Ao menos 39 pessoas morreram e 150 ficaram feridas, incluindo vários
cidadãos estrangeiros, em um ataque neste sábado reivindicado pela
milícia islâmica somali 'Shebab', ligada à Al-Qaeda, contra um shopping
center de Nairóbi.
Por volta do meio-dia (hora local), cerca de 10 homens da milícia
invadiram armados e encapuzados o shopping Westgate Mall, um dos mais
luxuosos da capital queniana, cuja clientela é formada principalmente
por africanos abastados, indianos e ocidentais.
Os criminosos dispararam e lançaram granadas contra clientes e funcionários do shopping.
Em mensagem à Nação, o presidente queniano, Uhuru Kenyatta, informou
que o ataque terrorista deixou 39 mortos e 150 feridos, e que as forças
de segurança permanecem no shopping para "neutralizar" os agressores.
Segundo um funcionário de alto escalão da polícia, os terroristas fizeram vários clientes reféns.
O Palácio do Eliseu informou que duas francesas morreram na ação
'terrorista' e manifestou a "total solidariedade" do presidente François
Hollande com as autoridades quenianas.
"O presidente da República condena, com a maior firmeza, este covarde
atentado e compartilha a dor da família dos nossos compatriotas",
destaca o comunicado.
O Departamento de Estado americano informou que cidadãos dos Estados
Unidos ficaram feridos no que chamou de um "ato de violência desmedido".
Washington "condenou este atentado desmedido no qual homens, mulheres
e crianças inocentes foram mortos ou feridos", e destacou que "segue de
perto" a evolução da situação em Nairóbi.
Em Londres, o ministro das Relações Exteriores, William Hague, disse
que cidadãos britânicos estão, "sem qualquer dúvida", entre as vítimas
do atentado.
Em mensagem no Twitter, a milícia 'Shebab' assumiu a autoria do
ataque informando que "os mujahedines entraram ao meio-dia de hoje no
Westgate (...). Eles mataram mais de 100 infiéis quenianos e a batalha
prossegue".
Segundo os rebeldes, o ataque foi uma represália à intervenção das
forças armadas do Quênia no sul da Somália contra o grupo islâmico, após
o governo queniano "ignorar reiteradas advertências".
"Esta é a justiça punitiva pelos crimes de seus soldados" envolvidos
no conflito somali. "Por terra, ar e mar, as forças quenianas invadiram
nossa pátria muçulmana, matando centenas de muçulmanos e provocando a
fuga de milhares".
"Em numerosas ocasiões o governo queniano foi alertado de que a
presença de suas forças na Somália teria consequências dramáticas (...).
A mensagem que enviamos ao governo e à população queniana é e será
sempre a mesma: retirem todas as suas forças do nosso país".
O presidente Kenyatta reagiu afirmando que o Quênia "já superou
ataques terroristas no passado e vencerá novamente", em mensagem em rede
nacional de TV.
Segundo Kenyatta, os agressores "querem implantar o medo e o desânimo
em nosso país, mas não nos deixaremos intimidar. O terrorismo é a
filosofia dos fracos".
O Exército do Quênia entrou na Somália em 2011, onde ocupa o sul do
país, como parte da força africana multinacional que apoia o governo
somali contra os rebeldes islâmicos.
A Casa Branca qualificou de "vil" o ataque e prometeu ajudar o Quênia em seus esforços contra o terrorismo.
"Os Estados Unidos condenam, nos termos mais enérgicos, este vil
ataque terrorista contra civis inocentes hoje no Westgate Shopping Mall
em Nairóbi (...). Os autores deste ato desumano devem ser levados à
Justiça, e oferecemos nosso apoio total ao governo do Quênia para
atingir este objetivo", disse a porta-voz do Conselho de Segurança
Nacional, Caitlin Hayden.
Após a invasão, unidades de elite do exército queniano foram
mobilizadas para reforçar as forças policiais no local e ajudar na
retirada dos clientes e dos funcionários do shopping, sobrevoado por
helicópteros.
Segundo uma fonte de segurança, policiais e soldados quenianos
conseguiram encurralar os sobreviventes do grupo armado dentro do centro
comercial.
"Os criminosos foram isolados e estão encurralados em uma área em um
dos andares. O resto do shopping parece estar seguro", afirmou a fonte à
AFP no local.
Testemunhas revelaram que os invasores falavam em árabe ou somali.
Muito movimentado nos fins de semana, o Westgate Mall era citado
regularmente como possível alvo de grupos relacionados à Al-Qaeda, como
os insurgentes 'Shebab'.
Este tipo de ataque é algo que jamais havia ocorrido na capital
queniana e pode ser o atentado mais sangrento desde a ação suicida da
Al-Qaeda de 1998, que teve como alvo em agosto daquele ano a embaixada
americana em Nairóbi, resultando em mais de 200 mortos.
Uma jornalista da AFP-TV viu três corpos em frente ao shopping e dois
em seu interior. Feridos e ensanguentados, pais com seus filhos nos
braços, assustados e nervosos, saíam em desespero do edifício de quatro
andares.
As forças de segurança avançavam loja por loja para retirar as
pessoas escondidas e buscar os homens armados, mascarados e vestidos de
preto, que tinham em seu poder sete reféns.
"São sete reféns, está confirmado", declarou à AFP um policial no local.
Mas o número de reféns pode ser maior, devido à quantidade de pessoas
que estavam no local durante o ataque e pelo tamanho do shopping.
O Westgate Mall é um labirinto de lojas de todo o tipo, onde é muito fácil se esconder.
Segundo uma testemunha, os criminosos executaram clientes.
Este centro comercial, aberto em 2007 e próximo à sede local das
Nações Unidas, tem restaurantes, cafés, bancos, um grande supermercado e
várias salas de cinema que atraem milhares de pessoas todos os dias.
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