Jennifer Teege foi adotada e sabia pouco sobre história da família biológica
A alemã-nigeriana Jennifer Teege
descobriu já adulta ser neta de Amon Goeth, o célebre comandante
nazista do campo de concentração de Plaszow, em Hamburgo, no norte da
Alemanha.
Goeth tornou-se mundialmente conhecido ao ser retratado no filme A Lista de Schindler,
o grande vencedor do Oscar de 1994, que conta a estória, baseada em
fatos reais, de como um industrial alemão salvou mais de 1 mil judeus da
morte ao empregá-los em sua fábrica durante a Segunda Guerra Mundial.
Leia o relato.
"Há cinco anos, eu estava em um biblioteca em Hamburgo, no norte da Alemanha, e vi um livro envolvido em um pano vermelho que imediatamente chamou minha atenção.
O título, traduzido para o inglês, era I Have to Love My Father, Right? (Eu tenho que amar meu pai, certo?, em tradução livre). Estampava na capa a foto pequena de uma mulher que me parecia familiar.
Então comecei a folheá-lo. Havia muitas fotos e à medida que virava as páginas, percebi que havia algo errado.
No final, a autora resumia alguns detalhes sobre a mulher da capa e sua família e percebi que se encaixavam perfeitamente com o que eu sabia sobre a minha família biológica.
E entendi que se tratava de um livro sobre a história da minha família.
A mulher na foto era minha mãe e seu pai era Amon Goeth, comandante do campo de concentração de Plaszow, perto de Cracóvia.
Adoção
Minha mãe não tinha me contado nada. Ela me deu à adoção pouco depois que nasci, então não cresci com ela.Poucas semanas depois do meu nascimento, fui entregue a um orfanato e, às vezes, recebia visitas da minha mãe. Aos sete anos, fui adotada por uma família e, depois disso, não tive mais contato com minha mãe, com exceção de uma vez.
Eu já tinha mais de 20 anos, e ela provavelmente não me contou nada para me proteger – provavelmente ela achou que seria melhor se não soubesse nada sobre meu passado real, sobre a verdade, sobre minha família, sobre meu avô.
E fiquei totalmente chocada quando descobri a história, era como se alguém tivesse puxado meu tapete.
Eu levei o livro para casa e o li da primeira à última página. Havia detalhes sobre a minha mãe, sobre minha avó e meu avô, Amon Goeth.
Libertação
Com o tempo, comecei a sentir o impacto daquela história sobre mim. Por ter sido adotada, eu sempre soube muito pouco sobre meu passado. E ter me confrontado com ele foi algo muito sério.
Goeth no campo de concentração de Plaszow. Ele foi condenado à morte por crimes de guerra.
Senti-me parte de sua história, mas ao mesmo tempo distante – o que não aconteceu com minha mãe, porque ela cresceu com a minha avó e deve ter sido muito difícil para ela deixar o passado para trás.
Eu tento não deixar o passado para trás, mas quero colocá-lo no lugar ao qual ele pertence. Isso não significa que eu vou ignorá-lo, mas não quero deixar que ele domine a minha vida.
Eu não sou um reflexo dessa parte da família, mas ainda estou muito conectada a ela. E espero achar uma forma de integrá-la à minha vida.
É uma história única, muito atípica e de significado profundo. Aborda a questão universal de como lidar com o peso do passado no presente e deveria mostrar como este passado pode ser libertador".
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