Cerca de 300 pessoas acompanharam na tarde desta segunda-feira o
enterro do adolescente Douglas Martins, 17 anos, morto na tarde de
domingo com um tiro disparado por um policial militar durante uma
abordagem. A polícia alega que o tiro foi "acidental". O enterro foi
marcado por muita emoção. Amigos do adolescente compareceram ao
cemitério fazendo a escolta do corpo com motos. Pelo menos quatro ônibus
lotados levaram familiares e amigos ao velório. Alguns jovens
adentraram ao cemitério em cima do teto do coletivo.
Helena
Martins Santana, avó materna do garoto, lembrou que há 20 anos perdeu
seu filho de maneira semelhante. "Também foi em um domingo e enterramos o
corpo dele na segunda-feira. Foi só porque meu neto era pobre. Eu perdi
meu filho de 18 anos do mesmo jeito. Morto pela polícia. Ele não fez
nada de errado", disse ela.
Rossana Martins de Souza Rodrigues,
mãe de Douglas, estava inconsolável. "Foi por pouco que não perdi os
meus dois filhos. Por pouco ele(policial) não cortou meus dois
filhos", disse ela. No momento da abordagem, Douglas estava acompanhado
de um irmão de 13 anos. Segundo a mãe, o tiro atingiu o coração de
Douglas.
Sérgio Martins, vizinho de Douglas, disse que presenciou a
abordagem policial. "Eu estava sentado na frente de um bar e vi a
polícia passando. De repente, eles voltaram, e, quando pararam, já ouvi o
tiro. Ninguém falou nada antes do disparo. A única coisa que eu ouvi
depois foi o Douglas dizendo: 'por que o senhor atirou em mim?'", disse
ele.
Na tarde de domingo, os moradores da Vila Medeiros, na zona
norte da capital paulista, atearam fogo em três ônibus e em um automóvel
em protesto contra a morte de Douglas. Segundo a Polícia Militar (PM), a
revolta teve início por volta das 19h40, na avenida Mendes da Rocha,
depois que um policial atirou "acidentalmente" contra a vítima.
De
acordo com a Polícia Militar, na tarde do domingo vários policiais
foram ao bairro Jaçanã para atender um incidente, quando, após tentar
revistar dois suspeitos, houve um "disparo acidental" que atingiu o
adolescente Douglas Martins Rodrigues no tórax, por volta das 14h30. O
jovem foi socorrido e levado ao Hospital Jaçanã, onde morreu, e o PM
responsável pelo disparo, Luciano Pinheiro Bispo, 31 anos, foi "acusado
de flagrante delito por homicídio culposo".
Segundo a Secretaria
de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP), testemunhas afirmaram na
delegacia que o tiro pareceu acidental. A arma do PM foi apreendida e a
perícia realizada no local. O policial foi detido e encaminhado ao
presídio militar Romão Gomes.
O caso foi registrado no 73º Distrito Policial (Jaçanã), mas encaminhado ao 39º DP (Vila Gustavo), onde será investigado.
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