O ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo,
afirmou hoje (19) que o Itamaraty fez o que deveria ser feito no caso do
ministro venezuelano Elias Jaua, que veio ao Brasil para compromissos políticos, sem que o governo brasileiro fosse comunicado da visita.
Convidado para a audiência desta quarta-feira na Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional
da Câmara dos Deputados, Figueiredo disse que, do ponto de vista do
Itamaraty, o ato assinado entre Jaua e o Movimento dos Trabalhadores Sem
Terra (MST) não constitui um acordo internacional, e sim um ato entre
uma organização não governamental brasileira e um ministro de outro
país. Segundo ele, o conteúdo do ato só veio a ser conhecido pelo
governo brasileiro posteriormente e a agenda política de Jaua, sem
comunicação prévia foi vista com “estranheza” e “desconforto”.
“Manifestamos
nossa inconformidade. Do ponto de vista do Itamaraty, creio que fizemos
o que poderia ser feito. Não nos omitimos, não achamos normal”, afirmou
o ministro. Ele lembrou que o representante da diplomacia venezuelana
foi convocado para prestar explicações, “uma medida muito forte de
manifestação de surpresa”, pelo fato de Brasil e Venezuela terem
excelentes relações e a atitude
não ter sido condizente com o nível de diálogo entre os dois países.
Ele não revelou, porém, a resposta do país vizinho ao questionamento.
No início da audiência, que foi das 10h25 às 13h30, Figueiredo lembrou que assumiu o a pasta há cerca de um ano com a orientação
da presidenta Dilma Rousseff de “imprimir sentido estratégico” à
política externa brasileira no atual cenário global. Segundo ele, as
instituições globais não refletem o peso das nações em desenvolvimento,
e, por isso, o Brasil se engaja para mudar essa realidade com base no
interesse nacional.
O ministro ressaltou que apenas 11
países mantêm relações diplomáticas com todos os Estados-Membros da
Organização das Nações Unidas (ONU) e que o Brasil é um deles. Além
disso, para destacar o esforço diplomático de paz na região, Figueiredo
destacou que apenas Rússia e China têm fronteiras com mais países do que
o país, que tem áreas fronteiriças com dez nações sul-americanas, sem
conflitos. Além disso, mencionou o saldo, de US$ 9 bilhões, na balança
comercial com os países vizinhos.
“Nossa vocação é clara: ter boas
relações com os vizinhos próximos e compromisso com a consolidação de
um Continente Sul-Americano próspero”, afirmou o ministro. Como exemplo,
citou a participação brasileira, junto com outros chanceleres
sul-americanos e o representante do Vaticano, nos diálogos entre governo
e oposição na Venezuela – este ano houve protestos nas principais
cidades venezuelanas, resultando na morte de vários manifestantes.
Sobre
a visibilidade do país no exterior, Figueiredo destacou a realização em
território brasileiro da Cúpula do Brics (grupo formado por Brasil,
Rússia, Índia, China e África do Sul) e da Copa do Mundo. Para ele, a
Cúpula do Brics foi o principal evento entre chefes de Estado sediado no
Brasil este ano, resultando na proposta de criação do Banco de
Desenvolvimento do grupo e de um fundo para enfrentamento de eventuais
crises financeiras.
Quanto à Copa do Mundo, o chanceler disse que
representou um marco na projeção internacional do Brasil. “Se não
tivemos êxito em campo, tivemos grande êxito fora dele, com a difusão de
valores caros à sociedade brasileira, como a convivência harmoniosa
entre todos os povos e contra qualquer tipo de discriminação”.
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