quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

México entra em alerta após roubo de caminhão com material radioativo

Peça de equipamento médico que contém material radioativo (foto: AP)
Cobalto-60 não pode ser usado para a confecção de uma bomba nuclear convencional
O roubo de um caminhão que transportava uma carga radioativa perigosa, ocorrido na última segunda-feira no México, colocou as autoridades do país em estado de alerta.
O país informou a AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) que o veículo transportava "uma perigosa fonte radioativa", utilizada em tratamentos de câncer.
O material radioativo em questão é o cobalto-60. Ele se encontrava dentro de uma máquina de radioterapia desativada que era transportada da cidade de Tijuana (norte do país) à região da Cidade do México, onde está localizado um depósito de resíduos radioativos.
Ao serem informadas do roubo, autoridades federais iniciaram uma operação de busca ao veículo desaparecido e sua carga em vários estados. Ao mesmo tempo, comunicados foram divulgados detalhando o perigo representado pelo material radioativo.
Segundo o site de notícias mexicano Vanguardia, seis estados, além do distrito federal, estão em alerta por causa do roubo, tentando localizar o caminhão.
Juan Eibenschutz, diretor nacional da Comissão de Segurança Nuclear, disse à agência de notícias Associated Press não saber o peso exato do material radioativo levado pelos ladrões.

Riscos

Segundo a imprensa local, o caminhão de 2,5 toneladas foi roubado em um posto de gasolina em Tepojaco, no Estado de Hidalgo.
O motorista disse que foi rendido por dois homens armados. Eles o teriam amarrado e deixado em um terreno baldio antes de fugirem com o veículo.
A Comissão de Segurança Nuclear mexicana disse que, no momento do roubo, o cobalto-60 estava "adequadamente blindado" e protegido. Isso significa que não representaria risco desde que sua embalagem não seja quebrada ou aberta.
O órgão disse porém que "seria muito perigoso" para uma pessoa remover os lacres de segurança, manipular o material ou danificar o equipamento médico.
"Pedimos que quem esteja com o equipamento ou o encontre não o abra nem o danifique. Isso poderia trazer consequências graves à saúde", afirmou a Secretaria de Energia em um comunicado publicado em sua página na internet.
A AIEA ofereceu ajuda ao México. Seus especialistas "estão em contado com a Comissão de Segurança Nuclear" do país, segundo comunicado enviado à BBC Mundo.
De acordo com a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos, o cobalto-60, é um metal caracterizado por emitir em energia na forma de raios gama.
Ele é obtido a partir de seu estado natural por meio de uma técnica de exposição a um fluxo de neutrons, como o que acontece no interior de reatores nucleares.

Intoxicação

A radiação de uma grama dessa substância é 30 vezes mais poderosa que uma quantidade equivalente de plutônio-289.
A substância é perigosa em contato com a pele e pode causar doenças graves, como o câncer.
Apesar de a maior parte das toxinas ser eliminada pelo corpo em poucas horas, certa quantidade fica armazenada nos tecidos e é absorvida pelo fígado, pelos rins e pelos ossos.
Casos de intoxicação anteriores pela substância foram relatados em 1998 na Turquia, quando dez pessoas foram tratadas após entrarem em contato com sucata contaminada por cobalto-60.
Na China, três pessoas morreram ao recolher um objeto que tinha cobalto-60.
Em um caso ocorrido em Goiânia, em 1987, um aparelho de radioaterapia com césio-137 foi aberto em um ferro velho. Na ocasião, quatro pessoas morreram após serem expostas à radioatividade.
O cobalto-60 tem muitos usos, que vão desde a radioterapia até a esterilização de equipamentos médicos e alimentos.
No caso do México, o material radioativo roubado é considerado "de baixa intensidade', segundo autoridades locais.
Segundo analistas, extremistas não poderiam usar o cobalto-60 para fabricar uma bomba nuclear convencional.
Porém, a substância poderia ser usada na fabricação das chamadas "bombas sujas" – nas quais materiais radioativos são combinados com explosivos convencionais.

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