A decisão de romper o acordo de parceria Transpacífico, tomada por
decreto na segunda-feira (23) pelo presidente dos Estados Unidos, Donald
Trump, provocou reações entre a classe política e empresarial do país e
também do exterior. Na América Latina, Chile, México e Peru já se
articulam para abrir novos canais de negociação.
A parceria
Transpacífico (TPP) é um acordo de livre-comércio estabelecido entre
doze países banhados pelo Oceano Pacífico. O acordo foi assinado em 5 de
outubro de 2015, após sete anos de negociações, mas não foi ratificado
por várias nações, entre elas, os Estados Unidos.
Nos Estados
Unidos, a maior parte das reações foi positiva, e até mesmo adversários
do presidente durante a campanha, como o ex-candidato democrata, senador
Bernie Sanders, elogiou a iniciativa. Ele emitiu um comunicado em que
destacou que encerrar este acordo também fazia parte de sua plataforma
de sua campanha.
"Estou feliz que a Parceria Transpacífico tenha
sido morta e enterrada”, afirmou. “Nos últimos 30 anos, temos tido uma
série de acordos comerciais [...] que nos custaram milhões de empregos
com remuneração decente”.
Sanders ponderou, entretanto, que agora
deseja ver uma nova política comercial que não contemple apenas
corporações multinacionais. “Se o presidente Trump implementar uma nova
política para ajudar os trabalhadores americanos, seria um prazer
trabalhar com ele”, afirmou.
Entre os descontentes com a
retirada, a deputada democrata Rosa Delauro disse que o TPP poderia ter
sido mais eficaz se as forças do Congresso tivessem trabalhado para
torná-lo mais efetivo e tirá-lo do papel. "O TPP poderia ter funcionado
bem se a classe política tivesse tido mais ação e se não houvesse tanta
resistência da opinião pública", afirmou em entrevistas a rede de TVs
locais.
Perda geopolítica
Entre os
críticos, há quem diga que, com a saída, os Estados Unidos perdem um
importante espaço na Ásia para manter uma posição geopolítica
estratégica na região.
O senador democrata, Chuck Schumer, líder
da minoria, afirmou que o “TPP estava morto muito antes de Trump assumir
o cargo”. E afirmou: "Aguardamos ação real sobre o comércio."
A
deputada democrata Rosa De Lauro rebateu as críticas do presidente Trump
sobre a ineficiência do tratado. E disse que o acordo não “funcionou”
como deveria por falta de apoio parlamentar, tanto democrata quanto
republicano, e ainda pela oposição da opinião pública”.
Do mesmo
modo que o TPP, o presidente Donald Trump também articula a revisão do
Acordo Norte Americano de Livre Comércio (Nafta), que une
comercialmente, Canadá, Estados Unidos e México. No caso do Nafta, a
decisão não será unilateral e o presidente Trump irá se reunir nos
próximos dias com os governos do Canadá e do México para discutir formas
de renegociar o acordo ou até mesmo extingui-lo.
Renegociação
Com
a ruptura do TPP, os países latino-americanos signatários começam a
articular-se para recuperar perdas que podem surgir pela nova
configuração econômica.
O presidente do México, Enrique Peña
Nieto, fez um pronunciamento, logo após o anúncio da saída dos Estados
Unidos. Ele disse que pretende delinear novamente as prioridades da
política externa do México.
Além de falar em buscar novos
mercados, Peña Nieto reiterou que vai conversar com o governo Trump na
negociação de um acordo bilateral e disse que, de modo geral, o país
quer apresentar quais são as prioridades na nova relação com os Estados
Unidos.
O Peru e o Chile também sinalizam que irão em busca de
acordos bilaterais com países que fazem parte do TCC, como a China e o
Japão.
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