terça-feira, 23 de setembro de 2014
Comissão da Verdade pressiona militares por acesso a prontuários do HCE
A CNV (Comissão Nacional da Verdade) pressiona os militares para ter
acesso ao prontuário médico de presos políticos que passaram pelo HCE
(Hospital Central do Exército), em Benfica, zona norte do Rio, durante a
ditadura militar (1964-1985).
Depois da descoberta de que um paciente --Raul Amaro Nin Ferreira-- foi
torturado dentro das instalações hospitalares, vindo a morrer em agosto
de 1971, a comissão solicitou os prontuários médicos de uma série de
presos políticos, mas o Exército disse não dispor dos papéis.
Nesta terça-feira (23), membros da comissão, quatro ex-presos políticos e
parentes de vítimas visitaram o HCE. Os ex-presos políticos tiveram
dificuldade de reconhecer o local devido às muitas modificações no
prédio.
Enquanto isso, representantes da CNV participaram de reunião com os
militares para cobrar informações sobre os prontuários. Foram recebidos
pelo diretor do hospital, general Vítor César dos Santos, e pelo
comandante da 1ª Região Militar, general Carlos Alberto Barcellos. Da
reunião, de cerca de duas horas, ficou encaminhada sugestão para que o
Ministério da Defesa organize uma comissão exclusiva para apurar o que
foi feito com os prontuários.
"O objetivo é obter essa informação até dezembro", comentou Rosa
Cardoso, uma das integrantes da CNV. É o prazo final de funcionamento da
comissão.
Mais cedo, a CNV e a comissão estadual da Verdade visitaram o antigo
DOI-Codi do Rio onde 33 pessoas desapareceram e outras 15 morreram
durante a ditadura, segundo dados da CNV. No antigo prédio, funciona
hoje o Quartel de Policia do Exército.
"A visita foi muito boa para detalharmos o local o que permitirá a CNV
cumprir com nossa finalidade de relatar os fatos. Houve, claramente, um
desvio de finalidade dos órgãos militares", afirmou Pedro Dallari,
coordenador da CNV.
No olhar de seis ex-presos, ao deixar o local, a emoção de visitar o
espaço onde foram torturados.
"O prédio está a mesma coisa. Voltei onde fui parar no pau de arara, fui
torturado e em que Rubens Paiva morreu. Saio com a sensação de cumprir
uma missão histórica", afirmou o jornalista Alvaro Caldas, preso por
três meses no local.
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