O procurador-geral, Avijai Mandelblit, declarou em comunicado após o
interrogatório de três horas ontem à noite com o chefe do governo que
ele é investigado desde o último dia 10 de julho por "uma longa lista de
alegações sobre supostas ofensas relacionadas com a integridade moral".
A investigação e as imagens do comboio da unidade policial Lahav 433
entrando ontem na residência oficial elevaram a tensão política em um
país que tem atualmente atrás das grades por corrupção seu
primeiro-ministro anterior, Ehud Olmert, e que viu sair da prisão
recentemente um ex-presidente, Moshe Katsav, após cumprir uma condenação
por assédio sexual.
Em seu comunicado, Mandelblit fez uma apuração de várias suspeitas nas
quais se decidiu não seguir adiante com as investigações por não haver
indícios suficientes, e deu muito poucos dados sobre o caso dos
presentes e favores de empresários, sobre o qual foi realizado um
interrogatório após a recomendação do comandante da Unidade de
Investigação e Inteligência da Polícia, Meni Yitzhaki.
Entre os casos descartados estão as denúncias de que o apelidado "Bibi"
recebeu ilegalmente fundos para sua campanha eleitoral em 2009, a
aceitação nessa época de passagens de avião e caros presentes, o duplo
financiamento de suas viagens ou supostas irregularidades nas primárias
de 2009 de seu partido, o Likud, nas quais foi eleito.
Netanyahu se referiu nesta manhã à exaustiva investigação e afirmou:
"Após longos anos de perseguição diária contra mim e minha família ontem
não provaram nada. Nada. Alguém nos veículos de comunicação deveria
desculpar-se pelos milhares de artigos, manchetes e horas de divulgação
do 'melhor jornalismo de investigação' que se transformaram em uma coisa
sem sentido".
Segundo o jornal "Haaretz", o interrogatório se baseou no caso dos
presentes, mas há outro segundo assunto mais grave do qual, por
enquanto, se desconhecem os detalhes.
Ontem à noite os detetives lhe confrontaram com indícios que
supostamente mostram que aceitou numerosos presentes (no valor de
centenas de milhares de shekels) de empresários com interesses
econômicos em Israel e que não informou dos mesmos às autoridades, como
exige a lei, o que evidencia um possível conflito de interesses.
Uma das testemunhas que teria admitido ter dado alguns presentes é o
empresário americano e amigo pessoal de Netanyahu, Ron Lauder, que
declarou ter lhe presenteado com um terno e financiado uma viagem de seu
filho Yair ao exterior.
A polícia, no entanto, acredita que o valor dos presentes de Lauder é
maior do que admite e investiga se foram dados com expectativas de
receber algo em troca.
Enquanto isso, o deputado David Amsalem impulsiona uma iniciativa para
proibir a investigação de chefes do governo em serviço, que recebeu o
apoio do chefe da coalizão governamental, o deputado David Bitan, e da
ministra da Justiça, Ayelet Shaked.
Yair Lapid, líder do partido opositor Yesh Atid (que segundo as últimas
pesquisas supera o Likud em intenções de voto), advertiu que "se dois
primeiros-ministros seguidos caírem por corrupção, será muito difícil
restaurar a fé da população no governo".
Além disso, afirmou que, se a investigação se prolongar, Netanyahu terá
que renunciar, porque "não pode passar o tempo reunindo-se com seus
advogados ao invés de com os chefes do Mossad e do Shin Bet
(Inteligência), o chefe do Estado-Maior ou o ministro das Finanças",
informou o jornal "Yedioth Ahronoth".
Este jornal lembrou hoje as palavras de Netanyahu em 2008 em referência
às suspeitas de corrupção de Olmert: "Este primeiro-ministro está
afundado até o pescoço em investigações e não tem mandato moral para
decidir assuntos fundamentais para o Estado de Israel porque há
preocupações fundadas de que tomará decisões com base em seus próprios
interesses e sua sobrevivência política e não no interesse nacional".
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