O governo se prepara para anunciar nesta
sexta-feira, com uma declaração à imprensa da presidente Dilma Rousseff,
a reforma ministerial, mesmo ainda havendo impasses com o PMDB e o PT e
dúvidas sobre onde mais será possível cortar para cumprir a meta de
extinguir 10 ministérios, prometida pela presidente.
O Planalto chegou a estudar tirar o status de ministério da
Controladoria-Geral da União, mas concluiu que isso poderia arranhar a
imagem do governo, disse à Reuters uma fonte palaciana.
Em meio a um dos maiores casos de corrupção já investigados no
país, com a operação Lava Jato, e com o governo batalhando para
convencer que é transparente e investiga, retirar o status de ministério
da CGU e partilhar suas atribuições por diversos ministérios poderia
ser um mau passo, avaliam fontes do governo.
Até a tarde desta quinta-feira o Planalto também não tinha uma
definição do PMDB sobre o que o partido faria para preencher os sete
ministérios ofertados por Dilma. O partido ainda não conseguiu fechar
uma indicação para o sétimo ministério, a Ciência e Tecnologia, por
disputas internas.
A bancada da Câmara ainda não aceitou o ministério e reivindica
Portos, alegando que havia sido oferecido aos deputados Saúde e uma
pasta de infraestrutura. Em princípio, o ministério ficaria com Helder
Barbalho, que vai perder a pasta de Pesca, reincorporada à Agricultura.
Dilma tentou oferecer Ciência e Tecnologia a Eliseu Padilha,
que hoje está com Aviação Civil, e a Helder, para tentar liberar um dos
ministérios da infraestrutura para a Câmara, mas nenhum dos dois
ministros se interessou pela troca.
Perguntada se a reforma estava pronta para ser anunciada, uma
fonte ligada à presidente afirmou que sim. “Só falta o PMDB”, afirmou a
fonte, que pediu anonimato. E acrescentou: “Falta encontrar um lugar
para Padilha.”
Ligado ao vice-presidente Michel Temer, o ministro foi
essencial durante o período em que o vice fez a coordenação política do
governo e conseguiu acertar a distribuição de cargos de terceiro e
segundo escalões, que emperravam a relação do governo com a base aliada.
Dilma reconhece o trabalho do ministro e quer contentá-lo e agradar a
Temer. No fim do dia, a presidente o chamou em seu gabinete.
Dilma ofereceu Ciência e Tecnologia para o PMDB na
quarta-feira, mas pedindo que fossem apresentados outros nomes que
tivessem ou ligação com a área ou pelo menos força política, como
informou a Reuters. Até agora o partido não teria apresentado
alternativas.
A outra ponta a ser definida é quem irá ocupar a chefia do
Ministério da Cidadania, que reunirá Direitos Humanos, Igualdade Racial e
Mulheres. Inicialmente, a ideia era que Miguel Rossetto assumisse o
cargo, mas os movimentos sociais reclamam que um homem e branco não
seria um bom sinal. Alguns nomes chegaram a ser citados, como os das
deputadas Moema Gramacho (PT-BA) e Erika Kokay (PT-DF). Não se sabe,
também, qual seria o destino de Rossetto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário