O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, encontrou duas grandes
pedras em seu caminho, em sua escalada retórica contra a Coreia do
Norte: a Rússia e a China; nesta sexta-feira, os governos de Vladimir
Putin e Xi Jinping se opuseram frontalmente ao uso da violência contra o
governo de Pyongyang; isolado, Trump passou a reconhecer o uso da
diplomacia como o melhor meio para solucionar o conflito na região, sem,
no entanto, descartar a alternativa militar.Em meio a tensões cada vez
mais acaloradas na península coreana, e o mundo dedicando cada vez mais
atenção a essa situação, o presidente norte-americano Donald Trump disse
algo inesperado: que considera a opção diplomática – e não a guerra –
como o melhor meio para enfrentar o problema.
Foi a primeira vez que
Trump amenizou seu discurso, sem, no entanto, retirar a opção militar da
mesa de possibilidades. A reviravolta de Trump não se deve apenas aos
riscos que uma intervenção norte-americana poderia causar, mas sim,
porque surgiram duas grandes pedras em seu caminho: a Rússia e a China.
Os dois países se opuseram frontalmente ao uso da violência contra o
regime de Pyongyang.
"A retórica combativa
associada com demonstrações imprudentes de força levaram a uma situação
em que todo o mundo está se perguntando seriamente se vai haver uma
guerra ou não", disse Gennaty Gatilov, o vice-ministro das relações
exteriores da Rússia, ao Conselho de Segurança da ONU. "Um passo mal
pensado ou mal interpretado pode levar a consequências muito lamentáveis
e assustadoras."
Gatilov também apelou à
Coreia do Norte para acabar com programas proibidos de desenvolvimento
nuclear e de mísseis, mas advertiu que o uso de força contra Pyongyang
seria "completamente inaceitável", segundo reportagem da Reuters.
Assim com a Rússia, a China
também se posicionou contra a intervenção militar na região, e reiterou
o mesmo apelo que Gatilov fez à Coreia do Norte. "O uso da força não
resolve diferenças e só vai causar desastres ainda maiores", disse
o ministro de Relações Exteriores da China, Wang Yi. "A China não é o
ponto principal do problema na península (coreana). A chave para
resolver a questão nuclear na península não está nas mãos do lado
chinês", também disse o ministro, para dar ênfase de que a solução do
problema cabe aos países que se encontram em atrito na região: os
Estados Unidos e a Coreia do Norte.
Sem força para iniciar um
conflito na região, uma vez que enfrentaria duas superpotências, Trump
ao menos afirmou que a Coreia do Norte não seria capaz de de atacar seu
país com um míssil nuclear – uma arma que, segundo especialistas, o
regime de Kim Jong-Un poderá ter em algum momento depois de 2020.
Abaixo, reportagem da Reuters sobre o isolamento americano:
Por Michelle Nichols e Lesley Wroughton
NAÇÕES UNIDAS (Reuters) - O
secretário de Estado norte-americano, Rex Tillerson, disse nesta
sexta-feira que não conter o desenvolvimento nuclear e de mísseis da
Coreia do Norte pode levar a 'consequências catastróficas', enquanto
China e Rússia advertiram os Estados Unidos a não ameaçar usar a força
militar.
Recentemente Washington
cobriu Pequim de elogios por seus esforços para conter sua aliada
Pyongyang, mas o ministro das Relações Exteriores chinês, Wang Yi,
deixou claro ao Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas
(ONU) que não depende só de seu país resolver o problema norte-coreano.
"A chave para solucionar a
questão nuclear na península não está nas mãos do lado chinês", disse
Wang ao organismo de 15 membros em comentários que contradisseram a
crença da Casa Branca de que a China exerce uma influência significativa
sobre o regime isolado.
A reunião ministerial do
conselho, presidida por Tillerson, expôs antigas divisões entre os EUA e
a China sobre a maneira de lidar com a Coreia do Norte. A China quer
conversar primeiro e agir depois, enquanto os norte-americanos querem
que Pyongyang freie seu programa nuclear antes do início de tais
conversas.
"É necessário pôr de lado o
debate sobre quem deveria dar o primeiro passo e parar de discutir
sobre quem está certo e quem está errado", afirmou Wang ao conselho.
"Agora é hora de cogitar seriamente retomar as conversas."
Tillerson respondeu: "Não
iremos negociar nosso retorno à mesa de negociação com a Coreia do
Norte, não iremos recompensar as violações de resoluções anteriores, não
iremos recompensar seu mau comportamento com conversas".
A Coreia do Norte não participou da reunião.
Em sua primeira visita à
ONU, o secretário dos EUA repreendeu o Conselho de Segurança por não
implantar totalmente as sanções contra os norte-coreanos e disse que, se
a entidade tivesse agido, as tensões resultantes de seu programa
nuclear poderiam não ter se intensificado.
"Deixar de agir agora a respeito do tema de segurança mais premente do mundo pode trazer consequências catastróficas", afirmou.
Os EUA não estão
pressionando por uma mudança de regime e preferem uma solução negociada,
mas Pyongyang deveria desmantelar seus programas nuclear e de mísseis
por iniciativa própria, disse.
"A ameaça de um ataque
nuclear a Seul, ou Tóquio, é real, e é só uma questão de tempo para a
Coreia do Norte desenvolver a capacidade de atacar o território
continental dos EUA", argumentou o secretário.
Tillerson repetiu a posição
do governo do presidente dos EUA, Donald Trump, de que todas as opções
estão na mesa se Pyongyang persistir com seu desenvolvimento nuclear e
de mísseis, mas Wang disse que ameaças militares não ajudam, e que o
diálogo e as negociações são "a única saída".
Em entrevista à Reuters na
quinta-feira, Trump disse que um "grande, grande conflito" com a Coreia
do Norte é possível devido a seus programas nuclear e de mísseis.
O vice-chanceler da Rússia, Gennady Gatilov, alertou nesta sexta-feira que o uso da força seria "completamente inaceitável".
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