Subiu para 81 o número de mortos nas explosões de três bombas e no
tiroteio cometidos nesta sexta-feira contra fiéis na mesquita central de
Kano, maior cidade do norte da Nigéria, disseram fontes de dois
hospitais visitados pela Reuters, um ataque com a marca registrada dos
militantes islâmicos do Boko Haram.
A polícia havia colocado o número de mortos em 35.
"Estas
pessoas bombardearam a mesquita. Estou face a face com pessoas
gritando", disse Chijjani Usman, repórter local que foi à mesquita na
cidade antiga para rezar.
A construção fica próxima do palácio do
emir de Kano, a segunda maior autoridade islâmica do país mais populoso
da África, embora o próprio emir, ex-presidente do banco central, Lamido
Sanusi, não estivesse presente.
Ninguém assumiu a autoria do
atentado de imediato, mas as suspeitas recaíram sobre o Boko Haram,
movimento jihadista sunita que luta para ressuscitar um califado
islâmico medieval na região.
O Boko Haram encara as autoridades
religiosas islâmicas tradicionais da Nigéria com desdém, considerando-as
uma elite corrupta e mesquinha próxima demais do governo secular.
Os
insurgentes já mataram milhares de pessoas em ataques com armas e
bombas em igrejas, escolas, delegacias de polícia, bases militares,
edifícios do governo e mesquitas que não compartilham sua ideologia
islâmica radical.
"Três bombas foram plantadas no pátio da
mesquita e explodiram simultaneamente", declarou uma fonte de segurança
que não quis se identificar.
"Depois de múltiplas explosões, eles
também abriram fogo. Não sei dizer sobre mortos, porque todos nós saímos
correndo", acrescentou um membro da equipe do palácio.
Jovens
revoltados bloquearam os portões da mesquita diante da polícia, que teve
que dispersá-los com gás lacrimogêneo para ter acesso ao local.
A
insurgência forçou mais de um milhão de pessoas a fugirem durante sua
campanha, concentrada no nordeste nigeriano, informou a Cruz Vermelha a
repórteres nesta sexta-feira, um aumento em relação à estimativa de 700
mil refugiados do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados
(Acnur) em setembro.
Líderes islâmicos às vezes evitam críticas
diretas ao Boko Haram por medo de represálias, mas o emir de Kano,
enfurecido com atrocidades como o sequestro de 200 alunas do vilarejo de
Chibok em abril, tem sido cada vez mais contundente.
Segundo a imprensa local, ele teria conclamado todos os nigerianos neste mês a se defenderem do Boko Haram.
Durante
a transmissão de uma recitação do Alcorão, ele teria dito: "Estas
pessoas, quando atacam cidades, matam meninos e escravizam meninas. As
pessoas precisam se posicionar de maneira resoluta... deveriam adquirir o
que puderem para se defender. As pessoas não devem esperar que os
soldados as protejam."
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