quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Consumo sustentável de peixe ainda engatinha no Brasil

Peixe à venda em supermercado (crédito: Rafael Gomez/BBC Brasil)
Boa parte dos peixes das peixarias brasileiras é vendido sem atender critérios de sustentabilidade
O governo federal lança nesta quarta-feira o Plano Nacional de Combate à Pesca Ilegal, uma iniciativa de R$ 40 milhões que envolverá, durante os próximos quatro meses, campanhas públicas de esclarecimento, operações de fiscalização e a entrega de "selos de pesca legal" a donos de embarcações pesqueiras regularizadas.
As autoridades acreditam que a pesca ilegal possa chegar a 5 milhões de toneladas por ano, comprometendo a manutenção dos estoques pesqueiros e a fauna marinha em geral.
Entretanto, não apenas a pesca ilegal, mas a própria falta de conhecimento dos consumidores e a pouca oferta de produtos certificados então entre as causas atribuídas no Brasil ao consumo de pescado de forma não sustentável, ou seja, sem preservar os limites impostos pela própria natureza.
Embora tenha 7.373 quilômetros de costa, o Brasil ocupava em 2011 apenas a 19ª posição no ranking mundial de produção de pescados. Explorando o potencial do país, a indústria pesqueira nacional vem ampliando sua produção - segundo um levantamento também de 2011, a produção brasileira legalizada foi de cerca de 1,432 milhão de toneladas, o que representou um aumento de 13,2% em relação ao ano anterior.
A maior parte do peixe capturado no país em 2011, 38,7%, veio da pesca extrativa marinha, que, para ser sustentável, deveria seguir precauções que visam preservar os estoques de peixe, evitando assim a sobrepesca de espécies que estão desaparecendo na natureza.
Mas, apesar de existirem medidas voltadas a proteger os peixes mais ameaçados, a realidade mostra que consumidores, empresários e até mesmo formuladores de políticas públicas desconhecem a situação atual dos estoques pesqueiros na costa brasileira.
Além disso, quase não há campanhas de esclarecimento sobre quais espécies devem ser preferidas, por serem mais abundantes, ou quais devem ser evitadas.
Reforçando o problema, a pesca certificada, que representa um caminho para garantir a oferta sustentável de espécies comerciais, está dando apenas seus primeiros passos no país, enquanto que a aquicultura ainda abrange principalmente espécies de água doce.

Gosto e preço

O Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA) não tem estatísticas consolidadas sobre as espécies de peixes mais consumidas no Brasil. Um levantamento divulgado pelo ministério, porém, revela que, das dez espécies de pescado mais consumidas pelos brasileiros na última Semana Santa, apenas duas (tilápia e pacu) eram de água doce.
A espécie mais consumida foi a sardinha, seguida pela corvina, pela cavalinha, pelo cação e pela tilápia.
Mas, de acordo com um Clique guia pioneiro no Brasil, lançado em 2009 com o objetivo de orientar o consumo responsável de pescado, os consumidores deveriam consumir com moderação tanto sardinhas quanto corvinas, e deveriam evitar o consumo de cação, devido à sobrepesca.
Para Cintia Miyaji, bióloga e uma das responsáveis pelo manual, o fato de o consumo sustentável de peixe ser ainda no Brasil uma questão pouco conhecida se deve em parte às características dos próprios brasileiros.
"O brasileiro mal sabe qual é o peixe que está comendo. Não tem o hábito nem o paladar refinado o suficiente para questionar qual o peixe que está consumindo", opina. "O brasileiro escolhe o peixe pelo gosto ou, então, pelo preço."
"Temos um fenômeno complicador que é a disseminação do hábito de consumir sushi e sashimi. Virou febre mundial, sinônimo de alimentação saudável, mas sem qualquer questionamento sobre a sustentabilidade."
Clique Leia mais: Sem informações, consumidores priorizam preço e gosto ao comprar pescado

Governo

O que significa "consumo sustentável de pescado"?

Significa consumir apenas as espécies cujos estoques (quantidade de peixes, em número de indivíduos ou peso) estejam em níveis que garantam a sua estabilidade, ou seja, haja quantidade suficiente de adultos em idade reprodutiva para garantir a reposição do estoque pela reprodução e crescimento. De maneira simplificada, significa consumir apenas as espécies que não estejam ameaçadas de extinção.
Fonte: Cintia Miyaji, Unimonte
Por outro lado, Cintia diz não ver nenhum esforço do governo no sentido de tentar conscientizar os consumidores quanto à questão, apenas ações que atingem pescadores e armadores de pesca, tentando impor a sustentabilidade pela vida da oferta, não da demanda.
Ela cita como exemplo a Semana do Peixe, evento realizado com o apoio do MPA geralmente em setembro e que, de acordo com a cientista, incentiva o consumo sem critérios de sustentabilidade.
Guilherme Dutra, diretor do programa marinho da ONG Conservação Internacional, reforça a crítica.
"O governo está fazendo muito pouco neste sentido (de promover o consumo sustentável). A campanha que existe hoje é para que as pessoas consumam mais pescado, mas não menciona origem ou qualidade," afirma.
Outra crítica feita às autoridades diz respeito ao monitoramento dos estoques pesqueiros, uma condição para o estabelecimento de uma política de sustentabilidade. Em 2006, o governo publicou um vasto levantamento sobre as principais espécies nos oceanos e como elas estavam sendo exploradas.
O estudo, chamado Revizee, avaliou 152 espécies marinhas, sendo que 33% delas foram consideradas sobreexploradas (com pesca além do limite sustentável). Outras 28%, embora citadas no levantamento, não puderam ser analisadas conclusivamente.
Desde então, o governo se comprometeu em dar prosseguimento aos estudos por meio de uma ação coordenada pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) chamada Revimar. A ação permitirá saber mais sobre algumas dessas espécies pescadas, mas que permanecem sem dados, assim como atualizar as informações sobre espécies já avaliadas.
Procurado pelo BBC Brasil, o ministério informou que a meta do Revimar de estabelecer um programa de monitoramento das espécies marinhas "ainda depende de desdobramentos internos em elaboração no MMA".
"Não temos como afirmar com segurança que um estoque está sendo explorado de forma sustentável ", diz Dutra.
O MPA nega as críticas. A assessoria do ministério alega que uma das secretarias da pasta é justamente voltada para o monitoramento da pesca, e que foram firmados convênios com instituições especializadas para o levantamento de estoques.
Além de estar lançando agora um Plano Nacional para combater a pesca ilegal e assim recuperar os estoques pesqueiros, o MPA diz que já mantinha, juntamente outros órgãos do governo, operações de fiscalização, zelando para que pescadores respeitem o período de defeso (época em que a pesca de determinadas espécies é proibida) e outras restrições impostas para preservar os peixes mais ameaçados, como o mero (cuja pesca e venda está proibida desde 2002).

Peixes nacionais mais consumidos na Semana Santa 2012

1- Sardinha (798,840 t)
2- Corvina (410,198 t)
3- Cavalinha (341,555 t)
4- Cação (173,695 t)
5- Tilápia (150,747 t)
Fonte: Relatório Quaresma MPA, 2012
Quando a conscientizar o consumidor, o Ministério diz que ainda em 2008 - quando a pasta era uma secretaria vinculada à Presidência da República - participou uma de suas primeiras campanhas, voltada ao consumo responsável da lagosta.

Certificação e aquicultura

Um dos caminhos mais fáceis para estimular o consumo sustentável é oferecer ao consumidor produtos com selos de certificação, uma tendência que está chegando ao Brasil.
A certificação da ONG italiana Friend of the Sea é concedida atualmente para produtos de três empresas no Brasil (outras três estão com a certificação vencida). Isso significa que o programa de certificação da ONG atestou que essas companhias seguem práticas sustentáveis.
Por sua vez, a entidade sem fins lucrativos britânica MSC (Marine Stewardship Council, ou "Conselho de Manejo Marinho"), que mantém um respeitado programa de certificação, ainda não concedeu seu selo a nenhuma pescaria (nesse caso, o nome se refere a áreas geográficas onde é realizada a pesca, podendo abranger mais de uma espécie de pescado) no país, apesar de mais de 20 seguirem seu programa e estarem a caminho de conseguir o rótulo.
"Os próximos dois ou três anos serão importantes. Estamos vivendo dias de pioneirismo", diz Laurent Viguie, gerente da MSC no Brasil.
Clique Leia mais: Olimpíada do Rio 'poderá gerar legado de consumo sustentável'
Embora reconheça que "há pouca conscientização sobre temas de sustentabilidade de pescarias entre consumidores do Brasil no momento", ele lembra que o mesmo ocorria em todo o Ocidente "até cinco anos atrás".
"Com o crescimento da classe média no Brasil, e o aumento da estabilidade econômica, isso irá mudar. O site da MSC em português já recebe mais de 500 visitas por semana e eu respondo cada vez mais perguntas de consumidores todos os dias", diz Viguie.
Além da certificação, a aquicultura também se mostra promissora para ampliar o consumo sustentável - ainda que, para que isso possa ocorrer, a prática tenha que seguir rigorosas normas de controle.
Em 2011, a aquicultura marinha já respondia por 6% da produção de pescados nacional - muito pouco se comparado com a aquicultura continental (piscicultura), que respondia por 38%, quase o mesmo que a pesca extrativa marinha.
De qualquer forma, para Viguie e Dutra, mesmo o desenvolvimento da aquicultura e o aumento das certificações não devem provocar alterações no mercado de pesca no Brasil se não houver uma mudança de mentalidade dos compradores de peixe.
"O consumidor é quem vai de fato criar o estímulo para que os produtos sustentáveis se tornem realidade, valorizando o pescado capturado de forma responsável e criando o ambiente adequado para as mudanças no setor", diz Dutra.

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Fifa muda critério de sorteio e confirma atrasos na Copa

Valcke e Blatter na coletiva sobre o sorteio da Copa | Foto: AFP
Pela primeira vez, Valcke e Blatter admitem que haverá atrasos na entrega das obras para Copa
No primeiro grande evento de "aquecimento" para a Copa do Mundo de 2014, realizado na Costa do Sauípe, na Bahia, a Fifa divulgou algumas mudanças nos critérios para o sorteio dos grupos da primeira fase do Mundial.
O sorteio, que acontecerá na sexta-feira, também na Costa do Sauípe, terá quatro potes (numerados de 1 a 4) que definirão as quatro seleções que formarão cada um dos oito grupos (nomeados pelas letras A até H).
Como na Copa da África do Sul, o pote 1 se mantém com os cabeças de chave, contendo as sete melhores seleções ranqueadas pela Fifa até outubro, além do Brasil, país-sede. O pote 2 terá sete equipes – e não 8, como de costume -, sendo cinco africanas e duas sul-americanas.
As quatro seleções asiáticas se juntarão às quatro seleções da Confederação de Futebol da América Central e do Norte (Concacaf) no pote 3, enquanto o pote 4 terá as nove equipes europeias restantes.
A mudança inclui dois sorteios a mais no evento de sexta-feira. Antes de definir os componentes de cada grupo, a Fifa irá sortear uma das nove equipes europeias do pote 4 para complementar o pote 2 (com africanos e sul-americanos), deixando todos os potes com oito equipes.
Pote 1 Pote 2 Pote 3 Pote 4
Brasil Chile Japão Holanda
Argentina Equador Austrália Itália
Colômbia Gana Irã Bósnia
Uruguai Camarões Coreia do Sul Inglaterra
Espanha Costa do Marfim Estados Unidos Portugal
Alemanha Nigéria Costa Rica Rússia
Bélgica Argélia Honduras Grécia
Suíça
México Croácia



França
O segundo sorteio alocará cada seleção cabeça de chave em um dos oito grupos da Copa. O Brasil, por ser o país-sede, já está automaticamente alocado no grupo A.
A terceira etapa do sorteio será a de um pote chamado "X”, que terá as quatro seleções cabeças de chave da América do Sul (Brasil, Argentina, Colômbia e Uruguai). Dentre essas quatro, uma será sorteada para ter em seu grupo o europeu que "sobrou" no pote 2.
E daí em diante, o sorteio continua normalmente, alocando as equipes de cada pote nos diferentes grupos, respeitando apenas a regra de que cada chave pode ter no máximo duas equipes da Europa e apenas uma da América do Sul.

Atrasos na Copa

A Fifa também confirmou, nesta terça-feira, que haverá alguns atrasos na entrega dos seis estádios restantes para a Copa no Brasil. A entidade admitiu que "nem tudo está pronto ainda", mas garantiu que as obras serão entregues a tempo para o Mundial.
Os estádios mais problemáticos para cumprir o prazo anteriormente estabelecido pela Fifa – que seria 31 de dezembro – são a Arena da Baixada (Curitiba), a Arena Pantanal (Cuiabá) e a Arena Amazônia (Manaus).
Desses, a Fifa já confirmou que o estádio em Curitiba será entregue somente em fevereiro do ano que vem, dois mês após o prazo dado pela entidade.
Guindaste caído na Arena Corinthians | Foto: Reuters
Apesar do acidente, Arena Corinthians deverá receber a partida de abertura da Copa
"Curitiba é um dos locais em que estamos diante de mais dificuldades”, admitiu o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke. O estádio claramente não será entregue antes de 14 de fevereiro, esse é um fato."
Com o acidente ocorrido nas obras da Arena Corinthians na semana passada, o estádio de São Paulo também entrou na lista dos atrasados e será entregue somente no ano que vem. Ainda assim, a Fifa está certa de que ele ainda sediará a abertura do Mundial.
"O jogo de abertura será jogado em São Paulo. Não estamos em plano emergência. Eles podem entregar a obra. Se o laudo for muito negativo, podemos reavaliar, mas estamos confiantes", disse Valcke.

Horário dos jogos

Há duas semanas, o presidente da Fifa, Joseph Blatter, havia admitido a possibilidade de mudar os horários de 24 partidas no Mundial de 2014 que estão marcadas para às 13h (de Brasília) por conta do calor excessivo em algumas das cidades-sede. Nesta terça-feira, porém, o dirigente descartou a hipótese e confirmou os jogos para os horários previamente agendados.
As maiores preocupações eram com as cidades de Fortaleza, Cuiabá e Manaus, que registram temperaturas cima dos 30 ou 35°C mesmo no inverno. Ainda assim, Blatter minimizou o problema e confirmou que não haverá mudanças nos horários dos jogos.
"Quando disputamos a Copa do México, jogamos muitas partidas às 12h e havia o fator altitude", disse Blatter. "Acredito que, hoje em dia, os jogadores estão acostumados a jogar em condições que nem sempre são as melhores. Temos que encaixar três partidas por dia, a vida é assim, a vida do futebol é assim."

Os segredos do sorteio

Coletiva sobre o Sorteio da Copa do Mundo na Costa do Sauípe | Foto: Getty
Fifa anunciou mudança que pode "evitar" grupo da morte com três campeões mundiais
A mudança nos critérios do sorteio dos grupos para o Mundial diminui as possibilidades de três campeões mundiais se enfrentarem logo na primeira fase da Copa de 2014.
Pelos critérios usados na África do Sul, o nono time europeu (que agora está no pote 4) deveria ser alocado no pote 3, ao lado dos representantes da Ásia, América do Norte e Central. O critério para definir qual europeu seria colocado nesse pote era o mesmo ranking da Fifa de outubro, também utilizado para definir os cabeças de chave.
Em 2010, a pior seleção europeia classificada para a Copa seria alocada no pote 3 para o sorteio. Seguindo a mesma lógica, a França teria sido a escolhida para ficar ao lado dos asiáticos e dos times da Concacaf no sorteio de sexta-feira.
Assim, seria possível obter um grupo com 10 títulos mundiais em jogo ainda na primeira fase, com Brasil (5 títulos), Itália (4 títulos) e França (1 título) fazendo parte da mesma chave.
Com a mudança do critério, será mais difícil a formação de um "grupo da morte" como esse na Copa de 2014. Ainda assim, são esperados confrontos bastante equilibrados já na primeira etapa.

Cérebros de homens e mulheres têm 'conexões diferentes'

Cérebros masculino e feminino | Foto: PA
Críticos dizem que diferenças anatômicas podem não ser suficientes para explicar diferenças entre sexos
Um estudo conduzido por cientistas americanos apontou que os cérebros de homens e mulheres estão conectados de maneira diferente, o que poderia explicar por que um sexo desempenha determinadas tarefas melhor do que o outro.
Pesquisadores da Universidade da Pensilvânia realizaram tomografias de cérebros de aproximadamente mil homens, mulheres, meninos e meninas e constataram diferenças marcantes entre eles.
Os cérebros dos homens, por exemplo, estão conectados de frente para trás, com poucas conexões entre os dois hemisférios.
Já nas mulheres, mais conexões se cruzam da esquerda para a direita.
Essas diferenças podem explicar por que os homens, em geral, tendem a ter maior facilidade para aprender ou fazer uma única tarefa, como andar de bicicleta e se localizar, enquanto que as mulheres são mais aptas a realizar múltiplas tarefas, afirmaram os pesquisadores.
O estudo foi divulgado na publicação científica Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).

Complexo

Os mesmos voluntários foram submetidos a realizar uma série de testes cognitivos, e os resultados aparentam embasar essa teoria.
As mulheres obtiveram maior pontuação em atenção, memória facial e de palavras e cognição social. Já os homens tiveram melhor desempenho em velocidade do processamento espacial e sensório-motor.
O pesquisador Ruben Gur, que integrou o grupo responsável pelo estudo, afirmou: "É surpreendente como os cérebros das mulheres e dos homens podem ser complementares".
"Os mapas detalhados do cérebro não só nos ajudarão a melhor entender as diferenças entre como os homens e as mulheres pensam, mas também nos dará maior compreensão sobre as origens dos transtornos neurológicos, que normalmente têm estreita ligação com o sexo."
Mas especialistas argumentam que pode não ser tão simples e dizem que é um "salto muito grande" tentar explicar variações de comportamento entre os sexos a partir de diferenças anatômicas. Além disso, dizem eles, as conexões cerebrais não permanecem fixas.
"Sabemos que não existe algo como 'conexão permanente' quando se trata do cérebro. As conexões podem mudar durante a vida, em resposta à experiência e ao aprendizado", diz a professora Heidi Johansen-Berg, especialista britânica em neurociência da Universidade de Oxford.
Segundo ela, o cérebro é um órgão muito complexo para que seja possível fazer generalizações abrangentes.
"Com frequência, abordagens matemáticas sofisticadas são usadas para analisar e descrever estas redes cerebrais. Estes métodos podem ser úteis para identificar diferenças entre grupos, mas é complicado interpretar estas diferenças em termos biológicos", diz.

Reunião em Bali é decisiva sobre futuro da OMC e Rodada Doha

Manifestantes anti-OMC | Foto: AFP
Encontro na Indonésia teve manifestações contra a OMC
Autoridades mundiais reúnem-se a partir desta terça-feira em Bali, na Indonésia, para um encontro que pode decidir o futuro da Organização Mundial do Comércio (OMC).
A entidade responsável por resolver disputas entre países e promover a liberalização comercial no mundo atravessa um teste de fogo sem precedentes.
Além do futuro da OMC, também está em jogo a Rodada de Doha – negociação, emperrada há 12 anos, para liberalizar o comércio entre os 159 países-membros da instituição.
Neste ano, o brasileiro Roberto Azevêdo foi eleito diretor-geral da organização com a promessa de trabalhar para destravar as negociações.
Na abertura do encontro, Azevêdo disse que um acordo é possível, mas que deve ocorrer durante a reunião em Bali.
"Um acordo é possível. Mas é agora ou nunca. Se os ministros puderam tomar as decisões políticas para lidar com os obstáculos remanescentes, então teremos um pacote e, assim, teremos novamente um vibrante sistema multilateral de comércio", disse.
"A OMC atravessa uma longa noite e espero que em Bali possamos observar o alvorecer de um novo mundo."

Relevância

"Se não houver acordo, a organização perderá relevância. Hoje, a OMC é uma organização do século 20, criada em torno de regras que não correspondem mais à realidade", afirmou à BBC Brasil Umberto Ciello, professor de Direito Internacional da Faculdade de Direito da USP e Diretor da Faculdade de Direito de Ribeirão Preto da USP.
Segundo o especialista em leis de comércio internacional, o sucesso das negociações em Bali garantiria a sobrevivência da própria OMC e seu futuro.
"Um acordo é possível. Mas é agora ou nunca. Se os ministros puderam tomar as decisões políticas para lidar com os obstáculos remanescentes, então teremos um pacote e, assim, teremos novamente um vibrante sistema multilateral de comércio."
Roberto Azevêdo, diretor-geral da OMC
Apesar disso, o próprio diretor-geral já trabalha com perspectivas de sucesso apenas parcial. À frente da OMC há três meses, Azevêdo admitia em setembro um "pacote de Bali parcial" e deixou claro que o sucesso das negociações "dependeria da vontade política dos Estados-membros".

Multilateralismo em xeque

O pacote de Bali inclui três grandes temas: redução de burocracia alfandegária, agricultura e medidas para países pobres expandirem exportações.
Um dos riscos da organização é se tornar irrelevante como plataforma de negociação comercial. Hoje há uma tendência crescente dos países de apostar em acordos bilaterais de comércio em vez de recorrer à OMC como fórum regulador.
"O problema disso é que regras são criadas, mas poucos membros da OMC estão participando do processo, o que enfraquece a organização", explicou Celli.
Um exemplo de movimento paralelo à OMC é o Acordo de Associação Transpacífico (TPP, na sigla em inglês), um tratado firmado recentemente entre os Estados Unidos e países da região da Ásia-Pacífico com novas regras de comércio e investimentos. Em tese, acordos deste tipo deveriam ser feitos dentro do âmbito da OMC.

Ameaça indiana

Outro fator-chave para o desfecho de Bali é a posição da Índia nas negociações. Na semana passada, após reuniões preliminares dos países-membros em Genebra, a Índia declarou que não abriria mão dos subsídios agrícolas.
Em 2014, o país vai iniciar um programa de distribuição de alimentos a baixo custo para mais de 800 milhões de pessoas e não quer limitar os subsídios agrícola a 10% de sua produção nacional – como estipulado nas regras da OMC.
Roberto Azevêdo, diretor-geral da OMC | Foto: AFP
Roberto Azevêdo tenta destravar as negociações da Rodada Doha
Uma "cláusula de paz" permite que os países concedam subsídios além do permitido a seus agricultores por quatro anos para a formação de estoques de segurança alimentar. A Índia, porém, se recusou a respeitar o prazo e pede uma exceção permanente aos países pobres. Vários países-membros exportadores da OMC, entre eles os EUA, rejeitaram veementemente a proposta.
O ministro do comércio indiano, Anand Sharma, que irá liderar a delegação do país em Bali, afirmou em Genebra que o G33 (grupo de países em desenvolvimento), apoiava a posição da Índia sobre os subsídios agrícolas e disse que o tema "não era negociável".
Na realidade, porém, apenas sete países (Argentina, África do Sul, Venezuela, Cuba, Bolívia, Nicarágua e Equador) oficialmente apoiam a empreitada indiana por hora.
"A Índia está praticamente sozinha nesta exigência, acredito que haverá bastante pressão internacional para assinar o acordo", afirmou o professor Celli.

Vantagens para o Brasil

O governo brasileiro não se pronunciou oficialmente sobre a posição indiana na OMC, mas o Itamaraty divulgou nota na semana passada, declarando que "continuará trabalhando com todos os membros da OMC com vistas à aprovação de acordos que permitam a expansão das trocas comerciais, em linha com o espírito que norteia a Rodada de Desenvolvimento de Doha".
O titular do Itamaraty, Luiz Alberto Figueiredo Machado, chefiará a delegação brasileira em Bali.
A CNI (Confederação Nacional da Indústria), no entanto, criticou a Índia.
"O pedido pode ser legítimo, mas o Brasil não pode concordar com esse tipo de 'cheque em branco' para os indianos, pois o mercado asiático é bastante atrativo e importante para a agroindústria", afirmou em comunicado.
Segundo a OMC, um dos resultados imediatos da aprovação do pacote Bali seria um ganho econômico de bilhões de dólares (estimativas sobre a facilitação de comércio giram em torno de US$ 1 trilhão em negócios adicionais ou redução de custos).
Já a CNI prevê que um acordo em Bali trará benefícios significativos para a indústria e estima que o potencial de redução dos custos de transação comercial chega a 14% para manufaturados e 10% na média geral.
Pesquisa recente da CNI com 700 empresas indicou que a burocracia alfandegária só perde para o câmbio entre os problemas que mais atrapalham as exportações.

José Genoino renuncia a mandato de deputado federal

O deputado federal licenciado José Genoino apresentou pedido de renúncia ao cargo nesta terça-feira (3). A informação foi confirmada pelo presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). Segundo Alves, o documento será lido em plenário na tarde desta terça.
A comunicação sobre a renúncia de Genoino foi feita pelo 1º vice-presidente da Casa, Andre Vargas (PT-PR), durante reunião da Mesa, um pouco antes da decisão final sobre a abertura ou não de processo de cassação de seu mandato.
O 2º secretário da Mesa, deputado Simão Sessim (PP-RJ), acrescentou que o pedido oficial de renúncia foi apresentado quando a votação da cassação já havia iniciado e a maioria dos votos era para a abertura do processo.
O diretor-geral da Câmara, Sergio Sampaio, disse que, mais tarde, vai divulgar comunicado oficial sobre a possível aposentadoria ou não do agora ex-deputado.
Caso Genoino
A Câmara foi comunicada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) da prisão de condenados no processo do mensalão e a perda dos direitos políticos por sentença criminal transitada em julgado no último dia 19.
A partir da comunicação, o presidente da Câmara propôs à Mesa Diretora a abertura do processo contra Genoino, que seria seguida de encaminhamento à Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania para análise técnica e abertura de prazo para defesa do parlamentar (por cinco sessões). A decisão final sobre a cassação caberia ao Plenário.
Genoino entrou com o pedido de aposentadoria na Câmara em setembro. Na semana passada, o deputado, que está preso desde o dia 15 de novembro condenado pelo STF no caso mensalão, passou mal e foi internado no Instituto de Cardiologia do Distrito Federal.

O futuro dos hotéis de luxo está no fundo do mar?

projeto de hotel subaquático da Deep Ocean Technology
Quartos submersos são conectados por elevador a disco na superfície
O futuro dos padrões de luxo em hotéis pode estar nas profundezas, e não nas alturas.
No lugar de suítes na cobertura, as acomodações mais exclusivas podem, em breve, estar localizadas seis metros ou mais abaixo da superfície do mar.
A ideia de dormir perto dos peixes pode parecer perigosa, mas a tecnologia necessária para a construção de quartos submarinos já está provada e bem estabelecida.
É o que diz Robert Bursiewicz, diretor da Deep Ocean Technology, uma empresa polonesa que está planejando um hotel subaquático chamado Água Discus.
O prédio pode ser rebocado para um local apropriado e colocado em suportes fixados no mar.
Os 22 quartos com vista para o fundo do mar formam a circunferência de um disco subaquático, ligados por elevador e escadas a outro disco semelhante acima da superfície contendo outras instalações do hotel.
"Hoje em dia é possível construir submarinos que vão mais fundo do que 500 metros abaixo da superfície do mar, de modo que construir um hotel subaquático não é um problema", diz Bursiewicz.
Na verdade, o desafio técnico de construir um hotel subaquático pode ser menor do que um submarino porque é improvável que os hotéis sejam instalados a uma distância da superfície maior do que 15 metros de profundidade - mesmo porque as cores, com exceção do azul, costumam a desaparecer a profundidades maiores do que 15 metros, porque a água age como um filtro para a luz solar.
quarto projetado pelo Deep Ocean Technology
Todos os 22 quartos ficarão submersos
Os quartos precisam estar em águas relativamente rasas para que se tenha uma vista mais espetacular e colorida da vida marinha.
"Queremos ter quartos a uma profundidade de cerca de 10 metros porque esta profundidade proporciona um bom ambiente em termos de cores", diz Bursiewicz.

Silêncio no mar

Um desafio maior do que manter a água fora da estrutura é não deixar escapar os ruídos inevitáveis gerados por um hotel subaquático.
Isso é importante, pois um ambiente ruidoso pode perturbar e assustar os peixes e outras criaturas marinhas.
Bursiewicz diz que este problema pode ser superado quando se toma os cuidados apropriados ainda na fase inicial do projeto, garantindo que itens como banheiros, bombas e equipamentos de ar condicionado, que geram ruídos, sejam acomodados no centro da estrutura subaquática.
Também é importante que um hotel subaquático esteja em conformidade com as leis locais e isso pode ser complicado porque há poucas legislações que contemplam esse tipo de construção.
"Cada país tem diferentes regulamentações para questões diferentes", diz Bursiewicz.
"Mas é possível pensar em nosso hotel como uma espécie de dispositivo marinho, como um submarino, um navio, ou, talvez, como uma construção offshore, como uma plataforma de petróleo."
Encontrar um local onde um hotel subaquático pode encontrar os fundamentos legais para ser posicionado também pode ser difícil.
Segundo Alexandros Ntovas, especialista em direito marítimo da Universidade de Southampton, para que uma estrutura dessas seja construída na Grã-Bretanha, é preciso que esteja posicionada a pelo menos 12 milhas náuticas (cerca de 22 km) da costa do país, que tenha a permissão das autoridades e que não contrarie leis internacionais que regulamentam proteção e preservação do meio ambiente marinho.
Hóspedes têm que mergulhar para acessar hotel aquático na Flórida
Mas, por enquanto, não há planos de se construir um hotel subaquático em águas britânicas.

Entrega de pizza

As águas mais quentes do sudeste dos Estados Unidos são muito mais adequadas, e uma pousada, Jules' Undersea Lodge, que tem apenas dois quartos e fica perto da costa da Flórida, tem recebido hóspedes a mais de nove metros abaixo da superfície do mar desde 1986.
Durante a década de 70, a construção foi usada como um laboratório marinho em águas porto-riquenhas.
Ao contrário do Deep Ocean Technology, toda a estrutura do hotel americano fica embaixo d'água, sendo acessível somente a nado usando equipamentos de mergulho.
A empresa que opera o hotel também oferece um curso de três horas de mergulho para iniciantes, o suficiente para que hóspedes saibam como entrar e sair do hotel.
Sob a perspectiva de gestão hoteleira, Teresa McKinna, diretora financeira do Jule's Lodge, diz que coisas simples, como limpeza e mudança de roupa de cama podem ser um desafio embaixo d'água.
"Temos que colocar tudo em caixas à prova d'água e acrescentar pesos para que não flutuem", diz McKinna.
O hotel dispõe de caixas à prova d'água de vários tamanhos, de modo que pizzas podem ser entregues por mergulhadores aos hóspedes na hora do jantar.
Manta Resort | Jesper Anhede
Manta Resort, na Tanzânia, tem quarto subaquático
O mais recente quarto de hotel subaquático a ser inaugurado fica no Manta Resort, na Tanzânia, na costa da Ilha de Pemba.
Ao contrário do Água Discus ou do Jules Undersea's Lodge, a estrutura não é fixada ao fundo do mar.
Em vez disso, o quarto está ligado a um bangalô flutuante, que fica ancorada ao fundo, como um barco.
Os hóspedes entram no quarto do hotel por uma escada a partir da estrutura flutuante.
Mikael Genberg, seu criador, explica que a razão para isso foi a segurança.
"A maré é bem alta na Ilha de Peba, o que significa que a corrente causaria um grande desgaste na estrutura fixada no leito do mar.
"E o quarto em si poderia também estar em risco, já que algo, mais cedo ou mais tarde, quebraria. Por isso, construímos algo ligado à superfície", diz Genberg.
Para ele, como tudo, é uma questão de matemática.
"Há vários parâmetros que você tem de calcular para hotéis que crescem para cima. A única diferença é que, no nosso caso, eles crescem para baixo."

Cientistas estão mais perto de anticoncepcional para homens

(Arquivo/BBC)
Novo tratamento pode ser revertido facilmente, segundo cientistas
Cientistas australianos estão mais próximos de sintetizar uma pílula anticoncepcional para homens - mas o medicamento ainda levará mais de dez anos para chegar às farmácias.
Os pesquisadores da Universidade Monash, em Melbourne, encontraram uma forma reversível de impedir que os espermatozóides saiam junto com a ejaculação, sem afetar a função sexual.
Testes em animais mostraram que o esperma pode ser mantido "em estoque" durante a relação.
A busca por um anticoncepcional masculino até o momento se concentrou em pesquisar como os homens poderiam produzir espermatozóides não-funcionais.
Mas, alguns medicamentos usados com este objetivo também tinham efeitos colaterais considerados "intoleráveis", segundo Sabatino Ventura, um dos pesquisadores da Universidade Monash.
Estes medicamentos provocavam a infertilidade, mas também afetavam o apetite sexual ou causavam alterações permanentes na produção dos esperma.
A descoberta foi publicada na revista especializada Proceedings of the National Academy of Sciences.

Estoque

Para chegar a este novo anticoncepcional masculino, os pesquisadores australianos tentaram uma abordagem diferente. Normalmente o esperma sai da "área de estoque" no canal deferente antes da ejaculação.
O grupo de pesquisadores produziu camundongos geneticamente modificados que não conseguiam expelir o esperma para fora do canal deferente.
"O esperma fica no local de estocagem então, quando o camundongo ejacula, não há esperma, ele é estéril", disse Ventura à BBC.
"É facilmente reversível e o esperma não é afetado, mas precisamos mostrar que podemos fazer isto em termos farmacológicos, provavelmente com dois medicamentos", acrescentou.
Até o momento o grupo de pesquisas fez com que os camundongos ficassem estéreis mudando o DNA dos roedores para que eles parassem de produzir duas proteínas necessárias para mover o esperma.
Agora, os cientistas precisam descobrir duas drogas que possam produzir o mesmo efeito. Eles acreditam que uma delas já foi desenvolvida e é usada há décadas em pacientes com crescimento benigno da próstata.
Mas, a descoberta do segundo medicamento necessário pode levar até uma década.
O processo descoberto pelos cientistas australianos também não é totalmente livre de efeitos colaterais. As proteínas que foram alteradas pelos cientistas têm um papel no controle dos vasos sanguíneos, então os efeitos colaterais poderão afetar a pressão e o batimento cardíaco.
Mas, pelo menos nos camundongos, a única alteração detectada foi uma queda "muito pequena" na pressão sanguínea. Também pode haver uma alteração no volume da ejaculação.
"É um estudo muito bom, quase como uma vasectomia biológica, que impede a saída do esperma", afirmou Allan Pacey, palestrante de andrologia na Universidade de Sheffield, na Inglaterra.
"É uma boa ideia, mas eles precisam continuar (com a pesquisa) e observar o que faz com as pessoas", acrescentou.

Brasil melhora mas ainda é um dos últimos em ranking de educação

Os estudantes brasileiros ocupam os últimos lugares nos rankings de leitura, matemática e ciências em uma lista de 65 países e territórios, segundo um levantamento da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), divulgado nesta terça-feira.
De acordo com o estudo realizado pelo Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa) 2012, da OCDE, apesar da melhora nos resultados, os estudantes brasileiros na faixa de 15 anos ficaram em 55° lugar em leitura entre os 65 países analisados pelo estudo.
O Brasil totalizou 410 pontos em leitura, resultado semelhante aos registrados pela Colômbia e Tunísia e abaixo da Costa Rica, mas acima da Argentina e do Peru.
A média em leitura dos países que integram a OCDE, na grande maioria economias desenvolvidas, foi de 496 pontos em leitura.
A China, que liderou a classificação também em matemática e ciências, obteve 570 pontos em leitura.
A OCDE ressalta que a performance dos estudantes brasileiros em leitura melhorou desde 2000, passando de 396 para os atuais 410 pontos, o que revela uma evolução média anual de 1,2 ponto.
"Dados relativos a mudanças demográficas e sociais entre 2000 e 2012 no Brasil mostram que a melhora no desempenho na leitura pode ser totalmente explicada pela melhoria no status econômico, social e cultural da população estudantil", afirma o estudo.

Competências básicas

Mas o PISA revela um dado alarmante em relação ao nível de leitura dos estudantes brasileiros: quase a metade (49,2%) ficou abaixo do nível de competências básicas (classificado como nível 2 – que representa 407 pontos).
"Isso significa que, na melhor das hipóteses, eles podem identificar o assunto principal ou o objetivo do autor em um texto com assunto familiar e fazer uma simples conexão entre a informação do texto e seus conhecimentos diários", diz o estudo.
Houve, no entanto, um leve progresso, já que esse índice havia sido de 49,6% na pesquisa anterior, divulgada em 2010. Em 2000, a proporção de estudantes brasileiros com nível 2 de leitura havia sido de 55,8%.
Na área de matemática, os alunos brasileiros ficaram em 58° lugar, totalizando 391 pontos.
O resultado é comparável ao da Albânia, Jordânia, Tunísia e Argentina. A média obtida em matemática pelos países da OCDE foi de 494 pontos. A China totalizou 613 pontos nessa disciplina.
A OCDE destaca que o Brasil foi o país que registrou a maior taxa de crescimento no total de pontos em matemática nos últimos dez anos.
O Brasil passou de 356 pontos nessa disciplina em 2003 para 391 pontos em 2012. A evolução média anual no período foi de 4,1 pontos.
Em ciências, os estudantes brasileiros ficaram em 59° lugar, com 405 pontos.
O desempenho nessa disciplina também vem aumentando desde 2006, afirma a OCDE, quando o total de pontos obtidos por estudantes brasileiros havia sido 390. No período, houve uma evolução anual de 2,3 pontos nos resultados.
Quase 20 mil estudantes brasileiros de 837 escolas participaram dos testes do PISA 2012, que avaliou 510 mil alunos em 65 países.

Repetência

A organização destaca ainda no estudo PISA que o nível de repetência ainda é extremamente elevado no Brasil e ocorre em maior número entre os estudantes socialmente desfavorecidos.
"No Brasil, mais de um terço dos estudantes (36%) com 15 anos repetiu um ano pelo menos uma vez no ensino primário ou secundário. Muitos repetiram mais de uma vez. Esta é uma das mais altas taxas de repetência entre os países que participam do PISA", diz o relatório.
"O Brasil precisa encontrar meios de trabalhar com a baixa performance dos alunos para motivá-los e criar expectativas para todos e reduzir as taxas de abandono dos estudos", afirma a OCDE.
O Pisa avalia a cada três anos a performance de estudantes em leitura, matemática e ciências, com idade de 15 anos ou mais, matriculados a partir da 7ª série do ensino fundamental.

Arqueólogos encontram banheiro pré-histórico gigante

Para os pesquisadores cada uma das fezes é como uma cápsula do tempo
Um gigante "banheiro público" criado no início da era dos dinossauros foi desenterrada na Argentina.
Segundo cientistas, milhares de fezes fossilizadas foram encontradas aglomeradas, possivelmente deixadas por herbívoros de grande porte semelhantes a rinocerontes.
O local, usado há 240 milhões de anos, é tido como o "banheiro público mais antigo do mundo" e é também a primeira evidência de que antigos répteis dividiam o mesmo local para fazer suas necessidades.
O excremento animal traz indícios da dieta pré-histórica, de doenças e da vegetação local, diz o estudo, divulgado na publicação científica Scientific Reports.
Elefantes, antílopes e cavalos estão entre os animais modernos que defecam em locais socialmente acordados, para marcar território e reduzir a propagação de parasitas.
Mas nenhum desses locais se compara, em termos de dimensão, à escala dessa latrina, que quebra o recorde anterior de "banheiro mais antigo" por 220 milhões de anos.
Coprólitos, fezes fossilizadas de dinossauros, medindo cerca de 40cm e pesando vários quilos, foram encontrados em sete áreas enormes por toda a Formação Chañares, na província La Rioja.
Alguns tinham o formato de salsicha, outros eram mais ovais, com cores que variavam de branco acinzentado a marrom arroxeado escuro.

Autor da obra

"Não há dúvidas de quem foi o responsável", disse Lucas Fiorelly, do centro regional de investigações científicas Crillar-Conicet, que descobriu os cropólitos.
"Apenas uma espécie poderia produzir montes tão grandes, e nós encontramos seus ossos por toda parte no local."
O "autor da obra" foi o Dinodontosaurus, um megaherbívoro de 2,5 metros de comprimento similar aos rinocerontes modernos.
Esses animais eram dicinodontes – grandes répteis comuns no período Triássico, quando os primeiros dinossauros começaram a emergir.
O fato de que eles dividiam latrinas sugere que eles eram gregários, animais herbívoros, que tinham boas razões para evacuar estrategicamente, disse Fiorelli.
"Primeiramente, era importante para evitar parasitas – 'você não evacua onde você come', como diz o ditado."
Os pesquisadores criaram um museu das fezes
"Mas é também um aviso à predadores. Se você deixar uma grande quantidade de fezes, você está dizendo: Ei, nós somos um grande rebanho. Cuidado!"
O predador nesse caso era o formidável Luperosuchus, um carnívoro, que lembra um crocodilo, com cerca de 8 metros de comprimento.
Mas as áreas com excrementos eram igualmente intimidadoras.
Uma densidade de 94 fezes por metro quadrado foi registrada pelos pesquisadores. E o excremento foi espalhado em áreas de 900 metros quadrados.

Cápsulas do tempo

Coprólitos pré-históricos não são novidade, mas é extremamente raro encontrar uma acumulação tão antiga e substancial como esta, porque fezes se degradam muito facilmente.
Uma camada de cinza vulcânica preservou os montes de fezes "como Pompeia", disse Fiorelli.
Os coprólitos são como cápsulas do tempo.
"Quando abertos, eles revelam fragmentos de plantas extintas, fungos e parasitas do intestino", disse Martin Hechenleitner, que também participou do estudo.
"Cada uma das fezes é um retrato do antigo ecossistema, da vegetação e da cadeia alimentar."
"Essa foi uma época crucial na história da evolução. Os primeiros mamíferos estavam lá, vivendo junto com o avô dos dinossauros."
"Talvez com esses mesmos fósseis nós podemos ter uma ideia sobre o ambiente perdido que deu origem aos dinossauros."

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Investigação da ONU vincula Assad a crimes de guerra na Síria

Pillay e Assad (AP)
Para Pillay, escalada de crueldade envolve altos escalões do governo, incluindo Assad
A chefe do escritório de direitos humanos da ONU, Navi Pillay, afirmou que uma investigação reuniu evidências de que crimes de guerra foram autorizados por membros de alto escalão do governo sírio – incluindo o presidente Bashar al-Assad.
Essa é a primeira vez que o órgão de direitos humanos da ONU implica Assad de forma tão direta.
A alta comissária Pillay afirmou que seu escritório preparou uma lista de pessoas consideradas suspeitas no inquérito.
A ONU estima que mais de 100 mil pessoas morreram no conflito.
De acordo com Pillay, a comissão de investigação produziu "evidências massivas... de diversos crimes sérios, crimes de guerra, crimes contra a humanidade".
"A escala da crueldade dos abusos perpetrados por elementos dos dois lados é quase inacreditável", ela disse.
As evidências apontam para responsabilidade sobre os crimes "no mais alto nível do governo, incluindo o chefe de Estado".

Rebeldes

A mesma comissão de investigação já havia afirmado ter evidências de que forças rebeldes da Síria também seriam culpadas de abusos de direitos humanos.
Entretanto, os investigadores sempre disseram que o governo sírio parecia ser responsável por grande parte dos abusos. Isso porque, em sua opinião, a natureza sistemática dos crimes apontavam para uma política governamental.
O vice-chanceler sírio, Faisal Mekdad, desconsiderou as afirmações de Pillay.
"Ela tem falado coisas sem sentido por muito tempo e não a escutamos", disse ele à agência Associated Press.
Segundo a correspondente da BBC em Genebra, Imogen Foulkes, figuras de alto escalão do governo e das forças armadas estão na lista de suspeitos feita pela ONU.
Damasco (AP)
Civis compõem mais de um terço das vítimas da guerra síria
Mas por enquanto as evidências específicas contra cada suspeito estão sendo mantidas em sigilo, até que autoridades do TPI (Tribunal Penal Internacional) decidam se elas serão processadas por crimes de guerra e contra a humanidade.
Anteriormente, Pillay já havia pedido ao Conselho de Segurança para levar o caso ao TPI. Isso porque a Síria não faz parte da corte internacional e por causa disso qualquer investigação estrangeira sobre o país depende de mandato do Conselho de Segurança.
Entretanto, Rússia e China têm direito a veto – o que torna muito complicada a aprovação desse tipo de pedido.

'Mortos passam de 125 mil'

As declarações de Pillay são uma lembrança da gravidade da situação na Síria, enquanto são feitas as preparações para uma conferência de paz em Genebra, marcada para o próximo mês.
Tanto o governo quanto a oposião "Coalisão Nacional" afirmaram que participarão do encontro. Porém, o chefe do grupo rebelde Exército Livre da Síria, financiado pelo Ocidente, disse que seus combatentes continuarão lutando durante as negociações.
A Coalisão Nacional disse rejeitar categoricamente qualquer papel para o presidente Assad em um governo provisório. O regime, por sua vez, afirma que não negociará uma "transferência de poder".
Também na segunda-feira, o Observatório Sírio de Direitos Humanos, um grupo contrário ao regime baseado na Grã-Bretanha, disse estimar que o número de mortos atingiu a cifra de 125.835 – sendo mais de um terço das vítimas civis.
Cerca de 28 mil rebeldes teriam sido mortos. Do lado do governo, as baixas teriam sido mas de 50 mil, incluindo forças regulares e milícias favoráveis ao regime. Os últimos números da organização ainda incluem quase 500 mortos nas fileiras do Hezbollah libanês e de outras milícias xiitas.
O grupo afirmou, porém, que essas estatísticas são inferiores ao número real de baixas, uma vez que os dois lados não costumam relatar todas as perdas que sofreram.

São Paulo deve ter mais de 2 mil audiências na 8ª Semana de Conciliação

Começou hoje em todo o país a 8ª Semana Nacional da Conciliação. O evento é organizado pelo Conselho Nacional de Justiça em parceria com tribunais de todo país. Em São Paulo e no Mato Grosso do Sul o objetivo é fazer pelo menos 4 mil audiências no período. Em São Paulo, os trabalhos estão centralizados no Parque da Água Branca, no bairro da Barra Funda, zona Oeste da capital, onde são esperados 2.400 sessões de conciliação nas 38 mesas montadas para receber o público, em ações pré-processuais.
Entre os temas que serão abordados durante a semana de conciliação estão processos sobre Sistema Financeiro de Habitação, dano moral envolvendo a Caixa Econômica Federal, execução de anuidades dos Conselhos Regionais de Classe e concessão de benefícios previdenciários como aposentadoria por idade rural, aposentadoria por invalidez, Lei Orgânica da Assistência Social, auxílio-doença e salário-maternidade.
Segundo a desembargadora federal Daldice Santana, coordenadora do gabinete da conciliação do Tribunal de Justiça do Mato Grosso do Sul e de São Paulo, a semana de conciliação é uma simbologia do que vem sendo feito há oito anos. “Cada ano aumenta o volume. Hoje temos uma política de tratamento adequado aos conflitos, não apenas com a sentença, mas com o acordo. Com isso pretendemos obter resultado satisfatório para as duas partes e também reduzir o acervo”. Ela explicou que o julgamento só é feito em último caso, se não houver de maneira alguma de um acordo.
O desembargador e coordenador do Núcleo de Conciliação do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, Vanderci Alves, durante este ano foram resolvidos 33 mil casos no Estado de São Paulo. “A conciliação antes da fase processual traz aquilo que chamo de justiça rapidinha, com a resolução do conflito de uma forma inteligente pelas próprias partes que acabam encontrando um resultado útil, rápido e eficaz”. Caso não haja tempo para resolver o problema até sexta-feira, os profissionais encaminharão os interessados para um Centro Judiciário de Soluções de Conflitos (Cejusc).
O desembargador federal Newton De Lucca ressaltou que a conciliação é extremamente importante porque é uma forma da Justiça tentar pacificar os conflitos de uma maneira muito mais descontraída e sem a exigência de uma sentença judicial, sem expectativas de problemas e desdobramentos. “E sobretudo de forma mais ágil e célere e de forma segura, porque sempre o acordo é homologado por um juiz. É uma forma muito mais fácil de a Justiça chegar ao cidadão”.
Gabriela Comedi representava um colégio particular contra o qual uma família está movendo uma ação e estava aguardando o atendimento. “A melhor forma é a conciliação e nós tentamos todos os meios antes de ir para o processo judicial. Queremos um acordo para todas as partes. Esta será nossa primeira audiência e acreditamos que é possível sair daqui com um bom acordo”, disse.
Aidê Souza Cacique é assistente administrativa financeira e tenta há muito tempo fazer um acordo diretamente com dois credores que não aceitam a forma como ela pode quitar suas dívidas. “Depois de tantas tentativas sem que eles me dessem condições, eu apelei para a conciliação e espero sair daqui satisfeita. É muito bom que tenhamos essa forma de conciliação porque eu por exemplo quero resolver sem precisar ir para a Justiça”.

Dia Mundial de Luta contra a Aids traz ações de prevenção a Manaus

População aprova ação que levou superestrutura ao complexo Ponta Negra, ontem, com diagnóstico imediato de HIV/AIDS e Sífilis.

O número de pessoas identificadas com HIV/Aids no Amazonas passou de 784, em 2012, para 914 de janeiro a outubro deste ano, o que corresponde a um aumento de 16,5%. A faixa etária mais atingida é a de 20 a 34 anos. Os homens são maioria no diagnóstico positivo com 68% dos casos contra 32% em mulheres. No Brasil, quase 700 mil casos foram registrados do início da doença, em 1980, até o ano passado, com uma taxa de incidência de 20,2 casos por 100 mil habitantes.
Neste domingo (1) foi comemorado o Dia Mundial de Luta contra a Aids com uma vasta programação destinada à população de Manaus. Para o secretário estadual de Saúde, Wilson Alecrim, o registro da doença aumentou porque as ações para incentivar a população a fazer o teste foram intensificadas. Segundo ele, é meta identificar a doença o mais cedo possível para que o cidadão seja tratado e tenha uma qualidade de vida maior. Atualmente a Susam disponibiliza exames rápidos com resultado imediato.
O exame foi disponibilizado, ontem, na Ponta Negra, na Zona Oeste. Uma superestrutura foi montada no balneário para atender o público. O espaço foi montado para oferecer todo o conforto e privacidade ao cidadão. Os exames foram realizados com o auxílio de profissionais de saúde em ambientes climatizados, onde a pessoa não sofria nenhum tipo de exposição. Uma das frequentadoras da Ponta Negra, que fez o teste, foi a técnica em enfermagem Greicy Kelly Souza Silva, 31, que aprovou a ação. “Antigamente era difícil e demorado ter o diagnóstico. Hoje isso está muito fácil, disponível e acessível a qualquer pessoa. Estão de parabéns”, disse.
Para a diretora-presidente da Fundação de Medicina Tropical Doutor Heitor Vieira Dourado (FMT/HVD), Maria das Graças Alecrim, somente orientação e prevenção com uso de preservativos pode evitar que a doença seja propagada. “Você precisa fazer o teste, saber que a doença existe e mata e que só existe uma maneira de combatê-la que é a prevenção. O HIV/Aids não tem vacina ou remédio de que cure. Apesar de ter medicamente que melhoram a qualidade de vida da pessoa, que prolonga a vida, não tem cura”, disse.

'Trauma' pode ser transmitido entre gerações, sugere estudo

Recém-nascido | Crédito: BBC
Estudo mostra que descendentes poderiam herdar fobias de pais ou avós.
Um estudo feito por cientistas americanos aponta que o comportamento humano pode ser afetado por episódios vivenciados por gerações passadas por meio de uma espécie de memória genética.
As pesquisas mostraram que um evento traumático pode afetar o DNA no esperma e alterar os cérebros e o comportamento das gerações futuras.
O estudo, publicado na revista científica Nature Neuroscience, indica que camundongos treinados para se esquivar de um determinado tipo de odor passaram essa aversão a seus 'netos'.
Especialistas dizem que os resultados são importantes para as pesquisas sobre fobia e ansiedade.
Os animais foram treinados para temer um cheiro similar ao da flor de cerejeira.
A equipe, composta por cientistas da Emory University School of Medicine, nos Estados Unidos, averiguou, então, o que estava acontecendo dentro do espermatozoide dos camundongos.
Os cientistas constataram que o trecho do DNA responsável pela sensibilidade à essência da flor de cerejeira estava mais ativo na célula reprodutiva masculina.
Tanto a prole dos camundongos quanto os descendentes destes demonstraram hipersensibilidade à flor de laranjeira e se esquivaram dela, mesmo que não tenham passado pela mesma experiência.
Os pesquisadores também identificaram mudanças na estrutura dos cérebros desses animais.
"As experiências vivenciadas pelos pais, mesmo antes da reprodução, influenciaram fortemente tanto a estrutura quanto a função no sistema nervoso das gerações subsequentes", concluiu o relatório.

Assuntos familiares

As descobertas oferecem evidência de uma "herança epigenética transgeracional", ou seja, de que o ambiente pode afetar os genes de um indivíduos, que podem então ser transmitidos a seus herdeiros.
Um dos pesquisadores, Brian Dias, afirmou à BBC que tal característica "pode ser um mecanismo pelo qual os descendentes mostram marcas de seus antecessores".
"Não há dúvida de que o que acontece com o espermatozóide e o óvulo pode afetar as gerações futuras".
O professor Marcus Pembrey, da Universidade College London, afirmou que as descobertas são "altamente relevantes para as fobias, ansiedade e desordens de estresse pós-traumático" e fornecem "fortes evidências" de que uma forma de memória pode ser transmitida entre gerações.
Diz ele: "A saúde publica precisa urgentemente levar em conta as respostas transgeracionais humanas".
"Acredito que não entenderemos o aumento nas desordens neuropsiquiátricas ou a obesidade, diabetes e as perturbações metabólicas sem esse tipo de abordagem multigeracional".

Supermercados na França testam produtos com insetos

Gafanhotos (Crickeat)
Supermercados na França, país reputado por sua gastronomia, estão testando ou promovendo o consumo de insetos.
O Carrefour, maior rede de supermercados da França e vice-líder mundial do setor, irá vender, no início de 2014, biscoitos preparados com pó de larva de farinha.
São bolachas salgadas da marca Micronutris, com sabores como grilos com cebola ou queijo cheddar com larva de farinha, além de biscoitos doces, de caramelo também com larva de farinha.
A iniciativa é uma operação teste do Carrefour em uma unidade da rede em Toulouse, no sul da França, disse uma porta-voz do grupo à BBC Brasil.
A ideia, segundo o Carrefour, é observar a receptividade do consumidor em relação a esse tipo de produto.
Grilos (Crickeat)
Mensalmente, a Micronutris, fundada há dois anos, produz uma tonelada de insetos, que podem ser consumidos puros ou utilizados na fabricação da farinha dos produtos da marca.
A produção de insetos da empresa deverá ser multiplicada por dez no próximo ano, afirma Cédric Auriol, proprietário da Micronutris. Segundo ele, os insetos, criados na França, são alimentados com frutas, legumes e farinha de trigo ou cevada.
"Há um real interesse dos supermercados franceses e também europeus por insetos comestíveis", diz Auriol.
A linha de produtos da marca inclui ainda insetos servidos como aperitivo, chocolates e macarons (típico doce francês que lembra bolachas macias recheadas) com grilos e larvas de farinha e, em breve, barras energéticas com insetos.
Clique Assista: Bistrô parisiense aposta em pratos com insetos

Degustações

Outra grande rede de supermercados na França, a Auchan, a segunda maior do país, está testando o apetite dos consumidores com operações comerciais de degustação de insetos comestíveis.
"Vendemos mais de 250 embalagens em apenas um dia de degustação em uma loja", afirma Bastien Mengardon, co-fundador da Crickeat, que vende insetos para aperitivo, como grilos com gergelim, curry ou páprica, ou bichos da sede com creme e cebola.
A Crickeat deu início em novembro a uma série de degustações em um supermercado Auchan em Montpellier, no sul da França; a expectativa da empresa é de que o supermercado passe a vender seus produtos no início de 2014.
Larvas de bambu (Crickeat)
"Passamos a atuar de maneira mais intensa neste semestre. Nosso faturamento vem dobrando a cada mês. É uma evolução encorajadora", afirma Mengardon.

Proteínas

Em maio passado, as Nações Unidas divulgaram um relatório dizendo que 2 bilhões de pessoas no planeta já complementam suas dietas com insetos como besouros, gafanhotos e formigas, e que a criação destes animais em escala industrial poderia contribuir para a segurança alimentar mundial.
Especialistas também apontam para as qualidades nutricionais dos insetos, que podem representar uma alternativa para quem deseja reduzir seu consumo de carnes vermelhas ou ter uma alimentação eco-responsável.
Segundo as empresas ouvidas pela BBC Brasil, a criação de insetos utiliza pouca água e é bem mais ecológica do que a criação de gado.

domingo, 1 de dezembro de 2013

Croácia vota contra casamento gay em referendo

A maioria dos croatas votou contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo em referendo, o que representa uma grande vitória para a Igreja Católica, apoiada pelos conservadores.
De acordo com a Comissão Eleitoral do estado, cerca de 65% concordaram que "casamento é o matrimônio entre um homem e uma mulher". Aproximadamente 34% foram contrários ao posicionamento.
O resultado promoverá alterações na Constituição da Croácia e estabelecerá a proibição do casamento entre pessoas do mesmo sexo.
O país tomou medidas para melhorar os direitos dos homossexuais, mas questões como o casamento entre pessoas do mesmo sexo permanecem altamente sensíveis na nação firmemente católica.

Escalada de protestos na Ucrânia obriga governo a discutir com a oposição

Protesto em Kiev (reuters)
Polícia usou bombas de gás para tentar conter a multidão
Após mais de uma semana de manifestações reunindo cada vez mais gente, um megaprotesto tomou conta neste domingo da praça central de Kiev, capital da Ucrânia.
Os manifestantes estão nas ruas desde que o presidente Viktor Yanukovich desistiu de assinar um acordo que aproximaria o país da União Europeia (UE).
Diante das marchas, o representante do Parlamento ucraniano, Vlodymyr Rybak, disse que as negociações entre o governo e a oposição vão ter início nesta segunda-feira. Ele prometeu que todos os lados terão a oportunidade de expressar suas opiniões.
Os protestos deste domingo ficaram mais violentos e dezenas de pessoas ficaram feridas após manifestantes e forças de segurança entrarem em choque. A polícia usou gás lacrimogêneo para dispersar a multidão, que avançava lançando pedras e tijolos.
Segundo estimativas, havia entre 100 mil e 350 mil pessoas da Praça da Independência neste domingo. Elas foram às ruas mesmo após o governo banir a realização de manifestações.
Um dos organizadores do protesto, o campeão de boxe Vitaly Klitschko, culpou vândalos infiltrados pelas depredações e fez um apelo para que os manifestantes mantivessem o protesto pacífico.

Negociações

Protesto em Kiev (reuters)
Protestos começaram quando o governo desistiu de acordo com a União Europeia
Os protestos são os maiores desde a chamada Revolução Laranja, que em 2004 depôs o mesmo Viktor Yanukovich do cargo de presidente após eleições consideradas fraudulentas.
Os manifestantes pedem a saída do presidente Yanukovich, além da antecipação das eleições.
Na semana passada, Yanykovych anunciou que estava suspendendo os preparativos para assinar o acordo comercial com a UE, que seria um primeiro passo para abrir as fronteiras para produtos.
Ele disse que a pressão da Rússia o levou a tomar essa decisão e alegou que a Ucrânia não poderia colocar em risco suas negociações e negócios com os russos. Moscou é contra a entrada da Ucrânia no bloco.
O presidento do Conselho da UE, Herman Van Rompuy, disse que eles estavam "muito perto" de assinar o acordo com o governo ucraniano, e acrescentou: "Precisamos superar as pressões externas."

China lança sonda que deve pousar na Lua no dia 16 e será o 1º aparelho no satélite desde 76

A China está muito próxima de realizar o primeiro pouso suave na Lua em quase 40 anos. Partiu neste domingo, do Centro de Lançamento de Satélites de Xichang, o foguete Longa Marcha-3B que impulsionará a sonda Chang’e-3 até nosso satélite natural. O lançamento se deu conforme o esperado, às 15h30 (de Brasília). A espaçonave deve entrar em órbita
O último pouso suave feito na Lua foi realizado pela sonda soviética Luna-24, em 1976. Para os chineses, que se tornaram o terceiro país com capacidade de lançar astronautas ao espaço por seus próprios meios em 2003, trata-se da terceira missão lunar. As duas predecessoras, Chang’e-1 (2007) e Chang’e-2 (2010), eram orbitadoras. Foi com base nas imagens delas que o local de pouso da Chang’e-3 foi escolhido, na borda de Sinus Iridum.lunar no dia 6, e o pouso do veículo, levando o jipe Yutu, deve acontecer no próximo dia 14.
ENTRE LENDAS E A HISTÓRIA
Em antigos textos chineses, Chang’e é uma deusa lunar, e Yutu é uma espécie de mascote dela, o “Coelho de Jade”. Curiosamente, 44 anos atrás, a tripulação da Apollo-11, primeira missão tripulada a pousar na Lua, procurou-os por lá. Pouco antes de o módulo de pouso se separar do módulo de comando para a tentativa de pouso, o controle da missão disse ao trio de astronautas:
- Entre as grandes manchetes ligadas a Apollo nesta manhã, há uma pedindo que vocês procurem uma garota adorável com um grande coelho. Uma antiga lenda diz que uma bela garota chinesa chamada Chang-o tem vivido lá por 4.000 anos. Parece que ela foi banida para a Lua porque roubou a pílula da imortalidade de seu marido. Vocês também podem procurar seu companheiro, um grande coelho chinês, que deve ser fácil de encontrar, já que ele está sempre em pé sobre suas patas traseiras à sombra de uma caneleira. O nome do coelho não foi reportado.
Michael Collins, o astronauta que ficaria a bordo do módulo de comando enquanto Neil Armstrong e Buzz Aldrin desceriam ao solo lunar, respondeu:
- OK. Vamos ficar de olhos abertos para procurar a garota do coelho.
Em 1969, eles naturalmente não os encontraram. Mas, se tudo correr bem, até o dia 14 Chang’e deve estar mesmo por lá, nos mandando belas imagens de seu coelho Yutu passeando pelo solo lunar.
PLANO EM ETAPAS
Com a missão, os chineses se tornarão o terceiro país a pousar suavemente artefatos na Lua, atrás apenas de americanos e russos. E quem acha que eles vão parar por aí está muito enganado. Já há planos para um segundo jipe, levado pela Chang’e-4 (em 2015) e uma missão de retorno automatizado de amostras, Chang’e-5, em 2017. E depois? Poucos duvidam que o próximo passo será o envio de taikonautas (apelido dado aos astronautas chineses pelo Ocidente) à superfície lunar.
Ao olhar o desenho do módulo de pouso da Chang’e-3, muito maior do que o que seria exigido para o tamanho do jipe que o acompanha, muitos analistas julgam que ele seja um precursor de uma versão maior, capaz de transportar humanos. Dê uma olhada nesta comparação entre a Chang’e-3 e o sistema Apollo, usado pelos americanos para levar astronautas à Lua.
Ninguém duvida que os primeiros anos da década de 2020 verão astronautas chineses caminhando sobre a Lua.

Comparação entre a Chang’e-3 e o sistema Apollo. Alguém aí quer carona para a Lua?
Folha

Moscas que acasalam menos morrem mais cedo, diz estudo

Mosca | Crédito: Christi Gendron
Uma mosca da fruta macho foi geneticamente modificada para liberar feromônios femininos
Uma nova pesquisada conduzida por cientistas americanos descobriu que a falta de sexo prejudica a saúde e causa a morte prematura das moscas de fruta.
Os pesquisadores constataram que as moscas machos que eram estimuladas a copular, mas impedidas de fazê-lo, tinham sua expectativa de vida reduzida em 40%.
Por outro lado, aquelas liberadas para o acasalamento não só viveram mais como sofreram menos estresse.
A pesquisa foi publicada na revista científica Science.
No experimento, as moscas foram colocadas em proximidade com machos geneticamente modificados para liberar feromônios do sexo feminino.
Feromônios são hormônios usados por esses insetos para atrair um parceiro em potencial.
Porém, quando os machos secretavam essa substância, rapidamente atraíam outros machos, mas o sexo, por claros motivos biológicos, não ocorria.
Estimulados pelos hormônios mas impedidos de copularem, esses insetos mostraram níveis de estresse mais altos, uma redução em suas reservas de gordura e uma diminuição considerável de sua expectativa de vida.
"Nós observamos que essas moscas ficavam doentes em pouco tempo na presença desses machos 'afeminados'", explicou à BBC Scott Pletcher, da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, co-autor da pesquisa.
Uma típica mosca da fruta vive aproximadamente 60 dias. Tal característica faz desses insetos um organismo ideal para estudar o processo de envelhecimento, uma vez que pesquisas já mostraram que os genes que regulam a esperança de vida de uma mosca guardam semelhanças com os dos seres humanos.
A equipe de Pletcher buscou investigar os neurônios envolvidos no envelhecimento. Uma substância química presente no cérebro, chamada neuropeptídeo F (NPF) – que previamente estava ligada à sensação de recompensa – foi considerado fundamental para o entendimento desse sistema.
Quando as moscas foram expostas em excesso aos feromônios femininos, mas não tinham oportunidade de acasalar, os seus níveis de NPF aumentaram.
O acasalamento manteria os níveis de neuropeptídeo F normais, mas quando eles se mantiveram altos, geraram consequências psicológicas danosas a esses animais.

Tempo de vida

O simples ato de reprodução normalmente reduz o tempo de vida de uma mosca entre 10% a 15%, mas a queda vertiginosa constatada por esse estudo surpreendeu os cientistas.
"Nesse contexto, o acasalamento pode ser muito benéfico, o que contraria as máximas até então existentes. Nossa pesquisa indica que o cérebro equilibra de alguma forma essa informação sobre o meio ambiente por meio de estímulos sensoriais", disse Pletcher à BBC News.
"Evolutivamente, a nossa hipótese é de que os animais estão fazendo uma aposta para determinar que o acasalamento vai acontecer em breve”.
"Na prática, isso quer dizer que aqueles que preveem corretamente quando a cópula vai acontecer saem ganhando; produzindo mais esperma ou dedicando mais energia para a reprodução – e isso pode gerar consequências (se não acasalarem), acrescentou Pletcher.

Poder feminino

Moscas | Crédito: Christi Gendron
Moscas machos sem sexo tiveram tempo de vida reduzido
Timothy Weil, professor do departamento de zoologia da Universidade de Cambridge, que não esteve envolvido no estudo, afirmou que a pesquisa sugere que os machos menos bem sucedidos poderiam perder a corrida para transmitir seus genes.
"Sexo e comida são os dois fatores que mais influenciam o comportamento animal e a mosca fêmea parece ter o poder. Seria um caminho para as fêmeas selecionarem os melhores companheiros, uma vez que a saúde dos machos que não acasalam pode ser prejudicada", disse ele.
"A pesquisa indica que administrar essas mudanças fisiológicas é importante para a saúde do animal", acrescentou Weil.
Em um estudo à parte sobre lombrigas, também publicado na Science, a equipe descobriu que a presença de feromônios masculinos reduziu o tempo de vida das fêmeas.
Pletcher afirmou que essa descoberta foi encorajadora porque demonstrou que vermes e moscas têm "trajetórias semelhantes", assim como camundongos e primatas, segundo os testes que vêm sendo realizados.