Dado inclui refugiados e pessoas obrigadas a fugir dentro de seus
próprios países. É o maior número desde a 2ª Guerra Mundial, segundo o
Acnur.Genebra - Mais de 50 milhões de pessoas estavam deslocadas à força ao
redor do mundo em 2013, o número mais elevado desde a 2ª Guerra Mundial,
informou o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur),
em relatório divulgado nesta sexta-feira (20) em Genebra.
Em entrevista, o alto comissário Antônio Guterres disse que havia 10,7
milhões de novos deslocados em 2013 e 2,5 milhões de novos refugiados, o
que ele caracterizou como "aumento colossal".
Segundo o relatório Tendências Globais 2013, no fim do ano passado, o
número de deslocados fora ou dentro dos seus países atingiu 51,2
milhões, entre eles 16,7 milhões de refugiados. Esse total representa um
aumento de 6 milhões de pessoas deslocadas em relação aos 45,2 milhões
de 2012, que incluíam 15,4 milhões de refugiados.
"Isso demonstra que a paz está seriamente em déficit. Assistimos a uma
multiplicação de novas crises. Ao mesmo tempo, antigas crises parecem
nunca acabar e os problemas continuam em vários lugares do mundo",
declarou Guterres, ressaltando a capacidade limitada da comunidade
internacional de encontrar soluções e prevenir crises. "Vemos que o
Conselho de Segurança das Nações Unidas está paralisado perante muitos
problemas cruciais", acrescentou.
A guerra na Síria é uma das principais causas do aumento, sendo que no
ano passado o conflito gerou 2,5 milhões de refugiados e 6,5 milhões de
deslocados internos. Grandes movimentações de população foram
registradas também na República Centro-Africana e no Sudão do Sul.
O relatório indica que do total de refugiados no mundo, 2,56 milhões
são originários do Afeganistão, 2,47 milhões da Síria e 1,12 milhão da
Somália. Os principais países de acolhimento de refugiados são o
Paquistão (1,6 milhão), Irã (857.400), Líbano (856.500), Jordânia
(641.900) e Turquia (609.900).
A região da Ásia e do Pacífico contabiliza o maior número de
refugiados no mundo, com 3,5 milhões de pessoas, seguida pela África
Subsaariana (2,9 milhões), a África do Norte e o Meio Oriente (2,6
milhões).
O alto comissário informou ainda que "86% dos refugiados encontram
acolhimento nos países em desenvolvimento", mais do que os 70% que
passavam a viver nesses países há uma década. Para ele, a tendência no
mundo é "mais e mais refugiados ficarem nos países em desenvolvimento".
No ano passado, 50% dos refugiados eram menores de idade, o maior
número em uma década, e foi registrado total recorde de 25.300 pedidos
de asilo de menores de 18 anos que não estavam acompanhados pelos pais.
"Isso é uma nova tendência, particularmente preocupante", destacou
Antônio Guterres.
Em 2013, 1,1 milhão de pessoas pediram asilo, sendo os maiores números
originários da Síria (64.300), Congo (60.400) e Birmânia (57.400). A
Alemanha é o país que recebe mais pedidos de asilo.
"Estamos com um problema cada vez maior e, ao mesmo tempo, poucos
recursos para ajudar tanta gente em circunstâncias tão trágicas. Esses
conflitos não geram só um desafio humanitário, mas representam hoje uma
ameaça para a paz global", alertou o comissário.
No ano passado, 414.600 pessoas receberam a ajuda do Acnur para voltar
às suas casas voluntariamente ou reinstalar-se em outro país. "Quando
uma resposta humanitária não pode resolver os problemas de tantas
pessoas, temos que apelar à comunidade internacional para superar as
diferenças. É a única solução que existe para deslocamentos forçados",
comentou Guterres.