domingo, 13 de dezembro de 2015

Domingo de protestos anti-governo é termômetro para impeachment

Manifestantes contrários ao governo federal voltaram às ruas neste domingo para pressionar pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff, embora aparentemente menores aos protestos similares realizados anteriormente.
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Até o momento, foram registrados atos em ao menos 20 Estados e no Distrito Federal. Em Brasília, 6 mil pessoas, segundo a Polícia Militar, e 30 mil, segundo os organizadores, marcharam rumo ao Congresso Nacional. Em agosto passado, eram 25 mil, de acordo com a polícia.
No Rio de Janeiro, pessoas vestindo camisas verde e amarelas se reuniram na orla de Copacabana. Segundo os organizadores, eram 5 mil pessoas, enquanto, em agosto, 100 mil pessoas ocuparam a Avenida Atlântica.
Do alto do carro de som, o humorista Marcelo Madureira discursou. "Queremos o Brasil do juiz Sérgio ou do Lula", disse ele. "O impeachment não é o final. O impeachment é o princípio do começo. O trabalho não estará completo enquanto não colocarmos o líder da quadrilha na cadeira. O pior ainda está por vir".
Em São Paulo, o protesto está sendo realizado com sete carros de som na Avenida Paulista, palco rotineiro de protestos a favor e contra o governo. Não há ainda uma estimativa oficial do número de participantes.
O senador Aloysio Nunes (PSDB) foi ao protesto com o rosto pintado de azul.
"Esta manifestação maravilhosa é resultado do acúmulo de várias outras, sempre pelo fim do governo petista", disse. "O Supremo está avaliando o pedido de impeachment e nós esperamos rigor e justiça."
Kim Kataguiri, do Movimento Brasil Livre, também esteve na Paulista e disse à BBC Brasil que nunca foi aliado do president da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Questionado sobre a foto que tirou ao lado do presidente da Câmara, pedindo o fim da corrupção, ele disse que "tiraria do lado do Lula se ele fosse o chefe da Casa. O importante ali era aceitar o impeachment".
Também houve manifestações no interior paulista, em Jundiaí, Ribeirão Preto, São Carlos, Piracicaba, Presidente Prudente, Bauru, entre outras cidades.
Em Belo Horizonte, manifestantes se reuniram nas praças da Liberdade e Sete. Assim como em São Paulo, outras cidades do Estado também tiveram atos contra o governo, como Uberlândia e Juiz de Fora.
Ainda houve protestos em Alagoas, Amazonas, Amapá, Bahia, Espírito Santo, Goiás, Pará, Pernambuco, Paraná, Paraíba, Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte, Santa Catarina e Tocantins.
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Termômetro

Nos protestos realizados neste ano contra o governo federal, em 15 de março, 12 de abril e 16 de agosto, centenas de milhares de pessoas participaram e atos pelo país a cada edição.
A expectativa do governo e da oposição para os protestos deste domingo era alta, pois os viam como um primeiro termômetro das ruas diante do processo de impeachment.
A quantidade de pessoas nas ruas neste domingo era tida como determinante para a estratégia do Planalto diante do pedido.
"No dia 13, vamos tirar o 13 do poder", era a inscrição na página do Facebook do grupo Revoltados Online, um dos organizadores dos atos.
Mas, durante toda a semana, grupos como o Movimento Brasil Livre (MBL) já diziam não esperar manifestações do porte dos anteriores, por força do tempo reduzido para mobilização.
Segundo os organizadores, os protestos sincronizados foram marcados às pressas, logo após o acolhimento por Cunha do pedido de impeachment contra a presidente.
Em geral, as manifestações são encaradas pelos movimentos anti-Dilma como um "aquecimento" para novas mobilizações nos próximos meses.
A contraofensiva deverá ocorrer na próxima quarta-feira, dia 16, quando organizações sindicais e movimentos sociais pró-governo como MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) e MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) realizarão manifestações contra o impeachment.
À BBC Brasil, Rogério Chequer, líder do movimento Vem pra Rua, anunciou a data do próximo protesto nacional contra o governo. "Acabamos de definir, será em 13 de março, após o recesso em Brasília."

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