, segundo Ministro da Justiça
Australian Federal Police
Droga poderia ser vendida por mais de US$ 1 bilhão nas ruas, segundo Ministro da Justiça
Por causa da demanda e da vigilância das autoridades, o preço da droga disparou no país: estima-se que uma grama de metanfetamina custe US$ 500 nas ruas australianas, mais de seis vezes o preço pago na China, por exemplo.
O mercado australiano é atraente para traficantes, que tentam chegar a ele através de triangulações por países da Ásia.

sábado, 13 de fevereiro de 2016

Oposição acelera plano para destituir Maduro após decisão da Justiça

A oposição política venezuelana reagiu nesta sexta-feira (12) à decisão da Suprema Corte do país, que validou a "emergência econômica" decretada pelo presidente Nicolás Maduro após o Parlamento ter rejeitado-a.
Após a decisão judicial favorável ao presidente, a Assembleia Nacional, controlada pela oposição, anunciou que acelerará o plano para a "saída" de Maduro antes do término de seu mandato.
O projeto de destituição foi apresentado no início deste mês, e a bancada opositora agora diz que o prazo de seis meses para uma solução "constitucional" para antecipar o fim do governo de Maduro "é longo demais".
O presidente da Assembleia Nacional, Henry Ramos Allup, fez o anúncio durante entrevista coletiva convocada para rejeitar a decisão do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), a qual ele chamou de "inconstitucional".
"Nos próximos dias teremos que oferecer uma proposta concreta para a saída desta desgraça nacional que é o governo de Nicolás Maduro", disse o deputado.
Allup afirmou também que denunciará a decisão do TSJ, que deixa sem efeito o que foi determinado na Assembleia, em órgãos internacionais como a Organização dos Estados Americanos (OEA).
Decreto de emergência
Maduro havia decretado "emergência econômica" em 15 de janeiro, mas a Assembleia Nacional, liderada pela oposição, rejeitou a medida na semana seguinte, alegando que a medida não oferecia soluções reais para a recessão, a escassez de produtos e a inflação.
Com o decreto de "emergência econômica", o governo poderá dispor de recursos sem controle do Parlamento, assim como de bens e mercadorias de empresas privadas para garantir o abastecimento, além de poder restringir o sistema monetário e o acesso à moeda local e estrangeira, tudo isso por 60 dias, "prorrogáveis".
Hoje, Maduro disse durante um ato que a "emergência econômica" decretada - e validada pelo tribunal - durará todo o ano de 2016 e parte de 2017, porque "é preciso recuperar o país por completo" e "refazer todo o sistema produtivo, de distribuição, de comercialização e de fixação de preços de todos os produtos".
"O que acontece agora que o TSJ diz que o decreto está vigente? Bom que agora o governo não terá mais desculpas", disse Allup ao destacar que o Executivo não poderá usar como desculpa a rejeição do decreto pelo Parlamento para não resolver os problemas econômicos do país.
"Vamos ver se, com o conteúdo desse decreto, as filas e o desabastecimento de remédios e alimentos vão acabar, ou se isso será agravado. Vejamos se vai diminuir ou aumentar a insegurança. Mas, sobretudo, vejamos se esse decreto trôpego é capaz de resolver o problema de instabilidade de um governo", disse o deputado.
Ataques e protesto
O chefe do Legislativo afirmou que, apesar da última decisão do Supremo, o Parlamento não cederá em nenhuma de suas faculdades constitucionais, "mesmo com o risco" de o tribunal tentar "sustentar de forma agonizante um governo que já não pode se sustentar".
Ele também disse ter certeza que "o governo está fazendo o possível para que sofra um golpe" de Estado porque esta seria "a única justificativa histórica" que teria, "depois do fracasso monumental da chamada revolução bolivariana". Segundo o político, "há um movimento cada vez mais forte e crescente" dentro do próprio governo pedindo que Maduro renuncie.
O duas vezes candidato à presidência da Venezuela, Henrique Capriles, também reiterou hoje que é a hora de convocar um referendo para revogar o mandato de Maduro - que, segundo ele, "está destruindo a Venezuela".
Além disso, Capriles comentou que, com a decisão do Supremo, supostamente se confirma que "o Poder Judiciário não responde aos interesses dos venezuelanos, mas aos de um partido político".
Os deputados opositores convocaram seus simpatizantes para um ato de rua neste sábado (13), chamado "Defendamos juntos a mudança que a Venezuela quer", para apoiar as decisões do Parlamento e apresentar possíveis planos que levem ao encurtamento do mandato de Maduro.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Começa na Alemanha julgamento de ex-guarda de Auschwitz

O julgamento de Reinhold Hanning, 94 anos, ex-guarda do campo de concentração de Auschwitz e acusado de cumplicidade na morte de milhares de pessoas, começou nesta quinta-feira em Detmold, oeste da Alemanha.
Devido à enorme atenção midiática que o caso gera, e ao número de partes civis - 40, procedentes de vários países (Canadá, Israel, Hungria) - o julgamento não é realizado na sede do tribunal e foi transferido à sede da Câmara de Comércio e Indústria, afastada do centro da cidade.
Uma hora antes da abertura do julgamento, 50 pessoas esperavam ante o edifício para poder entrar na sala. Vários carros da polícia, assim como dois agentes a cavalo, estavam presentes no local, constatou um jornalista da AFP.
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O início da audiência será dedicado à ata de acusação contra Reinhold Hanning, cujo julgamento durará ao menos até 20 de maio.
O ex-guarda do campo de concentração, cujo estado de saúde lhe permite apenas duas horas de audiência por dia, é acusado de cumplicidade na morte de ao menos 170.000 pessoas entre janeiro de 1943 e julho de 1944.
É passível de três a 15 anos de prisão, uma pena essencialmente simbólica, dada sua idade.
É o terceiro acusado de uma onda de julgamentos tardios, iniciada com a condenação em 2011 de John Demjanjuk, ex-guarda de Sobibor, condenado a cinco anos de prisão.
Este julgamento, que levantou grande interesse, relançou a busca dos últimos nazistas, em uma tentativa de recuperar o tempo perdido após décadas de letargia judicial.
No ano passado, também foi realizado o julgamento de Oskar Groning, ex-contador de Auschwitz. Outros dois antigos membros das SS serão processados no fim de fevereiro em Neubrandenburg (nordeste) e posteriormente em abril em Hanau (oeste).
"A idade não tem nenhuma importância", estimou na imprensa o procurador Andreas Brendel, responsável pela acusação contra Hanning. A justiça alemã "deve às vítimas e aos seus familiares" julgar os crimes do III Reich.
Nunca é tarde
Também se trata de reparar in extremis as "carências da justiça alemã", lembra Christoph Heubner, vice-presidente do Comitê Internacional Auschwitz.
Dos 6.500 SS do campo que sobreviveram à guerra, menos de 50 foram condenados, em um ambiente caracterizado na Alemanha pelo desejo de virar a página, e também devido à forte presença de ex-nazistas na magistratura.
"Este julgamento deveria ter sido realizado há 40 ou 50 anos. Mas nunca é tarde para reviver o que ocorreu", afirmou na véspera do julgamento Justin Sonder, de 90 anos, que perdeu 22 membros de sua família sob o regime nazista e foi deportado aos 17 anos.
Um total de quarenta sobreviventes da Shoah e descendentes destes últimos, que farão a viagem a partir de Israel, Estados Unidos, Canadá e Inglaterra, se constituíram em parte civil.
Mais de 70 acompanharam no ano passado o julgamento de Groning, que foi condenado a quatro anos de prisão.
Angela Orosz, aposentada canadense de origem húngara de 71 anos, foi um dos dois bebês que sobreviveu a Auschwitz e testemunhará para manter viva a memória das vítimas do Holocausto, e porque acredita que todos os funcionários do campo "contribuíam para a maquinaria de morte".
Não existe nenhuma prova contra Hanning de que tenha cometido um ato criminoso preciso. Ele é acusado de ter feito parte do "funcionamento interno" do campo de Auschwitz, no qual 1,1 milhão de pessoas foram exterminadas, a grande maioria judeus.
Hanning, um jovem funcionário que entrou nas Waffen SS em julho de 1940, foi transferido no início de 1942 a Auschwitz.
Foi membro das Totenkopf, uma unidade das SS cuja insígnia era um crânio, trabalhou no campo de base Auschwitz-I e supervisionava às vezes a chegada de prisioneiros ao campo de Birkenau.
Ainda que tenha a palavra nesta quinta-feira, nada indica que falará. Diferentemente de Oskar Groning, que testemunhou em um texto distribuído aos meios de comunicação para "lutar contra o negacionismo", antes de pedir perdão no julgamento às vítimas, Hanning jamais se referiu em público ao seu passado.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Número de linhas de telefone popular aumenta no país

Apesar da queda do número de linhas de telefones fixos registrada em 2015, os usuários de telefone popular continuam crescendo no país. No ano passado, o número de assinaturas dessa modalidade passou de 162,5 mil em janeiro para 177,2 mil em dezembro, um aumento de 9%. Por outro lado, em 2015 foi registrada pela primeira vez uma queda no número de telefones fixos no país, de de 3,3%. Os dados são da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel)
O telefone popular é o Acesso Individual Classe Especial (Aice), por meio do qual as famílias incluídas no Cadastro Único dos Programas Sociais do Governo Federal podem ter acesso ao serviço de telefonia fixa em condições especiais. A assinatura mensal tem tarifa reduzida, na faixa de R$ 15,00, com direito a uma franquia mensal de 90 minutos para fazer chamadas locais para outros telefones fixos durante o mês. Para ligações de longa distância ou para celulares, o usuário deve comprar créditos pré-pagos da concessionária, no valor das tarifas dos demais telefones.
Para o presidente da consultoria Teleco, Eduardo Tude, apesar de ter apresentado um crescimento ao longo do ano, o número de usuários do telefone popular ainda é muito baixo, e não deve crescer. “O que estamos vendo é um desinteresse do usuário, principalmente o de baixa renda, pelo telefone fixo. Para ele, o celular pré-pago é uma opção melhor”, diz. Atualmente, o número de telefones populares corresponde a 0,4% do total de linhas fixas ativas no país.
Tude lembra que o telefone fixo é mais barato apenas para fazer ligações para outras linhas fixas, mas para ligar para um telefone celular é mais vantajoso usar outra linha móvel. E, como atualmente o número de linhas móveis no país é bem maior do que o de fixas, a população acaba optando por linhas de celular pré-pagas.
A Anatel avalia que o telefone popular é uma alternativa mais econômica para uma grande parte da população. Desde 2014, a Anatel vem atuando junto às concessionárias de telefonia fixa com ações para a divulgação do telefone popular, por meio de campanhas de TV e rádios em todos os municípios do país.
Para pedir uma linha popular, o responsável familiar deve entrar em contato com a Concessionária de sua região tendo em mãos o seu NIS - Número de Identificação Social e CPF. Os dados da família deverão estar atualizados no Cadastro Único há pelo menos dois anos, principalmente com as informações de renda familiar e endereço atualizados.
O serviço é oferecido apenas pelas concessionárias de telefonia fixa Brasil Telecom, CTBC Telecom, Oi, Telefônica e Sercomtel. As empresas autorizadas de telefonia fixa (GVT, Embratel, etc) não têm a obrigação de oferecer o telefone popular.
O maior número de linhas de telefone popular está no estado de São Paulo, com 50,1 mil linhas, seguido pelo Rio de Janeiro, com 22 mil linhas, Bahia, com 21,4 mil e Minas Gerais, com 19,7 mil linhas ativas. A concessionária Oi é a que tem o maior número de clientes do telefone popular, com 126,7 mil linhas ativas, seguida pela Telefônica, com 50,1 mil linhas.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Paulo Pimenta afirma que imprensa trata propina para Aécio como "cota"

Parlamentar questiona, ainda, ausência de depoimento de FHC na operação Zelotes.

O deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) questionou a forma como a grande imprensa vem tratando a informação que veio à tona sobre o dinheiro desviado de Furnas e direcionado ao senador Aécio Neves (PSDB-MG), conforme depoimento do delator Fernando Moura. Em vídeo publicado em sua página no Facebook, Pimenta afirma que, no caso no tucano, a mídia evita usar as palavras "propina" e "desvio de dinheiro", e prefere o termo "cota".
Pimenta gravou vídeo questionando tratamento dado aos ex-presidentes Lula e FHC
Pimenta gravou vídeo questionando tratamento dado aos ex-presidentes Lula e FHC
"A cada dia que passa a grande imprensa brasileira e setores da Polícia Federal conseguem se superar na sua disposição de manipular a verdade, prejudicar o Partido dos Trabalhadores, proteger seus apaniguados e perseguir o presidente Lula. Um delator do esquema da Lava Jato, Fernando Moura, foi categórico quando disse que o esquema de corrupção de Furnas garantia que 1/3 fosse para Aécio Neves. Os jornais trataram de maneira constrangida, mas, o que é pior, a matéria do jornal 'Estadão' afirma: 'Delator diz que Aécio teve cota na direção de Furnas'. Cota! Então, para o Aécio não é propina, para o Aécio não é corrupção, o 1/3 do dinheiro desviado que ia para o Aécio a imprensa trata como cota", disse Pimenta.
O parlamentar questiona, também, a conduta do delegado Marlon Cajardo, da Polícia Federal, que vinha, pela operação Zelotes, investigando sonegação fiscal de mais de R$ 20 bilhões no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, vinculado ao Ministério da Fazenda, e que, de repente, mudou o foco da investigação para a compra de Medidas Provisórias. Segundo Pimenta, o delegado da PF extrapolou suas prerrogativas para aparecer no 'Jornal Nacional' e negligenciou os grandes sonegadores na operação. Pimenta denuncia, ainda, a diferença de tratamento dispensada aos ex-presidentes Lula e Fernando Henrique Cardoso."O delegado Marlon Cajado, que conduz a operação Zelotes, está conseguindo a cada dia revelar que perdeu toda a liturgia do cargo e se tornou um militante da causa contra o PT, contra o governo e contra o Lula. Aliás, delegado, o senhor começou investigando uma denúncia do Carf de grandes sonegadores que roubaram mais de R$ 20 bilhões. Onde é que estão as denúncias, delegado? Parou com essa investigação e abriu uma investigação sobre suposta venda de Medidas Provisórias, MP que foi editada pelo Fernando Henrique, a quem o senhor nunca chamou para depor. E agora anunciar que existe um inquérito paralelo e que o senhor está investigando a possibilidade de o presidente Lula ter alguma participação nesse episódio? Se há poucos dias o senhor chamou o presidente Lula para falar como informante, abrindo mão de suas prerrogativas constitucionais para colaborar com a justiça?", pergunta o parlamentar.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

China expressa preocupação com anúncio de que Coreia do Norte lançará foguete

Pequim é o principal aliado de Pyongyang, mas as relações ficaram tensas com a obstinação da Coreia do Norte de desenvolver seu programa nuclear.
Homem observa na Coreia do Sul imagens de um foguete norte-coreano. Foto: Jung Yeon-Je/AFP
Homem observa na Coreia do Sul imagens de um foguete norte-coreano. Foto: Jung Yeon-Je/AFP


A China expressou nesta quarta-feira sua profunda preocupação com os planos da Coreia do Norte de lançar um foguete neste mês, supostamente para colocar um satélite em órbita.
"Expressamos nossa profunda inquietação a respeito", disse um porta-voz do ministério das Relações Exteriores, Lu Kang.
Pequim estima que Pyongyang "tem o direito de utilizar o espaço com fins pacíficos, mas, por enquanto, este direito está submetido às restrições impostas pelas resoluções do Conselho de Segurança da ONU", disse Lu.Estas resoluções proíbem a Coreia do Norte de realizar lançamentos que utilizem a tecnologia balística e seu anúncio de terça-feira soa como um desafio à comunidade internacional, já centrada em fornecer uma resposta comum ao teste nuclear de Pyongyang em janeiro.Pequim é o principal aliado de Pyongyang, mas as relações ficaram tensas com a obstinação da Coreia do Norte de desenvolver seu programa nuclear.
"Não queremos uma escalada das tensões, mas se os países envolvidos insistirem nesta via, seremos incapazes de impedi-los", declarou nesta quarta-feira o porta-voz chinês.Interrogado sobre se o anúncio norte-coreano representa uma bofetada na China, Lu responsabilizou os Estados Unidos".Em resposta à indignação de alguns países que pedem pressões e sanções", a Coreia do Norte "realiza teste nuclear após teste nuclear", declarou.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

PF revela que Collor gastou R$ 16,4 milhões em quatro anos com despesas de consumo

O senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL) gastou R$ 16,4 milhões entre 2011 a 2014 com despesas de consumo, como pagamento de contas de energia elétrica, água, telefone, TV por assinatura, passagens aéreas, segurança privada, medicamentos, funcionários, tributos, entre outros. As informações constam de laudo da Polícia Federal, finalizado em 14 de janeiro, para a Operação Politeia que investiga suposto envolvimento do senador com esquema de corrupção na BR Distribuidora.
Collor é suspeito de receber propina em troca de contratos com a subsidiária da Petrobrás que era controlada politicamente por ele até o ano passado. Suas empresas seriam usadas para lavar o dinheiro por meio de empréstimos fictícios. Os gastos milionários com consumo são bem inferiores a renda declarada pelo senador em todo o período, de R$ 700 mil.
Ao analisar documentos apreendidos na sede da TV Gazeta, os investigadores descobriram que Collor fez 6.762 empréstimos entre 2011 e 2014 com sua empresa que totalizaram R$ 31,1 milhões. Desse montante, 49,5% foram destinados a cobrir gastos correntes do senador. Há registros de pagamento de horas de voo (R$ 140.250), viagens de turismo internacional (R$ 30.874), conta de energia elétrica em Campos do Jordão (R$ 1.782), três despesas registradas como “Foto campanha FC 2010”, ano em que ele disputou e perdeu a eleição para o governo de Alagoas. O último valor não foi registrado.
Os investigadores destacaram que o fato de Collor ter usado parte do dinheiro que tomou “emprestado” da TV Gazeta com despesas pessoais é relevante porque são valores que não podem ser recuperados, ao contrário do que ocorre com bens adquiridos cujos valores poderiam ser readquiridos por meio de venda. “A TV Gazeta, além de conceder empréstimos a Collor sem observar sua capacidade de pagamento, não se preocupou com o fato de que ele despendeu pelo menos metade dos recursos recebidos em consumo – e o fez com o conhecimento da empresa, pois ela registrava isso na sua contabilidade”, diz a perícia.
“Os rendimentos declarados por ele de 2011 a 2013 foram ínfimos em relação ao montante da dívida perante a TV Gazeta (R$ 31,14 mi). Essa dívida era de 110 vezes o valor dos rendimentos anuais do senador em 2011 e 118 vezes em 2013”, escreveram os peritos. Para concluir que as supostas dívidas de Collor com a TV Gazeta “foram constituídas em circunstâncias que caracterizam transferências de recursos e não empréstimos, ainda que tenham sido contabilizados como tal.”
Os documentos apreendidos na TV Gazeta e outras duas empresas que tem Collor como sócio revelaram aos investigadores que a empresa recebeu ao menos R$ 9,6 milhões em dinheiro vivo, além de outros repassem sem qualquer relação com sua atividade. Do montante, R$ 523 mil foram depositados pelo doleiro Alberto Youssef, um dos delatores da Operação Lava Jato, e Rafael Ângulo, que distribuía propina a mando do doleiro. Os dois fizeram 17 depósitos entre outubro de 2012 e janeiro de 2014.
A perícia comprovou o que foi dito em depoimentos na Lava Jato de que Ângulo viajava para Maceió para fazer as entregas de dinheiro em espécie destinadas a Collor. As datas das viagens coincidem com as dos depósitos, realizados um ou dois dias depois.
Dos R$ 9,6 milhões, R$ 5,6 milhões foram para Collor ou sua mulher, Caroline. Do montante, R$ 3,3 milhões foram contabilizados pelas empresas como sendo para abater a suposta dívida do casal, mas os investigadores descobriram que até isso era uma operação simulada. “Em alguns casos, os depósitos foram transferidos imediatamente (de volta) para Collor.”
Collor tem negado irregularidades nos empréstimos tomados com suas empresas. Em novembro passado, sua assessoria informou que “todos os gastos e despesas realizados pelo senador Fernando Collor são categoricamente compatíveis com os recursos por ele recebidos nos anos de 2011 a 2013, considerados os rendimentos recebidos e os empréstimos tomados no período, notadamente junto à TV Gazeta de Alagoas, empresa familiar da qual é acionista.” (AE)

domingo, 31 de janeiro de 2016

Triplo atentado deixa ao menos 45 mortos em Damasco, na Síria

Ação reinvindicada pelo grupo terrorista Estado Islâmico aconteceu em um local de peregrinação na capital Síria

Ação foi reinvindicada pelo grupo terrorista Estado Islâmico
Reprodução
Ação foi reinvindicada pelo grupo terrorista Estado Islâmico
Um triplo atentado terrorista neste domingo (31) matou, ao menos, 45 pessoas e deixou 110 feridos em Damasco, informou a agência de notícias local Sana. Ainda de acordo com a agência, a ação foi reivindicada pelo grupo terrorista Estado Islâmico (EI)
O ataque ocorreu próximo ao mausoléu Sayydah Daynab Shrine, um local de peregrinação dos muçulmanos xiitas - rivais dos sunitas, vertente a qual pertence o EI. De acordo com testemunhas, um carro-bomba explodiu ao lado de um ponto de ônibus. Quando outras pessoas correram para ajudar os feridos, outros dois homens-bomba ativaram seus explosivos no meio da multidão.
O santuário já havia sido atacado em fevereiro do ano passado, quando quatro pessoas morreram em dois atentados com kamikazes e outras 13 ficaram feridas. Ainda naquele mês, uma explosão em um ônibus no qual viajavam peregrinos xiitas com destino ao mausoléu matou outras nove pessoas. Na época, as duas ações foram reivindicadas pelos terroristas do Frente al-Nusra.
O atentado ocorre em um momento delicado, quando delegações da Síria, dos países ocidentais e das Nações Unidas querem encontrar uma via política para encerrar os mais de cinco anos de guerra no país. 

sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Brasil tem 21 cidades entre as 50 mais violentas do mundo

A primeira posição é ocupada por Caracas, na Venezuela.
Brasil tem 21 cidades entre as 50 mais violentas do mundo
O Brasil tem 21 cidades no 'ranking' das 50 mais violentas do mundo. A lista, elaborada pela ONG mexicana Conselho Cidadão pela Seguridade Social Pública e Justiça Penal, elabora o estudo com base no número de homicídios em 2015, considerando apenas cidades a partir dos 300 mil habitantes.
Caracas, na Venezuela, é a mais violenta do mundo, com 119,87 homicídios dolosos por 100.000 habitantes, segundo os números citados pela brasileira "Exame".
O Brasil é o país que mais cidades tem no 'ranking', com Fortaleza a ser a primeira a surgir no estudo, na 12ª posição.
A Venezuela é o segundo país com mais cidades, tendo oito entre as 50 mais violentas, seguida do México, com cinco, da África do Sul, que conta com quatro, o mesmo número que os Estados Unidos. Segue-se a Colômbia, com três, e as Honduras, que tem duas cidades no 'ranking'.
Rio de Janeiro e São Paulo ficam fora deste 'ranking'. Cidades como Natal, Salvador, João Pessoa, Maceió, Feira de Santana, Goiânia e Teresina estão entre as 30 mais violentas.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Promotores pedem a condenação de onze executivos na Lava Jato

MPF entregou à Justiça as alegações finais do processo que tem, entre os réus, o presidente afastado do grupo Andrade Gutierrez.



O Ministério Público Federal entregou à Justiça as alegações finais do processo que tem, entre os réus, o presidente afastado do Grupo Andrade Gutierrez.
O Ministério Público pediu a condenação de 11 réus, entre eles o presidente afastado do grupo Andrade Gutierrez, Otávio Marques de Azevedo, os executivos e ex-executivos da construtora Elton Negrão, Paulo Dalmazzo, Flavio Gomes Filho e Antonio Campello, além do ex-diretor de serviços da Petrobras, Renato Duque.
Com base nas delações premiadas e informações bancárias, os procuradores dizem que Otávio de Azevedo e os executivos prometiam e ofereciam vantagens indevidas que eram aceitas e recebidas pelos ex-diretores da Petrobras Paulo Roberto Costa e Renato Duque e pelo ex-gerente da estatal Pedro Barusco. Os procuradores afirmam ainda que os pagamentos eram intermediados pelos operadores Fernando Baiano e Mario Góes.
Para o Ministério Público o presidente afastado Otávio de Azevedo participou diretamente do acerto inicial de propina a políticos do Partido Progressista e a Paulo Roberto Costa. E continuou, na condição de presidente da Andrade Gutierrez SA, monitorando, coordenando e dando suporte institucional a toda a atuação ilícita dos demais administradores da empreiteira denunciados.
O Ministério Público pede que os réus devolvam a Petrobras mais de R$ 480 milhões. Segundo os procuradores, esse valor seria correspondente ao dobro da propina paga nos contratos entre a Andrade Gutierrez e a Petrobras.
Por causa dos acordos de delação premiada, Paulo Roberto Costa, Pedro Barusco, o doleiro Alberto Youssef, o Fernando Baiano e Mário Góes têm direito a penas reduzidas.
Os procuradores pedem a absolvição de Armando Furlan Junior, ligado a Fernando Baiano, e de Lucélio Góes, filho de Mário Góes, por falta de provas.
Agora, os advogados dos réus têm até o início do mês que vem para apresentar a defesa.
Os advogados de Alberto Youssef e Pedro Barusco afirmaram que vão apresentar as defesas dentro dos termos da delação premiada.
A defesa de Renato Duque só vai se manifestar depois de ter acesso ao processo.
Os advogados de Paulo Roberto Costa e Mario Góes disseram que os dois reafirmam todas as informações da delação premiada.
O Partido Progressista reafirmou que não compactua com atos ilícitos e que tem confiança de que a verdade vai prevalecer.
A defesa de Antônio Campello e Paulo Dalmazzo filho disse que está analisando as alegações finais do Ministério Público Federal e que vai se defender no processo.
A Andrade Gutierrez, que já fechou um acordo de leniência, e a defesa de Fernando Baiano não quiseram comentar.
Nós não conseguimos entrar em contato com as defesas de Otávio Marques de Azevedo, Elton Negrão e Flavio Gomes.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Governo não prevê desonerações, nem subsídios para setor de petróleo

O ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, disse nesta segunda-feira (25) que as medidas que estão sendo estudadas pelo governo para estimular o setor de petróleo e gás não incluem desonerações, nem subsídios.
“Não estamos falando de desoneração, estamos falando de estímulos, em geral. Há questões regulatórias que estão sendo analisadas”, afirmou o ministro. De acordo com Braga, também não há previsão de subsídios.
Braga reuniu-se, na manhã desta segunda-feira, com a presidenta Dilma Rousseff e integrantes do Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP).
“Não estamos falando de desoneração, estamos falando de estímulos, em geral. Há questões regulatórias que estão sendo analisadas”, afirmou o ministro
“Não estamos falando de desoneração, estamos falando de estímulos, em geral. Há questões regulatórias que estão sendo analisadas”, afirmou o ministro
Segundo o ministro, na reunião, foram analisadas as medidas que já foram adotadas na semana passada para estimular o setor. “Estamos discutindo ainda outras propostas que vão na direção de fomentar e atrair mais investimentos nesta hora de preço baixo do petróleo.”
Na última semana, o governo publicou um decreto que amplia o que pode ser considerado conteúdo local para os fornecedores da indústria brasileira de petróleo. Outra medida foi a do Conselho Nacional de Política Energética, que determinou que a Agência Nacional do Petróleo mantenha a sistemática de apuração dos preços mínimos do petróleo considerados para o cálculo dos valores a serem pagos de royalties da Participação Especial.
Eduardo Braga disse ainda que deverá conversar com o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, nos próximos dias e que está prevista uma nova rodada com o IBP para acertar os detalhes das medidas.

sábado, 23 de janeiro de 2016

Adolescente mata quatro pessoas a tiros no Canadá

Agressor disparou contra seus dois irmãos menores em casa e depois abriu fogo numa escola.

Um adolescente armado matou a tiros quatro pessoas, duas delas numa escola, na cidade de La Loche, no Norte do Canadá.
O agressor atirou primeiro em seus dois irmãos pequenos, em casa, e depois foi para a escola de ensino médio, onde matou uma professora de 23 anos e mais uma pessoa, segundo o prefeito em exercício de La Loche, Kevin Janvier, que é pai da professora assassinada.
O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, informou inicialmente que havia cinco mortos e dois feridos em estado crítico, mas a polícia depois confirmou que eram quatro mortos.
O tiroteio ocorreu numa comunidade pequena e pobre de 2.700 habitantes, na maioria indígenas da etnia dene, na remota província de Saskatchewan, cerca de 3.500 quilômetros a Noroeste de Toronto. O agressor foi preso pela polícia e está sob custódia. Não foram dadas informações sobre sua identidade nem motivação.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Mensagens de empreiteiro citam 14 investigados na Lava Jato

Um relatório da Polícia Federal sobre mensagens de celular encontradas em aparelhos do ex-presidente da OAS Léo Pinheiro aponta que o empresário manteve contato ou fez citações a 14 investigados no STF (Supremo Tribunal Federal) por suspeita de participação no esquema de corrupção da Petrobras.
Léo Pinheiro já foi condenado a mais de 16 anos de prisão na Operação Lava Jato, pelo juiz federal Sergio Moro, de Curitiba.
Desses 14, só há trocas diretas de mensagens entre o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), os senadores Lindbergh Farias (PT-RJ) e Ciro Nogueira (PP-PI) -no caso desses dois últimos, para marcar encontros.
Entres os políticos alvos do Supremo que aparecem no relatório estão também os senadores Edison Lobão (PMDB-MA), Gleisi Hoffmann (PT-PR), Fernando Bezerra (PSB-PE), Romero Jucá (PMDB-RR), Fernando Collor de Mello (PTB-AL), Delcídio do Amaral (PT-MS), Humberto Costa (PT-PE), além do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
Os deputados que respondem a inquérito no Supremo e são citados são Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), José Mentor (PT-SP), além de Cunha. O advogado Tiago Cedraz, filho do presidente do TCU (Tribunal de Contas da União) Aroldo Cedraz, também consta no levantamento.
A Procuradoria-Geral da República ainda analisa as conversas para saber se há indícios de crimes para decidir se vai pedir novas investigações ao STF ou se usará o material para reforçar os trabalhos que já estão em curso no tribunal.
As mensagens mostram negociações para encontros, lobby sobre temas em debate no Congresso, pedidos de doação ao empresário -alguns mascarados por nomes de ruas ou favores-, além de informações sobre presentes distribuídos para os políticos.
No material sobre o senador Edison Lobão, ex-ministro de Minas e Energia, há referência a uma mensagem de Léo Pinheiro sobre decisão da ex-presidente da Petrobras Graça Foster de começar a licitar a refinaria Premium II.
Outra mensagem destacada pela PF mostra que uma pessoa identificada como Lena diz que Julio Camargo, que se tornou delator da Lava Jato, o convidou para uma reunião com o "pessoal do Maranhão" para discutir a refinaria.
"Julio Camargo me ligou agora nos convidando (vc, Sergio e eu) para uma reunião no dia 8/8 as 10hs no escritório dele em SP com o pessoal do Maranhão (Fialho-seu amigo,Silas Rondeau e outros). Assunto:Refinaria. Não falei com Sergio. Bjs.".
O senador Humberto Costa (PT-PE) é citado por funcionário do empresário, relatando que ele ligou para agradecer apoio em sua eleição.
Em relação ao presidente do PP, senador Ciro Nogueira, há comentários de que ele seria um bom interlocutor para discutir questões da OAS, além de várias trocas de mensagens diretas para combinar encontros.
Em um dos torpedos, executivos da OAS falam que precisam tratar com o senador sobre CBTU, subordinado ao Ministério das Cidades, à época área de influência do PP. Dizem que ouviram de Ciro que tem uma doação para ele pendente e dizem que é preciso buscar ajuda do senador em assunto do ministério das Cidades.
Segundo as mensagens, Aguinaldo Ribeiro, ex-ministro das Cidades, também teria participado de uma reunião com Ciro e representante da OAS.
Nas mensagens de 4 de agosto de 2014, Ciro e Léo Pinheiro marcam um encontro. Pinheiro pergunta se o senador estará em Brasília em uma quarta-feira. "Estarei sim, vamos tomar café na minha casa?", combina Ciro Nogueira.
Ex-ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra também tinha relações com o empresário, mas não há troca de mensagens diretas entre eles. Léo Pinheiro enviou presente para o então ministro e recebeu convite para participar do lançamento de um programa de irrigação do governo federal.
Sobre Collor, há comentários de Pinheiro em relação à influência do senador na BR Distribuidora, mas nenhuma relação direta nem encontros.
TCU
Como mostrou reportagem do jornal "O Globo" nesta quinta (21), o advogado Tiago Cedraz, filho do presidente do TCU, também consta no relatório. As mensagens indicam que a OAS buscou influência de Tiago junto ao TCU, na concessão de aeroportos. Dono da OAS, César Mata Pires diz: "Gustavo esteve com Tiago Cedraz. Chances grandes de cair com Aroldo, o nosso tema."
Os executivos mostram preocupação com a atuação do advogado."Vale a pena conversar com Tiago Cedraz? Vale antes que ele esteja do outro lado".
No Supremo, Cedraz é investigado sobre possível interferência a favor da UTC na usina de Angra 3, no Rio.
PRÓXIMOS A LULA
Considerado um político próximo do ex-presidente Lula e investigado na Lava Jato, o deputado José Mentor era tratado como "nosso JM", segundo a PF.
O dono da OAS relata preocupação do petista com vazamentos, mas não faz traz identificação do tema. "O nosso JM pediu para não falar o assunto de hoje por telefone. Orientamos Zardi a não comparecer lá. O jogo está muito pesado e os pares por lá estão preocupados com vazamentos. É muito "ruído". Bjs"
Léo Pinheiro também pediu que um assessor fosse a lançamento de livro do deputado. Há relato que ele ganhou um corte para a confecção de um terno, presente mais caro do que para outros políticos que eram agraciados com gravatas.
Ele comemora uma decisão favorável do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). "Cade aprovou nossa operação da óleo e gás. Ótima noticia, já que a Funcef entrará na próxima quarta, na OAS empreendimentos e o processo de submeter ao Cade e igual. Beijos".
Outro congressista próximo a Lula que é citado é o deputado Devanir Ribeiro (PT-SP), mas ele não é investigado na Lava Jato. Ele pede para Léo Pinheiro contratar uma empresa de granito que o ajudaria com doações.
OUTRO LADO

Todos esses 14 investigados na Operação Lava Jato negam envolvimento com corrupção e, no caso dos políticos, dizem que recursos recebidos foram doações oficiais.
Cunha sustenta que nunca recebeu propina e diz que é perseguido pelo Ministério Público. Renan sempre negou envolvimento com o esquema de corrupção. Lindbergh já admitiu ter pedido ajuda a um ex-diretor da Petrobras por doações à sua campanha, mas diz que foram registradas oficialmente e sem relação com corrupção. Ciro Nogueira já chamou de "irresponsáveis" as acusações de delatores e disse que nunca ouviu falar em propina.
O ex-ministro Lobão também nega o recebimento de propina. A senadora Gleisi também já afirmou que não há irregularidades em suas contas de campanha. Fernando Bezerra sustentou que sua relação com um ex-diretor da Petrobras foi apenas institucional e que não recebeu dinheiro de propina. Collor diz que não usava sua influência política para obter favorecimento pessoal.
Atualmente preso sob acusação de tentar interferir nas investigações, Delcídio tem sustentado que não se beneficiou de propina. Já Humberto Costa classifica de "fantasiosa" a acusação de que recebeu dinheiro do esquema de corrupção. José Mentor já disse "repudiar" a acusação de sua ligação com o esquema e nega.
A assessoria de Cedraz sustenta que o escritório de advocacia pauta sua atuação "pelo rigoroso cumprimento da legislação vigente, resultando inclusive na observância dos devidos impedimentos".

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Peemedebistas definem em Minas como ficará liderança na Câmara

Grupos do partido reunidos em Belo Horizonte estão divididos entre lançar candidatura de Leonardo Quintão, de Newton Cardoso Júnior ou chapa única com recondução de Picciani.As atenções dos peemedebistas, e de integrantes da base aliada do governo e dos partidos da oposição, estão voltadas, nesta segunda-feira (18), para a reunião do PMDB que será realizada no final da tarde em Belo Horizonte. Embora a princípio o encontro fosse contar apenas com os deputados mineiros, a expectativa sobre a decisão ou não de ser indicado um nome para disputar a liderança da legenda com o atual líder, Leonardo Picciani (RJ), levou parlamentares de outras bancadas a se deslocar para a capital de Minas Gerais.
A intenção é discutir amplamente de que forma ficará definida a liderança do PMDB para a Câmara: se os peemedebistas mineiros da oposição estão dispostos a indicar um candidato ou se vão topar fazer uma chapa única para a recondução de Picciani. E, em troca, indicar um nome para ocupar a Secretaria de Aviação Civil (SAC), que tem status de ministério e está vaga desde a saída do peemedebista gaúcho Eliseu Padilha, ligado a Michel Temer.
Só que essa negociação, não confirmada pelo Palácio do Planalto, não é tida como uma forma de resolver o problema da divisão do PMDB (o que, ao mesmo tempo, ajuda a fortalecer a ala oposicionista da sigla).
Na semana passada, o presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afirmou que se a bancada mineira não escolher um candidato para se contrapor a Picciani, o grupo liderado por ele (Cunha) vai definir um  candidato de outro estado para concorrer à vaga. Para completar, corre em vários gabinetes e nos corredores do Congresso a informação de que a presidenta Dilma Rousseff não teria ficado satisfeita com o anúncio intempestivo do deputado Mauro Lopes (PMDB-MG), na última semana, confirmando que foi convidado para ocupar a SAC em troca de uma negociação para os mineiros não apresentarem candidatura à liderança na Câmara. Lopes também disse que a decisão iria ser fechada nesta reunião de hoje.
Segundo fontes do Palácio do Planalto, o deputado falou demais e antes do tempo, numa postura que não agrada ao estilo da presidenta. Sem falar que ele mostrou um claro sinal de trabalho e preferência, por parte do Executivo, por uma das alas do partido.

Três grupos

Para peemedebistas de outros estados, a principal divisão que precisa ser acertada na reunião acontece por parte dos próprios mineiros, divididos em três grupos: Um deles quer lançar o nome de Leonardo Quintão como candidato; um segundo grupo quer o deputado Newton Cardoso Junior, no lugar de Quintão. E um terceiro, quer que haja consenso em torno da recondução de Leonardo Picciani.
Quintão afirmou que só falará após o resultado da reunião, mas está disposto a manter sua candidatura e trabalhar ao longo dos próximos dias, caso seja consolidado, para obter o maior número possível de votos.
O outro provável candidato, Newton Cardoso Júnior, ressaltou que não sabe se a entrega de um ministério como a SAC para a bancada da legenda de Minas Gerais representaria "tanta representatividade assim , ao ponto de fazer o grupo renunciar à disputa pela liderança do partido".
E Darcísio Perondi, que faz parte do grupo oposicionista ao governo e, embora gaúcho, tem participado de várias reuniões, disse que não vê mais condições de ser fechado qualquer acordo em nome do atual líder, Leonardo Picciani. “Ele (Picciani) agiu como um mero mensageiro do governo e não como um líder. Não pode continuar com seu mandato nem ser reconduzido, pois deixaria o partido sem expressividade na Câmara”, reclamou.
Picciani, que nada falou nesta segunda-feira, passou o final de semana no Rio de Janeiro e está em viagem para Brasília. Ele aguarda uma conversa com os colegas peemedebistas sobre os rumos do final da reunião, ou na noite de hoje ou durante encontros a serem realizados até quarta-feira (20).

domingo, 17 de janeiro de 2016

Venezuela: Quem é o cérebro da política de Maduro para tentar salvar a economia

Ele quer "aprofundar a revolução". Aumentar a intervenção do Estado na economia no lugar de reduzi-la. E concorda com o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, que uma "guerra econômica" impulsionada pela "burguesia parasita" é a origem da crise.
Este é Luis Salas, o novo ministro da Economia venezuelano e o cérebro por trás da nova política de Maduro para fazer frente aos problemas econômicos que afetam o país.
Na sexta-feira, a Venezuela declarou estado de emergência econômica em todo o território nacional por 60 dias.
O decreto não especifica se haverá alguma mudança drástica na política econômica do país, mas se especula que o país planeje uma desvalorização cambial e elevação no preço subsidiado dos combustíveis.
No mesmo dia, o Banco Central da Venezuela revelou dados sobre a inflação do país, que chegou a 141% em setembro de 2015 e é a mais alta do mundo.
Salas, um sociólogo de esquerda, foi nomeado na primeira semana de janeiro por Maduro em meio a uma reestruturação de seu gabinete, após a posse da Assembleia Nacional, que pela primeira vez é dominada pela oposição.
Sua nomeação causou rejeição em setores da oposição e preocupação entre alguns economistas.
O novo ministro, que é fundador do centro de Economia Política da Universidade Bolivariana da Venezuela, parece mais jovem do que é: tem 39 anos.
Maduro diz acreditar que ele é a melhor pessoa para solucionar a crise econômica que afeta o país e que, em sua opinião, só terá fim desmantelando o Estado Burguês e estabelecendo um Estado Comunal.
Os ensaios de Salas estão publicados na internet. Neles, o sociólogo não só retifica o modelo econômico socialista implantado pelo chavismo, como defende um aprofundamento da revolução.
"Não tem muito sentido continuar falando de 'inflação e escassez' quando estamos realmente falando de especulação, ganância e monopólio", afirma, em um deles.
Com a teoria do Estado Comunal, o governo também justifica a criação do Parlamento Comunal, que opositores enxergam como uma forma de suplantar a Assembleia Nacional.

'Participação popular'

A crise econômica é a maior preocupação do venezuelanos e, segundo alguns analistas, a razão pela qual a oposição teve ampla maioria nas eleições parlamentares em dezembro.
Ao expor seu plano econômico no início de janeiro, Maduro disse que esperava decretar emergência econômica em breve e que vai "combater" a chamada guerra econômica "reforçando o poder do povo para impulsionar a produção".
O presidente venezuelano afirmou ainda que o tipo de economia que é preciso desenvolver no país é a que tem nascido artesanalmente em meio à crise.
Por causa da escassez, muitos venezuelanos fabricam detergente, sabão e alguns remédios. O próprio presidente afirma usar xampu artesanal.
Uma "economia de participação popular" é sua proposta para acabar com a dependência da burguesia, que seria a responsável pela atual situação.
A crise, que Maduro já não nega, é profunda e também sofreu o impacto da redução de cerca de 60% no preço do petróleo ─ a maior fonte de divisas de um país que importa a maior parte do que consome ─ no último ano.

Contra a maré

Economistas críticos ao atual governo recomendaram, como medidas urgentes, reduzir os gastos públicos, unificar as atuais quatro taxas de câmbio, subir o preço da gasolina, que é muito baixo, e deixar de financiar o deficit fiscal com a impressão de dinheiro por parte do Banco Central.
Nada disso vai na linha do que propõe Luis Salas, que também não reconhece vários dos problemas que, segundos os mesmos economistas, se resolveriam com tais medidas de ajuste.
Salas, na verdade, escreveu ensaios criticando a ala do chavismo que propôs a unificação das quatro taxas de câmbio ─ um esquema que, para os críticos, é fonte de inflação, corrupção e distorções econômicas.
Maduro afirma que Salas "estudou com profundidade os fenômenos do rentismo petroleiro (dependência da renda gerada pelo petróleo) e seu esgotamento e os fenômenos da guerra econômica".
Nesse sentido, segundo o presidente, seu novo ministro teria concluído que a inflação, por exemplo, não seria produto do alto gasto público do governo e da impressão de dinheiro, mas sim uma consequência da especulação e da cobiça de alguns monopólios do setor privado.
"A classe empresarial venezuelana é uma classe boa-vida e malcriada que ao longo do tempo se transformou em um tumor econômico que vive da renda petroleira e de tirar o salário dos trabalhadores e trabalhadoras através da especulação", escreve Salas em um dos seus ensaios.
"O fim último da guerra econômica empreendida pela burguesia parasita é a consolidação das condições sociais de reprodução e da exploração dos grupos concentrados, transnacionais, mafiosos e especulativos sobre a sociedade."
Por isso, o sociólogo nomeado ministro propõe reforçar os controles dos preços e das importações para aumentar a intervenção do Estado na economia.
Segundo ele, "derrotar a guerra econômica" passaria por dois mecanismos: tirar os consumidores da dependência do setor privado e gerar uma mobilização popular em defesa dos direitos coletivos.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Ministra francesa diz que medicamento usado em teste não contém cannabis

A ministra da Saúde francesa, Marisol Touraine, disse hoje (15) que o medicamento usado em um ensaio clínico na França - que deixou uma pessoa em coma e outras cinco em estado grave - não contém qualquer derivado de cannabis, contrariando informações anteriores.
"Não continha cannabis nem qualquer derivado de cannabis", afirmou a ministra em entrevista coletiva. Os testes foram conduzidos por um laboratório privado para a empresa farmacêutica portuguesa Bial, que já indicou que vai emitir um comunicado sobre o assunto.
Anteriormente, uma fonte próxima do laboratório tinha dito à agência France Presse que o produto testado é uma molécula com efeitos analgésicos contendo um canabinóide.
Segundo a ministra, no laboratório da empresa Biotrial, em Rennes, oeste da França, o medicamento analgésico foi dado a 90 pessoas que participaram voluntariamente dos ensaios clínicos e que começaram a manifestar sintomas no domingo passado.
Pierre-Gilles Edan, diretor do departamento de neurologia do hospital de Rennes, onde os doentes afetados foram internados, afirmou que das seis pessoas afetadas, uma está em morte cerebral e outras três sofreram "lesões que poderão ser irreversíveis".
Edan adiantou que os pacientes têm entre 28 e 49 anos de idade e que a primeira vítima a chegar ao serviço, e que se encontra em coma, apresentava sintomas de acidente vascular cerebral.
A ministra francesa disse que se trata de um acidente inédito na França, cujas causas ainda são desconhecidas, e que todas as pessoas afetadas pertenciam ao mesmo grupo, a quem o medicamento foi ministrado de forma repetida.
Marisol Touraine garantiu que os ensaios clínicos foram interrompidos e ordenou uma inspeção administrativa à "organização, meios e condições de intervenção" do laboratório na realização do ensaio clínico.
O departamento de saúde da Procuradoria de Paris abriu um inquérito e a agência francesa para medicamentos vai fazer uma inspeção técnica no laboratório.
Em uma mensagem divulgada na rede social Twitter, a Biotrial afirmou que o ensaio decorreu “de acordo com todas as regras internacionais” e que providenciou a transferência imediata das pessoas que começaram a manifestar sintomas para o hospital.
O acidente ocorreu na primeira fase do ensaio clínico, quando o medicamento é dado a pessoas saudáveis, conscientes dos riscos.
Antes de ser utilizado em seres humanos, o medicamento, que se destinava a tratar perturbações de humor e ansiedade, foi testado em chimpanzés.
Milhares de pessoas participam todos os anos em ensaios clínicos na França. Muitos são estudantes que procuram ganhar dinheiro para pagar os estudos.
Embora raros, os acidentes com este tipo de ensaios já aconteceram em outros países, como no Reino Unido, onde em 2006 seis homens foram internados depois de serem submetidos a um novo tratamento contra a leucemia e outras doenças.
Em 2001, uma jovem norte-americana de 24 anos morreu quando participava em um ensaio clínico de um medicamento experimental para a asma conduzido pela universidade Johns Hopkins.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Cerveró muda versão e não cita Lula em documento homologado no STF

Ex-presidente não é mencionado no termo de declarações sobre Pasadena.

O ex-diretor de Internacional da Petrobras e delator do esquema de corrupção na estatal, Nestor Cerveró, teria modificado a sua versão sobre o suposto pagamento de propina de US$ 4 milhões à campanha de reeleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2006. Tais recursos teriam origem na obra de Renovação do Parque de Refino da refinaria de Pasadena, no Texas.
A menção ao pagamento da Odebrecht à campanha de Lula, divulgada anteriormente na imprensa, não está no termo de depoimento homologado pelo ministro Teori Zavascki, relator da investigação no STF. O ex-presidente petista não é mencionado no termo de declarações sobre Pasadena, informa o Valor Econômico.
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O documento, obtido pelo jornal, contrasta com o resumo apresentado por Cerveró aos investigadores da Lava Jato -- tal resumo é apresentado durante a negociação do acordo de delação premiada e indica o que a pessoa teria a revelar para ajudar nas investigações. Neste resumo, constava que "foi acertado que a Odebrecht faria o adiantamento de US$ 4 milhões para a campanha do presidente Lula, o que foi feito", e que o pagamento seria uma contrapartida pelo contrato conquistado pela Odebrecht e UTC pela refinaria.
No documento homologado no STF, também foi alterada a fonte de pagamento do suposto suborno, que viria da UTC e não da Odebrecht. "Foi decidido que (...) a contrapartida da UTC pela participação nas obras do Revamp seria o pagamento de propina; que se acertou que a UTC adiantaria uma propina de R$ 4 milhões, que seriam para a campanha de 2006, cuja destinação seria definida pelo senador Delcídio do Amaral PT-MS."

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Fumaça toma conta do céu de Manaus

A Secretaria de Meio Ambiente do Amazonas informou que a fumaça acumulada no céu de Manaus é procedente de queimadas em municípios próximos. De primeiro de janeiro até esta segunda-feira, foram registrados 108 focos de incêndio em 28 cidades. O município de Barcelos concentrou a maioria das ocorrências, com 30 focos.
O secretário do Meio Ambiente, Antonio Stroski, disse que “o quadro é incomum nesta época do ano e as causas estão sendo investigadas”. Ele disse que possíveis autores de queimadas podem ser responsabilizados.
Segundo ele, a direção dos ventos no sentido de Norte a Nordeste, associada à umidade relativa do ar de 59%, favoreceram a chegada e acúmulo de fumaça em Manaus. Outro fator é a velocidade dos ventos que está em 18 quilômetros por hora, o que dificulta a dissipação da fumaça.
O boletim climático do Sistema de Proteção da Amazônia, para o primeiro trimestre de 2016, indica chuvas abaixo da média no leste e no centro do Amazonas.

sábado, 9 de janeiro de 2016

A estratégia do novo governo argentino para tentar recuperar as Ilhas Malvinas

Gestão Mauricio Macri indica que usará discurso menos duro que o de Cristina Kirchner, que chegou a chamar Reino Unido de 'potência colonial' por manter controle das ilhas.

Menos de um mês após ter sido empossado, o governo do presidente argentino Maurício Macri indicou que reaver a soberania das Ilhas Malvinas (Falklands, para os ingleses) faz parte das prioridades de sua política externa.
Historicamente, a discussão sobre a recuperação do território – em poder dos britânicos desde o século 19 e motivo de guerra em 1982 – costuma ter apoio dos argentinos. Porém, pesquisas indicam que hoje a população vê outros problemas como mais urgentes, entre eles inflação e segurança pública.
O assunto Malvinas era uma das bandeiras da gestão de Cristina Kirchner (2007-2015), da qual o novo governo vem tentando demonstrar várias diferenças, principalmente nas linhas política e econômica.
Macri sugeriu, porém, que vai mudar o estilo impresso pela antecessora no assunto, buscando um diálogo “mais amigável” com o governo britânico, como disse à BBC Brasil um embaixador argentino, sob a condição do anonimato.
“É claro e evidente que o governo do presidente Macri tem uma atitude de diálogo e mais respeitosa (que a gestão da antecessora)”, disse o diplomata.
Em um comunicado divulgado no último dia 3, o governo argentino convida o Reino Unido a “restabelecer as negociações para resolver, o mais rápido possível, e de maneira justa e definitiva, a disputa pela soberania” sobre as Ilhas Malvinas, Geórgia do Sul e Sandwich do Sul e os espaços marítimos da região.
E diz que espera fazer isso “por meio do caminho do diálogo, da paz e da diplomacia”.
Novo estilo
Em diferentes entrevistas nos últimos dias, a ministra das Relações Exteriores da Argentina, Susana Malcorra, disse que as Malvinas são um tema “constitucional, e não opcional”, e sugeriu que a estratégia do governo atual seria a de buscar dialogar com os britânicos com um novo estilo.
“Nem sempre se consegue o que se pretende endurecendo o discurso”, disse ela à imprensa argentina.
Malcorra reconheceu, porém, que o kirchnerismo (2003-2015) colocou o assunto em destaque na agenda argentina.
Em diferentes discursos e em uma carta enviada ao primeiro-ministro britânico David Cameron em janeiro de 2013, a então presidente disse que “há 180 anos, em um exercício descarado de colonialismo do século 19, a Argentina foi despejada à força das Ilhas Malvinas, situadas a 14 mil quilômetros de distância de Londres”.
Cristina também se referiu ao Reino Unido como “potência colonial” – palavras que até o momento foram evitadas pela nova gestão argentina, pelo menos publicamente.
A ex-presidente pediu, em diferentes ocasiões, que sejam “acatadas as resoluções das Nações Unidas (para que sejam retomadas as negociações entre os dois países)”.
'Questão sentimental'
Para analistas ouvidos pela BBC Brasil, as Malvinas são uma "questão sentimental” e “histórica” para os argentinos.
O fato de a gestão Macri abordar o assunto “é mais que esperado”, afirmou o professor de relações internacionais da Universidade Torcuato Di Tella, Juan Gabriel Tokatlian. “Não existe a menor chance de um governo argentino não se pronunciar sobre as Malvinas”, disse.
Ele recordou que a Constituição de 1994 diz que a “nação argentina ratifica sua legítima e imprescindível soberania sobre as Ilhas Malvinas, Geórgia do Sul e Sandwich do Sul e os espaços marítimos” na região, “por ser parte integrante do território nacional”.
A Carta Magna do país diz ainda que o “povo argentino não renunciará à recuperação” dessa soberania.
Na avaliação do professor de ciências políticas Marcos Novaro, da Universidade de Buenos Aires, diante do estilo kirchnerista “não foi difícil para o Reino Unido e outros países ignorarem as reclamações e ataques da Argentina e deixar essas queixas sem respostas”.
Segundo ele, independente da reação britânica, convém aos argentinos "restabelecer a capacidade de diálogo” internacional.
Para Novaro, o diálogo sobre a soberania poderia começar, por exemplo, com pautas como a preservação ambiental.
O especialista lembrou, porém, que o tema não é unanimidade. “Existe muita gente que acredita que [as ilhas] são argentinas, mas também existem muitos a entender que esse não é um assunto prioritário na politica exterior do país.”
Na sua visão, a Argentina tem hoje outros temas mais urgentes, como “retomar relações com outras democracias do mundo, incluindo os vizinhos, que retrocederam com o kirchnerismo”.
Discordâncias
De acordo com o pesquisador do Conicet (Conselho Nacional de Pesquisas Científicas e Técnicas) Vicente Palermo, os britânicos estão dispostos a falar sobre “muitas coisas” com os argentinos, mas não a respeito da soberania das ilhas.
“Eles consideram que os moradores devem ser incluídos nas negociações, com o que a Argentina discorda”, disse.
Em 2013, a maioria da população decidiu, por meio de um reverendo, permanecer como território britânico.
O analista afirma que, apesar dos gestos do governo Macri, não prevê “nenhum avanço no curto prazo” sobre esse impasse. Para ele, a relação bilateral foi “muito deteriorada” durante o governo de Cristina, e ainda não está claro como esse diálogo poderia ser retomado agora.
As Ilhas Malvinas, no Atlântico Sul, foram motivo de uma guerra em 1982, da qual os britânicos saíram vitoriosos. A derrota argentina abriu caminho para o retorno da democracia no país no ano seguinte.
Reclamar o território com assiduidade foi política frequente dos governos anteriores no país, que diferiram apenas na intensidade com que fizeram a reivindicação.
Nos últimos anos, foi descoberto que a região, tradicional para a pesca, também é rica em petróleo.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Sitiada por guerra, população de cidade síria 'come cães e gatos' para não morrer de fome

Cidadãos sírios estão morrendo de fome em Madaya, cidade próxima à capital Damasco e sitiada pelo governo em meio à guerra civil no país, segundo denunciaram ativistas da oposição.
"As pessoas estão morrendo. Elas estão comendo coisas do chão. Estão comendo cães e gatos", disse à BBC uma ativista cuja família está em Madaya.
Relatos também dão conta de situação semelhante em dois vilarejos xiitas no norte do país, que são alvo de um longo cerco por parte dos rebeldes, onde moradores têm se alimentado de grama para sobreviver.
A ONU afirma que todos os lados envolvidos no conflito no país vêm lançando mão de táticas de guerra e isolando cidades, o que viola leis internacionais de direitos humanos.
O Programa Alimentar Mundial, agência da ONU para o combate à fome, e a Cruz Vermelha descreveram a situação em que se encontram determinadas localidades como "extremamente alarmantes".
Nesta quinta-feira, a ONU afirmou que o governo sírio concordou em permitir que ajuda humanitária chegue a Madaya.
Entenda a seguir o que se sabe até o momento sobre os civis presos nestes cercos após quase cinco anos de guerra civil na Síria.

terça-feira, 5 de janeiro de 2016

São Paulo: Prefeito de São Paulo sanciona lei que disciplina uso de aplicativos para chamar táxis na Capital Paulista.

O prefeito da capital paulista, Fernando Haddad, sancionou lei que regula o uso de aplicativos para solicitação de táxis. O texto foi publicado hoje (5) no Diário Oficial do Município. A prefeitura deverá regulamentar a lei em até 60 dias.
De acordo com o texto, as empresas interessadas na prestação do serviço de táxi por aplicativo deverão ser cadastradas na prefeitura e ter como prestadores, exclusivamente, taxistas. Também terão de, obrigatoriamente, apresentar cópia de seu contrato social ou estatuto, devendo constar o endereço de sua sede na cidade de São Paulo.
Caso a empresa gestora do aplicativo não cumpra a lei, será aplicada multa de R$ 50 mil, cobrada em dobro no caso de reincidência. Para a pessoa física que infringir o regulamento, a multa será de R$ 3,8 mil, mais a apreensão do veículo e bloqueio do licenciamento até a quitação do valor. O Sindicato dos Taxistas Autônomos de São Paulo foi procurado para avaliar a nova legislação, mas não respondeu até o fechamento desta matéria.
No último dia 29, a prefeitura de São Paulo anunciou o lançamento de uma consulta pública para avaliar um novo modelo de transporte individual para a cidade, que pode regulamentar o uso de aplicativos como o Uber, que é diferente do táxi convencional. O texto poderá receber sugestões da população pelo prazo de 30 dias no endereço consultausointensivoviario.prefeitura.sp.gov.br .Confusão
Na madrugada do último domingo (3), um motorista do serviço Uber e sua passageira foram agredidos por taxistas na avenida Francisco Matarazzo, na zona oeste da capital. Segundo o boletim de ocorrência, o motorista disse que, após pegar a passageira, foi fechado por cinco táxis e impedido de seguir. Os taxistas desceram com barras ferro e danificaram o veículo. A passageira foi ferida por estilhaços, mas não quis prestar queixa. O motorista do Uber conseguiu anotar a placa de dois dos táxis.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública, a ocorrência foi registrada no 91º Distrito Policial (DP) como associação criminosa e danos. O 23º DP investigará o ocorrido
“A Uber considera inaceitável o uso de violência contra cidadãos que respeitam as leis. Os motoristas parceiros têm o direito de trabalhar honestamente para ganhar seu sustento, assim como os usuários têm o direito de escolher como querem se mover pela cidade”, disse a empresa em nota. Procurado para comentar o caso, o Sindicato dos Taxistas Autônomos de São Paulo não respondeu até o fechamento da reportagem.

domingo, 3 de janeiro de 2016

Em vídeo, EI executa supostos espiões britânicos e chama Cameron de 'imbecil'

O grupo Estado Islâmico (EI) divulgou novo vídeo neste domingo (3), desta vez na tentativa passar um recado ao premiê britânico David Cameron. No material, cinco reféns são executados e, em seguida, um dos combatentes jihadistas chama Cameron de "imbecil" por desafiá-los, fazendo ameaças diretas à Grã-Bretanha.
As informações são do SITE Intel Group, organização que monitora o jihadismo. Os homens executados, que nas imagens do vídeo trajam uniformes vermelhos, são supostos espiões britânicos.
Esta nova execução do Estado Islâmico acontece após o Parlamento britânico aprovar, no início de dezembro, a participação de sua força aérea na campanha de bombardeios contra o grupo na Síria. A decisão passou por um longo debate, no qual Cameron se posicionou publicamente a favor da ofensiva contra os jihadistas. O premiê classificou quem se opusesse aos ataques como "simpatizante de terroristas".
Os primeiros ataques britânicos contra o EI na Síria aconteceram no dia 3 de dezembro, poucas horas após a aprovação do Parlamento. "O Parlamento tomou a melhor decisão para preservar a segurança do país", afirmou Cameron à época. Logo após a ofensiva, o premiê utilizou sua conta no Twitter para dizer que a ação militar faz parte de "uma estratégia maior".
O Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH) informou neste domingo que ao menos 16 combatentes do EI foram mortos em confrontos no norte da Síria. No dia 30 de dezembro, os jihadistas lançaram uma ofensiva contra várias localidades nas mãos das Forças Democráticas da Síria (FDS), perto de Ain Issa, uma cidade controlada pela mesma coalizão e localizada cerca de 50 km ao norte de Raqa, a "capital" do grupo na Síria.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

O mistério em torno da vida privada de Vladimir Putin

Conhecemos alguns aspectos da intimidade do presidente russo Vladimir Putin. Ele já foi fotografado na academia, brincando com seus cachorros em Moscou e cavalgando na Sibéria sem camisa.
No entanto, há muito poucas imagens da vida familiar e do círculo de amigos próximos de Putin, que foi escolhido pela revista Forbes, em 2015, como o homem mais poderoso do mundo pelo segundo ano consecutivo.
Apesar de estar há mais de 15 anos no poder, o presidente da Rússia evita que sejam divulgadas imagens ou qualquer informação sobre suas duas filhas, por exemplo.
Em 2012, o jornal americano The New York Times comentou o que chamou de "segredo quase impenetrável" de Putin.
"Quanto mais ele governa a Rússia, mais tabu parece ser a discussão sobre sua família", afirma o jornal.
Realmente, os jornalistas russos dizem ser mais fácil noticiar temas de segurança nacional do que questões relacionadas à família de Putin.

Questão de segurança

Em 2012, quando o presidente aceitou fazer parte do documentário Putin, do cineasta alemão Hubert Seipel Ich, sua vida familiar ficou fora da discussão.
Putin afirmou em uma coletiva de imprensa no último dia 17 de dezembro que por trás de seu silêncio está a segurança de suas duas filhas, que acredita-se terem cerca de 30 anos.
"Eu nunca disse onde exatamente minhas filhas trabalham, o que elas fazem, e não pretendo fazê-lo agora por muitas razões, incluindo uma questão de segurança", disse.
"Em geral, acredito que cada pessoa tem direito a seu próprio destino. Elas nunca foram filhas de uma celebridade, nunca tiveram prazer em ser o centro das atenções e estão simplesmente vivendo suas próprias vidas."
Segundo uma investigação da agência de notícias Reuters publicada no dia 10 de novembro, a filha mais nova de Putin, Katerina, é uma acadêmica de sucesso que trabalha na Universidade Estatal de Moscou e participa de competições de rock'n'roll acrobático, um tipo de dança esportiva.
A Reuters afirmou, após obter a confirmação de um alto funcionário russo, que Katerina usa o sobrenome Tikhonova.
Um dia depois de falar à reportagem da Reuters, o porta-voz de Putin, Dmitry Peskov, questionou a investigação.
"Não posso dizer nada sobre quem é a filha de Putin porque nem tenho essa informação nem se supõe que eu deva tê-la. Não é parte das minhas funções administrativas", disse Peskov, segundo a agência de notícias russa TASS.
Na coletiva de imprensa em dezembro, um jornalista perguntou ao presidente sobre Katerina Tikhonova e sobre a reportagem da Reuters.
"Eu já li diferentes coisas em diferentes momentos. Até pouco tempo atrás, todo mundo dizia que minhas filhas estudavam em outro país e viviam permanentemente fora da Rússia. Graças a Deus, ninguém escreve mais isso. Agora estão dizendo – e isso é verdade – que elas vivem na Rússia e nunca deixaram o país para viver permanentemente. Elas sempre estudaram na Rússia", disse.
De acordo com um dos editores do serviço russo da BBC, Famil Ismailov, há duas razões pelas quais se sabe pouco do núcleo íntimo de Putin.
"Uma é pessoal e outra é cultural", disse à BBC Mundo. "Putin é um homem muito reservado. Ele foi um agente da KGB (serviço secreto russo) e essa experiência o ensinou a não falar sobre sua vida privada."
"Ele se apresenta como uma pessoa com valores conservadores russos e como um defensor dos mesmos (...). Além disso, está se tornando cada vez mais religioso. É possível vê-lo se benzer e assistir cerimônias religiosas. A Igreja Ortodoxa é percebida como uma das bases do legado histórico russo."
Nesse contexto, diz Ismailov, sua amizade com o extravagante primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi chama a atenção.

'Afogado no trabalho'

A filha mais velha de Putin se chama Maria e é uma pesquisadora acadêmica especializada em endocrinologia.
A mãe de suas duas filhas, Lyudmila, uma vez o descreveu como alguém viciado em trabalho.
Em junho de 2013, depois de 30 anos de matrimônio, o casal anunciou o divórcio.
Diante das câmeras de TV, Putin disse: "Foi uma decisão conjunta: dificilmente nos vemos, cada um tem sua própria vida".
Lyudmila, que notoriamente evita a atenção pública, disse que era difícil para ela viajar de avião e que Putin estava "completamente afogado no trabalho".
Segundo ela, o divórcio foi "civilizado" e o casal "sempre se manterá próximo".
Depois do anúncio do divórcio, o porta-voz de Putin disse que não havia outra mulher na vida do presidente russo.
"Basta uma olhada rápida na agenda de trabalho de Putin e é fácil perceber que não há espaço para relações familiares em sua vida. Ele está cheio de responsabilidades como chefe de Estado", diz o porta-voz Dmitry Peskov.

Núcleo de amigos

Quando Vladimir Putin chegou ao poder, o perguntaram em uma entrevista em qual de seus colegas ele mais confiava.
Ele nomeou cinco pessoas: Nikolai Patrushev, Sergei Ivanov, Dmitry Medvedev, Alexei Kudrin e Igor Sechin.
Quinze anos depois, estes homens ainda formam o núcleo mais próximo do presidente Putin e dominam altos postos estratégicos do governo e das grandes empresas russas.
  • Patrushev era diretor do Serviço Federal de Segurança de 1999 até ser nomeado secretário do conselho de segurança russo em 2008.
  • Ivanov foi ministro da Defesa e vice-primeiro-ministro. Desde 2011, ele é chefe do gabinete presidencial.
  • Medvedev foi presidente de 2008 a 2012, dividindo o poder com Putin, e agora é primeiro-ministro.
  • Kudrin, que foi ministro das Finanças até 2011, não tem mais um cargo formal no governo, mas parece dar conselhos ao presidente sobre assuntos econômicos.
  • Sechin, que teve altos cargos no gabinete e no governo, é o atual diretor executivo da Rosneft, a empresa estatal de petróleo.
Segundo o pesquisador de Rússia e Eurásia do think tank britânico de políticas internacionais Chatham House, Andrew Monaghan, este grupo ilustra dois pontos importantes sobre quem governa o país.
"Primeiro, houve uma continuidade em termos das pessoas próximas a Putin. Mudanças são raras, e muito poucas pessoas deixaram este grupo central", diz.
"Segundo, o coração desta equipe de liderança é formado por colegas que serviram com Putin na KGB, na administração de São Petersburgo nos anos 1990, ou ambos."
Este grupo também inclui outras pessoas em quem o presidente confia a implementação de grandes projetos de infraestrutura, como Arkady Rotenberg, um dos responsáveis pela Olimpíada de Inverno de Sochi, assim como outras autoridades e burocratas regionais.