Os ministros das Relações Exteriores da União Europeia não
conseguiram chegar a um acordo sobre o fornecimento de armas aos
rebeldes sírios, ao mesmo tempo em que os chefes da diplomacia
americana, russa e francesa se preparam para se reunir em Paris para
organizar a conferência de paz sobre a Síria.
O chanceler francês, Laurent Fabius, que retornou a Paris logo após a
reunião em Bruxelas sobre a questão do embargo sobre as armas
destinadas à oposição, deve se encontrar com o secretário de Estado
americano, John Kerry, e com seu colega russo, Sergueï Lavrov, no início
da noite.
Antes de deixar Bruxelas, Fabius afirmou que "não há acordo" sobre a
retirada do embargo, acrescentando, no entanto, que há "suspeitas
crescentes" sobre o uso de armas químicas na Síria.
Dois enviados especiais do jornal Le Monde testemunharam nesta
segunda-feira a utilização de armas tóxicas contra as forças rebeldes
entrincheiradas nos pomares de Damasco.
A utilização de armas químicas é alvo de suspeitas há algumas semanas, mas ainda não foi oficialmente provada.
A ONU pede a Damasco que permita a investigação por especialistas em
meio às acusações recíprocas do regime e da oposição sobre o uso de tais
armas.
Por hora, a comunidade internacional privilegia a organização de uma conferência de paz, Genebra 2.
Em Paris, as discussões a portas fechadas devem permitir, segundo um
diplomata francês, esclarecer questões sobre os participantes desta
conferência, prevista para acontecer em junho, e sobre seu mandato.
O regime de Damasco confirmou no domingo a participação do governo de
Assad na conferência de Genebra, considerada por ele uma "boa
oportunidade para uma solução política".
Já em Istambul, a Coalizão Nacional - o maior grupo da oposição síria
- entrou nesta segunda-feira em seu quarto dia de debates sem conseguir
uma posição de consenso sobre a participação nas negociações de paz
impulsionadas por Estados Unidos e Rússia.
A Coalizão pediu, no entanto, para que a União Europeia retire seu
embargo sobre as armas, no momento em que as forças do regime retomaram
sua ofensiva e têm ganhado terreno.
Teerã, que os russos gostariam de ver participar da conferência de
Genebra 2, uma possibilidade rejeitada por Paris, anunciou que receberá
na quarta-feira uma "conferência internacional" para encontrar uma
"solução política" para o conflito na Síria.
"Mais de 40 países são esperados, além de um representante do
ex-secretário-geral da ONU Kofi Annan", indicou o vice-ministro das
Relações Exteriores iraniano, Hossein Amir Abdollahian.
Annan é o ex-mediador da ONU e da Liga Árabe no conflito que, segundo
o Observatório dos Direitos Humanos, deixou mais de 94.000 mortos desde
março de 2011.
Apoiado pelos combatentes do Hezbollah, que perdeu ao menos 79 homens
em uma semana, segundo uma ONG, o Exército sírio trava intensos
combates pelo controle da cidade estratégica de Quseir (centro).
Uma jornalista da televisão estatal síria Al-Ikhbariya morreu quando
fazia uma reportagem sobre a batalha de Quseir perto do aeroporto de
Dabaa, localizado 6 km ao norte de Quseir.
Os insurgentes defendem com todas as forças esta cidade e seus arredores, região estratégica para os dois lados em conflito.
O Conselho de Direitos Humanos da ONU deve evocar na quarta-feira "a
deterioração da situação dos direitos Humanos na Síria e os recentes
massacres em Quseir", um debate exigido com urgência por Estados Unidos,
Turquia e Qatar.
Na abertura nesta segunda-feira da 23ª sessão do Conselho, Navi
Pillay, Alta-Comissária da ONU para os Direitos Humanos, alertou para o
"pesadelo" que se desenha na Síria. Uma "catástrofe humanitária,
política e social, verdadeiramente um pesadelo", declarou.
Por sua vez, o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon,
declarou-se no domingo "profundamente preocupado" pelo papel crescente
do Hezbollah na Síria e pediu para que os esforços sejam redobrados com o
objetivo de impedir que o conflito se estenda a outros países.
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