Russas choram e depositam flores em frente à estação de trem de Volgogrado
Mas o mais assustador, segundo Lyss, é que agora esses ataques parecem estar migrando mais para o norte, na região central da Rússia, onde fica Volgogrado.
A cidade, chamada antigamente de Stalingrado, é um centro da indústria e de transportes, além de ter um grande significado simbólico para os russos – tendo sido palco de uma famosa batalha em 1942 e 1943, na qual os soviéticos resistiram ao avanço nazista em seu território.
Para piorar, o momento em que os atentados em Volgogrado ocorreram, a pouco mais de um mês da Olimpíada de Inverno em Sochi, colaborou para ampliar a insegurança da população e do mundo, prestes a enviar seus atletas para a cidade no sul do Rússia.
"Muitos agora estão se perguntando porque os poderosos serviços de segurança não puderam impedir os ataques dos extremistas, acusando esses serviços de complacência e falta de profissionalismo", diz Lyss.
Comitê olímpico
Investigadores dizem que pelo menos 14 pessoas morreram no atentado em um trólebus em Volgogrado nesta segunda-feira. No dia anterior, outro atentado, na estação central de trens da cidade, matou 17 pessoas.Volgogrado fica a cerca de 700 km a noroeste de Sochi. Em um país de dimensões continentais como a Rússia, a distância poderia ser considerada pequena.
Nenhum grupo admitiu a autoria dos ataques, mas eles ocorreram meses depois de o líder rebelde checheno Doku Umarov, que luta para estabelecer um califado no Cáucaso, ter prometido novos ataques contra civis na Rússia, incluindo durante a Olimpíada.
Lyss acredita que, apesar do risco de ataques em Sochi durante o evento existir, ele pode não ser tão grande quanto muitos acreditam.
"Há centenas de oficiais da polícia e militares destacados na área. Mas o temor é que os extremistas possam atacar em outros lugares", disse.
O presidente do Comitê Olímpico Internacional, Thomas Bach, disse que está confiante de que as autoridades russas vão realizar jogos "seguros e sem problemas" em Sochi.
Explosivos idênticos
Vladimir Markin, porta-voz do Comitê de Investigação – o principal órgão federal de investigação da Rússia – disse que explosivos idênticos foram usados nos dos ataques em Volgogrado."Isso confirma a tese de que os dois ataques estão ligados. É possível que os dois (explosivos) tenham sido preparados no mesmo lugar."
O comitê também confirmou que coletou material genético do responsável pelo ataque, o que pode indicar a origem dele.
Insurgentes separatistas vindos da região do Cáucaso passaram a realizar ataques em vários pontos da Rússia a partir da segunda Guerra da Chechênia (uma república da Federação Russa no Cáucaso), iniciada em 1999, quando o atual presidente Russo, Vladimir Putin, assumiu seu segundo mandato.
Um dos mais conhecidos foi o ataque ao ataque Dubrovka, em Moscou, em 2002. Na ocasião, dezenas de chechenos tomaram o teatro exigindo o fim do envolvimento militar russo na Chechênia.
O incidente levou as forças de segurança russas a lançarem gás no sistema de ventilação do teatro, matando cerca de 170 pessoas – a maioria delas reféns dos militantes.
O envolvimento russo na política chechena levou na última década a uma progressiva pacificação da república, mas incidentes violentos envolvendo militantes islâmicos continuaram a ser registrados fora da república, especialmente em repúblicas vizinhas como o Dagestão e a Inguchétia.
Doku Umarov é o autoproclamado líder de um Emirado não reconhecido internacionalmente envolvendo as várias repúblicas da Federação Russa no norte do Cáucaso.
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