Um dia após o ataque ao quartel-general das forças de segurança da Síria que matou três membros da cúpula do governo, um repórter descreve o medo e os combates nas ruas de Damasco.
O cenário da capital é bem diferente nesta quinta-feira - não se vê movimento na cidade, a maioria das lojas estão fechadas e há um pesado clima de medo e tensão.O dia lembra uma manhã de sexta-feira (dia de descanso na Síria, equivalente ao domingo no Ocidente) nesses tempos de crise, quando as pessoas preferem ficar em casa para evitar tiroteios.
Mas mesmo nas sextas-feiras as pessoas vão a cafés e restaurantes. Isso parece pouco provável nesta quinta. A maioria das pessoas que mora nos subúrbios decidiu não ir ao centro e faltar ao trabalho.
O acesso à periferia de Damasco está cortado e, em bairros como Midan, Zahera, Qaboun e Barzeh, os moradores fugiram ou estão trancados em suas casas. A batalha agora está perto.
Os assassinatos do ministro da Defesa, Daoud Rajiha, do cunhado do presidente Bashar al-Assad, Assef Shawkat, e do general Hassan Turkomani sacudiram o país.
Muitas pessoas acreditam que o atentado deve enfraquecer o regime por dentro, especialmente se a explosão tiver sido provocada por rebeldes inflitrados no governo.
Barulho
A cidade toda está abalada. Com medo de passar perto de algum prédio governamental ou encontrar alguma blitz das forças de segurança nas ruas, as pessoas têm escolhido permanecer em casa.Durante a noite, sons de explosões e disparos de armas de fogo foram ouvidos em diversas áreas, às vezes muito próximos ao centro da cidade.
Ruídos de helicópteros também foram percebidos, e testemunhas disseram ter visto aeronaves atirando em direção à área de Kafr Sousa, em Damasco.
Também surgiram rumores de que as regiões de Barzeh e Qaboun teriam sido atacadas pela aviação síria.
Porém, além do som dos combates, também foi possível ouvir próximo ao centro de Damasco o barulho de protestos e manifestações contra o regime de Bashar al-Assad.
Refúgios
Centenas de pessoas deixaram suas casas para procurar abrigo em escolas.Algumas casas em Damasco estão agora cheias de pessoas que abandonaram suas próprias residências. A tendência começou com refugiados de Homs e de subúrbios da capital, como Douma.
Porém, agora até moradores da região central, como o bairro de Midan, estão se agrupando nessas casas.
Há uma crise humanitária séria na capital, com centenas de famílias necessitando de acomodação e comida. Muitas organizações clandestinas vinham oferecendo apoio a essas pessoas, mas dizem não possuir mais recursos para dar continuidade à ação.
Empresários de Damasco, que costumavam financiar essas entidades, estão agora sem dinheiro.
Enquanto alguns dizem acreditar que a batalha se aproxima do fim, outros afirmam que o governo permanece poderoso, o que tornará a batalha lenta e sangrenta.
chegou a esse ponto!
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