Moradores e ativistas fizeram vigílias em Nova Délhi para homenagear a jovem estuprada há um ano
Há exatamente um ano, um jovem
de 23 anos foi brutalmente estuprada por seis homens em um ônibus, na
capital da Índia, Nova Délhi. Sua morte, ocorrida duas semanas depois,
gerou uma onda de protestos na Índia e um debate nacional sobre
violência contra mulheres.
Nesta terça-feira, grupos de ativistas fizeram
vigílias e protestos para homenagear a garota, enquanto a família da
vítima, que segue tentando se recuperar da perda, fará uma pequena
cerimônia - pedindo que a morte da jovem não tenha sido em vão."Queremos manter a memória dela viva pelo maior tempo possível", diz o pai da garota estuprada e morta.
"Eu sei que um dia as pessoas vão esquecer dela. Mas vão lembrar que sua morte levou a mudanças nas leis antiestupro e na mentalidade das pessoas. Agora, as mulheres estão se posicionando contra a violência, e há um certo medo da lei. Essa é a contribuição da minha filha, não é?"
Condenação
A garota, cujo nome não foi divulgado, voltava de ônibus para casa após ver um filme com um amigo, que também foi espancado, mas sobreviveu.Quatro dos seis estupradores foram condenados, em setembro, à pena de morte. Um quinto suspeito – o motorista do ônibus onde o crime ocorreu – foi encontrado morto da prisão antes do julgamento.
Um sexto integrante do grupo era menor de idade quando estuprou e espandou a garota e, por isso, pegou uma pena mais leve: três anos de prisão.
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Teatro
Para marcar o um ano da morte da jovem, grupos de atores e músicos organizaram shows com o objetivo de "fortalecer os moradores para que eles retomem o controle das ruas de Délhi".Músicos famosos no país também vão fazer show em um carrro de som, repetindo o mesmo trajeto do ônibus onde a garota foi estuprada, começando do shopping onde ela foi ao cinema até uma rua no bairro de Mahipalpur, onde ela e o amigos foram jogados para fora do veículo.
Apesar das leis mais duras contra estupradores e de uma sociedade que discute mais abertamente a violência contra as mulheres, correspondentes da BBC na Índia afirmam que as mulheres no país ainda vivem sob o medo constante de serem atacadas sexualmente e que muitas vítimas ainda têm de enfrentar a morosidade da polícia.
Pobreza
No cotidiano da família da vítima, as pequenas mudanças também não tiveram muito impacto no clima de luto que domina a casa.Segundo o correspondente da BBC Soutik Biswas, há sinais de uma modesta prosperidade no lugar: uma pequena TV, uma máquina de lavar simples, um aquecedor de água no banheiro. Eles também mudaram para uma casa, financiada pelo governo, um pouco maior e num bairro melhor.
"Mas às vezes sinto que a pobreza era melhor para nós. A gente conseguia dormir bem. Erámos mais felizes. Hoje, temos tudo, mas não temos nada. Sem nossa filha, nosso mundo ficou sem cor."
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