sábado, 28 de dezembro de 2013

Apoiantes da Irmandade Muçulmana incendeiam edifícios da universidade Al-Azhar

Vaga de repressão intensificou-se nos últimos dias no Egito.
Depois da nova vaga de repressão aos apoiantes da Irmandade Muçulmanas no Egipto, estudantes ligados ao movimento islamista incendiaram na manhã deste sábado dois edifícios do campus da Universidade Al-Azhar, no Cairo.
O incidente surge na sequência de uma onda de detenções de apoiantes da Irmandade, declarada oficialmente como “organização terrorista” pelas autoridades de facto no Egipto.
Os estudantes entraram na Faculdade de Comércio e deitaram fogo ao bloco, assim como ao edifício da Faculdade de Agricultura. Um estudante de 19 anos foi atingido por uma bala e morreu no meio dos confrontos entre a polícia e os apoiantes da Irmandade, confirmou um responsável hospitalar à AFP.
O jornal estatal Al-Ahram, que a agência de notícias cita, refere que os confrontos começaram quando as forças de segurança lançaram gás lacrimogéneo para dispersar do local os apoiantes da Irmandade que tentavam entrar nos edifícios para boicotar a realização dos exames.
vaga de repressão intensificou-se nos últimos dias, depois de o general Abdel Fattah al-Sisi, comandante do Exército, avisar que os militares “eliminarão” quem desestabilizar o país. Os confrontos entre apoiantes e opositores a resultarem na morte de, pelo menos, cinco pessoas na sexta-feira, segundo referiu à AFP uma fonte médica.
As detenções começaram depois de uma explosão de um autocarro na capital ter provocado, na quinta-feira, cinco feridos. O atentado foi o primeiro a visar propositadamente civis desde o golpe militar que em Julho derrubou Mohamed Morsi, dirigente da Irmandade e o primeiro Presidente democraticamente eleito do Egipto. Dois dias antes, um atentado suicida reivindicado por uma organização jihadista contra uma esquadra da cidade de Mansoura provocou 15 mortos.

Rebeldes do Sudão do Sul desconfiam de trégua oferecida por governo

Deslocados internos em base da ONU no Sudão do Sul (foto: Associated Press)
Líder rebelde diz não confiar em trégua unilateral do governo e quer libertação de aliados
O líder rebelde do Sudão do Sul, Riek Machar, disse que deve haver negociações adequadas antes que os insurgentes aceitem fazer uma trégua com o governo.
Ele deu a declaração após o governo propor um fim imediato dos combates – uma declaração aplaudida por líderes do leste africano em Nairobi.
Contudo, a luta continuou na sexta-feira na cidade petrolífera de Malakal, no Estado do Alto Nilo.
Os primeiros reforços da ONU chegaram para ajudar a controlar as ondas de civis que procuram abrigo próximo às bases das Nações Unidas.
Aproximadamente 63 mil pessoasse estabeleceram ao redor das bases da ONU em busca de proteção. Ao todo, mas de 121 mil pessoas foram deslocadas de suas casas e ao menos mil morreram nos conflitos.
O president Salva Kiir e Machar travam uma batalha de vida ou morte pelo poder. Antes de se tornar líder rebelde, Machar ocupou a vice-presidência - antes de ser acusado de corrupção e tentativa de golpe.
A violência do conflito atingiu tanto membros da etnia Dinka, de Kiir, como os Nuer, de Machar.
O governo libertou dois aliados de Machar que estavam presos – cumprindo assim de forma parcial o pedido dos rebeldes para libertar onze acusados de tramar o golpe de Estado.
O enviado dos Estados Unidos Donald Booth disse em Juba esperar que os homens libertados fizessem parte "de maneira construtiva" dos esforços para trazer de volta a paz.

Desconfiança

Machar falou com o Serviço Mundial da BBC por um telefone via satélite de um local secreto.
Ele disse ter uma equipe de negociadores pronta para agir, mas afirmou que o cessar-fogo deve ser sério, digno de crédito e monitorado adequadamente.
"Então, enquanto mecanismos de monitoramento ainda são estabelecidos, quando um lado diz que há uma trégua unilateral, não é possível que alguém confie que há comprometimento”, disse.
Machar afirmou novamente que quer ver todos os seus onze aliados soltos como condição para qualquer negociação.
O líder rebelde afirmou que suas forças controla todo o Estado de Unity, três quartos do Alto Nilo e todo o Estado de Jonglei, exeto por sua capital Bor.
Ele disse ter conversado com os prisioneiros libertados em Juba. Ele afirmou que eles são seu diretor executivo Deng Deng Akon e o ex-ministro da Educação Peter Adwok.
O governo afirmou por meio do Twitter que concordava "a princípio com um cessar-fogo a começar imediatamente". O porta-voz governamental Ateny Wek disse a uma rádio local: "Não é uma oferta unilateral, mas uma oferta condicional a ser aceita pelo outro lado'.
Makuei Lueth, o ministro da Informação, afirmou que uma ofensiva para reconquistar Bentiu , a capital do Estado de Unity, foi suspensa.

Reforços

Os primeiros reforços da ONU chegaram no país após o Conselho de Segurança autorizar que o efetivo de capacetes azuis no país sja dobrado – chegando a 12.500 homens.
Um destacamento de 72 policiais bengaleses anteriormente baseados na República Democrática do Congo desembarcou em Juba. Sua função inicial será controlar multidões nas proximidades das bases da ONU.

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Juiz federal diz que coleta de dados pela NSA é constitucional

Um juiz federal de Nova York afirmou hoje que o programa da Agência Nacional de Segurança americana (NSA, sigla em inglês) de coletar dados de todas as ligações de americanos é constitucional.
A decisão contraria a determinação de outro juiz federal de Washington que havia afirmado que o programa violava a Constituição americana no último dia 16.
Após essa primeira derrota legal da NSA, o Departamento de Justiça americano alegou que a coleta de informação com números dos telefones envolvidos e horário e duração das ligações não era invasão de privacidade, pois os dados já estavam à disposição das empresas telefônicas por razões de cobrança dos serviços.
Em Manhattan, o juiz William Pauley concordou com esse argumento e afirmou que as proteções da Quarta Emenda à Constituição dos EUA, que diz respeito à privacidade, não se aplicam a dados mantidos por terceiros, como as companhias de telefones.
Pauley disse que não há provas de que o governo tenha usado os chamados "metadados" de telefonemas para qualquer outra razão que não seja investigar e impedir ataques terroristas.
A organização União Americana pelas Liberdades Civis havia entrado com uma ação para deter o programa, mas o juiz deu razão a moção do governo federal em favor da NSA.
A decisão final sobre o programa deve acabar na Suprema Corte, em um momento que o país discute a espionagem feita pela NSA no Congresso e na Casa Branca, depois que o ex-técnico da agência, Edward Snowden, revelou os escândalos do monitoramento americano.

Pussy Riot pede a saída de Vladimir Putin do poder

As integrantes da banda punk Pussy Riot Maria Alyokhina e Nadezhda Tolokonnikova afirmaram nesta sexta-feira que não mudaram de opinião sobre o presidente da Rússia, Vladimir Putin, após ele ter concedido uma anistia que permitiu a elas deixar a prisão.
Na primeira entrevista após deixarem a cadeia, integrantes da banda punk criticam o presidente da Rússia e a Igreja Ortodoxa. Elas pretendem fundar uma organização para lutar por melhores condições nas prisões.
Numa entrevista à imprensa em Moscou, elas disseram que esperam ver Putin fora do poder. As ativistas voltaram a afirmar que a anistia concedida pelo governo é apenas uma ação de marketing.
- No que diz respeito a Vladimir Putin, a nossa posição não mudou. Nós queremos continuar fazendo aquilo pelo que fomos presas. Continuamos querendo afastá-lo do poder – disse Tolokonnikova durante a primeira entrevista coletiva à imprensa após a libertação, ocorrida na segunda-feira.
Tolokonnikova descreveu Putin como fechado, intransparente e chekist, termo usado na antiga União Soviética para membros do serviço secreto. Alyokhina criticou o sistema político construído pelo ex-agente da KGB na última década. “Há conspirações e suspeitas constantes”, disse.
As ativistas declaram também que gostariam que o ex-magnata do petróleo e oposicionista Mikhail Khodorkovsky, libertado na semana passada, fosse candidato à presidência. Khodorkovsky passou mais de dez anos na prisão, acusado de sonegação de impostos e fraude. No Ocidente e entre a oposição russa, a prisão dele era vista como politicamente motivada.
Propaganda política
Além de reafirmar sua posição oposicionista, Tolokonnikova declarou que a anistia concedida a presos na última semana não passa de uma ação de marketing para melhorar a imagem da Rússia, que sediará em fevereiro os Jogos Olímpicos de Inverno.
- O degelo nada tem a ver com humanismo. As autoridades só fizeram isso por causa da pressão da sociedade russa e ocidental – afirmou Tolokonnikova, acrescentando que teme que, depois dos Jogos Olímpicos, a repressão aumente no país.
A cantora defendeu um boicote aos Jogos. “Gostando ou não, participar dos Jogos na Rússia é uma aprovação da situação interna na Rússia, é um consentimento com o curso tomado por uma pessoa que está interessada sobretudo nos Jogos: Vladimir Putin.”
Durante a coletiva, as ativistas também comentaram a sua prisão. Alyokhina acusou a Igreja Ortodoxa Russa de ter um papel fundamental na prisão das músicas. As duas colegas, além da outra integrante do grupo, Yekaterina Samutsevich, libertada em outubro do ano passado por determinação da justiça, cumpriam pena por terem cantado uma oração contra Putin numa catedral ortodoxa.
A banda foi acusada de vandalismo motivado por ódio religioso. A soltura de Tolokonnikova e Alyokhina era prevista para março de 2014, mas ambas foram beneficiadas pela anistia concedida pelo governo a diversos presos nesse mês.
Futuro na oposição
As ativistas disseram que pretendem permanecer na Rússia e afirmaram que agora focarão suas energias na luta por melhores condições nas prisões do país. “Nas prisões russas há pessoas que estão à beira da morte”, disse Alyokhina.
As duas pretendem fundar, com doações, uma organização que será a voz dos prisioneiros. Tolokonnikova também declarou que trabalhará com o blogueiro e líder da oposição Alexei Navalny.

Passagens e chips de celular ainda são problema para estrangeiros no Brasil

Aeroporto de Guarulhos | Foto: AFP
Compra de passagens aéreas online ainda pode ser 'pesadelo' para turistas
Apesar de melhoras nos sistemas das empresas nacionais, a compra de chips de celular e de passagens aéreas e terrestres ainda são um problema para estrangeiros que vêm ao Brasil, pouco menos de seis meses antes da Copa do Mundo.
Simulações de compra feitas pela BBC Brasil nas maiores empresas aéreas do país mostraram que nos últimos seis meses, todas elas tomaram medidas para facilitar o acesso de estrangeiros a suas páginas, como a não exigência do CPF para comprar passagens.
Os turistas de outros países, no entanto, Clique continuam a encontrar dificuldades ao tentar pagar com cartões de crédito internacionais e enfrentam problemas como falhas de tradução e falta de atendimendo online em inglês. As companhias afirmam que oferecem opções de atendimento e de pagamento aos estrangeiros e que trabalham em melhorias em seus sites.
No caso das passagens terrestres, tentativas nos sites de cinco grandes empresas de ônibus interestaduais mostraram que, sem um CPF, é impossível para um estrangeiro comprar passagens online.
Atendentes de todas as empresas analisadas afirmam que turistas estrangeiros podem comprar as passagens com passaporte e cartões internacionais pessoalmente, nos guichês das companhias. Quanto a compras online, uma delas diz que a exigência de CPF se dá por motivos de segurança.
As quatro maiores empresas de celular dizem permitir - segundo determinação da Anatel e do Ministério das Comunicações - que turistas estrangeiros comprem chips pré-pagos usando somente o passaporte como identificação.
Em simulações de compra pontuais, no entanto, a reportagem da BBC Brasil foi informada que em duas delas, Vivo e Claro, isto não era possível. Ambas as empresas disseram que seus funcionários estão orientados a cumprir a determinação do governo.

Passagens aéreas

Os sites das quatro maiores empresas de aviação do Brasil - TAM, Gol, Azul e Avianca - já têm versões em outras línguas, nas quais é possível cadastrar-se com o número do passaporte ou até prescindir de um documento para a compra da passagem.
Todas elas também declaram aceitar cartões internacionais, mas a compra na prática ainda é difícil.
"O problema com estes sites (das companhias aéreas brasileiras) é que eles tem versões internacionais que não são completas. Em algum momento você é redirecionado para algo que está em português e não consegue entender."
Jonathan Richards, turista americano
"O problema com estes sites (das companhias aéreas brasileiras) é que eles têm versões internacionais que não são completas. Em algum momento você é redirecionado para algo que está em português e não consegue entender", disse o executivo de finanças americano Jonathan Richards, de 29 anos, está no Brasil desde a semana passada em uma viagem de férias.
Ao tentar comprar passagens pela Gol, em outubro deste ano, ele diz ter tido o cartão rejeitado e demorado a conseguir um atendimento por telefone - que, quando aconteceu, era em português.
A solução encontrada por Richards é a mesma encontrada por dezenas de turistas - pedir que amigos brasileiros comprem suas passagens, algo que não deverá ser possível para todos os que visitarem o país durante a Copa do Mundo de 2014.
Perguntada pela BBC Brasil sobre a possibilidade de realizar mudanças para melhorar o acesso de clientes estrangeiros, a empresa respondeu por e-mail que "como empresa competitiva, a Gol está sempre atenta a melhorias que agreguem valor aos seus clientes".
A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) disse à BBC Brasil por e-mail que não há regulação específica sobre as facilidades que os sites das companhias aéreas oferecem ao consumidor estrangeiro, mas que "é algo que faz parte das recomendações da Anac às empresas aéreas".

O teste dos sites companhias aéreas feito pela BBC Brasil

Gol
  • Tem versões do site em inglês e em espanhol.
  • Os preços das passagens aparecem em reais em quaisquer versões.
  • O cadastro, necessário para comprar as passagens, tem a opção de número de passaporte, para estrangeiros.
  • Nem todas as informações estão em inglês, mas há opções de atendimento online via chat em inglês e espanhol.
  • O site diz aceitar os cartões de crédito internacionais American Express, Diners e cartões Visa e Mastercard. O pagamento por PayPal também é possível.
  • A empresa diz que "está atenta a melhorias" para seus clientes.
TAM
  • O site possui versões em inglês, espanhol, italiano, alemão e francês.
  • Os preços são mostrados na moeda do país escolhido ou em dólar.
  • A informação em inglês sobre formas de pagamento diz que são aceitos somente os cartões American Express, Visa, Diners Club and Mastercard emitidos no Brasil. A empresa, no entanto, garante que cartões internacionais são aceitos, de acordo com cada versão do site.
  • Não é necessário o preenchimento de número de CPF ou passaporte para comprar a passagem.
Azul
  • O site possui uma versão em inglês, onde os valores das passagens são mostrados em reais.
  • Versão em inglês do site é instável - exibe mensagens de erro com frequência.
  • Não é necessário ter o CPF para comprar uma passagem.
  • O chat online para tirar dúvidas, no entanto, só está disponível em português e exige o CPF.
  • São aceitos os cartões American Express, Visa e Mastercard emitidos no exterior.
  • Procurada, a empresa reconheceu limitações no atendimento online para estrangeiros e disse que irá investigar problemas no site, mas ressalta que têm atendimento em inglês por telefone.
Avianca
  • O site possui versões em inglês e espanhol. No entanto, há erros nas traduções e, em alguns casos, elas estão incompletas.
  • Para o cadastro, é possível informar o número do passaporte ou de outro documento.
  • A versão em inglês é instável. No cadastro, acontecem problemas como o não reconhecimento da data de aniversário.
  • O contrato para a compra da passagem, com o qual é necessário concordar, está em português.
  • Aceita cartões internacionais Visa, Mastercard e American Express, mas somente dos seguintes países: Estados Unidos, Canadá, Austrália, Nova Zelândia, Itália, Espanha, Bélgica, China, Suécia, Noruega, Holanda e países da América Latina.
  • O atendimento online só está disponível em português. Por telefone, é possível ser atendido em inglês.
  • Atendentes oferecem a opção de fazer a reserva dos voos, que podem ser pago diretamente no aeroporto, com cartões internacionais.
  • Procurada pela BBC Brasil, a empresa não comentou o teste até o fechamento da reportagem.

Passagens rodoviárias

Se o cartão impede a compra de passagens aéreas, a falta de um número de CPF é o maior impedimento para a compra de passagens de ônibus online.
A BBC Brasil testou os sites de cinco das maiores empresas do setor no Brasil: Viação 1001, Águia Branca, Itapemirim, Andorinha e Cometa. Apenas duas delas, Viação 1001 e Itapemirim, tinham uma versão da página inicial ou do site inteiro em inglês.
No entanto, nenhuma das empresas permitia a compra de passagens pela internet com o número do passaporte. Estrangeiros devem ir diretamente aos guichês ou pontos de venda de cada companhia.
A BBC Brasil tentou contato com todas as empresas testadas, mas apenas duas responderam. A Viação 1001 disse que a exigência de CPF no site acontece "por questões de segurança" e que "ainda não há um prazo definido para qualquer mudança desse procedimento".
A Viação Cometa afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que "estuda medidas para atender ao público estrangeiro durante o Mundial de futebol".
Uma alternativa para os turistas está em sites de terceiros, como o Clique Brazil by Bus, que centralizam a venda de passagens das principais viações. Criado em 2012 por brasileiros, o site, em inglês, mostra preços em dólares, permite a identificação com o número do passaporte e a compra com cartões internacionais e PayPal.

Chips de celular

Em setembro de 2012, o Ministério das Comunicações e a Anatel determinaram que turistas estrangeiros poderiam comprar e ativar chips de celulares utilizando apenas o passaporte ou a carteira de identidade de cidadãos dos países membros do Mercosul.
Mais de um ano depois, turistas ainda enfrentam uma maratona para conseguirem se comunicar com um número nacional.
O americano Jonathan Richards conta que, além dos problemas para conseguir passagens aéreas, levou duas horas em atendimento até conseguir um chip para seu iPhone.
"Fui a uma loja da Vivo em São Paulo, mas eles não vendiam microchips pré-pagos naquela loja. Eu tive que ir à banca de revistas diante da loja para comprar o chip, depois ir até outra loja para cortá-lo, porque não havia chips pré-pagos que coubessem no iPhone 4. Depois voltei à Vivo para que ativassem o número", explica.
Jonathan Richards | Foto: Arquivo pessoal
Americano teve problemas com a compra de passagens aéreas e de um chip há uma semana
"Primeiro me disseram que eu poderia ativar o chip com meu passaporte, mas quando ligaram para o centro de ativação, foram informados de que não seria possível. Então acabei mandando uma mensagem para meu amigo e usei o CPF dele para terminar o processo."
A BBC Brasil visitou lojas das quatro maiores operadoras do país - Vivo, TIM, Oi e Claro - em São Paulo. Em duas delas, na Vivo e na Claro, a reportagem foi informada de que ainda não é possível para um estrangeiro comprar e ativar um chip pré-pago sem um CPF.
A Vivo, no entanto, afirmou que estrangeiros podem, sim, comprar chips pré-pagos em lojas oficiais ou revendedoras, com o passaporte. "A empresa está reforçando a orientação com os atendentes, em especial nas lojas citadas pela reportagem", disse à BBC Brasil, por e-mail.
A Claro afirmou que "todos os atendentes dos pontos de venda da operadora no País, incluindo lojas próprias e agentes autorizados, estão instruídos a efetivar a venda a estes cidadãos (estrangeiros), mediante apresentação do passaporte".
A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) disse à BBC Brasil por e-mail ter detectado que "cerca de 60% das lojas das prestadoras não adaptaram seus procedimentos operacionais a este entendimento – ou seja, continuam exigindo CPF e, em alguns casos, estão recusando o passaporte".
O órgão disse ainda que, na maioria dos caos, o estrangeiro consegue habilitar o chip ligando para o call center da prestadora e fornecendo o número do passaporte. Mas que considera "inaceitável que o procedimento não seja efetivo em lojas físicas". O assunto deverá ser discutido em reunião do órgão com as empresas.

Violência faz Cidade do México perder imagem de oásis de segurança

Jovens sequestrados no México. Foto: AP
Caso de jovens sequestrados e executados aumentou percepção de violência na Cidade do México
Por anos da guerra contra o narcotráfico, grande parte das cidades no México tiveram constantes conflitos armados, explosões de bombas e aparições de dezenas de cadáveres nas ruas. Mas no período de 2007 a 2011, a capital do país se manteve relativamente isolada da guerra.
Agora este "oásis" parece estar desaparecendo. Nos últimos meses, a Cidade do México registrou o sequestro e execução de 13 jovens, o assassinato de adolescentes e uma disputa de gangues pelo controle do mercado de drogas.
Especialistas e ONGs dizem que o crescimento da violência é reflexo da atuação de novos grupos criminosos no Distrito Federal mexicano que eram relativamente desconhecidos até recentemente.
As autoridades rejeitam esse argumento. "Na Cidade do México o crime organizado não opera", diz o procurador da Justiça Rodolfo Ríos.
Mas para alguns cidadãos, há uma crescente sensação de insegurança.
"Havia uma época, há uns quatro anos, em que a Cidade do México era vista como segura, mas agora já não é mais", disse à BBC María Elena Morera, presidente da organização Causa en Común, entidade que luta por direitos civis.
"Estamos arriscando perder um espaço em que nos sentíamos bastante seguros", diz.

Caso Heaven

Um dos casos que mais despertou preocupações foi o sequestro e execução de 13 jovens no Bar Heaven, que fica em uma das principais regiões turísticas da capital, a Zona Rosa. O ato teria sido uma vingança de traficantes contra um grupo rival, diz a procuradoria geral da Justiça do Distrito Federal.
Os jovens apareceram mortos meses depois em uma vala. As investigações estabeleceram que policiais participaram do sequestro.
O caso do Bar Heaven também provocou divergências políticas entre o governo federal e a prefeitura da Cidade do México. O comissário nacional de Segurança, Manuel Mondragón, diz que gangues de narcotráfico atuam na capital, mas o prefeito, Miguel Mancera, nega.
A sensação de insegurança aumentou. Uma pesquisa recente no jornal Reforma mostrou que 49% dos entrevistados acreditam que o Distrito Federal é menos seguro do que outras cidades do país, enquanto para outros 29% a violência aumentou no último ano.
As autoridades afirmam que se trata meramente de uma percepção popular, já que as estatísticas oficiais indicam que houve uma queda de 12,4% nos índices de criminalidade.
A população duvida dos números oficiais e toma precauções.
"Em dezembro não vamos sair de férias. Sempre passamos o Ano Novo em Acapulco, mas agora os ladrões não nos deram permissão", disse Angélica Zuñiga, que mora no bairro Mixcoac, no sul da capital mexicana.
Para a presidente da ONG Causa en Común, as estatísticas oficiais de crimes podem ser baixas porque muitas pessoas não estariam registrando ocorrências.
A prefeitura da Cidade do México lançou uma nova estratégia de segurança para tentar reconquistar a confiança dos cidadãos. Foram criados gabinetes de segurança nas 16 microrregiões da capital, que deverão elaborar relatórios diários sobre os registros de crimes nas suas áreas.
"Os números são positivos, mas precisamos também combater a percepção – conhecida como insegurança objetiva", diz Mancera. "É algo que precisa ser conquistado a cada dia", afirma.

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Serviço de Meteorologia britânico fará 'previsões do tempo no espaço'

O Met Office, Serviço Nacional de Meteorologia do Reino Unido, começará a oferecer previsões diárias do tempo no espaço.
O serviço, que funcionará 24 horas, pretender ajudar empresas e departamentos governamentais a saber com antecedência sobre tempestades solares que podem interromper o funcionamento de satélites, comunicações por rádio e redes elétricas.
A primeira previsão deve acontecer por volta de março ou abril de 2014, durante a primavera no hemisfério norte.
O Departamento de Negócios do governo britânico irá financiar o projeto com 4,6 milhões de libras (R$ 17,7 milhões) durante os próximos três anos.
O Met Office pretende desenvolver melhores maneiras de prever o tempo no espaço em colaboração com a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos Estados Unidos (NOAA, na sigla em inglês).

Tempestades solares

As "condições de tempo" no espaço são determinadas por partículas energéticas do Sol.
Proeminências solares (espécie de labaredas que se destacam da superfície do Sol) e erupções na atmosfera solar - conhecidas como ejeções de massa coronal - são fontes poderosas de tempestades solares potencialmente destrutivas.
Elas tem o potencial de prejudicar componentes sensíveis de satélites e induzir sobrecargas elétricas que são fortes o suficiente para derrubar redes de distribuição de energia na Terra.
Um grande blecaute em Québec, no Canadá, em 1989, foi atribuído a uma tempestade solar.
A atividade do Sol atinge seu ápice a cada 11 anos, quando as emissões solares se tornam mais intensas. A estrela está atualmente em uma dessas fases.
"A ciência do tempo espacial é relativamente pouco desenvolvida, mas o conhecimento sobre ela está aumentando rapidamente", disse Mark Gibbs, chefe da divisão de tempo espacial no Met Office.
O projeto do órgão, segundo ele, pretende "acelerar o desenvolvimento de melhores modelos do clima no espaço e de sistemas de previsão que tornem mais eficiente o uso dos dados sobre o tempo espacial".

Gene do diabetes pode ter origem em Neandertal, diz pesquisa

Modelo de Neandertal
Gene encontrado em populações da América Latina herdado de Neandertais eleva risco de diabetes
Um gene que parece aumentar o risco da diabetes em populações da América Latina pode ter sido herdado dos Neandertais, de acordo com um estudo americano.
Sabe-se hoje que humanos modernos se miscigenaram com populações de Neandertais logo após deixarem a África, em um período entre 60.000 e 70.000 anos atrás.
Isso significa que genes do Neandertal estão agora dispersos pelo genoma de todos os não-africanos.
Os detalhes do estudo foram publicados na revista Nature. A variação do gene foi detectada em um vasto estudo de associação sobre o genoma de mais de oito mil mexicanos e outros latino-americanos.
O estudo analisa genes de indivíduos diferentes para tentar descobrir se eles estão ligados por alguma particularidade.
As pessoas que carregam a versão de maior risco do gene têm 25% mais chances de desenvolver diabetes do que aqueles que não a tem. Além disso, aqueles que herdam esses genes de pai e mãe têm 50% mais de chances de ter diabetes.
A forma mais perigosa do gene – chamada SLC16A11 – foi encontrada em mais da metade das pessoas que possuem ancestrais nativos da América, incluindo a América Latina.

Remédio

Essa variação do gene é encontrada em cerca de 20% das populações do Leste da Ásia e muito rara em habitantes da Europa e da África.
Uma frequência elevada dessa variação na América Latina pode ser a responsável por até 20% do aumento da prevalência da diabete tipo 2 nessas populações – cujas origens são complexas e pouco entendidas.
"Até agora, estudos genéticos usaram amplamente amostras de pessoas com ancestrais europeus ou asiáticos, o que torna possível a perda de genes que são alterados em frequências diferentes em outras populações", disse um dos coautores da pesquisa, José Florez, professor associado de medicina na Harvard Medical School, de Massachusetts.
"Ao expandir nossa pesquisa para incluir amostras do México e da América Latina, nós descobrimos um dos mais fortes riscos genéticos já achados até agora, o que pode iluminar novos caminhos para atingir a doença com remédios e melhor entendimento dela", explicou.
Caverna Denisova, na Rússia
Sequência genética relacionada a diabetes foi descoberta em caverna na Rússia
A equipe que descobriu a variante realizou análises adicionais, em colaboração com Svante Paabo, do Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva.
Eles descobriram que a sequência do SLC16A11 associada com o risco de diabetes tipo 2 é encontrada em uma sequência de genoma de Neandertal recentemente descoberta na caverna Denisova, na Sibéria.
Análises indicam que a versão SLC16A11 foi introduzida em humanos modernos por meio de miscigenação entre os primeiros humanos modernos e Neandertais.
Achar genes de Neandertal não é algo incomum. Cerca de 2% dos genomas da atualidade de não-africanos foram herdadas deste grupo humano, que viveu pela Europa e Ásia ocidental entre 400.000-300.000 anos e 30.000 anos atrás.
Mas os cientistas só estão começando a entender as implicações funcionais dessa herança Neandertal.
"Um dos aspectos mais excitantes desse trabalho é que revelamos uma nova pista sobre a biologia do diabetes", disse outro coautor da pesquisa, David Altshuler, baseado no Broad Institute de Massachusetts.
O SLC16A11 é parte de uma família de genes que codificam proteínas responsáveis por várias reações químicas no corpo.
Alterar os níveis de proteína SLC16A11 pode mudar a quantidade de um tipo de gordura que está relacionada ao risco de diabetes.
Essas descobertas sugerem que ela poderia estar envolvida no transporte de um metabólito desconhecido que afeta os níveis de gordura nas células aumentando assim o risco para a diabetes tipo 2.

Chuvas causam 39 mortes no Sudesde do país

As chuvas que atingem o Sudeste do país já causaram 39 mortes, sendo 21 no Espírito Santo e 19 em Minas Gerais. Medida Provisória publicada pelo governo federal no Diário Oficial da União desta quinta-feira (26) tem por objetivo facilitar o repasse de recursos a Estados e municípios para ações prevenção em áreas de risco de desastres, de resposta e recuperação em áreas atingidas por desastres.
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No Espírito Santos, o maior número de mortes (oito) ocorreu em Itaguaçu – quatro por soterramento e quatro por causas diversas. Em seguida vêm Colatina, que registrou seis óbitos, e Baixo Guandu, com quatro, além de Domingos Martins, Barra do São Francisco e Nova Venécia, cada um com uma morte registrada.
De acordo com os últimos dados divulgados ontem pela Defesa Civil Estadual, o total de pessoas desabrigadas em decorrência das chuvas era 48.001, das quais 4.565 recolhidas a abrigos e 44.036 em casas de parentes e amigos. Conforme o balanço, chega a 50 o número de municípios mais afetados pelos temporais no estado. O governo decretou situação de emergência em todas as áreas atingidas por desastres decorrentes das últimas chuvas.
Foram considerados com situação mais crítica os municípios de Colatina, Itaguaçu, Baixo Guandu, Santa Leopoldina, Santa Maria de Jetibá. Os bombeiros do Espírito Santo estão recebendo a ajuda de 78 bombeiros militares da Força Nacional e 24 do Rio de janeiro, além de 150 fuzileiros, também do Rio, equipados com embarcações para resgate de vítimas. Sete aeronaves das Forças Armadas também estão colaborando no socorro às vítimas, assim como quatro profissionais da Força Nacional de Saúde. Os dados são do Corpo de Bombeiros capixaba.
Minas Gerais
A morte de Maria Conceição Aparecida do Nascimento, de 56 anos, em Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira, a 278 quilômetros (km) de Belo Horizonte, no início da noite de ontem (25) elevou para 18 o número de mortos em Minas Gerais em consequência de acidentes causados pelas chuvas neste fim de ano, sendo 17 este mês e um em outubro. Maria foi vítima de um deslizamento de encosta sobre sua casa, na Rua Miguel Marcos Peres, no bairro Jardim Natal, segundo a Defesa Civil de Minas Gerais, e seu corpo só foi resgatado por volta de 00h30 de hoje (26) pelo Corpo de Bombeiros.
No momento do desabamento, também estava na casa Maria Helena Marta, de 50 anos, que foi resgatada com ferimentos e levada para o Pronto-Socorro da cidade. Até agora, o balanço das ocorrências no estado durante o período chuvoso registra também seis pessoas feridas, 3.410 desalojadas e 744 desabrigadas. Os danos materiais somam 6.148 casas danificadas e 67 destruídas, além de 137 obras de infraestrutura danificadas e 41 destruídas. 
Conforme os dados da Defesa Civil, 79 municípios mineiros já foram afetados por eventos relacionados com as chuvas no estado, dos quais 26 decretaram situação de emergência ou calamidade pública, sendo o último Santa Rita do Itueto, com 5.782 habitantes, situado na Bacia do Rio Doce e a 477 km de Belo Horizonte. Segundo a previsão do tempo para hoje em Minas Gerais, divulgada pela Defesa Civil estadual,  o céu ficará parcialmente nublado, com períodos de nublado e pancadas de chuva, que poderão vir acompanhadas de raios e rajadas de vento ocasionais em municípios do norte do estado: Jequitinhonha, Mucuri, Rio Doce, Metropolitana e Zona da Mata.
Nas demais regiões mineiras, o dia terá sol entre nuvens e pancadas de chuva isoladas. As temperaturas diurnas terão ligeira elevação em todo o estado. Belo Horizonte e a Bacia do Rio Sapucaí terão céu parcialmente nublado, com períodos de nublado e pancadas de chuva. A Bacia do Rio Doce terá clima semelhante, mas as pancadas de chuva podem ser às vezes fortes.

Ataque de piranhas fere mais de 40 na Argentina

Piranha-vermelha. Foto: BBC
Piranha-vermelha é comum no rio Paraná e pode ser mais agressiva durante ondas de calor
Mais de 40 pessoas ficaram feridas em um ataque de piranhas em Rosário, na Argentina, segundo notícias publicadas nesta quinta-feira pelos jornais Clarín e La Nación.
A maior parte das pessoas sofreu com mordidas nos braços e pernas, mas uma menina de sete anos de idade teve parte de seu dedo amputado devido ao ataque, e um bebê ficou com uma fratura exposta.
Ambos foram atendidos em hospitais na cidade. As autoridades montaram uma operação para evitar que outros banhistas desavisados entrassem na água ao longo do dia.
O ataque de piranhas-vermelhas (espécie Pygocentrus nattereri) e piranhas da espécie Serrasalmus spilopleura aconteceu ao meio dia em uma praia no rio Paraná, ao longo de um calçadão em Rosário.
Segundo especialistas, as piranhas são bastante comuns no rio Paraná, mas costumam ficar mais agressivas durante períodos de altas temperaturas.
A Argentina está enfrentando uma onda de calor. Em Rosário, na hora do ataque, a temperatura registrada era de 38 graus.
As piranhas são carnívoras e costumam ser atraídas por sangue ou ferimentos. Algumas chegam a atacar outras da própria espécie. Segundo pescadores, alguns peixes possuem dentes fortes suficientes para romper redes de pesca.

Dez assuntos que puseram o Brasil nas manchetes internacionais em 2013

Protestos no Brasil. AP
Onda de protestos espontâneos tomou o país de surpresa, ofuscando a Copa das Confederações
Em termos de notícias em que o Brasil teve destaque nas capas dos jornais de todo mundo, provavelmente 2013 foi um dos anos mais marcantes até hoje.
O país naturalmente já ganharia mais visibilidade internacional, visto que se prepara para receber dois dos maiores eventos esportivos internacionais, a Copa do Mundo, em 2014, e a Olimpíada, em 2016.
Mas se a construção dos estádios e da infraestrutura para o Mundial de futebol já eram um destaque previsto nos noticiários do ano que se encerra, outros fatos foram mais imprevisíveis.
Para muita gente, dentro e fora do Brasil, este foi o ano em que o “gigante acordou”, com milhares de pessoas tomando as ruas em junho para protestar contra, entre outras coisas, os gastos nos preparativos para a Copa.
Dentro dos gramados, o título convincente na Copa das Confederações – frente à atual campeã mundial, a Espanha - fez de uma seleção desacreditada, como era a equipe brasileira, uma forte candidata ao hexacampeonato mundial em 2014.
Tragédias também colocaram os holofotes internacionais no Brasil. Logo no início do ano, o incêncio na Boate Kiss, em Santa Maria, que matou dezenas de jovens, comoveu o mundo.
E a economia emergente ganhou as manchetes com seus tropeços – a queda do império de Eike Batista e a os problemas econômicos do país, como o aumento dos gastos do governo e o crescimento econômico pouco vigoroso.
A BBC Brasil fez uma lista de dez temas que puseram o país em evidência neste ano. Confira e relembre os fatos:
  • 1. Incêndio em Santa Maria
Incêndio em Santa Maria. AP
A morte de mais de 200 jovens causou comoção e abriu um debate sobre a segurança em boates
O Brasil acordou mais triste no domingo 27 de janeiro.
Dezenas de bombeiros ainda trabalhavam no resgate de vítimas do incêndio na boate Kiss em Santa Maria, no centro do Rio Grande do Sul.
A tragédia deixou, ao fim, 247 mortos e mais de cem feridos. A investigação mostrou que o incêndio teve início com o uso de fogos pirotécnicos por parte da banda Gurizada Fandangueira. Os integrantes do grupo e os donos da boate foram indiciados por homicídio doloso.
A investigação mostrou ainda que havia superlotação no local e uma série de irregularidades. A espuma acústica, por exemplo, era feita de material toxico - a fumaça foi uma das causas das mortes.
A morte de mais de 200 jovens, a maioria universitários, causou comoção nacional e motivou uma discussão sobre a segurança nas boates do país.
Mais tarde, a investigação também apontou responsabilidade dos bombeiros e das autoridades, que não haviam feito as vistorias necessárias no local.
  • 2. Estupro de turista no RJ
Rio de Janeiro. AFP
O estupro da turista após caso similar na Índia repercutiu negativamente na imprensa internacional
A pouco mais de um ano da Copa do Mundo, o estupro de uma turista americana de 21 anos no Rio de Janeiro em março deste ano colocou em evidência o estado de insegurança nas cidades brasileiras.
A turista foi estuprada oito vezes, por diferentes homens, na frente do namorado francês. O crime aconteceu após o casal tomar uma van que atuava no transporte público em Copacabana.
O casal passou seis horas em poder dos estupradores e foi deixado em São Gonçalo, na região metropolitana, antes de os criminosos forçarem a vítima a tentar fazer um saque em um caixa eletrônico.
O fato de o estupro ocorrer em uma van, com películas de insulfilm, que bloqueava a visão dos que estavam fora, fez lembrar o caso da jovem indiana violentada em um veículo de transporte público. O caso causou comoção internacional e manchou a imagem da Índia.
As autoridades se apressaram em resolver o caso. Os acusados foram rapidamente localizados. Em agosto, a Justiça condenou três homens por envolvimento no caso.
  • 3. Seleção brasileira recupera imagem
Seleção brasileira. AFP
Tom nacionalista dos protestos foi sentido nos estádios na hora do Hino Nacional
A Seleção Brasileira começou 2013 desacreditada. O time do país sede da Copa do Mundo acumulava maus resultados e atuações ruins, mesmo tendo alguns dos melhores nomes do futebol mundial, como Neymar.
O comando do time havia sido trocado de surpresa, em novembro de 2012. No lugar de Mano Menezes, assumiu Luiz Felipe Scolari.
Mesmo sob o comando de Felipão, que havia liderado a conquista do pentacampeonato mundial em 2002, a seleção ainda não convencia os torcedores.
A apreensão continuou até o início da Copa das Confederações, espécie de "ensaio" antes do Mundial.
As boas atuações dentro de campo foram empolgando aos poucos os torcedores. Em meio aos protestos de junho, o tom nacionalista das manifestações acabou sentido nos estádios. Em todos os jogos, o momento do Hino Nacional se tornou um momento de júblio da torcida.
Ao final, a seleção venceu a favorita, a Espanha, atual campeã mundial. A vitória por 3 a 0 parece ter finalmente convencido os torcedores e recolocado o Brasil na lista dos favoritos para a Copa do Mundo de 2014.
  • 4. Protestos
Protesto em Brasília. ABr
As autoridades se viram acuadas pelos protestos e a popularidade dos políticos ruiu rapidamente
Em junho deste ano, um pequeno grupo de manifestantes do Movimento Passe Livre em São Paulo entrou em choque com a polícia em meio a um protesto contra o aumento do passe de ônibus de R$ 3 para R$ 3,20.
Cenas da violência e da arbitrariedade da polícia ganharam as redes sociais. O movimento, que já existia em várias cidades, começou a ganhar força com o que foi considerado abuso policial. Uma manifestação foi convocada para o dia 17 de junho em São Paulo e no Rio de Janeiro.
Nesse dia, uma multidão de mais de 100 mil pessoas saiu às ruas do Rio, de São Paulo e de várias outras cidades. O protesto foi além do aumento nas passagens e as ruas fizeram eco às mais variadas manifestações. Havia desde cartazes contra PEC-37 (projeto de lei que limitava o poder de investigação do Ministério Público) até a favor do Estado laico.
Os protestos pegaram o país de surpresa. A classe política se viu acuada e os dirigentes viram sua popularidade diluir rapidamente. Em Brasília, manifestantes chegaram a ocupar o teto do Congresso Nacional.
Autoridades do Rio, de São Paulo e outras cidades cederam aos protestos e baixaram o preço das passagens. A opinião pública, resistente aos protestos inicialmente, passou a apoiar as manifestações. A polícia baixou o tom repressivo. Protestos tornaram-se cotidianos por quase dois meses.
Ao longo das semanas, o debate político se acirrou nas ruas. Houve registro de brigas entre grupos opostos. Os protestos também ganharam a presença dos Black Blocs, grupo de mascarados de inspiração anarquista, que passaram a promover quebradeira de agências bancárias. Os protestos acabaram ofuscando a Copa das Confederações.
  • 5. Espionagem
Edward Snowden. AFP
Snowden revelou ao mundo esquema de espionagem de cidadãos comuns e chefes de Estado
Em junho deste ano, um ex-colaborador da NSA (Agência Nacional de Segurança) de apenas 29 anos criou um imbróglio diplomático para o governo dos Estados Unidos.
Edward Snowden revelou um grande esquema de espionagem no qual agências de inteligência estariam monitorando secretamente milhões de telefonemas, e-mails e outras mensagens de cidadãos americanos e de vários países.
Snowden vazou as informações a partir de Hong Kong ao jornalista americano Glen Greenwald, que vive no Rio de Janeiro. O ex-colaborador da NSA passou a ser buscado pelos Estados Unidos e acabou na Rússia, onde ganhou asilo temporário.
Os vazamentos mostraram que, além de cidadãos comuns, dezenas de chefes de Estado também eram monitorados, entre eles a presidente Dilma Rousseff.
Na esteira do escândalo, Dilma cancelou a visita de Estado que faria a Washington, sobretudo após revelações de que a Petrobrás também teria sido alvo.
Dilma criticou fortemente a espionagem na Assembleia Geral da ONU, em setembro. Em seguida, os vazamentos mostraram que a chanceler alemã, Angela Merkel, teve o próprio celular grampeado.
Merkel reagiu. Brasil e Alemanha apresentaram uma resolução contra a espionagem na ONU. Snowden continua asilado na Rússia e chegou a escrever uma “carta ao povo brasileiro”, que levantou especulações sobre um pedido de asilo ao Brasil. Em dezembro, um juiz federal considerou o sistema de espionagem ilegal.
  • 6. Leilão de Libra
Leilão do Campo de Libra. Getty
Apenas um consórcio apresentou lance no leilão do Campo de Libra, o primeiro do pré-sal
Ainda sob o calor das manifestações, o leilão do Campo de libra, o primeiro sob o novo modelo de partilha, se deu sob tensão.
O governo convocou o Exército para fazer a segurança do hotel na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Na imprensa internacional, a imagem de soldados montando guarda junto a banhistas na praia ilustrou o leilão de uma das maiores reservas petrolíferas do mundo.
Ao fim, apenas um consórcio apresentou proposta, para a decepção de muitos analistas. O grupo formado pela Petrobrás, a anglo-holandesa Shell, a francesa Total e as chinesas CNPC e CNOOC arrematou o campo.
O consórcio também deu o lance mínimo de R$ 15 bilhões, mais mais 41,65% do petróleo produzido após descontados os custos de produção (o chamado lucro-óleo).
A expectativa é que o Campo de Libra produza 1,4 milhão de barris de petróleo por dia, no seu pico de produção.
O governo comemorou o resultado, mas muitos analistas não tiveram uma opinião tão positiva. A imprensa internacional também teve opinião díspar sobre o leilão.
A revista alemã Der Spiegel disse que o Brasil leiloou um "tesouro por uma pechincha". Já o Wall Stret Journal afirmou que o país deu um passo rumo ao patamar das grandes nações produtoras de petróleo.
  • 7. O tombo de Eike Batista
Eike Batista. Reuters
Eike Batista queria ser o homem mais rico do mundo, mas viu fortuna ruir em menos de um ano
Ele era o garoto propaganda do crescimento econômico do Brasil. Com uma fortuna estimada em US$ 30 bilhões, o empresário Eike Batista foi apontado em 2012 como o sétimo homem mais rico do planeta pela revista Forbes. Mas para ele era pouco - Eike disse que em breve estaria no topo da lista.
A ânsia bilionária de Eike, no entanto, não resistiu à desconfiança do mercado. A baixa lucratividade de suas cinco empresas, a MMX (mineração), MPX (energia), OGX (petróleo), LLX (logística) e a OSX (petróleo) fizeram a fortuna de Eike ruir. A dívida das empresas e da holding seria de cerca de US$ 28 bilhões.
Em novembro, a OGX entrou com um pedido de recuperação judicial. Eike agora corre contra o tempo para equilibrar as contas da empresa. Se não conseguir, em breve poderá ver a falência da OGX.
Mais que um império empresarial, a derrocada de Eike também pode fazer ruir projetos audaciosos do empresário carioca. Já não se sabe qual será o destino do Porto de Açu, um imenso complexo no litoral norte do Rio de Janeiro.
Eike havia apadrinhado vários projetos na cidade. Mas a crise que assolou os negócios do empresário fez Eike cancelar os investimentos nas UPPs cariocas e colocar à venda o emblemático Hotel Glória, sob restauro.
  • 8. A oposição se realinha no Brasil
Marina Silva e Eduardo Campos. ABr
A união entre Marina Silva e Eduardo Campos pegou a classe política de surpresa
Durante as manifestações de junho, a presidente Dilma Rousseff viu sua alta popularidade encolher em questão de dias. Se até então a presidente parecia ter pela frente uma reeleição garantida com facilidade, o turbilhão político fez Dilma se deparar com um cenário eleitoral improvável.
O cenário ganhou tons ainda mais surpreendentes em outubro deste ano, com o anúncio da aliança entre Marina Silva e Eduardo Campos, dois ex-ministros do governo petista.
Marina, ex-ministra do Meio Ambiente do governo Lula, já havia saído a grande novidade das eleições em 2010, quando ficou em terceiro lugar com mais de 20 milhões de votos, então pelo Partido Verde. Após desentendimentos, Marina deixou o PV e passou a militar pela criação da Rede Sustentabilidade, um novo partido.
A Rede não conseguiu validar o número mínimo de assinaturas para se efetivar como partido e teve sua criação barrada. Em uma jogada inesperada, Marina anunciou em outubro sua filiação ao Partido Socialista Brasileiro, o PSB, do governador pernambucano Eduardo Campos.
Campos também almeja chegar ao Planalto. Ainda não se sabe qual dois dois estará na cabeça da chapa, que pode desbancar o PSDB como primeira opção da oposição no país.
Enquanto Marina e Campos anunciavam o noivado improvável, o líder do PSDB, Aécio Neves, ainda tentava impor sua candidatura sobre José Serra, que não dava mostras de desistir da corrida à Presidência, apesar de ter amargado duas derrotas. Serra anunciou na última semana apoio a Aécio. Mas embora a oposição tenha já posto o batalhão na rua, Dilma recuperou parte da popularidade, com pesquisas apontando para seu favoritismo em 2014.
  • 9. A economia Patina
The Economist. Reprodução
A revista Economist retratou em sua capa o bom e o mau momento da economia brasileira
Após virar o queridinho da imprensa internacional, que não cansava de elogiar o vigor da economia, o Brasil virou alvo de desconfiança dos mercados em 2013.
Em setembro, a revista britânica The Economist colocou na capa a frustação com a economia brasileira. O Cristo Redentor, que anos antes aparecia decolando em outra capa da revista, desta vez aparecia desgovernado, prestes a se chocar com o solo.
Após o PIBinho de 2012, quando o país cresceu apenas 0,9%, a promessa do governo era a de que o país teria um resultado mais vigoroso neste ano.
Ao longo dos meses, no entanto, a economia deu sinais pouco promissores e as expectativas foram diminuindo. Em dezembro, a pesquisa Focus do Banco Central, que avalia a opinião de fontes do mercado, disse que o país não deve crescer mais que 2,3% - resultado que não é uma tragédia, mas que está longe dos 7,5% de 2010.
Além da desaceleração, o governo viu picos de elevação da inflação, que ao fim deve fechar dentro do teto meta de 6,5% em 2013. Também houve ao descompasso das contas públicas, com excesso de gastos do governo e a expectativa de que o Brasil não cumpra a meta do superávit primário deste ano.
Apesar dos números pouco promissores, o desemprego chegou ao nível mais baixo da história. Em dezembro, o índice de desocupação era de apenas 4,6%.
Para muitos economistas, a economia deve voltar a ganhar fôlego em dois ou três anos, quando se fizer sentir o efeito das privatizações de aeroportos, estradas e ferrovias, feitos pela presidente Dilma Rousseff.
  • 10. A Copa, sempre a Copa
Arena São Paulo. Reuters
Incidente em São Paulo atrasou ainda mais as obras e levantou a questão da segurança (Reuters)
Em menos de uma semana, no dia 31 de dezembro, todos os 12 estádios para a Copa do Mundo deveriam estar prontos. A expectativa é que apenas metade deles, no entanto, cumpra o prazo.
A contagem seria diferente se em novembro a grua que levantava a última parte do teto da Arena São Paulo não tivesse caído e matado dois operários. Mais de 90% do estádio estava pronto.
As duas mortes na arena que vai receber o jogo de abertura da Copa trouxe à tona, mais uma vez, o atraso nas obras e a correria para deixar tudo pronto.
Em dezembro, foi a vez de Manaus registrar outro incidente fatal. Um operário despencou e perdeu a vida, após um cabo se romper. No mesmo dia, outro operário morreu, vítima de ataque cardíaco, nas obras de um centro de convenções ligado à Copa.
Familiares e operários culparam a correria pelas mortes. A Justiça chegou a paralizar as obras e trabalhadores entraram em greve. Ao todo, sete operários perderam a vida nos canteiros de obra.
A expectativa, agora, é que até abril todos os estádios estejam prontos. Sob a marcação cerrada da imprensa internacional, o Brasil se apressa em deixar tudo preparado para a Copa. Além das obras nos estádios, o governo tenta ainda driblar eventuais problemas nos aeroportos e a escalada dos preços dos hotéis, que já anuncian diárias exorbitantes para os dias do Mundial.

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Em primeiro discurso de Natal, papa cobra fim do conflito na Síria

Papa Francisco faz discurso de Natal | Crédito: AFP
Papa Francisco também pediu uma solução pacífica entre israelenses e palestinos
Em sua primeira mensagem de Natal como pontífice, o papa Francisco pediu urgência no encaminhamento de ajuda humanitária à Síria. Diante de milhares de peregrinhos na Praça de São Pedro, ele rezou pelo fim da violência no país árabe e em outras zonas de conflito.
"Muitas vidas tem sido estraçalhadas nos últimos tempos pelo conflito na Síria, alimentando ódio e vigança", disse o papa argentino, de 77 anos.
"Vamos continuar a pedir ao Senhor que poupe o amado povo sírio de ainda mais sofrimento", disse.
A Síria vive uma guerra civil desde março de 2011, quando a oposição se levantou contra o governo do presidente Bashar al-Assad.
Pelo terceiro ano consecutivo o conflito na Síria é o tema principal do discurso de Natal do papa, na mensagem conhecida como Urbi et Orbi.
O papa também afirmou que os recentes incidentes trágicos envolvendo imigrantes que tentam chegar à Europa - em sua grande maioria em pequenas embarcações - não podem se repetir.
Francisco também pediu pela paz no Iraque e pela paz entre palestinos e israelenses.

Sudão do Sul

Os conflitos recentes na África também foram mencionados do discurso de Francisco.
Ele classificou a violência na República Centro-Africana como "esquecida e negligenciada" em um país "destroçado por uma espiral de violência e pobreza".
O pontífice também pediu pelo fim do conflito armado na República Democrática do Congo e pela "harmonia social" no Sudão do Sul.
Ambos os países atravessam uma crise sem precedentes, com violentas disputas de poder.
Na noite de terça-feira, milhares de fiéis se reuniaram na Praça da Manjedoura de Belém, na Cisjordânia, para as celebrações de Natal.
A Igreja da Natividade, erguida no local onde Jesus teria nascido, também ficou lotada de peregrinos.
Segundo estimativas não oficiais, foi o maior público do evento em anos.

'Descrentes'

Segundo o correspondente da BBC em Roma, Alan Johston, o papa Francisco se ateve, na maior parte do tempo, ao discurso escrito. Um dos poucos momentos em que ele parece ter dispensado o script foi quando se dirigiu aos "descrentes", aos ateus.
Francisco pediu aos que não são religiosos que se juntem ao "povo de fé" na busca por um mundo melhor e de paz.
"Vamos nos unir, em prece ou com o desejo, todo mundo, pela paz", disse.
Segundo Johston, esse é talvez outro pequeno exemplo de como Francisco tenta romper os limites do Catolicismo.
"A julgar pelos aplausos, como o seu gesto foi recebido na Praça de São Pedro, muitos dos fieis estão com o papa nesse caminho", disse.

Maior estudo genético já feito associa artrite reumatoide ao DNA

Cientistas nos Estados Unidos descobriram 42 regiões do DNA humano que estão associadas ao desenvolvimento da artrite reumatoide, uma doença que provoca uma inflamação dolorosa das articulações e que frequentemente acomete idosos.
A descoberta foi resultado do maior estudo genético já feito, envolvendo cerca de 30 mil pacientes e publicado na prestigiada publicação científica Nature.
Segundo os cientistas, a conclusão pode ajudar no desenvolvimento de novas drogas que poderiam, um dia, levar a uma cura para o mal, além de mostrar o caminho para pesquisas envolvendo outras doenças.
Alguns cientistas vinham argumentando que pesquisas como esta, em que se busca identificar áreas genéticas com variações associadas a doenças complexas – áreas conhecidas como polimorfismos de nucleotídeo único –, não têm utilidade, já que há pouca ou nenhuma evidência que indique que “silenciar” essas áreas irá aliviar os sintomas desses males.
Mas o professor Robert Plenge, da Escola de Medicina de Harvard (nordeste dos EUA) e líder do estudo, diz que sua pesquisa prova a validade da abordagem, porque sua conclusão é reforçada pelo fato de que, antes de sua pesquisa, já existia um remédio usado para tratar os sintomas da artrite reumatoide associados a um particular polimorfismo.

'Tremendo potencial'

Na pesquisa, a equipe de pesquisa comparou o DNA de pessoas com artrite com o de pessoas sem o mal, encontrando as 42 áreas “defeituosas”, onde há polimorfismos.
Segundo Plenge, os efeitos de uma dessas áreas vinham sendo tratados por um remédio desenvolvido por tentativa e erro, em vez de ser criado tendo em mente a correção específica do problema genético.
É essa descoberta que poderia ser aproveitada em pesquisas de medicamentos para outros males.
“Ela oferece tremendo potencial. Essa abordagem poderia ser usada para identificar os alvos para drogas para doenças complexas, não apenas artrite reumatoide, mas diabete, mal de Alzheimer e doenças coronarianas”, disse Plenge.

Câncer

A mesma pesquisa indicou que polimorfismos encontrados nos pacientes com artrite reumatoide são encontrados também em portadores de alguns tipos de câncer no sangue.
De acordo com a professora Jane Worthington, diretora do Centro de Genética de Manchester, essa observação sugere que drogas desenvolvidas para combater esses tipos de câncer poderiam ser eficientes para tratar a artrite reumatoide – e, por isso, deveriam ser analisados em testes clínicos.
“Já há terapias que foram criadas no campo da oncologia que poderiam abrir novas oportunidades para mudar os alvos de remédios”, disse ela à BBC.
“Isso (a descoberta da pesquisa) poderia ser um caminho simples para ampliar as terapias que temos hoje em dia voltadas a pacientes com artrite reumatoide.”

Ataques a bomba matam 34 pessoas em áreas cristãs de Bagdá


Pelo menos 34 pessoas foram mortas em ataques a bomba em áreas cristãs de Bagdá nesta quarta-feira, algumas por um carro-bomba que explodiu perto de uma igreja depois de um culto de Natal, disseram a polícia e os médicos.
O carro-bomba matou pelo menos 24 pessoas, a maioria delas cristã, quando eles saiam da igreja no distrito de Doura, no sul de Bagdá, informaram fontes policiais.
Ninguém reivindicou imediatamente a responsabilidade pelos ataques.
A violência no Iraque subiu para seus piores níveis em mais de cinco anos com militantes sunitas radicais ligados à Al Qaeda intensificando os ataques contra o governo xiita do primeiro-ministro Nuri al-Maliki.
Milhares de pessoas foram mortas em ataques neste ano.
A comunidade cristã de minoria foi alvo de ataques de militantes da Al Qaeda no passado, incluindo um ataque em 2010 a uma igreja que matou dezenas de pessoas.
Duas bombas também explodiram em um mercado lotado em uma outra área de Doura de maioria cristã, matando mais dez pessoas, disseram a polícia e os médicos.
Pelo menos 52 pessoas ficaram feridas nos ataques.
Uma série de carros-bomba, tiroteios e ataques suicidas mataram dezenas de peregrinos muçulmanos xiitas na semana que antecede o dia sagrado xiita Arbaeen, que coincidiu com a véspera de Natal deste ano.

Escândalo de corrupção envolvendo filhos derruba ministros na Turquia

Ministro Caglayan com premiê Erdogan. Foto: AFP
Poucas horas após renúncia, ex-ministro da Economia Caglayan discursou ao lado do premiê Erdogan
O ministro da economia da Turquia, Zafer Caglayan, e o ministro do Interior, Muammer Guler, renunciaram a seus cargos na noite de terça-feira, depois que seus filhos foram indiciados por corrupção.
Os filhos dos políticos estão entre as 24 pessoas indiciadas em uma investigação sobre fraudes no banco estatal Halkbank. Os filhos dos ministros – Kaan Caglayan e Baris Guler – negam as acusações de pagamento de propina em troca de favores, como preferência para executar projetos de desenvolvimento e receber licenças de construção.
A operação já levou à suspensão de diversos policiais, incluindo o diretor da polícia de Istambul.

Milhões de dólares em caixas de sapato

O governo turco reagiu com críticas duras à ação de combate à corrupção conduzida pela polícia.
Em nota oficial, Caglayan atacou o inquérito da polícia, dizendo que se trata de uma "operação repugnante". Ele afirmou que está deixando seu cargo para preservar a imagem do governo. Já Guler disse que não há base legal para as acusações de cobrança de propina contra seu filho, já que ele não é uma autoridade do governo.
O premiê turco, Recep Tayyip Erdogan, disse que pretende "quebrar as mãos" de rivais políticos que tentarem usar as investigações para minar seu governo.
Poucas horas após renunciar, na noite de terça-feira, Caglayan apareceu em um discurso público de Erdogan diante de uma multidão no aeroporto da capital Ancara, onde acabara de chegar de uma viagem oficial ao Paquistão.
A oposição vinha cobrando a renúncia dos ministros. No domingo, manifestantes foram às ruas de Istambul em um ato contra o escândalo.
O debate sobre as investigações de corrupção na Turquia tem um forte tom político. Desde que chegou ao poder, em 2002, o premiê Erdogan enfrenta disputas internas dentro de seu partido, o AK, que tem raízes islâmicas.
Fora da Turquia, o acadêmico islâmico Fethullah Gulen, que vive nos Estados Unidos, é visto como um rival de Erdogan. Seu movimento político, o Hizmet, possui apoiadores dentro da polícia e do Judiciário turcos.
Na noite de terça-feira, no discurso no aeroporto de Ancara, Erdogan voltou a falar em uma conspiração contra seu governo.
"Eu acredito naqueles que dizem que o povo vai vencer, e aqueles que querem nos humilhar vão perder novamente", disse o premiê.
Outras pastas do governo também foram envolvidas no escândalo. O filho do ministro do Meio Ambiente também foi preso.
A imprensa turca noticiou que o presidente do banco Halkbank, Suleyman Aslan, foi detido depois que a polícia encontrou US$ 4,5 milhões em dinheiro dentro de caixas de sapatos na sua casa.
O Halkbank, um dos maiores bancos da Turquia, já foi criticado no passado pelos Estados Unidos por permitir que o gás natural iraniano – alvo de um embargo de potências internacionais – fosse negociado em troca de ouro turco. Desde junho, essas negociações foram interrompidas.

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

China investiga morte de oito bebês após vacinação

Médicos atendem bebê (foto: AP)
Autoridades suspendem uso de vacina contra hepatite B de fabricante chinês
O número de bebês que morreram na China depois de serem vacinados contra a hepatite B subiu para oito, segundo a agência oficial de notícias Xinhua.
Um bebê recém-nascido morreu na segunda-feira em um hospital na província de Sichuan (centro-sul) depois de receber a vacina na tarde de domingo.
Especialistas de saúde chineses estão investigando as mortes de diversos bebês que receberam o medicamento em um programa de imunização do governo.
Investigadores foram mandados para a empresa que produz as vacinas, a Biokangtai, com sede na cidade de Shenzhen (sul do país).

Outra companhia

No total, quatro mortes foram registradas na província de Guangdong, onde fica Shenzhen. Mas ainda há dúvidas sobre as causas relacionadas a uma delas.
Nesse caso, a vítima pode ter morrido em decorrência de uma pneumonia, segundo a agência de notícias Associated Press.
A Comissão Nacional de Saúde e Planejamento Familiar afirmou que dois bebês morreram de forma similar na província de Hunan (sul do país) e um outro em Sichuan.
A vítima fatal registrada na segunda-feira estava na cidade de Meishan, em Sichuan. Ela morreu após receber vacina fabricada por outra companhia, a Tiantan Biological Products.

Medida de segurança

O uso das vacinas da Biokangtai foi suspenso. A empresa disse que afirmou que realizou todas as checagens de segurança e atribuiu as mortes a outras doenças.
Muitos chineses estão céticos sobre as garantias dadas pelo governo devido a numerosos casos passados nos quais as autoridades abafaram notícias sobre grandes epidemias.
A hepatite B é uma infecção crônica no fígado que é transmitida por meio do sangue e de fluídos corporais.
Ela pode causar inflamação do fígado e icterícia.

ONU revela descoberta de valas comuns no Sudão do Sul

Refugiados no Sudão do Sul. Foto: Reuters
Crescem os temores de que o país esteja rumando para um conflito étnico
O Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos anunciou nesta terça-feira a descoberta de pelo menos duas valas comuns no Sudão do Sul contendo pelo menos 34 corpos, em mais um desdobramento da violência no mais novo país do mundo.
Uma assessora da ONU, Ravina Shamdasani, disse à BBC que 14 cadáveres foram encontrados na cidade de Betiu, uma cidade que foi tomada dias atrás por rebeldes leais ao ex-vice presidente Rieck Machar, que lutam para tomar o poder no Sudão do Sul. Outros 20 corpos foram encontrados em um rio próximo.
Investigadores estão averiguando ainda relatos acerca de outras duas valas comuns na capital do país, Juba.
Anteriormente, Shamdasani havia dito que 75 cadáveres haviam sido encontrados na vala em Betiu.
Uma jornalista da capital disse à BBC ter ouvido testeminhas que aformaram que cerca de 200 pessoas, a maioria da etnia nuer (a mesma de Machar), já morreram baleadas por tropas do governo na cidade.
O Ministro do Exterior, Barnaba Benjamin, admitiu que algumas das mortes podem ter ocorrido, mas não tantas quanto têm sido noticiadas.

Conflito étnico

A escalada de violência no Sudão do Sul nos últimos dias despertou preocupações na comunidade internacional de que o país possa estar rumando para um conflito étnico.
Outra testemunha na capital disse que atiradores do grupo étnico dinka dispararam contra a população em áreas habitadas pelos nuer, o grupo majoritário no país e o mesmo do presidente Salva Kiir.
Os testemunhos – relatados para a BBC pela repórter Hannah McNeish – foram corroborados por outras pessoas que sobreviveram aos incidentes e estão refugiados.
A violência se intensificou desde que começou uma disputa política entre Kiir e Machar – que foi demitido e está foragido.
As lideranças políticas negam estar por trás da violência. Mas apesar disso, grupos rebeldes ligados a Machar assumiram o controle de diversas cidades ao longo da última semana. Dezenas de milhares de pessoas deixaram suas casas.
Clique Entenda a crise no Sudão do Sul, o país mais novo do mundo

Tropas da ONU

A escalada no número de mortos levou a ONU a estudar medidas. O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, pediu que o Conselho de Segurança envie mais 5 mil soldados ao Sudão do Sul – que se somariam ao contingente de 7 mil já presentes no país desde segunda-feira.
O secretário-geral prometeu investigar todas as denúncias de crimes contra humanidade. Na semana passada, dois soldados indianos da ONU foram mortos em um ataque a uma base da entidade.
Até agora, 500 pessoas morreram oficialmente, mas agências humanitárias acreditam que o número pode ser muito maior. Outras 81 mil pessoas estão refugiadas – metade delas em acampamentos da ONU.
O presidente Kiir disse que a porta está aberta para uma negociação com Machar, desde que nenhuma condição seja imposta pelo político para iniciar o diálogo. No entanto, o ex-vice-presidente exige a libertação de aliados políticos para começar a negociação.
O Sudão do Sul se tornou independente do Sudão em 2011, após 22 anos de guerra civil.