CEO da Match se entregou à Justiça nesta quinta-feira.
O executivo da Match, Raymond Whelan, já está preso na Cadeia Pública José Frederico Marques, no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, Zona Oeste do Rio. Ray se entregou à Justiça nesta segunda-feira. Ele foi levado para a Cidade da Polícia, na Zona Norte da cidade. No final da tarde, o executivo fez exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal e, em seguida, encaminhado para o Complexo de Bangu. Foragido desde a última quinta-feira (10/7), Whelan foi condenado por cambismo e formação de quadrilha nas investigações da venda ilegal de ingressos para a Copa do Mundo no mercado negro.A assessoria de imprensa do escritório de advocacia que defende o executivo afirmou que Ray Whelan esteve na carceragem do Tribunal de Justiça e a sua apresentação foi feita à desembargadora Rosita Maria de Oliveira Netto, da 6ª Câmara Criminal, relatora do processo. Desde o último sábado (12), a defesa de Whelan negociava a sua entrega com o promotor do Ministério Público do Rio, Marcos Kac, responsável pelo caso. O advogado Nilson Paiva informou que vai pedir a libertação de Whelan ao Superior Tribunal de Justiça.
Whelan era o único que ainda estava em liberdade dos 11 denunciados pelo Ministério Público por integrar a quadrilha internacional que negociava ilegalmente as entradas do Mundial no mercado paralelo, de acordo com as investigações do MPE e da Polícia Civil. O diretor da Match é acusado de abastecer a rede de corrupção liderada pelo empresário franco-argelino Mohamed Lamine Fofana, que segue detido no Complexo Penitenciário de Bangu, na Zona Oeste.
No sábado passado (12), o Jornal do Brasil publicou em primeira mão que o Ministério Público do Rio de Janeiro teve acesso a um contrato repassado por Henrique Byron, um dos sócios da Match, justificando os US$ 120 mil dos US$ 600 mil que a Justiça investiga em relação à máfia dos ingressos.Pelas avaliações do promotor Marcos Kac, a quadrilha trabalhava com o refugo dos ingressos, destinando 30% para a venda oficial, para não chamar a atenção da polícia. "O restante seria negociado no mercado negro - no caso do Mundial deste ano por intermédio de uma quadrilha sob o comando de Lamine Fofana", explicou o promotor.
De acordo com Kac, o contrato foi assinado no mês de março e cita o nome de Fofana, preso no dia 1º de julho. O documento aponta a compra de US$ 120 mil em ingressos e está sendo analisado pela Justiça quanto a sua legitimidade, já que se assemelha a uma carta de intenção. Como os ingressos da Copa, principalmente nas fases finais, abrem dúvidas sobre as seleções participantes, os negócios seriam fechados em cima da hora.
O Jornal do Brasil também revelou na semana passada o Relatório Financeiro da Match referente ao ano de 2012, que detalha um empréstimo da Fifa para a empresa, no valor de US$ 10 mil, sem cobrança de juros e a ser totalmente pago até 2015, a ser empregado na hospitalidade da Copa no Brasil. Kac acredita que contratos dessa natureza deveriam ser avaliados em conformidade com a Lei de Evasão de Divisas. A Federação de futebol, no entanto, ganhou imunidade em diversas questões tributárias e judiciais com a Lei Geral da Copa. A Match tem como sócia os dois irmãos mexicanos Jaime e Henrique Byrom, donos da Byrom PLCE, além de Phillippe Blatter, que detém 5% das ações da Match Hospitalyti.
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Esquema revelado antes da Copa no Brasil
O esquema de corrupção na venda de ingressos para os últimos Mundiais no mercado negro internacional, envolvendo a Fifa, a Comissão Brasileira de Futebol (CBF) e a empresa Match, foi revelado ao Jornal do Brasil uma semana antes da Copa ter início no país, pelo jornalista e escritor britânico Andrew Jennings, que tem uma grande investigação sobre o caso em diversos países. Jeenings é autor dos livros "Um Jogo Sujo" e "Um Jogo cada vez mais Sujo", que revela detalhes do envolvimento da Fifa no esquema internacional de cambismo, que tem como uma das bases o relatório do senador Alvaro Dias para a CPI da CBF, apresentado nos anos de 2000 e 2001. A reportagem especial foi publicada no dia 2 de junho, com o título Os bastidores da Fifa nas vendas de ingressos para a Copa no mercado negro. Jennings foi convidado no sábado passado (12) pelo promotor Marcos Kac para contribuir com as investigações no MPE do Rio. O encontro entre promotor e jornalista foi agendado para o próximo mês, em São Paulo.
Segundo Jennings, Ray Whelan conhece de forma profunda a máfia dos ingressos. "A polícia precisa saber que ele é a melhor testemunha para se chegar ao esquema de corrupção da Fifa", garantiu o jornalista ao Jornal do Brasil no dia 8 de junho, quando o executivo da Match foi detido pelo policiais da 18a. DP (Praça da Bandeira), responsável pelo caso. "Ele [Ray Whelan] negocia há 25 anos os ingressos dos Byroms. Diga aos policiais que ele é o melhor testemunho que jamais poderia chegar ao topo de corrupção da FIFA. Ou será que ele quer gastar os próximos anos em Bangu?", ironizou o jornalista inglês. "Seus policiais vão ser heróis no mundo", complementou.
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