De
acordo com as últimas estimativas, nesta terça-feira os israelenses
deverão eleger um Parlamento cuja composição levará à formação de uma
coalizão ainda mais voltada para a direita do que a atual e com menos
disposição para fazer qualquer concessão que possibilite um acordo de
paz.
As pesquisas de opinião indicam que o partido
Likud-Beiteinu, do atual primeiro-ministro, Binyamin Netanyahu, deverá
obter o maior número de votos e chefiar a próxima coalizão
governamental.Esses partidos deverão formar um bloco de direita, extrema-direita e partidos religiosos, que poderá obter 67-70 cadeiras no Parlamento. Tal resultado não representaria um aumento dramático em relação ao número de assentos que a coalizão tem hoje - 65. Mas além desse aumento quantitativo, também é esperada uma mudança qualitativa pois dentro do bloco governista se nota um fortalecimento da extrema-direita.
O Lar Judaico, por exemplo, deverá dobrar sua força política, de 7 para pelo menos 14 cadeiras no próximo Parlamento, segundo as pesquisas. No Likud, os liberais, como o ex-ministro Dan Meridor, perderam as prévias para candidatos de extrema-direita que apoiam a anexação de parte da Cisjordânia, como Danny Danon e Tzipi Hotobeli.
Para "equilibrar" o governo e ampliar sua base de apoio no Parlamento, Netanyahu poderá convidar o partido de centro Yesh Atid, que tem a expectativa de obter 9-12 cadeiras, para fazer parte da coalizão.
Se esse quadro se confirmar, na oposição restarão cerca de 43 deputados de centro, de esquerda e dos três partidos que representam a minoria árabe de Israel.
Segundo as pesquisas, o Partido Trabalhista deverá liderar a oposição com uma expectativa de crescimento no número de seus deputados de 8 para 17. Durante a campanha o partido deu ênfase a questões socioeconômicas, praticamente ignorando o conflito israelense-palestino.
Nessas circunstâncias, o cientista político da Universidade Ben Gurion, Lev Grinberg, espera um "congelamento ainda maior" nas negociações de paz.
"A direita ganhou força atemorizando a população com ameaças externas - a ameça iraniana, a ameaça palestina - e quem consegue gerar mais medo obtém mais força política", disse Grinberg à BBC Brasil.
Colonos
Mesmo antes dos resultados do pleito, o grupo dos colonos israelenses que moram em assentamentos nos territórios ocupados já é considerado o principal ganhador dessas eleições.Para o analista politico Akiva Eldar, do portal Al-Monitor, os colonos formam um "grupo homogêneo e disciplinado que trabalhou em duas frentes, tanto dentro do próprio Likud como por intermédio do Lar Judaico."
"Eles (os colonos) conseguiram conquistar posições de força dentro do Likud e também deram uma nova roupagem ao partido Lar Judaico, atraindo eleitores seculares com a imagem moderna de Bennet", disse Eldar à BBC Brasil.
O fortalecimento do Lar Judaico é atribuído à imagem de Naftali Bennet, líder do partido. Bennet é um milionário bem sucedido na área da tecnologia e ex-comandante de uma unidade de elite do Exército – características que levaram eleitores seculares a apoiá-lo.
Na lista de candidatos do Lar Judaico encontram-se ativistas de extrema-direita, como Jeremy Gimpel, que já defendeu abertamente a explosão da mesquita de Al-Aqsa em Jerusalém.
Causas
Segundo Eldar, questões étnicas e culturais ajudaram a impulsionar o fortalecimento da direita em Israel.Uma dessas questões seria o voto dos imigrantes da ex-União Soviética (que são quase 20% dos eleitores) em partidos de direita.
"Os imigrantes têm menos tendência para visões liberais e tolerantes", afirmou Eldar. "A maioria deles vota na direita".
Outra grande fatia da população é o público ultraortodoxo, que vota nos partidos indicados por seus lideres espirituais, os rabinos, e constitui cerca de 15% dos eleitores.
A votação em massa dos ultraortodoxos e dos nacionalistas-religiosos, com um índice de cerca de 80% de comparecimento às urnas, também contribui para o fortalecimento do bloco da direita.
Já os seculares, que não obedecem a líderes espirituais como os religiosos, apresentam um índice de participação bem inferior.
Em Tel Aviv, cidade considerada reduto dos liberais israelenses, o índice de participação nas eleições anteriores, em 2009, foi de apenas 58%.
isso pode ser uma ditadura
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