segunda-feira, 17 de novembro de 2014

O clamor público e a covardia política

A grande mídia escrita encerrou a louvável campanha de esclarecimento e crítica à situação caótica do trânsito nas nossas grandes cidades expondo, em editorial, a sua opinião. Correndo o risco de abordar um assunto complexo, embora sem serem especialistas, chegaram à conclusão lógica  que a opção pelo transporte individual é insustentável.
Só não vê esta realidade a covardia política dos governantes, a quem caberia corrigir este erro. Há um entendimento errado do que seja mobilidade urbana. Não é a oferta do tipo de transporte deficiente e superlotado que irá permitir a verdadeira mobilidade urbana, onde o rendimento da malha viária é acima de 60% e garante a mobilidade da ambulância, se possível, em faixa para ela liberada, em atendimento ao seu aviso sonoro.
Cabe aqui, a magnífica resposta do insuperável e saudoso engenheiro de tráfego Gerardo Penna Firme, ao responder a um repórter se o metrô, que iniciava sua construção, seria a solução para o trânsito: “O transporte de massa está para o trânsito urbano como o sexo para o casamento. Ambos são muito importantes mas, sozinhos, não dão a felicidade completa”. Falou e disse, como se costuma dizer. Não foi por acaso que juntos, no governo Negrão de Lima, gerindo o trânsito do finado Estado da Guanabara, deixamos saudades até os dias de hoje.
Henry Ford, o responsável pela popularização do automóvel, atribuía o sucesso de seu negócio, à preguiça  e ao comodismo inerentes da pessoa humana. É por causa deste sentimento que o indivíduo continuará preferindo o conforto, a privacidade e a independência do uso do automóvel, no seu deslocamento diário para o trabalho, embora feito para o passeio, ainda segundo Henry Ford,
O transporte público, por ônibus, com seu pecado original de ser explorado empresarialmente, visando, por conseguinte o lucro, terá que ser sempre um incômodo para o usuário. A prova está que a solução BRT aumentou a velocidade e o preço da passagem e, conforme já desafiei aos responsáveis pelo projeto, para pesquisarem quantos usuários deste novo meio de transporte possuem automóvel, não me responderam. E não responderam porque sabem que o resultado é pífio, não chega a 0,5%.
O problema merece ação imediata e coragem política para implantar o sistema URV, que reduz, nas horas de pico o volume de carros, obrigados a trafegarem com mais de um passageiro, entre 50 e 80% incentivada esta prática com prêmios em dinheiro. Pune o motorista sozinho, hoje cerca de 96% do volume de carros circulando, com o pagamento da elevada “taxa de congestionamento” e cria subsídios para o transporte público, na razão de 2 milhões de reais/mês, para cada 100 mil usuários do sistema URV,  o uso racionado das vias. Mais pessoas circulando e menos carros atrapalhando.
Como me disse, ao tomar conhecimento do meu projeto URV, o eminente urbanista professor Sérgio Magalhães: “Com o tempo acabarão implantando o seu sistema.”

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