Depoimentos fazem parte de inquérito aberto a partir dos boletins de ocorrência dos atos de violência de todas as manifestações recentes na cidade
Policiais do Departamento Estadual de Investigações
(Deic) do Estado de São Paulo estão ouvindo ao longo desta quinta-feira o
depoimento de 80 pessoas que foram detidas acusadas de vandalismo
durante os protestos que aconteceram na cidade de São Paulo desde o mês
de junho.
Os depoimentos fazem parte de um inquérito aberto pelo
órgão reunindo todos os Boletins de Ocorrência sobre casos de vandalismo
em manifestações da cidade.
O objetivo do Deic é esclarecer qual é a participação
dessas pessoas nos atos de vandalismo e, entre outras coisas, se eles
têm ligações com grupos violentos, como o Black Bloc.
Uma página no Facebook identificada como Black Bloc SP
Zona Oeste ironizou na tarde desta quinta a ação da polícia. "Continuem
procurando, vocês não são bem vindos no clube BB. Nunca vão saber onde
fazemos nossas reuniões onde nos encontramos, como nos organizamos".
Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País
Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.
Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.
A
mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril,
milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para
protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus. A mobilização surtiu efeito e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas – o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.
A grandeza do protesto e
a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim
que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos.
Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já
inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa
do Mundo de 2014,
a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba,
Salvador, Fortaleza, Porto Alegre e Brasília.
Salvador, Fortaleza, Porto Alegre e Brasília.
A
onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de
questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um
movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do
regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é
um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. "Essas vozes precisam ser ouvidas", disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.
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