O início do horário de verão nas
regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste para reduzir o consumo de energia
pode exigir cuidados para a adaptação do organismo e provocar alterações
na rotina, sobretudo com o retorno às atividades escolares e ao
trabalho, a partir desta segunda-feira (20). A mudança no horário de
sono traz inclusive modificações imediatas para o desempenho físico e o
humor.
Segundo o fisiologista do exercício, Renato
André Silva, a explicação é que nosso corpo tem ritmos compatíveis com
presença e ausência de luz. “Alguns hormônios são secretados de acordo
com a presença de luz. Quando você muda o seu horário de sono e de
vigília, sente imediatamente modificações relacionada
ao desempenho físico e aspectos psicológicos, como humor e motivação
para atividades diárias. Isso se dá por conta do chamado ritmo
circadiano”, justifica.
Para amenizar os impactos, o fisiologista recomenda
ajustes na rotina, como manter a carga horária de sono. “As pessoas
reclamam que têm que acordar mais dedo e na primeira e segunda semana do
horário de verão não se ajustam para dormir mais cedo”, diz. A dica do
profissional é observar a média de sono dos três dias anteriores à
mudança nos relógios e manter o ritmo.
A servidora pública
Larissa Carvalho, de 27 anos, mora em Brasília e conta que busca
equilibrar o sono logo no início para se adaptar ao horário de verão.
Ela procura dormir mais cedo para sentir menos o efeito da mudança ao
levantar pela manhã. “A minha adaptação muda porque eu acordo mais cedo e
daí tento dormir mais cedo para não ficar tão cansada no outro dia e,
no inicio, tento me programar bem”, explica.
Quem faz
exercício físico pela manhã sentirá o impacto de demorar mais para ver a
luz do sol, segundo Renato Silva. “Uma hora mais cedo para quem vai
para academia e quem pratica exercícios como ciclismo, remo e corrida,
significa alteração térmica. A ausência de luz faz mudar muito a
sensação térmica, e a temperatura
faz mudar as respostas fisiológicas. Quanto mais frio estiver, mais
calor o corpo tem que produzir. Eu teria, então, um gasto calórico
adicional para minimizar as chances da minha temperatura baixar”.
O
horário de verão, instituído pela primeira vez em 1931 com o objetivo
de aproveitar melhor a luminosidade do dia nesta época do ano, reduz o
consumo de energia nos horários de pico e, consequentemente, diminui o
uso de energia gerada por termelétricas, que é mais cara e mais poluente
do que a gerada pelas hidrelétricas.
No entanto, há quem veja com
descrença o impacto da medida, como Larissa Carvalho. Ela diz acreditar
que a medida não cumpre com tanta eficiência a meta de economizar
energia. “Não sei se economiza realmente, pois acho que, com o fato da
acordarmos mais cedo, não muda nada. As pessoas continuam usando a
energia do mesmo jeito, seja a hora que for, então, efetivamente, acho
que não tem tanta mudança, economicamente falando”, disse.
O
horário de verão 2014/2015 deverá evitar um gasto de R$ 280 milhões com o
acionamento de usinas térmicas, que seria necessário para suprir a
demanda no horário de pico, de acordo com o Ministério de Minas e
Energia. Pela estimativa, o ganho econômico deve ser menor que o do
horário de verão 2013/2014, quando chegou a R$ 405 milhões, a economia
com a redução da necessidade de energia de térmicas.
Este ano, o
horário de verão será estendido em uma semana, por causa do carnaval,
encerrando no dia 22 de fevereiro de 2015. Pelo decreto que instituiu o
horário de verão, a medida é iniciada no terceiro domingo de outubro e
encerrada no terceiro domingo de fevereiro do ano subsequente. No ano em
que houver coincidência com o domingo de carnaval, o fim deve ocorrer
no domingo seguinte. O objetivo é evitar que, em meio a um feriado,
algumas pessoas esqueçam de ajustar os relógios.
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