O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, acusou nessa quinta-feira
(1º) o governo dos Estados Unidos de voltar a conspirar contra Caracas e
condenou a "ingerência grosseira e insolente" nos diálogos com a
oposição, destacando que não aceitará nenhum tipo de condicionamento.
"Tenho provas novas da participação de funcionários da Embaixada dos
Estados Unidos em conspiração diretamente com os guarimberos -
promotores de barricadas e vandalismo -, com os setores que dirigem uma
tentativa de golpe de Estado", disse.
Nicolás Maduro falou para
milhares de simpatizantes que saíram ontem às ruas de Caracas para
marcar o Dia Mundial do Trabalhador.
Há quase três meses são
registrados diariamente protestos em várias regiões da Venezuela, que
deixaram até agora pelo menos 42 mortos, mais de 600 feridos e mais de
2.360 detidos.
No dia 10 de abril, o governo e a oposição
venezuelana iniciaram um processo de diálogo, que tem como promotores o
Vaticano, o Brasil, o Equador e a Colômbia.
Segundo Nicolás
Maduro, "primeiro foi o presidente [Barack] Obama, que disse estar muito
preocupado com o povo da Venezuela". Ele questionou o fato de o governo
norte-americano não se concentrar nos “40 milhões de pobres que há nos
Estados Unidos. Criticou ainda as recentes declarações da subsecretária
adjunta de Estado dos EUA para o Hemisfério Ocidental, Roberta Jacobson,
de que é importante que "o diálogo na Venezuela comece a dar
resultados", ao mesmo tempo em que questionou o direito norte-americano
de interferir em um diálogo político num país estrangeiro.
Para
Maduro, o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, ameaçou
Caracas ao dizer que "enquanto houver diálogo na Venezuela, os Estados
Unidos não atuarão contra o país". Em sua opinião, a declaração é
infeliz e vai ser levada à mesa de diálogo e à União de Nações
Sul-Americanas (Unasul).
"Os Estados Unidos não devem meter-se nos
processos de paz e de diálogo que iniciei na Venezuela", disse, ao
acusar Washington de pretender afastar os representantes da oposição das
mesas de diálogo.
Maduro denunciou que o recente homicídio de
Eliézer Otaiza, ex-diretor dos Serviços de Inteligência e Prevenção, foi
promovido por setores "da direita venezuelana e jornalistas corruptos".
Ele apelou aosvenezuelanos para que construam entre todos a
estabilidade política e econômica, acabem com a guerra econômica e a
especulação, acrescentando que a "revolução criou condições sociais,
legais e materiais para dar estabilidade à classe operária, qualidade e
proteção".
Segundo o presidente, desde a morte de Hugo Chávez o
país vive "tempos difíceis". Ele pediu a defesa do socialismo, porque "é
tempo de definições, não de dúvidas".
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