Cerca de 100 pessoas, com camisas e cartazes pedindo o fim da violência, compareceram ao enterro
Rio - O corpo do operador da linha de vans Cosmos-Cascadura, da cooperativa Rio da Prata, Rodrigo César da Conceição foi sepultado na manhã desta segunda-feira no cemitério Jardim da Saudade de Sulacap, na Zona Oeste.
Cerca de 100 pessoas, com camisas e
cartazes pedindo o fim da violência, compareceram ao enterro. Rodrigo
foi executado a tiros sábado à noite, no ponto final da linha, em
Cosmos. O crime — supostamente praticado por milicianos, segundo
testemunhas e integrantes da própria cooperativa — traz de volta à cena a
sangrenta ação de paramilitares para controlar os serviços na Zona
Oeste.
"Pedi na última quinta-feira que ele saísse de lá pois
desconfiava que algo pudesse acontecer aos motoristas", disse o
presidente da cooperativa Rio da Prata, César Moraes Gouveia.
Um motorista, que preferiu não se
identificar, resumiu o sentimento dos trabalhadores. "O clima é de muito
medo. Pagamos um pedágio porque eles dizem que Campo Grande é deles",
afirmou.
Rodrigo deixa quatro filhos e uma esposa.
Testemunhas do crime de sábado contaram
que Rodrigo estava no ponto final da linha, próximo a uma lanchonete.
Sem a preocupação de serem reconhecidos, os criminosos abriram fogo
contra a vítima, levando pânico a quem estava por perto.
Motoristas querem audiência com Beltrame
Apesar de a polícia não confirmar que o
crime está relacionado com paramilitares, a associação enviou nota onde
relata que, desde o ano passado, os cooperativados sofrem ameaças dos
integrantes da milícia ‘Liga da Justiça’ — liderada pelo ex-PM Toni
Ângelo.
Os diretores da cooperativa disseram que os motoristas
estão com medo e que muitos não foram trabalhar neste domingo. Eles
pretendem pedir audiência com o secretário de Segurança Pública, José
Mariano Beltrame, para relatar as ameaças.
Agentes da Divisão de Homicídios — responsáveis pela investigação — estiveram no local, fizeram perícias e ouviram testemunhas.A cooperativa Rio da Prata tem 2.000 associados e atua em diversos trajetos entre os bairros de Campo Grande, Sepetiba e Santa Cruz. Segundo os diretores, integrantes da milícia cobrariam valores que vão de R$ 400 semanais a até mesmo a diária inteira dos motoristas, que são ameaçados e agredidos se não pagarem.
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