Nas Filipinas, Daniel está realizando o sonho de fazer um estágio internacional
A família de um brasileiro que
sobreviveu à tragédia do tufão Haiyan descreveu o desespero que sentiu
enquanto esperava notícias dele, que estava na região mais afetada pela
tempestade.
Daniel Christoffel Antunes, um engenheiro
químico cearense, estava na cidade de Isabel, na província de Leyte
(leste do país). Ele morava na região e trabalha em uma fábrica de
processamento de cobre.Recém-graduado pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, o brasileiro chegou às Filipinas em 17 de outubro para fazer um estágio internacional de meio ano.
Entre a chegada do tufão às Filipinas (na sexta-feira) e a confirmação de que Daniel estava vivo, no domingo, se passaram horas de enorme angústia para a família.
"No domingo se reuniu todo mundo aqui na sala de estar. Numa hora dessas a gente se desespera. Estávamos orando e pedindo pra Deus pela vida do Daniel", conta a mãe, Vita Christoffel.
"Foi um grande alívio quando ele telefonou para o pai dele e disse que estava bem."
Celular emprestado
Falando à BBC Brasil, o pai dele, Marcelo Antunes, disse que o filho contou ter escapado do pior."Ele falou comigo no domingo para dizer que estava vivo e depois na segunda, de novo. Eu achei a voz dele boa e estou tranquilo", disse.
Daniel conseguiu se comunicar com o pai por meio de celulares emprestados de colegas.
Ele não pôde falar muito, pois a bateria estava acabando e não havia como carregar os aparelhos. A energia elétrica ainda não foi reestabelecida na região e em alguns lugares há geradores, mas a rede de telefonia também está instável e as conexões falham.
A tempestade foi forte, mas em Isabel não havia cadáveres pelas ruas ou pessoas desesperadas, disse Daniel à família.
O engenheiro estaria passando bem graças à ajuda da companhia para a qual trabalha, que tem levado alimentos e água potável aos funcionários.
"O que ele me disse que viu muito foram casas destelhadas e destroços espalhados", disse Marcelo.
Sonho
Para os familiares de Daniel, a tragédia nas Filipinas não o fará deixar o país, pois ele está realizando seu sonho de fazer o estágio internacional."Essa é a maior tragédia que o meu filho já viveu até hoje, mas o tufão não vai fazer ele desistir do sonho dele", disse o pai.
"Desde que entrou na faculdade, ele sonhava com isso (um estágio internacional). Ele deu aulas de inglês, economizou dinheiro e estudou para ter boas notas e conseguir a indicação", relembra a mãe. "Conhecendo o meu filho, ele não volta."
"Ele não vai desistir só por causa do tufão", aposta a irmã, Luana Antunes. "É uma adversidade. Só fará ele amadurecer. O medo, todos nós sentimos, mas como lidamos com esse sentimento é o que nos diferencia."
Nenhum comentário:
Postar um comentário