Se não pedir demissão nem for demitido, Padilha vai comprometer ainda
mais o plano original da conspiração do PMDB contra Dilma, que tinha
como propósito ficar no poder não por dois anos, mas por vinte. Agora,
depois dos desdobramentos da Lava Jato e das brigas internas,
principalmente entre Renan e Cunha, Temer vai sair no lucro se não cair
antes de completar dois.
Seus aliados, seja no ministério, seja no Congresso são abatidos
diariamente pela Lava Jato e seu partido, além de perder simpatia do
eleitorado vê seus principais candidatos a candidato presidencial em
2018 perderem a preferência do eleitorado.
Não há um nome do PMDB em condições de vencer nas urnas.
Nem no PSDB.
Diante dessa sinuca de bico, qual candidato os dois partidos que derrubaram Dilma vão apoiar?
Ou vai haver uma tentativa de prorrogar o mandato de Temer? Pode se
excluir essa hipótese esdrúxula se o governo tem 2/3 do Congresso no
bolso?
Ninguém pode negar que, enquanto a presidente Dilma jamais interferiu
ou permitiu interferência na Lava Jato (provavelmente porque não tinha
nada a temer), Michel Temer adotou uma atitude de enfrentamento e defesa
de seus aliados (provavelmente porque tem tudo a temer).
Todos os acusados aliados a Temer, por mais cabeludas e verossímeis
que sejam as acusações adotam a mesma linha de defesa já adotada há
décadas por Paulo Maluf: dizem que não fizeram nada de errado e até
desafiam os acusadores a provar, porque o ônus da prova é de quem acusa.
E, no caso de políticos com foro privilegiado as provas demoram tanto a aparecer que, quando aparecem, já estão mofadas.
Levando-se em conta esse retrospecto, tudo indica que 1) Padilha não
vai pedir demissão para não perder o foro privilegiado; 2) não vai dar
explicações à imprensa alegando que não pode falar a respeito de um caso
sub-judice; 3) Temer vai bater de novo na tecla de que não demite
ministros que não sejam réus e 4) a imprensa vai engolir em seco mais
essa demonstração de cinismo político porque Padilha será fundamental
para aprovar a nova Previdência.
No entanto, se Maquiavel fosse o assessor, recomendaria a Temer
sacrificar Padilha para salvar não só as aparências, mas ele próprio e
os outros. Diga ele o que quiser, silencie ou não, a opinião pública já
transformou Padilha em réu. A sua permanência contamina todo o governo.
Tem credibilidade para continuar?
Maquiavel diria a Temer que a chefia da Casa Civil é importante
demais para ser ocupada por uma pessoa sobre a qual pesam evidências de
ilícitos. "Não se esqueça que, na fase mais aguda do Mensalão, José
Dirceu teve que deixar a Casa Civil e não era réu. E Lula não caiu".
Se Padilha não cair, Temer pode ser o próximo.
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