Joaquim Barbosa deixa caminho aberto para carreira política
Ministro planeja deixar o STF ainda no primeiro
semestre e age para criar condições para uma candidatura, mas dá sinais
de que deixará plano eleitoral para 2018.
Encerrada
a etapa de análise dos embargos infringentes do julgamento do mensalão,
o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, ainda
permanece em cima do muro quando o assunto é seu futuro político. Ainda
assim, o ministro já trabalha nos bastidores todas as condições para se
lançar candidato a um cargo público, mesmo que essa investida ocorra
somente em 2018. Blog do Kennedy: Barbosa disse a Dilma que deixaria STF em junho Advogados: Recuo no mensalão devolveu 'serenidade jurídica' ao STF
Barbosa, como informou nesta semana o Blog do Kennedy,
manifestou à presidente Dilma Rousseff a intenção de deixar o Supremo
até junho. Se a saída ocorrer no limite desse prazo, Barbosa frustrará
os planos de partidos como o PSB, que ainda têm esperanças de convencer o
presidente do STF a se lançar candidato já neste ano. Como o iG
revelou em novembro do ano passado, o time do presidenciável Eduardo
Campos recrutou a ministra do Superior Tribunal de Justiça Eliana Calmon
para convencer Barbosa a se desligar da Corte até abril, a tempo de
disputar um mandato de senador.
STF / Divulgação
O ministro Joaquim Barbosa, presidente do STF, durante o julgamento dos embargos infringentes
Auxiliares de Barbosa dizem que um projeto
eleitoral já em 2014 ainda não está 100% descartado, mas admitem que as
conversas caminham com mais força para uma empreitada eleitoral só mesmo
em 2018. Dizem que Barbosa se mostra preocupado com a imagem de que
teria usado o julgamento do mensalão como palanque eleitoral. Até lá, o
presidente do Supremo se dedicaria à criação de um instituto, à frente
do qual poderia se manter em evidência na cena política nacional.
A
perspectiva de que Barbosa deixe o STF ainda no primeiro semestre deste
ano aumentou durante a análise dos últimos recursos do mensalão. As
intervenções acaloradas de Barbosa durante a análise dos embargos
infringentes foram vistas por alguns colegas como uma tentativa de
“demarcar território” e assegurar uma “projeção de imagem” nesta reta
final do julgamento. Para advogado, fim do mensalão no STF expõe "espetacularização” do Judiciário Embargos infringentes: Entenda como o recurso beneficia os réus
Nos
corredores do tribunal, a avaliação é que Barbosa tem se mostrado cada
vez mais inconformado com as mudanças no julgamento, o que poderia
servir de argumento para sua saída da Corte. Outros afirmam que Barbosa
ficaria incomodado em ser liderado por Ricardo Lewandowski, que assume a
presidência do tribunal em novembro.
Várias manifestações de
Barbosa nos últimos dias ajudaram a alimentar a tese de que ele
aproveita a vitrine à frente do tribunal. Na última quarta-feira,
Barbosa criticou duramente o voto do ministro Luís Roberto Barroso.
Barroso absolveu o ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu, o
ex-presidente do PT José Genoino e o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e
outros cinco réus pelo crime de formação de quadrilha. Barroso também
criticou o que ele chamou de exacerbação da pena originária de
quadrilha.
Em resposta ao ministro Barroso, Barbosa classificou o
voto do colega de “político”. “Leniência (criticada por Barroso) que
está encaminhando com a contribuição de vossa excelência. É fácil fazer
discursos políticos e contribuir para aquilo que se quer combater”,
disse Barbosa. As declarações do presidente do STF criaram mal estar na
corte. Leia mais: Decisão do STF sobre lavagem de dinheiro fica para depois do carnaval STF absolve Dirceu e mais 7 por quadrilha; Barbosa sofre derrota
Na
quinta-feira, após a consolidação do resultado absolvendo Dirceu,
Genoino e Delúbio do crime de quadrilha, Barbosa criticou novamente o
voto dos colegas insinuando que no Brasil apenas pessoas de baixo poder
aquisitivo são condenadas pelo crime de quadrilha. “Em que nesse novo
conceito são suscetíveis de enquadramento na prática do crime de
quadrilha somente aqueles a que meios sociais dotados de certas
características sócio-antropológicas. Aqueles que rotineiramente
incorrem na prática de certos delitos como os crimes de sangue ou os
crimes contra o patrimônio privado. Criou-se com isso um novo
determinismo social”, declarou Barbosa.
Ele ainda atacou a Corte
afirmando que a absolvição dos crime de quadrilha é apenas o primeiro
passo de uma “sanha reformadora”. “Sinto-me autorizado a alertar a nação
brasileira de que este é apenas o primeiro passo. Que essa maioria de
circunstâncias tem todo o tempo a seu favor para continuar na sua sanha
reformadora. Agora, inventou-se um conceito fantasioso e discriminatório
para o crime de quadrilha”, afirmou o presidente da Corte para incomodo
dos demais ministros.
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