Homens-bomba mataram pelo menos 137 pessoas e feriram centenas
durante as orações desta sexta-feira em duas mesquitas na capital do
Iêmen, Sanaa, em ataques coordenados assumidos pelo Estado Islâmico.
Os
ataques contra as mesquitas usadas por apoiadores de militantes xiitas
do grupo houthi que controlam a cidade foram os mais mortais em anos de
violência no país, onde os Estados Unidos têm mantido uma guerra aérea
com drones contra uma dissidência da Al Qaeda, de inclinação sunita.
Conflitos
sectários têm aumentado no Iêmen nos últimos meses, depois que os
militantes xiitas, apoiados pelo Irã, tomaram a capital no ano passado.
Quatro
homens-bomba vestindo cintos com explosivos alvejaram fiéis dentro e
nos arredores de mesquitas lotadas. A agência estatal de notícias Saba,
controlada pelos houthis, afirmou que 137 pessoas morreram e 357 ficaram
feridas.
Os hospitais estavam sobrecarregados, apelando para doadores de sangue para ajudar a tratar o grande número de vítimas.
Um
jornalista da Reuters na mesquista Badr contou pelo menos 25 corpos
espalhados na rua e dentro do prédio. Um homem carregava uma criança em
seus braços.
O Estado Islâmico, uma dissidência da Al Qaeda que
ocupou grandes partes do Iraque e da Síria e que tem atraído seguidores
em outros países, considera os xiitas hereges.
As explosões em
Sanaa aconteceram enquanto aviões de guerra não identificados atacavam o
palácio presidencial em Áden, cidade do sul iemenita, pelo segundo dia.
Armas
antiaéreas dispararam contra duas aeronaves que soltaram bombas em uma
área que inclui a residência do presidente, Abd-Rabbu Mansour Hadi. Ele
não ficou ferido, afirmaram fontes da presidência.
O Iêmen está
dividido por uma disputa de poder entre os rebeldes houthi apoiados pelo
Irã no norte e Hadi, que estabeleceu uma sede de poder rival no sul
respaldado por países liderados por sunitas no Golfo Pérsico.
É
sabido que as mesquitas de Sanaa são usadas sobretudo por apoiadores dos
xiitas houthi, grupo que controla a maior parte do norte do Iêmen,
incluindo Sanaa.
A ascensão dos houthi ao poder em setembro último
aprofundou as divisões na complexa rede de alianças políticas e
religiosas do país.
Uma testemunha afirmou ter ouvido duas
detonações sucessivas na mesquita de Badr, localizada em uma vizinhança
movimentada do centro da capital.
"Estava indo orar na mesquita, aí ouvi a primeira explosão, e um segundo depois ouvi outra", disse a testemunha à Reuters.
O
secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon,
repudiou "os ataques terroristas" no Iêmen e pediu que todos os lados
"cessem imediatamente todas as ações hostis e se contenham ao máximo",
de acordo com um comunicado da ONU.
DOAÇÕES DE SANGUE
Os hospitais
de Sanaa ficaram sobrecarregados de mortos e feridos e apelaram para
que doadores de sangue ajudem a tratar o grande número de atingidos. Uma
testemunha da Reuters na mesquita de Badr disse ter contado pelo menos
25 corpos ensanguentados ou cadáveres espalhados nas ruas e dentro do
edifício.
Um terceiro homem-bomba tentou se explodir em uma
mesquita em um enclave houthi na província de Sadaa, no norte, mas a
bomba detonou prematuramente, matando somente o suicida, disse uma fonte
de segurança à Reuters.
As tensões vêm crescendo desde que Hadi
fugiu de Áden em fevereiro depois de escapar de Sanaa, onde ficou detido
durante um mês em casa por forças houthi no comando da capital. Ele vem
tentando consolidar sua autoridade em Áden para desafiar as ambições
dos houthi de dominar o país por inteiro.
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