quarta-feira, 5 de março de 2014

Um ano após morte, Chávez ainda 'sustenta' apoio a governo venezuelano

Instalação militar em Caracas pintada em homenagem a Chávez (Getty)
Imagem de Chávez se fortaleceu mais após sua morte
Há um ano, numa tarde de terça-feira, a Venezuela parou. Alguns comemoraram em silêncio e muitos choraram - e continuam chorando até hoje - a morte do presidente Hugo Chávez, de câncer.
O luto e a paralisia gerados pela morte do líder da "revolução bolivariana" colocaram à prova o chavismo no ano mais difícil de sua história e dificultaram a transição do poder para seu herdeiro político, Nicolás Maduro.
Eleito em abril num pleito apertado - e contestado pelo líder opositor Henrique Capriles -, Maduro assumiu um governo adequado ao estilo de Chávez, uma das razões pelas quais se tornou difícil administrá-lo.
Sem contar com o carisma que auxiliava o líder bolivariano a driblar conjunturas adversas, Maduro assumiu as rédeas de um país com uma economia em crise.
Filas intermináveis para comprar produtos escassos da cesta básica, uma inflação anual acumulada em 56% e altos índices de criminalidade aumentaram o descontentamento da população e colocaram à prova a capacidade de Maduro de levar adiante o projeto chavista, sem rupturas.

Pilar

A imagem onipresente e onipotente de Chávez se fortaleceu ainda mais após sua morte e passou a servir de pilar fundamental de sustentação do governo. Qualquer ação do Executivo é feita "em nome do comandante".
Outdoors, murais, exposições fotográficas, tudo leva o nome do ex-presidente. "Não foi um ano com Maduro, continuou sendo um ano com Chávez. Maduro conta com apoio popular adquirido por sua condição de herdeiro político", afirmou à BBC Brasil Oscar Schemel, diretor da consultoria Hinterlaces.
Evocar Chávez e a unidade em torno de seu legado é uma tática utilizada por Maduro – de acordo com analistas – para evitar acirrar disputas internas entre as diferentes correntes do chavismo. Maduro continua sendo visto como o "administrador" da revolução idealizada por Chávez.
Sua popularidade, que chegou a alcançar 61% em dezembro, caiu drasticamente no último mês, para 46%, devido ao aumento da escassez de produtos básicos e uma "magnificação dos problemas econômicos", diz Oscar Schemel.
Os problemas econômicos acabaram se tornando a principal bandeira de estudantes e outros venezuelanos que simpatizam com a oposição antichavista e que tomaram as ruas para exigir a renúncia do presidente.

Polarização e pactos

A tensão gerada pelos protestos reacendeu a polarização política no país e levou o presidente venezuelano a pactuar, em rede nacional de rádio e TV, com a elite empresarial venezuelana, incluindo o magnata Lorenzo Mendoza – que chegou a ser ameaçado várias vezes por Chávez de ter suas empresas estatizadas caso não cumprisse com as regras estabelecidas pelo governo.
Nicolás Maduro
Inflação, descontentamento da população e escassez desafiam Maduro
Para "ajudar" a controlar a escassez, os empresários exigem o fim dos controles de preços e uma revisão da lei que estabelece em 30% o limite de lucro sobre o valor dos produtos.
Para muitos chavistas, preocupados com o fortalecimento do pragmatismo do governo de Maduro em detrimento do projeto bolivariano, a oposição não se arriscaria a apostar em protestos violentos se Chávez estivesse no poder.
"Eles acham que Maduro é fraco. Com Chávez viam sempre a possibilidade de uma reação estratégica por ele ser militar", afirma o motorista Armando Robles, de 72 anos, que vive a poucos metros do Quartel da Montanha no bairro de 23 de Enero, bastião chavista – onde fica o caixão de mármore que envolve o corpo de Chávez.
O analista político Miguel Tinker Salas, professor de História Latino-Americana da Pomona College, da Califórnia, considera que Maduro não tem outra alternativa senão promover um diálogo nacional. "O país está dividido e tentar impor um modelo econômico, social e político dentro deste ambiente implica certos riscos", afirma. "O governo está tentando se consolidar dentro do cenário político adverso, mas não se pode falar ainda de uma moderação no chavismo."
Sem a força de Chávez, capaz de unificar políticos, movimentos sociais e as Forças Armadas ao redor da "revolução bolivariana", Maduro cedeu aos grupos mais conservadores do chavismo para manter a estabilidade.
Os principais beneficiados foram os militares, premiados com o controle de importantes ministérios, aumento salarial e aval para ampliar sua participação no setor de importação de produtos. Também estão à frente da direção de um banco e de um canal de televisão exclusivo para as Forças Armadas.
"A crise econômica e, em consequência os conflitos sociais, eram previsíveis e Maduro identificou que eram as Forças Armadas que lhe dariam respaldo", afirmou à BBC Brasil David Smilde, da ONG Washington Office on Latin America (WOLA), em Caracas. "É um governo com maior presença militar que durante o período Chávez."

Desafios econômicos

Protestos na Venezuela
Polarização cresce na Venezuela
O principal desafio de Maduro, segundo especialistas, é reestruturar a economia e fazer com que o país, quinto maior produtor mundial de petróleo, volte a crescer.
O prognóstico do analista político Luis Vicente León, diretor da consultoria Datanalisis, é pessimista. A seu ver é pouco provável que Maduro promova mudanças de fundo na política econômica porque isso incluiria decisões "impopulares".
Uma nova desvalorização da moeda, endividamento e negociação de preços com o setor privado são medidas que, na opinião de León, "têm um custo político e econômico que (Maduro) não tem patrimônio político para pagar".
Outro elemento fundamental, na opinião de Oscar Schemel, é acabar com a escassez. Segundo a consultoria Hinterlaces, os venezuelanos se preocupam mais com o desabastecimento do que com a inflação. A lógica é simples: os cidadãos têm dinheiro para comprar, ainda que o produto esteja caro; o problema é ter acesso aos produtos.
"Resolver o desabastecimento é vital para diminuir a percepção de instabilidade", afirmou Schemel. "Os setores que estão descontentes nunca haviam contado com tantos recursos, há uma demanda crescente de consumo, mas é necessário perder horas nas filas para conseguir comprar o que se necessita" afirmou.
O desabastecimento é gerado, segundo analistas, por quatro fatores fundamentais: desvio de recursos que deveriam ser usados para a importação de alimentos, excessivos controles estatais que impedem a liberação de dólares para compras internacionais, contrabando para a vizinha Colômbia, estimado em 40% do total das importações, e a estocagem praticada por alguns empresários como medida de pressão para acabar com o controle de preços.
Segundo pesquisa da Hinterlaces, a maioria dos venezuelanos não deseja uma mudança de projeto de governo e sim que as políticas públicas sejam eficazes.

Culto à imagem

O motorista Armando Robles reconhece que o governo precisa "corrigir muitas coisas, mas dentro do caminho da revolução". Na porta de sua casa, pintada de vermelho, a cor do chavismo, uma fotografia de Símon Bolívar e outra de Hugo Chávez reforçam o culto à imagem do ex-presidente.
Ele conta com orgulho ter recebido em sua casa o então tenente-coronel que acabava de tentar derrubar pela força o governo do presidente Carlos Andrés Perez, em 1989. "Como eu ia imaginar que aquele índio, porque ele tinha cara de índio, ia ser o presidente?".
Armando Robles Foto Claudia Jardim/BBC Brasil
Para motorista Armando Robles, Chávez 'foi mandado por Deus'
O culto a Hugo Chávez - que em vida já assumia características religiosas - se aprofundou no último ano. Numa capela improvisada no bairro 23 de Enero não faltam flores, água e o principalmente o café expresso, um dos vícios do "comandante".
A peregrinação em torno do Quartel da Montanha iniciada no dia da morte do líder venezuelano – que desafiou a Casa Branca e defendeu o "socialismo do século 21" – persiste ainda hoje. "Muitos saem chorando, outros cantando as músicas que ele gostava", conta Robles.
Alheio às demandas que estimulam os protestos contra o governo que ocorrem no outro extremo da capital, Robles enxuga o rosto e imprime uma característica de divindade à Chávez. "Esse homem foi mandado por Deus. Estavam vendendo a Venezuela em pedaços para os Estados Unidos", afirma.
A seu ver, a juventude antichavista que protesta nas ruas de Caracas e de outras cidades do país são parte de um plano de desestabilização. "Eles estão buscando uma intervenção dos Estados Unidos. Isso esta preparado para isso e lembrem-se que temos sete bases militares dos Estados Unidos na Colômbia", afirmou. "A disputa é a mesma de sempre; a disputa pelo controle do petróleo".

terça-feira, 4 de março de 2014

General egípcio anuncia candidatura à presidência

O general egípcio Abdel al-Sisi disse nesta terça-feira que não pode "ignorar" os pedidos para que se candidate às eleições presidenciais, previstas para o meio deste ano.   
Sisi disse que "em breve" tomará uma decisão sobre o assunto, como informou a agência de notícias estatal local Mena.   
Para se candidatar, Sisi teria que renunciar a seu cargo como vice-premier e ministro de Defesa do governo militar interino.

Síria entregou cerca de um terço de suas armas químicas, diz organização


A Síria encaminhou cerca de um terço de seu estoque de armas químicas, incluindo gás mostarda, para destruição no exterior, disse a Organização para a Proibição de Armas Químicas (Opaq) nesta terça-feira.
A Opaq, sediada em Haia, afirmou que Damasco já entregou seis carregamentos de agentes tóxicos que declarou ao organismo, como parte de um acordo acertado no ano passado.
A organização disse ter confirmado que mais dois carregamentos rumaram para o porto de Latakia, no norte sírio, e que devem ser transferidos ao navio norte-americano MV Cape Ray e a instalações comerciais de destruição na Grã-Bretanha e na Alemanha.
A Síria também submeteu um plano revisado para a remoção de todos seus agentes químicos de seu território até abril, disse a Opaq. A proposta está sendo negociada em uma reunião do conselho executivo da Opaq que começou na manhã desta terça.
Damasco perdeu prazos em dezembro e fevereiro para entregar os agentes, e diplomatas temem que também perca o prazo final, politicamente significativo, de meados de 2014 para entregar a totalidade de seu estoque químico.
"Dados os atraso desde o deslize das duas datas para remoção, será importante manter esse clímax recém criado", declarou Ahmet Uzumcu, chefe da Opaq, aos delegados no encontro desta terça-feira.
"O governo sírio reafirmou seu compromisso de implementar as operações de remoção de maneira oportuna", disse Uzumcu, acrescentando que a Síria tem todo o equipamento necessário para ceder os agentes remanescentes, incluindo blindados para a proteção dos contêineres de carregamento.
Mas diplomatas ocidentais disseram que o prazo revisado é muito lento para vários países ocidentais, que dizem que os agentes químicos devem ser enviados até o final de março se for para cumprir o prazo final de 30 de junho para a destruição completa das armas químicas sírias.
Os Estados Unidos disseram precisar de 90 dias para destruir aproximadas 500 toneladas métricas das substâncias mais tóxicas do arsenal do presidente Bashar al-Assad. A Síria declarou um total de 1.300 toneladas métricas de armas químicas à Opaq, o organismo vencedor do Prêmio Nobel que supervisiona o processo de destruição em parceria com a Organização das Nações Unidas.
"Quase um terço das armas químicas da Síria foi removido ou destruído até agora", afirmou Sigrid Kaag, chefe da missão conjunta, à Opaq. "É um bom progresso, e espero ainda maior aceleração e intensificação do esforço".

Vírus gigante de 30 mil anos 'volta à vida'

Os cientistas afirmam que não há risco de o contágio representar qualquer perigo para humanos ou animais
Um vírus que estava adormecido há 30 mil anos teria ''ganhado vida'' novamente, segundo cientistas da Universidade de Aix-Marseille, na França.
Ele foi encontrado na Sibéria, em uma camada profunda de permafrost, o solo encontrado na região do Ártico formado por terra, gelo e rochas permanentemente congelados. Após ter sido descongelado, o vírus voltou a se tornar contagioso.
Os cientistas afirmam que não há risco de o contágio representar algum perigo para humanos ou animais, mas alertaram para o possível risco para humanos de outros vírus infecciosos que podem ser liberados com o eventual descongelamento do permafrost.
O estudo foi divulgado na publicação especializada Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).
''Essa é a primeira vez que vemos um vírus permanecer contagioso após tanto tempo'', disse o professor Jean-Michel Claverie, da Centro Nacional de Pequisa Científica (CNRS, na sgila orginal em francês), da Universidade de Aix-Marseile.

Enterrado

O antigo vírus foi descoberto enterrado a trinta metros do solo congelado.
Chamado Pithovirus sibericum, ele pertence a uma categoria de vírus descoberta há dez anos.
Eles são tão grandes que, diferentemente de outros vírus, podem ser vistos ao microscópio. E este, que mede 1,5 micrômetros de comprimento, é o maior já encontrado.
Cientistas advertem que expor camadas profundas de solo poderá gerar riscos de novos vírus
A última vez que ele infectou um organismo foi há mais de 30 mil anos, mas no laboratório ele foi "reativado".
Os testes mostraram que o vírus ataca amebas, que são organismos monocelulares, mas não infecta humanos ou animais.
''Ele entra na célula, se multiplica e, por fim, mata a célula. Ele é capaz de matar a ameba, mas não infecta uma célula humana'', afirmou Chantal Abergel, co-autora do estudo e também integrante do CNRS.
Mas os pesquisadores acreditam que outros agentes patogênicos mortais possam ter ficado presos no permafrost da Sibéria.
''Estamos estudando isso por meio de sequenciamento do DNA que está presente nessas camadas. Essa é a melhor maneira de descobrir o que existe de perigoso nessas camadas'', afirmou Abergel.

Ameaça

Os pesquisadores dizem dizem que essa região está ameaçada. Desde a década de 70, o permafrost vem perdendo sua espessura e projeções de mudanças climáticas sugerem que ele irá recuar ainda mais.
Como ele vem se tornando mais acessível, o permafrost já está sendo, inclusive, visado como fonte de recursos, devido aos ricos recursos naturais que possui.
Mas o professor Claverie adverte que expor camadas profundads poderá criar novas ameaças de vírus.
''É uma receita para o desastre'', afirmou. Segundo ele, a mineração e a perfuração farão com que as antigas camadas sejam penetradas ''e é daí que vem o perigo''.
Ele disse à BBC que antigas variantes de varíola, que foi erradicada há 30 anos, poderiam se tornar ativas novamente.
''Se for verdade que esses vírus sobrevivem da mesma maneira que vírus da ameba sobrevivem, então a varíola pode não ter sido erradicada do planeta, apenas de sua superfície'', afirmou Claverie.
Mas ainda não está claro se todos os vírus podem se tornar ativos novamente, após terem permanecido congelados por milhares ou mesmo milhões de anos.

Putin ordena retorno à base de tropas em exercício militar


O presidente russo, Vladimir Putin, ordenou que as tropas que participaram de exercícios militares nas regiões central e oeste da Rússia retornem à base depois de finalizarem seu treinamento, disse o porta-voz do Kremlin na terça-feira segundo agências de notícias russas.
Moscou havia negado que os exercícios, que começaram na semana passada, tinham algo a ver com os eventos na Ucrânia, onde Putin afirmou ter o direito de organizar tropas para proteger compatriotas russos.
Os exercícios acabaram conforme programado.
O líder russo assistiu ao último dia de exercícios na segunda-feira, sem mostrar sinais de preocupações com os alertas de potências ocidentais de que a Rússia poderia enfrentar sanções por tomar o controle da região da Crimeia, no sul da Ucrânia.
"O comandante supremo das forças armadas da Federação Russa, Vladimir Putin, deu a ordem para que as tropas e as unidades, que participavam dos exercício militar, retornem a suas bases", teria dito o porta-voz do Kremlin Dmitry Peskov.
Não havia notícias sobre movimentação de forças russas na Crimeia.

Oposição vai pedir afastamento do ministro do Trabalho



PF pediu que inquérito contra Manoel Dias seja levado ao STF.


Santa Catarina. O líder do PPS na Câmara, deputado federal Rubens Bueno (PPS-PR), afirmou nessa segunda que vai ingressar com representação na Comissão de Ética Pública da Presidência exigindo o imediato afastamento do ministro do Trabalho, Manoel Dias (PDT).
Dias é alvo de investigação concluída na semana passada pela Polícia Federal (PF) em Santa Catarina, que pediu a abertura de inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o ministro. A PF encontrou indícios da participação do pedetista em um suposto esquema para empregar militantes do partido dele como funcionários fantasmas de uma entidade que firmou convênios com o ministério.
Como o ministro tem foro privilegiado, só pode ser investigado por inquérito no STF, por isso a PF fez essa sugestão em relatório encaminhado à Justiça Federal de Santa Catarina. Segundo o jornal “O Estado de S. Paulo”, que divulgou a informação, filiados do PDT constavam da folha de pagamento da Agência de Desenvolvimento Regional do Vale do Rio Tijucas e Itajaí Mirim (ADRVale) sem nunca terem trabalhado para a entidade, que teria recebido R$ 11 milhões de convênios com o ministério. A PF em Santa Catarina confirmou à “Folha de S.Paulo” que encontrou indícios da participação de Manoel Dias.
Ética. A Comissão de Ética da Presidência já havia aberto um processo contra Manoel Dias na semana passada para apurar denúncia de que sindicatos pagariam propina para acelerar a concessão de registros.
A empresária Ana Cristina Aquino afirmou à revista “Isto É” que entregou R$ 200 mil ao ex-ministro Carlos Lupi para acelerar o registro de um sindicato e disse que o esquema permaneceria na atual gestão.
Procurada, a assessoria de comunicação do Ministério do Trabalho confirmou ter conhecimento do inquérito aberto pela Polícia Federal em Santa Catarina. Segundo a assessoria, a consultoria jurídica do ministério já prestou os esclarecimentos e a pasta não comentaria o pedido da PF de investigação pelo STF.
“Frouxidão”
Crítica. O deputado Rubens Bueno criticou a presidente Dilma Rousseff pela “frouxidão” ao manter o ministro do Trabalho no cargo, apesar das suspeitas levantadas pela Polícia Federal.
Dias nega acerto para indicações
Brasília.
O ministro do Trabalho, Manoel Dias (PDT-SC), disse não temer a abertura de investigação sobre seu envolvimento em suposto esquema do partido para empregar “fantasmas”.
Ele atribuiu as acusações de um ex-dirigente do partido a “fogo amigo” e reiterou não ter feito nenhum acerto para que pedetistas recebessem “salários” sem prestar serviços a entidade financiada pela pasta. “Nunca fiz nenhum pedido desse tipo. Quem é esse cara para me acusar de qualquer coisa?”

segunda-feira, 3 de março de 2014

Polícia Federal pede investigação de ministro do Trabalho no STF

A Polícia Federal em Santa Catarina pediu a abertura de investigação no STF (Supremo Tribunal Federal) para investigar o ministro do Trabalho, Manoel Dias (PDT). A solicitação foi feita depois que a PF encontrou indícios da participação do ministro em um suposto esquema para empregar militantes do PDT como funcionários fantasmas de uma entidade que firmou convênios com o ministério.
Como o ministro tem foro privilegiado, só pode ser investigado por inquérito no STF, por isso a PF fez essa sugestão em relatório encaminhado à Justiça Federal de Santa Catarina.
Segundo o jornal "O Estado de S. Paulo", que divulgou a informação nesta segunda-feira (3), filiados do PDT constavam da folha de pagamento da ONG ADRVale (Agência de Desenvolvimento Regional do Vale do Rio Tijucas e Itajaí Mirim) sem nunca terem trabalhado para a entidade, que teria recebido R$ 11 milhões de convênios com o ministério.
A Polícia Federal em Santa Catarina confirmou à Folha que encontrou indícios da participação de Manoel Dias.
O líder do PPS, deputado federal Rubens Bueno (PPS-PR), divulgou nota nesta segunda dizendo que vai ingressar com representação na Comissão de Ética da Presidência exigindo o imediato afastamento do ministro do Trabalho.
A Comissão de Ética já havia aberto um processo contra Manoel Dias na semana passada para apurar denúncia de que sindicatos pagariam propina para acelerar a concessão de registros. A empresária Ana Cristina Aquino afirmou à revista "Isto É" que entregou R$ 200 mil ao ex-ministro Carlos Lupi para acelerar o registro de um sindicato e disse que o esquema permaneceria na atual gestão.
Procurada, a assessoria do Ministério do Trabalho confirmou ter conhecimento do inquérito em Santa Catarina, disse que a consultoria jurídica do órgão prestou esclarecimentos e que não comentaria o pedido da PF de investigação pelo STF. O ministro afirmou ao jornal "O Estado de S. Paulo" que as acusações são "fogo amigo" e que não teme a abertura de investigação.

Timoshenko: Rússia declarou guerra à Ucrânia, EUA e Reino Unido

A ex-primeira-ministra da Ucrânia, Yulia Timoshenko, fez um discurso à população do país lembrando que Rússia, Estados Unidos e Reino Unido são fiadores da integridade territorial da Ucrânia desde 1994.

Ao ocupar a Crimeia, a Rússia declarou guerra não apenas à Ucrânia, mas também aos Estados Unidos e ao Reino Unido, que são fiadores de sua soberania, declarou a ex-primeira-ministra Yulia Timoshenko em um discurso à nação.
"Vladimir Putin compreende que, ao nos declarar guerra, ela também é declarada aos fiadores de nossa segurança, ou seja, Estados Unidos e Reino Unido", declarou Timoshenko em um vídeo disponível em seu site.
Rússia, Estados Unidos e Reino Unido são fiadores da integridade territorial da Ucrânia desde 1994, quando esta ex-república soviética renunciou às armas nucleares.
"Não acredito que a Rússia cruze esta linha vermelha. Se o fizer, perderá", ressaltou a ex-primeira-ministra.


Timoshenko também considerou que a "agressão russa" teria sido impossível se a Ucrânia tivesse aderido antes à Otan.
Figura da Revolução Laranja pró-ocidental em 2004, Timoshenko foi libertada após a destituição do presidente Viktor Yanukovytch, seu adversário nas eleições presidenciais de 2010, no dia 22 de fevereiro.
Foi condenada em 2011 a sete anos de prisão por abuso de poder, em um julgamento considerado político por muitos observadores.
Timoshenko também disse que o lançamento da agressão russa era o resultado da nova revolução ucraniana, que colocou fim ao regime de Yanukovytch, a quem acusou de estar subordinado à Rússia.
"A Rússia não quis aceitar. Agora decidiu se apoderar da Ucrânia com uma intervenção armada", completou.

União Europeia também pode aprovar sanções contra a Rússia

O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Rui Machete, afirmou hoje (3) que os chefes de Estado e governo da União Europeia poderão aprovar sanções à Rússia caso "não haja um abrandamento" da situação na Ucrânia.  No final de um Conselho Extraordinário de Negócios Estrangeiros da União Europeia, exclusivamente dedicado à questão da Ucrânia e dos últimos avanços da Rússia, o chefe da diplomacia portuguesa criticou Moscou por violar "princípios básicos do direito internacional" ao entrar na Crimeia, península no Sul da Ucrânia.
"Este é um conselho histórico porque estivemos a analisar uma violação flagrante do direito internacional pela Rússia, a Rússia não respeita a soberania e o território da Ucrânia", disse Machete. O ministro português disse que a União Europeia não quer ter de "quebrar a possibilidade dos contatos com a Rússia", mas advertiu que podem ser adotadas sanções caso "não haja um abrandamento".
A União Europeia convocou para quinta-feira de manhã (6) uma assembleia extraordinária para discutir a situação na Ucrânia. O bloco europeu ameaçou também questionar as suas relações com a Rússia, caso não seja registrada uma “contenção da escalada” na Ucrânia.
Rui Machete defendeu que "não devemos ser pessimistas", mas que na reunião de quinta-feira, os primeiros-ministros da União Europeia poderão mesmo aprovar medidas mais drásticas contra a Rússia: "Uma das hipóteses é essa, se não houver um abrandamento. Isto é um processo dinâmico, que está mudando quase de hora em hora".
A tensão entre a Ucrânia e a Rússia agravou-se na última semana, após a queda do presidente Viktor Ianukóvitch, por causa da Crimeia, península do Sul do país, onde se fala russo e está localizada a frota da Rússia no Mar Negro.
Nas últimas 24 horas, segundo Kiev, aterrissaram na Crimeia dez helicópteros russos de combate e oito aviões de transporte de tropas, sem que a Ucrânia tenha sido avisada, como estipula o tratado bilateral sobre o estatuto da frota do Mar Negro. Moscou elevou para 6 mil soldados na península da Crimeia, de acordo com o Ministério da Defesa da Ucrânia. A Câmara Alta do Parlamento Russo aprovou no sábado, por unanimidade, um pedido do presidente Vladimir Putin para autorizar "o recurso às Forças Armadas russas no território da Ucrânia".

Frota russa do Mar Negro afirma que não há ultimato na Crimeia, diz Interfax


A Frota do Mar Negro da Rússia não emitiu nenhum ultimato às forças ucranianas na Crimeia para se renderem até as 5h de terça-feira (meia-noite no horário de Brasília) ou enfrentarem um ataque, informou a agência de notícias Interfax citando um oficial no quartel-general da frota.
A Frota do Mar Negro russa tem uma base na Crimeia e Moscou efetivamente estabeleceu o controle sobre a península, que é parte da Ucrânia.
Mais cedo, a Interfax havia citado uma fonte anônima no Ministério da Defesa ucraniano segundo a qual um prazo final para a rendição havia sido determinado pelo comandante da Frota do Mar Negro.
Segundo a fonte do quartel-general citada agora pela Interfax, nenhum ataque foi planejado, acrescentando que "isso é um completo absurdo".

RS: briga entre detentos termina com dois feridos em Passo Fundo

Dois detentos foram esfaqueados durante uma briga no Presídio Regional de Passo Fundo, no norte do Rio Grande do Sul, na manhã desta segunda-feira. A confusão teria começado durante o banho de sol dos presos no pátio da cadeia, quando alguns deles se desentenderam.
Detentos começaram a se agredir e alguns entre eles carregavam facas, com que atingiram seus desafetos.
Uma dupla ficou gravemente ferida e foi encaminhada para o hospital de Passo Fundo, conforme a Brigada Militar (Polícia Militar local). 
A Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) e a Polícia Civil investigam o caso. A penitenciária não informou como os presos tiveram acesso a armas brancas.

Hienas atacam moradores de rua na capital da Etiópia

Hienas africanas. Foto: BBC
Hienas viviam nos morros ao redor de Adis-Abeba, mas hoje estão em zonas residenciais
Hienas urbanas que atacam moradores de rua estão se tornando um problema sério para as autoridades da capital da Etiópia, Adis-Abeba.
Os animais são comuns nos morros ao redor da cidade, mas nos últimos anos eles vêm se mudando para as regiões residenciais.
Em alguns casos, as hienas contribuem para manter um certo equilíbrio na capital, reduzindo a população de gatos selvagens e cães vadios. Elas também ajudam a "limpar" as ruas, se alimentando da carcaça de cavalos e outros animais.
Mas a população de hienas tem saído do controle das autoridades locais. Hoje ela está estimada entre 300 e mil.
O governo etíope diz que as hienas são perigosas. Em 2011, os administradores do aeroporto da cidade contrataram caçadores para matar hienas que invadiam as pistas aéreas durante pousos e decolagens.
Moradores próximos ao cemitério Ketchene também reclamaram de hienas que cavaram buracos no local e se alimentaram dos restos de pessoas mortas enterradas lá.
As hienas costumam caçar em bandos. Um guarda noturno da Embaixada britânica na Etiópia disse ter visto uma fila de 40 hienas caçando nas redondezas.
A principal ameaça é aos moradores de ruas. Um voluntário em um posto de saúde disse que algumas vezes ao mês ele atende pessoas sem-teto que tiveram dedos arrancados por hienas.
Um morador de rua chegou à clínica com seu couro cabeludo parcialmente arrancado por um dos animais. No ano passado, uma mulher que morava próximo à igreja St. Stephanos e a um hotel da cadeia Hilton perdeu o filho. O bebê foi arrancado de seus braços por hienas.
Em dezembro, as autoridades de Adis-Abeba organizaram um abate. Dez caçadores licençiados mataram dez hienas que estavam vivendo em um terreno baldio no coração da cidade.
Meia dúzia de tocas também foram detectadas perto do centro da cidade.

Rússia recusa 'ameaças inaceitáveis' de John Kerry

O Ministério dos Negócios Estrangeiros russo considerou hoje (3) que as advertências feitas pelo secretário de Estado norte-americano, John Kerry, quanto à atuação na Ucrânia são inaceitáveis.
“Consideramos que as ameaças feitas à Rússia em uma série de declarações públicas do secretário de Estado norte-americano sobre os últimos acontecimentos na Ucrânia e na Crimeia são inaceitáveis”, destacou o ministério em declaração divulgada em sua página na internet.
Moscou acusou Kerry de recorrer a “clichês da Guerra Fria”, sem se preocupar em compreender os processos complexos que ocorrem na sociedade ucraniana. Kerry não conseguiu “avaliar objetivamente a situação, que continua a deteriorar-se depois da tomada do poder em Kiev por extremistas radicais”, acrescenta a nota.
Moscou acusa os Estados Unidos e seus aliados de fecharem os olhos à “russofobia e ao antissemitismo evidentes” dos manifestantes da oposição que tomaram o poder em Kiev. “Os aliados do Ocidente neste momento são abertamente neonazistas que atacaram igrejas ortodoxas e sinagogas”, diz o ministério na declaração.
Kerry, que deve ir a Kiev amanhã (4), advertiu a Rússia no sábado (1º) de que o envio de tropas para a Crimeia, no Sul da Ucrânia, podia implicar sua exclusão do G-8 (grupo formado pelos Estados Unidos, o Canadá, a Alemanha, França, Itália, o Reino Unido e Japão, mais a Rússia) e a aplicação de sanções internacionais.
Os outros membros do G-8 divulgaram declaração nesse domingo, lembrando que a sua participação na cúpula prevista para junho, em Sochi, não está assegurada.
John Kerry acusou a Rússia de “violação da “soberania” e da “integridade territorial” da Ucrânia, assim como das “convenções internacionais”, ao decidir enviar tropas para a Crimeia.

Rússia dá ultimato para forças ucranianas na Crimeia se renderem, diz Interfax


A Frota do Mar Negro da Rússia deu até as 5h de terça-feira (meia-noite, no horário de Brasília) para as forças ucranianas na Crimeia se renderem ou enfrentarão um ataque militar, informou a agência de notícias Interfax, citando uma fonte do Ministério da Defesa da Ucrânia.
O ultimato, disse a Interfax, foi apresentado por Alexander Vitko, comandante da frota.
O ministério não confirmou imediatamente o relato e não houve comentário imediato da Frota do Mar Negro, que tem uma base na Crimeia, onde forças russas estão no controle.
"Se eles não se renderem antes das 5h de amanhã, um ataque real será iniciado contra as unidades e divisões das forças armadas por toda a Crimeia", disse a agência citando a fonte do ministério.

Crise na Ucrânia: Punição a Putin é teste para Obama

Obama e Putin
Obama e Putin conversam durante encontro bilateral, simultâneo à reunião do G8 de 2013
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ordenou medidas destinadas a prejudicar a economia da Rússia e isolar o país, como retaliação ao envio de tropas russas à Ucrânia.
Autoridades americanas dizem que o presidente russo Vladimir Putin tomou uma péssima decisão, que vai deixar o seu país em uma posição muito mais fraca.
A crise política na Ucrânia acaba assim por ser um teste crítico da liderança de Obama, que vai demonstrar o quanto os Estados Unidos ainda têm de influência no mundo.
O secretário de Estado americano John Kerry está a caminho da capital ucraniana, Kiev, enquanto os Estados Unidos tentam coordenar uma resposta internacional para colocar pressão sobre o presidente Putin.
Mas altos funcionários do governo americano praticamente já descartaram a possibilidade de uma intervenção militar.
Lentidão
Os críticos de Barack Obama acusam o presidente de agir muito lentamente e, mais uma vez, permitir que alguém cruze o limite de uma "linha vermelha" traçada por ele.
Na sexta-feira à noite, Obama advertiu que haveria "custos" à intervenção militar russa na Ucrânia. Horas mais tarde, as tropas russas entraram em território ucraniano. Os EUA agora dizem que há mais de 6.000 soldados russos ocupando a região da Crimeia.
Há quem diga que Obama enfrenta um problema de credibilidade, o que tem encorajado Putin.
Certamente, o Ocidente parece mal preparado para esta escalada da crise que deveria ter sido prevista pelos líderes ocidentais. Afinal, era óbvio que Putin não iria desistir facilmente.
Mas o fator Obama pode estar sendo superestimado aqui. Vale a pena lembrar que Putin foi à guerra na Geórgia quando George W. Bush estava no Salão Oval, e ninguém achava que o presidente americano era um pacifista.
Soldados russos na Crimeia (Reuters)
Soldados russos na Crimeia
Mas é claro que Bush pensou duas vezes antes de lutar contra outra potência nuclear por uma antiga parte do ex-império soviético.
Altos funcionários do governo reagiram furiosamente à sugestão de que o comportamento passado de Obama tenha encorajado Putin.
Eles dizem que a política do líder russo na Ucrânia falhou, e que tudo que lhe restou foi o uso do poder militar. Para eles, o mundo deveria culpá-lo, e não a Obama.
Pressão
Deve haver muito mais articulação nos próximos dias, com os Estados Unidos tentando coordenar um aperto internacional sobre a Rússia.
O primeiro ponto de pressão é a reunião de junho do G8, em Sochi, balneário russo que acaba de sediar os Jogos Olímpicos de inverno. Estados Unidos, Canadá e Reino Unido cancelaram reuniões de preparação para o encontro.
O plano alternativo é enviar observadores internacionais para se certificar de que os russos que vivem na Ucrânia estão seguros e não correm perigo. A oferta dificilmente terá apelo junto a Putin.
Vale a pena lembrar que a Crimeia foi uma parte da Rússia a partir de 1783 e que nos primeiros anos da União Soviética era uma república autônoma dentro da federação. O líder soviético Nikita Khrushchev transferiu o território à Ucrânia em 1954.
Agora Putin o quer de volta. Retirar-se seria um fracasso e uma humilhação para ele.
O problema para Obama é que sanções econômicas levam muito tempo para funcionar. Putin pode simplesmente não se importar com a pressão diplomática - ele parece gostar de incomodar os líderes ocidentais.
É fácil ver como a situação poderia ficar muito pior - e não é clara a forma como Obama reagiria a um aprofundamento da crise.

domingo, 2 de março de 2014

EUA cogitam sanções se Rússia não recuar tropas; Kerry viajará à Ucrânia

Secretário de Estado norte-americano tentará uma solução para a intervenção militar da Rússia na região da Crimeia.

O secretário de Estado dos Estados Unidos, John Kerry, viajará a Kiev, capital da Ucrânia, na terça-feira (4) para encontrar representantes do governo e buscar uma solução para a intervenção militar da Rússia na região da Crimeia, segundo um alto funcionário norte-americano. Kerry, neste domingo (2), levantou a possibilidade de sanções econômicas, como suspender investimentos no país, proibir vistos de viagem e congelar ativos, se o presidente russo, Vladimir Putin, não recuar suas tropas e também cogitou que o país pode perder o seu lugar no G8, que reúne as principais economias mundiais.
As forças russas já tomaram controle sobre a Crimeia, uma península isolada no Mar Negro onde Moscou mantém uma base naval.
Leia mais: Chefe da Marinha ucraniana adere a tropas pró-Rússia e é alvo de processo
Mais cedo, Kerry classificou de “incrível ato de agressão” a decisão do parlamento russo em autorizar "um recurso às forças armadas” e a mobilização de tropas para a região autónoma da Crimeia. Ele afirmou ainda que as nações do G8 e outros países "estão preparados para isolar a Rússia" e que eles têm uma "ampla gama de opções" disponível. 
AP
Manifestantes vão às ruas de Nova York protestar contra a invasão russa na Ucrânia
Já o ministro de Relações Exteriores da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, pediu calma e defendeu a permanência da Rússia no G8. Ainda segundo a Alemanha, Putin aceitou a proposta do país para estabelecer uma "missão de averiguação" sobre a situação na Ucrânia, possivelmente sob a liderança da Organização para Segurança e Cooperação na Europa (OSCE). "A chanceler [Angela Merkel] pediu novamente para o presidente russo respeitar a integridade territorial da Ucrânia", disse o porta-voz em comunicado emitido após uma conversa telefônica entre os dois líderes.
Os EUA e os outros governos ocidentais têm poucas opções para conter as movimentações militares da Rússia. O secretário-geral da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), Fogh Rasmussen, disse que a Rússia violou a Carta da ONU com sua ação militar na Ucrânia e exigiu que Moscou "recue na escalada de tensões". Ele fez suas declarações em Bruxelas antes de abrir uma reunião para discutir a crise do órgão de tomada de decisão política da aliança militar.
A Ucrânia não é um membro da Otan, significando que os EUA e a Europa não estão obrigados a sair em sua defesa. Mas a Ucrânia participou de alguns exercícios da aliança militar e enviou tropas para sua força de resposta. Os EUA também disseram que suspenderão a participação nos "encontros preparatórios" para a cúpula econômica do G8, planejados para junho no resort de Sochi, local das recentes Olimpíadas de Inverno de 2014.
O ministro de Relações Exteriores da França, Laurent Fabius, concordou, dizendo na rádio francesa Europa que o planejamento do cúpula deveria ser suspenso. A França "condena a escala militar russa" na Ucrânia e Moscou deve "perceber que ações têm custos", afirmou neste domingo.

Ucrânia: Kerry visitará Kiev para dar apoio ao governo

O secretário de Estado americano, John Kerry, vai visitar a capital da Ucrânia, Kiev, para levar suporte aos novos líderes interinos do país, informaram fontes do governo americano neste domingo, após as tropas russas assumirem o controle da península da Crimeia.
"O secretário vai viajar a Kiev. Ele estará lá na terça-feira", informou um oficial do governo americano, que acrescentou que as forças russas teriam "agora o controle completo da península da Crimeia".

Líder da oposição na Venezuela pede que manifestações sejam pacíficas

Preso desde o dia 18 de fevereiro, o líder do partido Voluntad Popular, Leopoldo López, defendeu que as manifestações que têm ocorrido na Venezuela, contrárias ao governo de Nicolás Maduro e em favor de mudanças políticas e sociais no país, devem continuar. Segundo ele, para serem bem-sucedidas, essas manifestações precisam ser feitas de forma pacífica e com grande apoio popular.
Opositores ao governo venezuelano têm pedido, por meio de redes sociais, que as estrelas norte-americanas aproveitem a cerimônia do Oscar, hoje, para mencionar a situação do país.
“A mudança só pode chegar pelas mãos de milhões de pessoas na rua, em paz e sem violência, mas na rua”, disse López, segundo o diário de Caracas El Nacional. O líder oposicionista, que se coloca como preso político, está em uma prisão militar, reservada a chefes militares acusados de delitos. Apesar de poder ser visitado pela mulher, por padres e por advogados, diz que está impedido de manter contato com outros presos.
Entre 2000 e 2008, López foi presidente da Câmara de Chacao, município localizado na área metropolitana de Caracas que tem sido o epicentro dos protestos contra Maduro. Ele “exige justiça” pelas 18 mortes e pelas dezenas de feridos e detidos desde o início das manifestações.
Na Venezuela, tem ocorrido também manifestações de apoio ao governo de Maduro, que diz ser vítima de um “golpe de Estado prolongado”.

Ucrânia acusa Rússia de ter "declarado guerra" e pede que Putin retire tropas

A Ucrânia anunciou a convocação de seus reservistas após a ameaça russa de intervenção militar na Crimeia; país se "encontra à beira do desastre"


Soldados ucranianos protegem entrada de base da infantaria enquanto tropas russas chegam na região Foto: AP
Soldados ucranianos protegem entrada de base da infantaria enquanto tropas russas chegam na região
Foto: AP

A Ucrânia se "encontra à beira do desastre", após a "declaração de guerra" feita pela Rússia, declarou neste domingo o primeiro-ministro Arsenii Iatseniuk. "É o alerta vermelho. Não é uma ameaça, é, na verdade, uma declaração de guerra ao meu país", disse.
"Nós pedimos para que o presidente Putin retire suas forças armadas e cumpra suas obrigações internacionais, assim como os acordos bilaterais e multilaterais entre a Rússia e a Ucrânia", acrescentou.


"Se o presidente russo quer ser o presidente que iniciou uma guerra entre dois países vizinhos e amigos, entre a Ucrânia e a Rússia, ele está perto de alcançar este objetivo. Estamos à beira do desastre", disse Iatseniuk, falando em inglês durante um pronunciamento para a imprensa no Parlamento.
"A Rússia não tinha qualquer razão para invadir a Ucrânia e nós acreditamos que nossos parceiros, assim como toda a comunidade internacional, apoiarão a manutenção da integralidade do território ucraniano, e farão o possível para impedir este conflito militar provocado pela Rússia", afirmou.
A Ucrânia anunciou neste domingo a convocação de seus reservistas após a ameaça russa de intervenção militar em seu território.

Análise: Diplomacia europeia é chave para paz na Ucrânia

Povo da Ucrânia fez ato anti-Rússia em Kiev no sábado. Foto: Reuters
Em Kiev, manifestantes fizeram ato no sábado contra a Rússia e pedindo ajuda americana
A escalada da tensão política na Ucrânia - com a previsível reação russa, envolvendo a possibilidade de uma intervenção militar - representa acima de tudo o fracasso da diplomacia europeia, anteriormente aclamada por facilitar um acordo que, pensava-se, iria pacificar o país.
O acordo do último dia 21, assinado pelo então presidente, Viktor Yanukovych, e por representantes da oposição, previa a criação de um governo de unidade nacional, a adoção da constituição ucraniana de 2004 (com a redução dos poderes do presidente) e uma eleição presidencial apenas no final do ano.
Com alívio geral, esperava-se que o entendimento acabasse com o banho de sangue na Praça da Independência, em Kiev, além da tensão em Lviv e em outros pontos do oeste nacionalista. Até então, a Crimeia e o leste, onde se concentram os simpáticos a Moscou, estavam em silêncio.
O que aconteceu nos dias seguintes praticamente jogou no esquecimento o acordo patrocinado pela UE. Yanukovych fugiu para a Rússia, o governo de "união" foi empossado apenas com figuras da oposição e as eleições foram convocadas para 25 de maio.
Em meio à velocidade dos acontecimentos, a diplomacia da União Europeia não veio a público defender com veemência os termos do acordo. Isso só deu mais impulso à Rússia, já contrariada no acordo original, e agora incentivada a uma ação drástica pela revolta da significativa parte da população ucraniana simpática a Moscou e desconfiada do novo governo.

Geórgia

O cenário lembra o da intervenção russa na Geórgia em 2008, algo que vem sendo mencionado por analistas. Mas existem diferenças fundamentais que tornam esta possível intervenção russa muito mais complicada e arriscada para Moscou.

Premiê da Ucrânia diz que país está 'à beira de um desastre'

O premiê interino da Ucrânia, Arseniy Yatsenyuk, acusou a Rússia neste domingo de ter "declarado guerra" contra seu país, e fez um apelo ao presidente Vladimir Putin para que recue com suas tropas. Yatsenyuk afirmou que seu país está à "beira de um desastre".
A Ucrânia prometeu não dar o primeiro tiro no conflito, mas colocou suas tropas de prontidão e convocou seus reservistas.
As autoridades na capital Kiev pediram que três unidades militares ucranianas - que foram cercadas na Crimeia - possam se deslocar com liberdade.
Vários russos étnicos na região da Crimeia cercaram bases militares ucranianas na cidade de Feodosia, exigindo que o posto jure lealdade às novas autoridades regionais - que são pró-Rússia.
A atividade militar está se intensificando na região. Navios de guerra russos foram observados no litoral. Um repórter da BBC disse ter visto trincheiras sendo cavadas nas fronteiras da Crimeia.
Em 2008, o Kremlin apostou, corretamente, que o Ocidente não iria intervir em defesa do então presidente georgiano Mikhail Saakashvili - que, com todo seu inglês adquirido nos Estados Unidos, alegava estar sendo violentado pelo imperialismo neo-soviético.
Mas a Geórgia é um país pequeno, longe das fronteiras da União Europeia e com um longo histórico de guerras civis desde a independência, em 1991. Como se não bastasse, os territórios simpáticos a Moscou dentro da Geórgia - a Abecásia e a Ossétia do Sul - são bem delimitados e conhecidos.
A Ucrânia, por sua vez, tem um território imenso, que faz fronteira com a União Europeia, e não tem um histórico de confronto aberto. As tensões entre russos e ucranianos permaneceram sob controle desde o fim da URSS devido a um pacto das elites locais, com o apoio de Moscou.
O que a ex-oposição ucraniana tentou fazer foi eliminar a Rússia da equação. Novamente, como na Geórgia, a oposição a Moscou assume que terá o apoio do Ocidente - o que está ocorrendo de forma retórica. E a Rússia novamente aposta que o apoio não irá além de retórica.
Mas como a Europa e os Estados Unidos reagiriam se a intervenção russa gerar um crise humana, com milhares de ucranianos tentando cruzar a fronteira da União Europeia para fugir do conflito?
E a Rússia, como reagiria se o conflito não for como ela espera - rápido, neutralizando as tropas ucranianas enviadas à Crimeia? Se houver ameaça às comunidades russas em outras partes do país, onde é que Moscou vai mirar suas forças? Mesmo no leste, uma parcela significativa da população é antipática ao Kremlin.
Tanto para a Rússia quanto para o Ocidente, uma escalada do conflito seria uma imensa dor de cabeça, com potencial de criar um prejuízo inimaginável e elevar exponencialmente a divisão política na Ucrânia.

Diplomacia europeia

Prédio público de Simferopol no domingo. Foto: Getty Images
Prédios públicos de Simferopol amanheceram no domingo ainda ocupados por milícias
Percebendo isso, a diplomacia europeia e americana tem buscado alguma saída, embora sem nenhum resultado prático e, por ora, colocando a Rússia na defensiva.
Neste sábado, o ministro britânico das Relações Exteriores, William Hague, disse ter tido uma conversa telefônica com seu colega russo, Sergei Lavrov, em que lembrou ao russo que a soberania ucraniana sobre a Crimeia deve ser respeitada.
Hague, que viajaria neste domingo a Kiev, disse apoiar o pedido ucraniano de que o tema fosse discutido pelo Conselho de Segurança da ONU, levando em conta as obrigações russas por conta do Memorando de Budapeste, de 1994.
O memorando, assinado por Moscou, EUA e Grã-Bretanha, proíbe intervenções armadas na Ucrânia que ponham em risco a integridade territorial do país.
Os Estados Unidos certamente devem refutar qualquer tipo de intervenção internacional que não tenha aval do Conselho, do qual faz justamente parte, com direito a veto, a Rússia.
Interessante foi a declaração de sexta-feira do presidente americano, Barack Obama, de que uma ação militar russa terá "custos" para Moscou. Possivelmente Obama se refere a sanções. Mas sanções têm resultados incertos, como mostrou o caso iraniano, e sendo a Rússia uma economia muito mais poderosa que a do Irã, há uma tendência ainda maior de a estratégia não funcionar.
Com sua declaração, Obama já mostrou que teria dificuldade em mediar a questão. O que nos leva à estaca zero: a importância da diplomacia europeia.
Mas, na sexta-feira, o chanceler polonês, Radoslaw Sikorski, só reforçou o isolamento russo ao dizer que Yanukovych foi culpado pelo fracasso do acordo. Segundo ele, o presidente afastado violou o entendimento ao não assinar, no prazo estipulado, a adoção da constituição de 2004, prevista no acordo.
Conselho de Segurança no sábado. Foto: AFP
Conselho de Segurança da ONU fez reunião de emergência no sábado; no domingo será a vez da Otan
É a União Europeia que possibilitou o acordo original e poderia recolocá-lo nos eixos, como foi a União Europeia que mediou o fim do conflito na Geórgia em 2008 (só depois que a Rússia já havia obtido sua vitória).
Mas, agora, isso implicaria em uma grande ginástica. Os diplomatas teriam que pressionar as novas autoridades de Kiev a voltar atrás, o que não seria fácil, e teriam que estabelecer uma aliança genuína com Moscou, o que no momento parece muito distante de ocorrer.
Mas, se isso acontecesse, Moscou estaria disposto a retroceder? Essa é outra questão. O país já saiu perdendo no acordo do dia 21.
Talvez só voltasse atrás se Yanukovych voltasse ao poder, o que, ficou claro, é inaceitável para o atual governo, que quer vê-lo preso e julgado pelas mortes na Praça da Independência.
De qualquer forma, para haver uma saída, todos terão que ceder. Caso isso não aconteça, estará criado o cenário para uma guerra que pode mudar a história da Europa no século 21.

Kerry diz que Rússia arrisca lugar no G8 com envio de tropas

O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, alertou hoje (2) que a Rússia se arrisca a perder o seu lugar no prestigiado G8  (o grupo dos sete países mais industrializados, formado pela Alemanha, França, Itália, o Reino Unido, Canadá, os Estados Unidos, o Japão - e a Rússia) devido ao envio de tropas para a república autônoma da Crimeia.
O presidente russo Vladimir Putin “pode não ter [a cúpula do] G8 em Sochi, pode mesmo não ficar no seio do G8 se isso continuar”, advertiu Kerry em declarações à televisão norte-americana NBC.
Antes, os ministros dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido e da França anunciaram ter decidido suspender a participação nas reuniões preparatórias da Cúpula do G8, prevista para junho na cidade russa de Sochi.
O chefe da diplomacia francesa, Laurent Fabius, disse que a França espera que sejam suspensas "as reuniões de preparação do G8”, reagindo à situação de tensão entre Kiev e Moscou, depois da Câmara Alta do Parlamento russo ter aprovado ontem (1º), por unanimidade, um pedido do presidente Vladimir Putin para autorizar "recurso às Forças Armadas russas no território da Ucrânia".
O Canadá, por sua vez, decidiu suspender a participação na cúpula. Além disso, retirou o embaixador na Rússia, em protesto pela intervenção militar na Ucrânia, e pediu a Moscou que “retire imediatamente” as tropas do país.
Nesse sábado, a administração norte-americana informou, em comunicado, que decidiu suspender a participação nas reuniões preparatórias do G8.
O comunicado foi divulgado após conversa telefônica de 90 minutos entre o presidente norte-americano, Barack Obama, e Putin. Na conversa, Obama pediu o recuo das forças russas e advertiu contra um isolamento internacional crescente, se for mantida a intervenção na Ucrânia.
O secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Anders Fogh Rasmussen,  pediu hoje (2) à Rússia que pare com as atividades militares e as ameaças contra a Ucrânia, lembrando que as ações russas põem em risco “a paz e a segurança na Europa”.
Rasmussen falou antes de uma reunião de emergência com os 28 embaixadores da Otan, em Bruxelas, para “discutir as implicações da ação da Rússia na segurança europeia”.

sábado, 1 de março de 2014

Rússia aprova envio de tropas à Ucrânia

Protestos em Donetsk. Foto: Reuters
Cidade ucraniana de Donetsk foi palco de manifestações pró-Rússia neste sábado
A câmara alta do Parlamento da Rússia aprovou neste sábado o envio de tropas russas à Ucrânia.
O pedido havia sido feito poucas horas antes pelo presidente Vladimir Putin. Ele alegou, em nota oficial, que seu pedido foi feito "em relação à situação extraordinária na Ucrânia e à ameaça às vidas de cidadãos russos".
Putin disse que as forças armadas russas devem ser usadas "até a normalização da situação política naquele país".
A decisão da câmara alta do Parlamento russo foi unânime. Durante o debate, um dos parlamentares russos acusou o presidente americano, Barack Obama, de passar dos limites. Obama havia feito um alerta na sexta-feira para que os russos evitassem uma ação militar na Ucrânia.
O parlamento russo também pediu que o embaixador russo nos Estados Unidos seja chamado para consultas, mas essa decisão cabe a Putin, e não ao Legislativo.
A Rússia já possui uma presença militar na região da Crimeia, no sul da Ucrânia. Mas o texto de Putin faz referência ao "território ucraniano", o que pode significar que as tropas seriam enviadas a outras partes do país - e não apenas à Crimeia.
A Ucrânia considera as ações russas uma "provocação" ao seu país, para tentar causar um conflito. O presidente interino da Ucrânia, Oleksander Turchynov, convocou uma reunião de emergência de seu gabinete, mas disse que seu país não pretende reagir.
Neste sábado, diversas cidades ucranianas foram palco de manifestações em favor da Rússia. A opinião pública é dividida na Ucrânia, e no leste muitos cidadãos apoiam a aproximação com os russos.
Em Donetsk, reduto do presidente afastado Viktor Yanukovych, cerca de 7 mil pessoas foram às ruas. Portando bandeiras russas, eles tentaram, sem sucesso, ocupar um prédio do governo local.
Em Kharkiv, a segunda maior cidade do país, houve confrontos entre a polícia e manifestantes pró-Rússia. Em Mariupol, também houve atos públicos com bandeiras russas.

De Kiev para Crimeia

A Ucrânia e a Rússia vivem dias de grande tensão, em uma disputa de influência entre o Ocidente e os russos na Ucrânia.

Quem é quem

Viktor Yanukovych
  • Viktor Yanukovych (foto): presidente afastado da Ucrânia. Sua aproximação com a Rússia gerou protestos que culminaram no seu afastamento. Está atualmente em Moscou.
  • Yulia Tymoshenko: oposicionista crítica à Rússia e Yanukovych,a ex-premiê estava na prisão, acusada de corrupção. Foi solta no mês passado, após o afastamento do presidente ucraniano.
  • Vitali Klitschko: o ex-campeão mundial de boxe também fez oposição a Yanukovych e é considerado o principal líder dos protestos em Kiev.
  • Sergiy Aksyonov: premiê interino da Crimeia (região autônoma na Ucrânia), ele é líder do principal partido pró-Rússia na região. Pediu a Putin ajuda russa para "reestabelecer a calma" na Crimeia.
  • Olexander Turchynov: presidente interino da Ucrânia, que assumiu após o afastamento de Yanukovych. Visto como crítico da Rússia, e próximo da líder da oposição Yulia Tymoshenko.
No mês passado, após várias semanas de protestos nas ruas da capital Kiev, o presidente ucraniano, Viktor Yanukovych, foi afastado por uma votação no Parlamento. As manifestações começaram em novembro do ano passado, quando Yanukovych rejeitou uma aproximação com a União Europeia em prol de um acordo econômico com a Rússia.
Um governo interino crítico à influência russa assumiu a Ucrânia após a queda de Yanukovych, que agora é procurado pela Justiça do país, acusado de mandar matar manifestantes. O ex-presidente recebeu abrigo na Rússia e prometeu continuar lutando pelo seu país.
Na última semana, o foco do conflito passou a ser a Crimeia, uma região de 2,3 milhões de habitantes que faz parte da Ucrânia, no litoral do Mar Negro. Muitos na Crimeia se consideram russos étnicos e falam o idioma russo, com grande simpatia por Yanukovych. A Rússia tem forte presença militar na região do Mar Negro.
Há temores de que a Ucrânia e a Rússia possam entrar em conflito pelo controle da Crimeia.
Esta semana, homens não-identificados – que seriam parte de milícias pró-Rússia – tomaram o controle de prédios públicos e aeroportos na Crimeia. Na quinta-feira, o Parlamento regional nomeou um novo primeiro-ministro na região, Sergey Aksyonov, que é líder do principal partido pró-Rússia.
Neste sábado, Aksyonov fez um apelo a Vladimir Putin para que a Rússia "reestabeleça a calma na região". A Rússia afirmou que não ignoraria o apelo feito por Aksyonov, e pouco depois Putin noticiou o pedido ao Parlamento russo para analisar o envio de tropas à Ucrânia.
Ucrânia e Rússia trocam acusações em relação às ações na Crimeia.
O ministério das Relações Exteriores da Rússia diz que o governo da Ucrânia enviou tropas à Crimeia neste sábado para tentar retomar o prédio do ministério do Interior. Já as autoridades interinas da Ucrânia acusam a Rússia de enviar 6 mil soldados à Crimeia.
Um acordo entre Ucrânia e Rússia prevê que todas as ações russas na Crimeia seriam combinadas previamente entre as autoridades dos dois países.
Tropas russas na Ucrânia. Foto: Reuters
Soldados russos estavam de prontidão no sábado na cidade de Balaclava, na Crimeia
Na madrugada de sexta-feira para sábado, homens armados não-identificados teriam tomado outra pista de aviação. O governo russo nega qualquer envolvimento no episódio.

Estados Unidos

Os acontecimentos na Crimeia também despertam preocupações nos Estados Unidos.
Antes do anúncio russo, o presidente americano, Barack Obama, havia feito um alerta aos russos de que qualquer ação militar russa na Ucrânia traria "custos" à região.
"Qualquer violação da soberania e integridade territorial da Ucrânia seria profundamente desestabilizadora, o que não está nos interesses da Ucrânia, da Rússia ou da Europa", afirmou Obama, na noite de sexta-feira.
"Isso representaria uma profunda interferência em assuntos que precisam ser determinados pelo povo da Ucrânia. Seria uma clara violação do compromisso da Rússia de respeitar a independência e soberania e as fronteiras da Ucrânia – e as leis internacionais."

Joaquim Barbosa deixa caminho aberto para carreira política

Ministro planeja deixar o STF ainda no primeiro semestre e age para criar condições para uma candidatura, mas dá sinais de que deixará plano eleitoral para 2018.

Encerrada a etapa de análise dos embargos infringentes do julgamento do mensalão, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, ainda permanece em cima do muro quando o assunto é seu futuro político. Ainda assim, o ministro já trabalha nos bastidores todas as condições para se lançar candidato a um cargo público, mesmo que essa investida ocorra somente em 2018.
Blog do Kennedy: Barbosa disse a Dilma que deixaria STF em junho
Advogados: Recuo no mensalão devolveu 'serenidade jurídica' ao STF
Barbosa, como informou nesta semana o Blog do Kennedy, manifestou à presidente Dilma Rousseff a intenção de deixar o Supremo até junho. Se a saída ocorrer no limite desse prazo, Barbosa frustrará os planos de partidos como o PSB, que ainda têm esperanças de convencer o presidente do STF a se lançar candidato já neste ano. Como o iG revelou em novembro do ano passado, o time do presidenciável Eduardo Campos recrutou a ministra do Superior Tribunal de Justiça Eliana Calmon para convencer Barbosa a se desligar da Corte até abril, a tempo de disputar um mandato de senador.
STF / Divulgação
O ministro Joaquim Barbosa, presidente do STF, durante o julgamento dos embargos infringentes
Auxiliares de Barbosa dizem que um projeto eleitoral já em 2014 ainda não está 100% descartado, mas admitem que as conversas caminham com mais força para uma empreitada eleitoral só mesmo em 2018. Dizem que Barbosa se mostra preocupado com a imagem de que teria usado o julgamento do mensalão como palanque eleitoral. Até lá, o presidente do Supremo se dedicaria à criação de um instituto, à frente do qual poderia se manter em evidência na cena política nacional.
A perspectiva de que Barbosa deixe o STF ainda no primeiro semestre deste ano aumentou durante a análise dos últimos recursos do mensalão. As intervenções acaloradas de Barbosa durante a análise dos embargos infringentes foram vistas por alguns colegas como uma tentativa de “demarcar território” e assegurar uma “projeção de imagem” nesta reta final do julgamento.
Para advogado, fim do mensalão no STF expõe "espetacularização” do Judiciário
Embargos infringentes: Entenda como o recurso beneficia os réus

Nos corredores do tribunal, a avaliação é que Barbosa tem se mostrado cada vez mais inconformado com as mudanças no julgamento, o que poderia servir de argumento para sua saída da Corte. Outros afirmam que Barbosa ficaria incomodado em ser liderado por Ricardo Lewandowski, que assume a presidência do tribunal em novembro.
Várias manifestações de Barbosa nos últimos dias ajudaram a alimentar a tese de que ele aproveita a vitrine à frente do tribunal. Na última quarta-feira, Barbosa criticou duramente o voto do ministro Luís Roberto Barroso. Barroso absolveu o ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu, o ex-presidente do PT José Genoino e o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e outros cinco réus pelo crime de formação de quadrilha. Barroso também criticou o que ele chamou de exacerbação da pena originária de quadrilha.
Em resposta ao ministro Barroso, Barbosa classificou o voto do colega de “político”. “Leniência (criticada por Barroso) que está encaminhando com a contribuição de vossa excelência. É fácil fazer discursos políticos e contribuir para aquilo que se quer combater”, disse Barbosa. As declarações do presidente do STF criaram mal estar na corte.
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Na quinta-feira, após a consolidação do resultado absolvendo Dirceu, Genoino e Delúbio do crime de quadrilha, Barbosa criticou novamente o voto dos colegas insinuando que no Brasil apenas pessoas de baixo poder aquisitivo são condenadas pelo crime de quadrilha. “Em que nesse novo conceito são suscetíveis de enquadramento na prática do crime de quadrilha somente aqueles a que meios sociais dotados de certas características sócio-antropológicas. Aqueles que rotineiramente incorrem na prática de certos delitos como os crimes de sangue ou os crimes contra o patrimônio privado. Criou-se com isso um novo determinismo social”, declarou Barbosa.
Ele ainda atacou a Corte afirmando que a absolvição dos crime de quadrilha é apenas o primeiro passo de uma “sanha reformadora”. “Sinto-me autorizado a alertar a nação brasileira de que este é apenas o primeiro passo. Que essa maioria de circunstâncias tem todo o tempo a seu favor para continuar na sua sanha reformadora. Agora, inventou-se um conceito fantasioso e discriminatório para o crime de quadrilha”, afirmou o presidente da Corte para incomodo dos demais ministros.

Planilha aponta propina de R$ 150 mil da Siemens para grupo de Jefferson

Planilhas apreendidas em computadores de ex-diretores dos Correios apontam que a multinacional alemã Siemens acertou o pagamento de pelo menos R$ 150 mil em propina ao grupo do ex-deputado Roberto Jefferson (PTB) para obter um contrato com a empresa pública em 2005. Foi durante o seu período a frente dos Correios e em meio a suspeitas de que estaria envolvido com desvios na estatal que o então deputado e também presidente do partido decidiu denunciar o mensalão. Atualmente, Jefferson cumpre pena de sete anos e 14 dias no Rio de Janeiro por receber dinheiro do mesmo mensalão que delatou. As informações foram publicadas no jornal O Estado de S. Paulo.
Firmado no governo Lula para fornecimento de sistemas eletrônicos de movimentação e triagem de carga, o contrato dos Correios que envolve a Siemens - que hoje também é alvo de investigações por causa do cartel dos trens que funcionou nos governos tucanos em São Paulo - tinha o valor de R$ 5,3 milhões. As planilhas que indicam o pagamento de propina foram encontradas pela Polícia Federal após apreensão dos computadores do ex-diretor dos Correios Maurício Marinho e de outro assessor da diretoria. Além disso, e-mails apreendidos com lobistas que atuavam na estatal mostraram que o diretor da Siemens Luiz Cox negociou pagamento de "comissão" para obter contrato com os Correios.
Os documentos integram ação penal em que Marinho e Jefferson são réus na Justiça Federal do Distrito Federal. O ex-deputado responde por formação de quadrilha e é acusado de ser "o chefe da estrutura criminosa" que atuava nos Correios e desviava dinheiro para o PTB. Marinho é acusado dos crimes de quadrilha e corrupção. Uma sindicância foi aberta pelos Correios, que investigaram o caso internamente e decretaram a inidoneidade da Siemens. A empresa alemã recorreu à Justiça, mas perdeu e acabou proibida, em janeiro, de participar de licitações públicas e fechar contratos com governos em todo o País nos próximos cinco anos.

Análise: A Rússia quer invadir a Ucrânia?

Homem armado na Assembleia da Crimeia. Foto: Getty
Homem armado sem identificação de qualquer exército no uniforme cerca Parlamento da Crimeia
A Rússia poderia intervir militarmente na região da Crimeia para garantir seus interesses estratégicos na região? Ou, colocando a pergunta de outra forma, as atitudes da Rússia até agora já são uma forma de intervenção?
Há temores de que a Ucrânia e a Rússia possam entrar em conflito pelo controle da Crimeia. A região de 2,3 milhões de habitantes é parte da Ucrânia, no litoral do Mar Negro, mas muitos lá se consideram russos étnicos e falam o idioma russo.
Na última eleição presidencial ucraniana, a população da Crimeia votou em peso em Viktor Yanukovych, político visto como pró-Rússia e que foi afastado no mês passado após semanas de protestos em Kiev.
Desde então, supostas milícias pró-Rússia invadiram o Parlamento regional da Crimeia, prédios públicos e o aeroporto de Simferopol, a capital da região.

Milícias treinadas

Ninguém sabe ao certo a identidade destes homens armados, mas seus equipamentos, veículos e comportamento dão sinais de que se trata de uma unidade militar treinada, e não apenas um grupo qualquer de ativistas pró-Rússia.
"Estes homens parecem um grupo organizado de tropas. Eles parecem ser disciplinados, confiantes, vestidos em uniformes e equipados", diz Ben Barry, militar especialista em combate terrestre do International Institute for Strategic Studies, entidade de pesquisa baseada em Londres.
A ocupação do aeroporto de Simferopol deu início a uma rotina previsível de ameaças da Rússia às autoridades interinas da Ucrânia. Unidades de combate aéreo foram colocadas na fronteira da Ucrânia e estão em estado de alerta. Exercícios militares foram imediatamente iniciados, demonstrando o preparo das forças russas.
Também houve ameaças econômicas, com o possível aumento de tarifas na fronteira dos dois países, e com retórica elevada de ameaças às minorias étnicas russas na Crimeia.

Tentação ocidental

Novo premiê da Crimeia pede ajuda à Rússia para 'reestabelecer calma'

O novo premiê da região ucraniana da Crimeia, Sergey Aksyonov, fez um apelo neste sábado ao presidente russo, Vladimir Putin, para que a Rússia "reestabeleça a calma na região".
A Rússia afirmou que não vai ignorar o apelo feito por Aksyonov, que assumiu o poder na região depois que milícias pró-Rússia assumiram o comando do Parlamento regional.
O ministério das Relações Exteriores da Rússia disse que o governo da Ucrânia enviou tropas à Crimeia neste sábado para tentar retomar o prédio do ministério do Interior.
As autoridades interinas da Ucrânia acusam a Rússia de enviar 6 mil soldados à Crimeia.
Na madrugada de sexta-feira para sábado, homens armados não-identificados teriam tomado outra pista de aviação. O governo russo nega qualquer envolvimento no episódio.
Até agora, o cenário é parecido com a véspera da invasão russa à Geórgia, em 2008. Naquela ocasião, o Exército da Geórgia "fez um favor" aos russos, ao invadirem eles próprios o enclave da Ossétia do Sul, dando margem à resposta da Rússia.
Mas as comparações se encerram aqui.
A Geórgia era um país pequeno que havia irritado profundamente o regime de Moscou, e nunca teria condições de responder a qualquer tipo de ação militar russa.
Muitos especialistas acreditam que uma invasão de grande escala de tropas russas, como aquela de 2008 na Geórgia, seria impraticável na Ucrânia agora.
Dado o tamanho da Ucrânia e as divisões internas da população, esse tipo de ação só poderia ter um desfecho: uma grave guerra civil.
A pressão russa neste momento tem um objetivo diferente.
O Estado da Ucrânia está perto da bancarrota. O país precisa de financiamento externo. O governo de Moscou sabe que as instituições financeiras do Ocidente precisarão assumir algum tipo de papel no país.
A Rússia quer deixar claro que o governo ucraniano depende tando de Moscou quanto da União Europeia, e que a Ucrânia precisa se equilibrar entre estas duas forças.
A conclusão russa é de que a Ucrânia precisa resistir à tentação de se aproximar da aliança militar ocidental Otan.

Presença russa

A Crimeia é outro assunto. A Rússia sequer precisa invadir o local, pois já possui grande presença lá, alugando instalações junto ao governo ucraniano.
A maior parte da frota russa no Mar Negro está na Crimeia, com um quartel-general na cidade ucraniana de Sevastopol. Militares da Marinha da Rússia já entram e saem da cidade como se fosse um território russo.
Grande parte da população da Crimeia – talvez até mesmo a maioria – é de apoiadores da Rússia. A região abriga muitos militares russos aposentados, e fica geograficamente distante da capital Kiev.
A pressão russa é para que a Ucrânia tenha consciência de que os interesses de Moscou precisam sempre ser preservados em qualquer decisão tomada pelos ucranianos sobre seu futuro econômico e diplomático.