O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), anunciou hoje (24) que
seu partido não vai recorrer da decisão liminar da ministra do Supremo
Tribunal Federa (STF) Rosa Weber, que determinou a instalação de uma
comissão parlamentar de inquérito (CPI) restrita a fatos envolvendo a Petrobras.
A manifestação da ministra foi anunciada ontem à noite e respondeu às
liminares solicitadas tanto pelos governistas quanto pela oposição.
“Quero
anunciar aqui o nosso respeito ao entendimento da ministra Rosa Weber e
a decisão da bancada do PT, tomada após uma reunião que fizemos agora
há pouco, para a qual também consultamos alguns senadores que estavam
ausentes, de não recorrer da liminar ao plenário do STF, tendo em vista o
mandado de segurança apresentado pela senadora Ana Rita [PT-ES]”,
anunciou o líder petista.
O mandado de segurança apresentado pela senadora Ana Rita questionava
no Supremo o pedido de CPI apresentado pela oposição para investigar
contratos suspeitos de irregularidades na Petrobras. A senadora alegava
que, embora tratassem de uma mesma empresa, os fatos não eram
relacionados entre si, o que tornaria a CPI inconstitucional e
antirregimental. Mas, com a decisão da ministra determinando que a CPI
da oposição poderá ser instalada, a tese de Ana Rita foi vencida.
O
líder Humberto Costa disse que a decisão de não recorrer da decisão
liminar ao plenário do Supremo tem como objetivo “fazer andar mais
rápido o processo de instalação da CPI” e garantiu que a intenção do
grupo governista não é evitar a investigação sobre a companhia
petroleira que tem a União como maior acionista. “Queremos investigar
tudo e todos. Não haverá rigorosamente nada nem ninguém que deixaremos
de fora no que diz respeito a essas denúncias que envolvem a Petrobras”,
disse.
Entretanto, Humberto Costa deixou claro que o PT não
desistiu da ideia de investigar no Congresso Nacional contratos com
suspeitas de irregularidades em governos estaduais comandados por
partidos de oposição. A base governista tentou apresentar um pedido de
CPI da Petrobras que ampliava o escopo de investigação para os contratos
de construção do metrô de São Paulo e do Porto de Suape, em Pernambuco.
O argumento é que recursos federais foram utilizados nas obras que
agora estão sob suspeita de corrupção.
“Seguiremos determinados a
investigar a fundo outros fatos assombrosos de má aplicação de dinheiro
público, como é o caso do escândalo do metrô de São Paulo, sobre o qual
começamos hoje a recolher assinaturas na Câmara e no Senado para uma
CPMI sobre a Alstom empresa multinacional encarregada das obras e que
denunciou o pagamento de propina a agentes públicos estaduais”, disse
Costa.
Costa, no entanto, defendeu a posição do Senado de
recorrer da decisão da ministra Rosa Weber, para garantir a
“independência e a autonomia entre os Poderes”. Mais cedo, o presidente
da Casa, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), emitiu nota declarando que
vai recorrer ao plenário da Corte. “Se fatos podem ser acrescidos
durante a apuração, entende-se que muito mais na criação da CPI. O poder
investigatório do Congresso se estende a toda gama dos interesses
nacionais a respeito dos quais ele pode legislar. Diante da
imperiosidade de pacificar o entendimento em torno da matéria, o Senado
Federal recorrerá da liminar ao plenário do Supremo Tribunal Federal”,
anunciou.
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