Cerca de 40 negros são assassinados em cada grupo de 100 mil
habitantes em Mato Grosso. A taxa eleva o Estado ao ranking das 15
cidades mais violentas do país, quando se trata da população negra. A
informação foi divulgada
nesta terça-feira(19) pelo Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), por meio da nota técnica "Vidas
Perdidas e Racismo no Brasil". Nacionalmente, a taxa de homicídios de
negros é de 36 óbitos para cada 100 mil pessoas. O trabalho ainda
detalha que em relação à população não negra (brancos, indígenas e
amarelos), a taxa de homicídios em Mato Grosso é de 20 óbitos para cada
100 mil matogrossenses. No país, esse número é de 15,2 assassinatos para
cada 100 mil indivíduos.
Entre os estados com as maiores taxas, Alagoas ocupa o topo do
ranking, apresentando diferença bastante acentuada entre negros e não
negros. De acordo com o balanço, a taxa de homicídio para população
negra alagoana é de 80 para cada 100 mil indivíduos. Espírito Santo e
Paraíba também são destaques negativos no ranking elaborado pelo Ipea.
São 65 e 60 homicídios de negros para cada 100 mil habitantes,
respectivamente.
A pesquisa foi elaborada com base no Censo 2010, do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e Sistema de informações
sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde.
Coordenadora do Núcleo de Estudos de Pesquisas sobre Relações Raciais
e Educação (Nepre), da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT),
Maria Lúcia Rodrigues Müller destaca o racismo como sendo a principal
causa das mortes violentas praticadas contra negros. "Esta é uma
realidade brasileira que existe há anos, onde negros morrem mais que
brancos", afirma a pesquisadora que destaca que o racismo tem aumentado
no Estado durante os últimos anos.
Maria Lúcia reforça que mesmo Mato Grosso sendo um estado em que
cerca de 60% da população se declara negra ou parda, a causa para a taxa
elevada de óbitos é reflexo da ausência de respeito para com o outro.
"O fato é que muitas pessoas acreditam que o racismo e a violência
praticada contra o negro tem apenas a pessoa negra como vítima. Porém,
isso não é verdade. Um ser humano quando é prejudicado, toda a sociedade
sofre".
A estudiosa afirma que para que o racismo seja abolido da sociedade é
preciso educação, discussão ampla sobre o tema e que cada cidadã faça
sua parte. "Este assunto precisa ser disseminado desde a escola até as
universidades. Além disso, os governos precisam estar atentos à formação
de políticas. É preciso intervir nas situações que acontecem. É uma
questão de ética", finalizou.
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