A
presidente Dilma Rousseff recebeu pedidos da esquerda do PT e de
representantes dos movimentos sociais para recuar no convite feito à
senadora Kátia Abreu (PMDB-TO) para que assuma o Ministério da
Agricultura e pode realmente desistir da escolha. Os recados
transmitidos a Dilma carregam apelos do tipo "quem foi para rua lutar
por sua eleição não foi Kátia Abreu".
Oriunda
do DEM, quando fez forte oposição ao governo do PT, Kátia Abreu se
transferiu para o PSD de Gilberto Kassab e, depois, para o PMDB. Mas
entre os peemedebistas ela ainda é vista como uma estranha no partido e
os principais dirigentes da legenda não apoiam a sua indicação. De
acordo com informação de um peemedebista, o partido não ficará nem um
pouco chateado se Dilma desistir do convite à senadora.
Reaproximação com o agronegócio
A
decisão da presidente Dilma Rousseff de indicar os senadores Armando
Monteiro (PTB-PE) e Kátia Abreu (PMDB-TO) para ocupar, respectivamente,
os ministérios do Desenvolvimento (MDIC) e da Agricultura tem por
objetivo reaproximá-la dos dois setores. Ao mesmo tempo, Dilma busca
isolar o líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), dos movimentos que
costura para presidir a Casa Legislativa a partir de 2015.
O
convite feito por Dilma para Kátia Abreu irrita principalmente o PMDB
da Câmara. Atual presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do
Brasil (CNA), ela vai ocupar um ministério que hoje é da “cota” dos
deputados do partido, com aliados de Cunha integrando a pasta. A
indicação não agradou à bancada peemedebista. Um dos integrantes disse
que se a presidente fez isso, ela vai ter de dar a eles outro ministério
para “compensar”.
O
ex-ministro Antônio Andrade (MG) teria saído da pasta em março com a
promessa de Dilma de que ele indicaria um deputado para ser o titular da
Agricultura em 2015, caso ele conseguisse uma boa vantagem eleitoral
para a presidente em Minas. Andrade venceu a eleição mineira como vice
na chapa do governador eleito Fernando Pimentel (PT) e estaria
trabalhando para emplacar o deputado Mauro Lopes (PMDB-MG) no
ministério.
A
bancada peemedebista do Senado também não considera que ganharia mais
uma pasta com a indicação de Kátia Abreu. A avaliação é de que a
senadora reeleita é uma neófita na sigla - saiu do DEM e passou pelo PSD
antes do PMDB - e não seria um “espaço” para a legenda. Um senador do
partido definiu Katia como “um nome bom”, mas que seria da cota pessoal
de Dilma.
Atualmente,
o PMDB tem cinco pastas: Minas e Energia, com o senador licenciado
Edison Lobão; Previdência, com o também senador licenciado Garibaldi
Alves Filho; Agricultura, com Neri Geller; Turismo, com Vinícius Lages; e
Aviação Civil, com Moreira Franco.
No
caso da escolha de Armando Monteiro, a intenção é tentar levar o PTB a
apoiar uma candidatura à presidência da Câmara que será lançada pelo PT
para tentar derrotar Cunha. O partido elegeu 25 deputados e terá três
senadores a partir do ano que vem.
Ao
Estado, Monteiro reconheceu que o partido tem seu “peso” na Congresso.
Sem entrar em detalhes, ele disse que, durante a conversa que teve com
Dilma ontem, discutiu também a situação política atual. Para ele, porém,
uma eventual confirmação sua para o MDIC, seria uma indicação da “cota
pessoal” da presidente.
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