O PT vai apresentar um pedido na próxima quinta-feira para ampliar a
investigação da CPI da Petrobras na Câmara até 1997, durante o governo
de Fernando Henrique Cardoso (PSDB). A mobilização do partido da
presidente Dilma Rousseff se baseia no depoimento do ex-gerente da
Petrobras Pedro Barusco, que disse ter começado a receber propina de uma
empresa naquele ano.
O trecho da delação premiada de Barusco foi
citado pela própria presidente da República na última sexta-feira. Em
entrevista a jornalistas, a petista disse que a corrupção na estatal
deveria ter sido investigada em 1997. Em 1996 e 1997, durante o governo
de Fernando Henrique Cardoso, a Petrobras era presidida por Joel Rennó. O
ex-presidente tucano reagiu e disse, em nota, que o argumento segue a
lógica de um batedor de carteira que grita “pega ladrão”.
De
iniciativa da oposição, a CPI da Petrobras prevê a investigação de
denúncias envolvendo a Petrobras entre 2005 e 2015. O PT preparou um
pedido de aditamento para ampliar o escopo até 1997. Se o requerimento
for rejeitado, a ideia é convocar Pedro Barusco para reproduzir seu
depoimento da delação premiada para forçar a ampliação da investigação.
Para técnicos da Câmara, a segunda opção é mais viável, já que deputados
assinaram a criação de uma CPI tomando como base outro período de
investigação.
>> Corrupção na Petrobras deveria ter sido investigada nos anos 90, diz Dilma
Para
o líder do PT, Sibá Machado (AC), houve omissão por parte dos
investigadores depois que Barusco cita o recebimento de propina entre
1997 e 1998 da empresa holandesa SBM Offshore, que alugava plataformas
para a Petrobras. “Ele conta uma historinha porque quis e o delegado não
pergunta mais nada”, disse.
O PT, que quer a relatoria da CPI, planeja colocar parlamentares na comissão com experiência e conhecimentos
jurídicos. A legenda também quer evitar a convocação do tesoureiro do
partido, João Vaccari Neto. Segundo Machado, o colega de partido só foi
chamado para depor na PF para fazer teatro. “Não tem nada contra ele, o
delegado chamou e não tinha o que perguntar. Foi só um teatro, porque
era aniversário do PT e quiseram esculhambar a festa”, disse.
Instalação da CPI
O
presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, marcou para próxima
quinta-feira (26), ao meio-dia, a instalação da Comissão Parlamentar de
Inquérito (CPI) da Petrobras. Durante a reunião, serão definidos o
presidente e o relator da comissão. Um dos dois será indicado pelo PMDB,
que lidera o maior bloco partidário.
Segundo o ato de criação, a
CPI terá 26 membros titulares e igual número de suplentes, mais um
titular e um suplente atendendo ao rodízio entre as bancadas não
contempladas. Durante a leitura do ato de criação, no último dia 5,
Cunha afirmou que a composição obedecerá à formação de blocos
partidários, e não à composição dos partidos isolados.
Onze
integrantes serão indicados pelo bloco pelo formado por PMDB, PP, PTB,
DEM, PRB, SD, PSC, PHS, PTN, PMN, PRP, PSDC, PEN, PRTB. O bloco do PT
terá direito a oito vagas, e o do PSDB, a seis. PDT e Psol terão uma
vaga cada um.
Investigação
O requerimento de criação da CPI foi protocolado pela oposição com 182 assinaturas (o número mínimo é 171).
Segundo
o documento, a comissão vai investigar a prática de atos ilícitos e
irregularidades no âmbito da Petrobras entre os anos de 2005 e 2015,
relacionados a superfaturamento e gestão temerária na construção de
refinarias no Brasil; à constituição de empresas
subsidiárias e sociedades de propósito específico pela Petrobras com o
fim de praticar atos ilícitos; ao superfaturamento e gestão temerária na
construção e afretamento de navios de transporte, navios-plataforma e
navios-sonda; e às irregularidades na operação da companhia Sete Brasil e
na venda de ativos da Petrobras na África.
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