Após a vitória esmagadora do Partido Democrático (PD)
nas eleições para o Parlamento europeu na Itália, o primeiro-ministro
Matteo Renzi - também secretário da sigla - afirmou que não há mais
desculpas para não aprovar as reformas de que o país necessita.
Sua legenda, de orientação centro-esquerdista, alcançou 40,81%
dos votos nas eleições europeias de ontem (25), contra apenas 21,16% do
Movimento 5 Estrelas (M5S) e 16,82% do Forza Italia (FI), sigla liderada
por Silvio Berlusconi. O resultado foi visto como um grande triunfo do
premier, que assumiu o governo no último mês de fevereiro. Antes do
pleito, a maioria das pesquisas apontava uma vitória do PD, mas por uma
vantagem muito menor em relação ao M5S.
"Há quem diga que devemos festejar, mas seremos humildes e
pacatos, porque temos o extraordinário dever de fazer as reformas. O
resultado mostra que existe uma Itália que não se entrega", afirmou
Renzi. Desde o início de seu mandato, o premier apresentou uma série de
propostas importantes, como uma nova lei eleitoral para o país, um
projeto para reduzir drasticamente os poderes do Senado e o papel das
províncias, um corte no imposto de renda para pessoas físicas e um plano
de melhoria da infraestrutura educacional italiana.
No entanto, o primeiro-ministro não quis avaliar o resultado da
votação como um referendo sobre ele ou a sua administração. "Não
considero esse resultado uma legitimação pessoal. Ontem não venceu uma
pessoa, foi uma foto de grupo. O belo ainda deve começar. O desafio foi
lançado e nós estaremos à altura desse sonho", declarou ele,
acrescentando que seu governo deve durar até 2018.
Renzi também fez um apelo para o M5S, que acabou saindo como o
grande derrotado nas eleições, já que seu líder e fundador, o comediante
Beppe Grillo, esperava uma vitória do movimento. "Desejo que haja uma
reflexão nos 5 Estrelas sobre a lei eleitoral. Se esses parlamentares
continuarem a usar o Parlamento como palco de show, perderão os seus
eleitores. Mas se mudarem a postura, encontrarão ajuda para fazermos
juntos as reformas", disse. Frequentemente, os senadores e deputados do
partido de Grillo usam o Congresso para realizar protestos contra o
governo e os políticos.
A vitória de Renzi nas urnas chega em um momento em que sua
legitimidade no comando do país era questionada pelas forças de
oposição. Tanto o M5S quanto o Forza Italia exigiam a realização de
eleições nacionais, já que o premier chegou ao poder sem precisar passar
pelas urnas.
O resultado histórico atingido pelo PD, que conseguiu uma
porcentagem de votos recorde, teve efeito imediato no mercado
financeiro. No pregão desta segunda-feira (26), o índice FTSE MIB,
principal indicador da Bolsa de Milão, fechou com alta de 3,61%,
chegando a 21.493 pontos. Os 40,81% alcançados pelo Partido Democrático
também dão força a Renzi no plano europeu, já que em julho a Itália
assume a presidência rotativa semestral da União Europeia.
Além do PD, do M5S e do Forza Italia, apenas outras três siglas
conseguiram ultrapassar a cláusula de barreira de 4% necessária para
entrar no Parlamento da UE. Em quarto lugar na votação, com 6,16%, ficou
a legenda de extrema-direita Liga Norte, que irá integrar o grupo
eurocético, ao lado da conservadora Frente Nacional, da francesa Marine
Le Pen.
Já a Nova Centro-Direita (NCD), que faz parte da coalizão
governista de Renzi, ficou com 4,38% do eleitorado, enquanto a lista
Outra Europa com Tsipras, movimento de esquerda radical criado para
apoiar a candidatura do grego Alexis Tsipras à presidência da Comissão
Europeia, obteve 4,03%.
Por outro lado, Irmãos da Itália (3,66%), Verdes (0,89%),
Escolha Europeia (0,71%), Itália dos Valores (0,65%), Partido Popular do
Sul-Tirolês (0,50%) e Eu Mudo (0,17%) ficaram de fora.
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