Park, que perdeu sua imunidade presidencial após ser destituída em 10
de março, está em prisão preventiva há quase 20 dias por seu
envolvimento na rede criada junto com sua amiga Choi Soon-sil (conhecida
como "Rasputina" por sua influência sobre a governante), que
supostamente extorquiu de grandes empresas cerca de US$ 70 milhões.
A procuradoria apresentou hoje acusações contra Park - que defendeu em
todos os interrogatórios sua inocência- , por abuso de poder, coerção,
vazamento de segredos oficiais e subornos, delitos que são castigados
com um mínimo de 10 anos de prisão ou até com prisão perpétua na Coreia
do Sul.
Os investigadores quiseram acelerar na medida do possível seu
julgamento para fazer com que a notícia tenha pouca influência na
campanha para eleições presidenciais de 9 de maio que começou hoje com
15 candidatos em disputa.
Mesmo assim, é esperado um baque de todos os partidos de direita após o
tremendo fiasco da conservadora Park por causa do caso de corrupção que
sacudiu e colocou em dúvida os alicerces de um país que quer ingressar
proximamente no clube das dez maiores economias do mundo.
Está previsto que a presidência seja disputada entre Moon Jae-in, do
Partido Democrático (o que tem mais cadeiras no Parlamento), e o chamado
"Bill Gates" sul-coreano, Anh Cheol-soo, que concorre sob as siglas do
Partido Popular (centro-esquerda) e que em algumas pesquisas está só a
três pontos percentuais de distância.
Isso pelo menos pode ser deduzido em sondagens que mostram um país decidido deixar o mais rápido possível Park no passado.
Entre os líderes de pesquisas, o "ativista" Moon começou como advogado
de direitos civis e perdeu as eleições presidenciais de 2012 contra a
governante deposta, enquanto Ahn é visto como o "empresário pragmático".
Enquanto hoje o primeiro prometeu criação de emprego no setor público
em um comício realizado em Daegu (centro do país), o segundo passeou por
um mercado da cidade de Gwangju, considerado a maior fortificação da
esquerda no país asiático.
Em todo caso, ambos deverão tratar de convencer os sul-coreanos de que
serão capazes de redesenhar um modelo de Estado assolado pela corrupção e
o poder desmesurado dos "chaebol", os grandes conglomerados
sul-coreanos, envolvidos no caso "Rasputina".
O envolvimento, anunciado hoje também, do presidente do Grupo Lotte,
Shin Dong-bin, que supostamente doou ao caso "Rasputina" mais de US$ 6
milhões, mostra o alcance de um caso que já determinou o envio à prisão
de maneira preventiva do líder da maior empresa do país, Samsung.
Entre as primeiras e difíceis decisões do candidato ganhador estará a
de perdoar a pena de Park, tal e como já foi feito nos anos 90 com os
outros dois ex-presidentes condenados à prisão para evitar um maior
problema social. Ou não perdoar e assim mostrar um verdadero compromisso
na luta contra a corrupção.
Outro difícil desafio será o de gerenciar a atual situação de grande
tensão vivida na península pelos contínuos testes armamentísticos da
Coreia do Norte, país com o qual o Sul está tecnicamente em guerra há
mais de 65 anos.
Tanta uma hipotética vitória de Moon como de Ahn fazem pressagiar uma
mudança de rumo nas péssimas relações com Pyongyang após uma década de
Governos conservadores em Seul e também, embora em menor medida, no
entendimento com Washington.
Nesse sentido, a política de pressão endurecida pela qual advoga a
Administração americana de Donald Trump (que inclusive insinua ataques
preventivos contra a Coreia do Norte) poderia topar com certa
resistência do futuro o novo inquilino da Casa Azul (o palácio
presidencial sul-coreano).
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