quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Analistas duvidam que ataque israelense na Síria gere conflito aberto

Analistas israelenses acreditam que o suposto bombardeio israelense em território sírio, ocorrido na quarta-feira, não irá desencadear uma escalada de violência na fronteira norte de Israel, gerando um conflito aberto envolvendo as forças israelenses, sírias e da milícia xiita libanesa Hezbollah.
Os detalhes do ataque aéreo permanecem pouco claros. As autoridades sírias dizem que forças israelenses atingiram um centro de pesquisa militar perto da capital, Damasco, enquanto que diplomatas dizem que o alvo foi um comboio com armas que seriam entregues à milícia libanesa. Por sua vez, o governo israelense não admite nem nega que o ataque tenha acontecido.
Para o analista do canal 1 da TV israelense Oded Granot, tanto a Síria como a milícia xiita estão enfraquecidas neste momento e não têm interesse em realizar uma represália ou em confronto aberto com Israel.
Por outro lado, a tradicional "política de ambiguidade" adotada por Israel, que explicaria o fato de o país não admitir o ataque, "possibilita que a Síria e o Hezbollah não reajam, evitando assim uma guerra aberta", afirmou Granot. "Se Israel admitisse o ataque, isso os obrigaria a reagir".

Debate

O especialista em Oriente Médio Guy Bechor disse à radio estatal de Israel, Kol Israel, que considera tal ataque em território sírio um "absurdo".
"Israel não deve interferir na guerra civil na Síria", afirmou. "Um ataque contra alvos do governo sírio seria interpretado como ajuda à oposição."
Já para o ex-ministro da Defesa Binyamin Ben Eliezer, do Partido Trabalhista, o suposto bombardeio, que teria como alvo um comboio com mísseis antiaéreos SA-17, seria uma medida "adequada", pois esses mísseis poderiam limitar a liberdade de ação da Força Aérea israelense no Líbano, caso caíssem nas mãos do Hezbollah.
Para Ron Ben Ishai, analista militar do portal de noticias Ynet, o governo sírio está "mentindo" ao afirmar que o alvo do bombardeio teria sido uma centro de pesquisas próximo a Damasco.
De acordo com Ben Ishai, a Síria teria interesse em encobrir o fato de que, em vista da desintegração do Estado em consequência da guerra civil, estaria transferindo seu arsenal para o Hezbollah.

Rússia

O analista afirma que os mísseis do tipo SA-17, produzidos pela Rússia, que teriam sido o principal alvo do ataque, são mísseis especialmente avançados, com capacidade de derrubar aviões da Força Aérea israelense.
Os mísseis foram fornecidos pela Rússia ao governo sírio com a condição de que não seriam desviados para terceiros, incluindo o Hezbollah.
Ao admitir um ataque a um comboio com esse tipo de mísseis, a Síria estaria confirmando uma violação do acordo com a Rússia, que é uma fonte de apoio importante para o regime de Bashar al-Assad.
A Rússia declarou que, se o ataque israelense se confirmar, trata-se de uma violação à lei internacional, pois teria sido realizado "sem provocação alguma".
Apesar das estimativas dos analistas de que tal ataque em território sírio não irá gerar um confronto maior, a população nessa região vive dias de tensão.
Nas últimas 24 horas dobrou o número de civis que recorrem aos centros de distribuição de máscaras de gás. Essas máscaras seriam necessárias caso a Síria decidisse atacar Israel com armas químicas.
Além disso, o Exército israelense deslocou duas baterias de um sistema antimísseis para a fronteira norte.

Santa Maria: Há 71 pacientes em estado crítico, diz ministro

Ainda há 127 pessoas hospitalizadas por conta da tragédia em Santa Maria (RS), sendo 71 delas respirando com a ajuda de aparelhos e em estado crítico, disse nesta quinta-feira em entrevista coletiva o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
O atendimento a essas pessoas é a principal preocupação, seguido dos cuidados psicológicos dos parentes das 235 vítimas fatais do incêndio na boate Kiss, na madrugada de domingo.
Segundo Padilha, serão feitas videoconferências diárias com equipes de especialistas para discutir o estado dos pacientes internados.

Venezuela veta pirotecnia em casas noturnas após tragédia no Brasil

A Venezuela vai proibir artefatos de pirotecnia em casas noturnas, para prevenir tragédias como a ocorrida em Santa Maria (RS), informou nesta quinta-feira o ministro do Interior, Néstor Reverol.
Em entrevista à rádio Unión, Reverol afirmou que a resolução está sendo elaborada nesta quinta, será enviada na sexta ao Conselho de Ministros e publicada no sábado.
Ele também anunciou, segundo a agência Efe, que as casas noturnas venezuelanas serão inspecionadas a partir de fevereiro, "para que se adequem às normas".

Punição a responsáveis por tragédia deve demorar anos, dizem advogados

A punição aos responsáveis pela tragédia em Santa Maria, que deixou mais de 230 mortos, deve levar anos devido à quantidade de atores envolvidos no processo e à lentidão da Justiça brasileira, de acordo com especialistas ouvidos pela BBC Brasil.
Eles alertam que, por mais que o inquérito da polícia e a apresentação da denúncia pelo Ministério Público (MP) sejam concluídos rapidamente, o julgamento pode ser longo por causa da complexidade do caso.
Segundo os especialistas, apesar de a casa noturna ser a principal cena de investigação policial, há muitos elementos que ainda precisam ser esclarecidos, como a participação de cada um dos envolvidos no incêndio e na subsequente morte dos jovens.
"Ainda é preciso definir quais foram os papéis de cada um dos atores. Houve negligência dos donos da casa noturna? Os seguranças impediram a saída do público? Por que um integrante da banda acendeu um sinalizador? Isso foi a causa do incêndio?", enumera Carlos Ari Sundfeld, professor de Direito da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
"É claro que as provas e os indícios constarão no inquérito policial e na denúncia do MP. Mas há muitos atores envolvidos. O recolhimento das evidências não pode ser feito de maneira açodada, pois, do contrário, o juiz pode requerer revisão do processo, o que atrasaria o julgamento", acrescenta.

Recursos

Na avaliação dos especialistas, também será preciso discutir o tipo de crime cometido pelos envolvidos na tragédia: se os acusados tiveram ou não intenção de matar.
Além disso, mesmo depois de julgados em primeira instância, os acusados poderiam recorrer da condenação - dependendo do caso, em liberdade - em tribunais superiores, por meio da interposição de recursos.
"A legislação brasileira é ultrapassada e acaba por reforçar a cultura de irresponsabilidade, que, no fim das contas, acaba por gerar a sensação de impunidade no país", afirma Odete Medauar, professora de Direito da Universidade de São Paulo (USP).
"Ou seja, trata-se daquela velha sensação de que ninguém no Brasil é punido", acrescenta.

Prisão temporária e preventiva

Segundo a polícia de Santa Maria, quatro envolvidos na tragédia permanecem presos temporariamente.
A prisão temporária deles foi decretada na última segunda-feira e durará cinco dias, podendo ser prorrogada por igual período.
Especialistas afirmam que, se necessário, depois desse tempo, a prisão preventiva dos suspeitos pode ser decretada.
"Porém, isso tende a ser pouco provável, uma vez que ela só é pedida em casos excepcionais, como, por exemplo, se há ameaça de fuga ou se há risco à população", afirma Sundfeld.
Segundo os especialistas, as responsabilidades dos acusados podem variar nas esferas cível (indenizações), penal (crimes) e administrativa (processo disciplinar).
Na última terça-feira, em uma entrevista coletiva, o delegado Marcelo Arigony, responsável pelo caso, e o promotor Cesar Augusto Carlan disseram que agentes públicos poderiam ser responsabilizados pela tragédia na boate Kiss.
Assim, além dos donos da casa noturna e dos integrantes da banda que acenderam o sinalizador, que teria provocado o incêndio, a Prefeitura e o Corpo de Bombeiros também poderiam ser responsabilizados pela tragédia.
"Eles poderiam ser considerados corresponsáveis pelo crime, uma vez que a lei determina os deveres do ofício", diz o jurista Roberto Delmanto Júnior.

Penas

"Por mais que o processo seja demorado, acredito que não deva haver "pano quente" nessa história, devido à quantidade de mortes, sobretudo de jovens"
Odete Medauar, professora de Direito da USP
A definição das penas dependerá do entendimento do Judiciário. Segundo o advogado criminalista Carlos Kauffmann, se o juiz entender que houve homicídio culposo (quando não há intenção de matar), as penas podem variar de um a até três anos de prisão.
"Nesse caso, as penas devem ser convertidas em prestação de serviços à comunidade", afirma Kauffmann.
Por outro lado, para o criminalista, o Ministério Público pode entender que o incêndio foi causado por dolo eventual, quando o acusado, apesar de não ter a intenção de matar, assume concretamente o risco do resultado.
"Nessa hipótese, que, apesar de ser menos provável, parece ser a adotada pelo MP, uma vez que houve prisão temporária, o caso poderia ir a um tribunal do júri e demoraria mais tempo. As penas variariam de seis a 20 anos de prisão, dependendo da qualificadora", acrescenta Kauffmann.
Para parte dos especialistas ouvidos, no entanto, a pressão popular e a repercussão negativa do caso para o Brasil podem contribuir para que o episódio não caia no "esquecimento".
"Por mais que o processo seja demorado, acredito que não deva haver 'pano quente' nessa história, devido à quantidade de mortes, sobretudo de jovens", conclui Medauar, da USP.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Países adotam regras rigorosas de segurança em boates

A morte de 235 pessoas em uma casa noturna na cidade gaúcha de Santa Maria, em um dos piores incêndios da história do país, gerou um debate sobre as normas de segurança nesses locais.
Em cada país vigoram regras bastante diferentes sobre como deve ser garantida a segurança de boates, que em geral é fiscalizada pelas autoridades em nível local.
Em alguns locais, o rigor com as normas impressiona. É o caso de Israel, onde a emissão de um alvará de funcionamento depende do parecer positivo de cinco diferentes órgãos, entre eles a polícia e os Ministérios da Saúde e do Meio Ambiente.
Leia abaixo exemplos de como são as regras em vários países.
Em Israel, o órgão que emite o alvará para boates é a prefeitura, porém a emissão depende da autorização de mais quatro instituições – a polícia, o Corpo de Bombeiros, o Ministério da Saúde e o Ministério do Meio Ambiente. Sem as autorizações de todos esses órgãos, o estabelecimento não poderá funcionar legalmente.
De acordo com a legislação em Israel, um local com capacidade para 2 mil pessoas (a Kiss tinha capacidade para cerca de 700) deveria ter pelo menos três saídas de emergência, de 2,20m de largura cada.
O engenheiro-chefe da empresa Rashgad, Rami Shemesh, que já fez centenas de projetos de boates e clubes em Israel, disse à BBC Brasil que os padrões de segurança para lugares públicos no país são muito rígidos.
As casas noturnas também são obrigadas a ter dois sistemas "essenciais" – um sistema de circulação de ar e ventilação, com pelo menos dois mecanismos para retirar o ar rarefeito e outros dois para introduzir ar de fora, e outro de esguichos, que deve cobrir toda a área.
A utilização de materiais inflamáveis como espuma é expressamente proibida. Todos os materiais utilizados na construção devem ser não inflamáveis.
Shemesh também mencionou um sistema utilizado em Israel para impedir que pessoas saiam sem pagar, que pode ser imediatamente acionado em casos de emergência. O sistema consiste de portas fechadas por um mecanismo magnético, e que podem ser abertas por um contrôle eletronico.
A polícia exige uma vistoria anual assinada por profissionais para renovar a permissão de funcionamento dos estabelecimentos. Todos os órgãos relevantes – prefeitura, polícia, ministérios da Saúde e do Meio Ambiente – fazem fiscalização constante com visitas surpresa de seus próprios agentes.

Taxistas e coveiros buscam ajuda psicológica em Santa Maria

Desde as primeiras horas após o incêndio que matou 235 pessoas em uma boate de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, psicólogos vêm fazendo um trabalho de acompanhamento das famílias e amigos das vítimas.
Mas não são apenas aqueles diretamente atingidos pelo desastre que necessitam de assistência. Nos últimos dias, pessoas que de alguma forma tiveram contato com a tragédia na cidade, como taxistas e coveiros, também procuraram o serviço de auxílio do núcleo psicológico de emergência criado após o incidente.
Com uma equipe de 130 pessoas, o serviço vem funcionando 24 horas por dia para atender à demanda de pacientes. Além disso, os especialistas têm visitado casas de familiares, hospitais e acompanhado os enterros e velórios dos mortos no incêndio da boate Kiss.
"Nem todas as pessoas precisam de atendimento de saúde mental. Algumas têm suas redes sociais, suas redes psíquicas, redes religiosas que resolvem. Quase 70% das pessoas poderão resolver isso em suas redes afetivas", afirmou Maria de Fátima Fischer, psicóloga e representante do Estado do Rio Grande do Sul no núcleo, à BBC Brasil.
"Agora, pouco mais de 20% das pessoas envolvidas diretamente, indiretamente ou mesmo que não tiveram relação com o evento, precisarão de algum cuidado. Já entre 1% e 3% das pessoas podem desenvolver casos graves de saúde mental", acrescentou a psicóloga.
Ela conta que, além de atender aos parentes e amigos das vítimas, o programa vem auxiliando bombeiros e policiais que atuaram no resgate, médicos, coveiros responsáveis pelos enterros e até taxistas.
"Eles estão fazendo o trabalho deles e têm que aguentar essa barra. Eles têm que ouvir muitas coisas, alguns perderam parentes", disse Maria de Fátima, que afirmou que o grupo está em contato com associações de taxistas para oferecer auxílio. Professores universitários que perderam seus alunos também serão orientados pelo programa.

Luto

A equipe de atendimento vai funcionar 24 horas por dia durante todo o primeiro mês após o desastre, mas os trabalhos devem continuar por pelo menos seis meses. Segundo a psicóloga, há várias formas de luto após uma tragédia como a do último domingo.
"É esperado que as pessoas gritem, briguem, enlouqueçam nessa hora. As pessoas têm que não dormir ou não comer por um tempo até que a coisa possa ser melhor resolvida", diz.
Segundo ela, no entanto, outras pessoas atingidas podem desenvolver estados de luto que podem durar anos e que envolvem também uma depressão física, com distúrbios alimentares e de sono.
"Um mecanismo importante para outras é negar a morte, mas isso fica represado e vai aparecer em algum momento."
Para lidar com estas situações, as equipes desenvolveram estratégias para auxiliar familiares e amigos durante os enterros e velórios.
"É importante para a maioria das pessoas que elas vejam o corpo para que possam concretizar que aquilo aconteceu. Então, houve famílias que chegaram quando os caixões já estavam fechados, e nós abrimos. Algumas pessoas precisam viver isso, se não parece que aquilo não aconteceu."
A psicóloga afirma ainda que é necessário criar eventos na cidade que, de alguma forma, se coloquem "contrários" à tragédia. Ela cita como exemplo a marcha organizada na última segunda-feira em que milhares de pessoas vestidas de branco carregaram flores e cartazes com fotos das vítimas do incêndio.
"É uma resposta de solidariedade contra a solidão, as pessoas começam a sentir que a dor é compartilhada. Os símbolos de luto nas lojas e casas também ajudam neste sentido."

Morre primeiro ferido em incêndio em boate; mortos somam 235

A Secretaria Estadual de Saúde do Rio Grande do Sul confirmou na noite desta terça-feira a primeira morte entre os feridos pelo incêndio na boate Kiss, em Santa Maria, elevando o número oficial de mortos na tragédia para 235. Ainda há 121 pessoas internadas.
Segundo boletim divulgado pelo governo, trata-se de Gustavo Marques Gonçalves, de 21 anos, natural de Santa Maria, que estava internado na capital gaúcha.
Mais cedo, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, havia informado que dentre os feridos, 75 estavam em condilção grave, mas tinha ressaltado como fato positivo ainda não ter sido registrada nenhuma morte, dada a gravidade da tragédia.
Segundo a Secretaria Estadual de Saúde gaúcha, ainda há 121 internados em decorrência dos ferimentos causados durante o incêndio.
Na região metropolitana de Porto Alegre há 58 pacientes transferidos de Santa Maria, sendo que três evoluíram bem durante esta terça-feira e já não precisam de respiração por ventilação mecânica.
Em Ijuí, há um paciente internado em UTI, mas sem necessidade de ventilação mecânica, e em Santa Marian há um total de 62, sendo 28 em UTI e 34 em enfermarias ou em observação.

Após tragédia, chefe de comissão defende lei federal para evitar manobra

Em resposta ao acidente que causou mais de 230 mortes em Santa Maria (RS) no domingo, o Congresso criou uma comissão que vai discutir a criação de leis federais para a prevenção de incêndios e concessão de alvarás em casas de espetáculos. Hoje, as legislações sobre os temas são atribuição de Estados e municípios, respectivamente.
Apontado como coordenador do grupo de congressistas, o deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) diz que, além de estabelecer parâmetros mínimos de segurança para o país, uma legislação federal sobre os temas coibiria manobras de organizadores de eventos para economizar gastos.
Segundo Pimenta, que nasceu em Santa Maria e foi vice-prefeito da cidade entre 2001 e 2002, alguns empresários levam em conta as regras locais para alvarás e prevenção de incêndios antes de definir onde organizar eventos.
"Temos vários relatos de que algumas cidades oferecem menos exigências para atrair esses empreendimentos", diz o deputado. "Isso acaba criando um mercado em que prefeituras são pressionadas a afrouxar as regras para não perder investimentos."
"Em cidades que não exigem sprinklers (esguichos no teto) para incêndios, por exemplo, fica mais barato construir uma casa de espetáculo."

Fiscalização

O deputado afirma ainda que as distintas legislações em Estados e municípios dificultam a fiscalização das atuais normas de segurança. Segundo Pimenta, por exemplo, no Rio Grande do Sul, cada unidade da Defesa Civil fiscaliza entre 40 e 50 municípios.
Políticos do Executivo também têm anunciado medidas para prevenir novas tragédias como a de Santa Maria.
Em encontro com 5 mil prefeitos na segunda-feira, a presidente Dilma Rousseff pediu maior rigor com a fiscalização das normas de segurança pelo país.
"Tenho a convicção de que o que aconteceu ontem em Santa Maria vai servir de exemplo para que todos os festores do país tomem procidências adequadas", disse a presidente. "Eu vou cumprir meu papel para que normas de segurança sejam observadas com todo o rigor."
Prefeitos de ao menos cinco capitais (Manaus, Salvador, Curitiba, Porto Alegre e Cuiabá) já determinaram ações para reforçar a segurança de estabelecimentos comerciais. Os governos de São Paulo, Distrito Federal e Sergipe também disseram que vão intensificar operações de vistoria.

Sinalizadores

O incêndio na casa noturna Kiss, em Santa Maria, começou na madrugada de domingo durante a apresentação de uma banda que usava sinalizadores para um show pirotécnico.
Segundo relatos de testemunhas, faíscas atingiram a espuma do isolamento acústico no teto da casa noturna, desencadeando o incêndio.
Quatro pessoas foram presas após a tragédia: o dono da Kiss, seu sócio e dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira, que se apresentava na casa noturna.

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Países reagiram a incêndios com indenizações e novas regras

Longe de ser um caso único, a tragédia da boate Kiss entrou para uma lista de incêndios que deixaram dezenas de vítimas em casas noturnas em diversos cantos do globo.
Em Santa Maria, a polícia e as autoridades estão começando a investigar os responsáveis pelo incidente e há quem defenda a adoção de novas regras para garantir a segurança de eventos que reúnam uma grande quantidade de pessoas - questão que ganha urgência em meio aos preparativos para a Copa de 2014 e Olimpíadas de 2016.
Na Argentina e Rússia, incêndios semelhantes levaram a uma fiscalização mais rígida e ao fechamento de dezenas de estabelecimentos irregulares.
Em muitos países, donos das casas noturnas terminaram sendo condenados e presos.
E nos EUA até uma marca de cerveja que promovia um show que terminou em tragédia teve de pagar indenizações às vítimas.
Abaixo, a BBC Brasil faz uma lista do que outros países fizeram quando confrontados com incidentes semelhantes:

2004: Argentina

Depois que um incêndio matou 194 pessoas durante um show da banda de rock Callejeros, na boate República Cromañón, foram adotadas uma série de medidas, batizadas de "Efeito Cromañón".
Novas regras de segurança foram aprovadas e várias casas noturnas foram interditadas no país.
Das quase duzentas boates de Buenos Aires, por exemplo, somente 61 atendiam às novas exigências de segurança.
As novas diretrizes incluíam mais sinalização interna nas discotecas e menos tolerância sobre o limite de público para cada local.
Além disso, o prefeito de Buenos Aires na época, Aníbal Ibarra, acabou sofrendo um impeachment em 2006, acusado de não impor uma fiscalização de segurança mais rígida.
E após anos de julgamento, o dono da boate, Omar Chabán, foi condenado a 10 anos e oito meses de prisão. Ele foi preso em 2012, com outros 13 envolvidos no incidente, entre eles músicos da Callereros.

2003: Estados Unidos

Fogos de artifício usados no show da banda Great White na casa noturna The Station, desataram um incêndio que deixou cem mortos em Rhode Island, nos EUA.
Depois do incidente, investigações confirmaram uma série de problemas que agravaram suas consequências: uma das saídas de emergência do local estava com defeito e a outra, obstruída por uma parede de espuma.
Como consequência, um dos coproprietários da casa, Michael Derderian e o gerente da banda, Daniel Biechele, receberam penas de prisão de 15 anos. Mas por terem admitido sua responsabilidade no incidente e terem bom comportamento acabaram cumprindo entre dois e três anos.
Além disso, os familiares e as vítimas receberam compensações de US$ 175 milhões (cerca de R$ 355 milhões) ao processarem desde as companhias responsáveis pelos produtos químicos e materiais de construção usados no local, até a fabricante de cerveja que promoveu o show.
A segurança nas casas noturnas foi incrementada após o incidente. Entre as principais medidas introduzidas está o requerimento de borrifadores automáticos de água (sprinklers) em locais com capacidade para mais de cem pessoas, sendo que essa exigência vale para imóveis novos mesmo com capacidade inferior.
O uso de isolamento acústico inflamável ou tóxico foi proibido e pelo menos um funcionário das casas tem que ter treinamento para atuar em situações de emergências, dirigindo os clientes para as saídas, por exemplo, na proporção de um funcionário para cada 250 pessoas. (Antes do incêndio na The Station, o requerimento era um funcionário para cada 500 pessoas).
Além disso, há regras mínimas que regem as saídas de emergências: deve haver no mínimo duas portas para cada casa noturna. Mas as casas com capacidade para 500 a mil pessoas devem ter no mínimo três. A partir de mil espectadores, os locais precisam ter quatro portas.
O cálculo para a largura das portas leva em conta o tempo necessário para a evacuação dos presentes com segurança. A lógica é que as entradas principais permitam a saída de pelo menos dois terços da clientela rapidamente. Entram no cálculo a existência ou não de degraus, a distância a ser percorrida, a largura das saídas e o fluxo de pessoas.

2009: Tailândia

Depois que um incêndio causado por fogos de artifício deixou 66 mortos na noite de Ano Novo no Santika Club, na Tailândia, o dono da boate, Wisuk Sejsawat, e Boonchu Laosrinak, responsável pelos shows pirotécnicos, foram condenados a três anos de prisão.
A conclusão das investigações foi que a infraestrutura do local era insuficiente para receber eventos com centenas de pessoas. O Santika Club não tinha licença para operar como casa noturna e tinha só uma saída, o que dificultou que as vítimas deixassem o local.
Os empresários responsáveis pela festa foram obrigados a pagar indenizações milionárias.
Por fim, foram introduzidas novas regras de segurança pelas quais materiais inflamáveis não podem cobrir mais de 30% da superfície dos edifícios e a ocupação máxima de boates ou bares deve ser de uma pessoa por metro quadrado.

2009: Rússia

Logo depois do incêndio que deixou 156 mortos na boate Lame Horse Club, em Perm, foram iniciadas investigações criminais sobre os erros que agravaram a tragédia - por exemplo, uma saída de emergência atrás do palco não estava sinalizada.
O incidente levou à proibição de fogos de artifício em muitas festas de Ano Novo e Natal nos anos seguintes e as regulações de segurança para eventos que reúnem uma grande quantidade de pessoas foram revistas, com a proibição, por exemplo, da instalação de grades nas janelas.
Uma fiscalização mais rígida levou ao fechamento de mais de 50 casas noturnas e cafés e outras centenas de estabelecimentos foram advertidos.
A investigação também levou à descoberta de uma série de irregularidades na liberação da licença para a boate operar. Por isso, o prefeito da cidade Arkady Katsa renunciou, embora a renúncia tenha sido comutada por uma suspensão de um mês.
Entre os que foram processados pela tragédia estão os empresários ligados ao Lame Horse e o responsável pela fiscalização dos estabelecimentos comerciais da cidade.
Um dos sócios foi condenado a seis anos e meio de prisão. Os outros casos continuam na Justiça.
*Colaborou Pablo Uchôa, da BBC Brasil em Washington, e Marcia Carmo, de Buenos Aires.

Soldado amputado dos EUA recebe duplo transplante de braços

Brendan Marrocco, um soldado dos Estados Unidos que perdeu os quatro membros na Guerra do Iraque, recebeu um raro duplo transplante de braços.
Marrocco, de 26 anos, foi ferido por uma bomba em uma estrada no Iraque, em 2009.
A cirurgia durou 13 horas e foi realizada no Johns Hopkins Hospital, da cidade americana de Baltimore, nos Estados Unidos, em 18 de dezembro do ano passado.
Mas os detalhes só vieram à tona nesta terça-feira, durante uma entrevista coletiva realizada pela equipe cirúrgica.
Marocco foi o primeiro soldado americano a receber um duplo transplante de membros e a sétima pessoa nos Estados Unidos a ser submetido a este tipo de cirurgia no país.
Ao ser operado, Marrocco recebeu também um transplante de medula óssea do mesmo doador dos novos braços.

Rejeição

O procedimento se deu para auxiliar seu corpo a aceitar os novos membros e diminuir as chances de rejeição, reduzindo também, assim, a necessidade de tomar medicamentos - com fortes efeitos colaterais - para auxiliar na aceitação de órgãos.
A complexa operação envolveu mesclar músculos, ossos, vasos sanguíneos, pele e nervos do soldado e do seu doador, por vezes com o auxílio de um microscópio.
Segundo Andrew Lee, o médico que chefiou a equipe cirúrgica, pesquisas sugerem que, a despeito da enorme complexidade desse tipo de cirurgia, transplantes de órgãos tendem a ser mais bem-sucedidas entre pacientes mais jovens, na faixa dos 20 aos 30 anos, do que o implante de sofisticadas próteses - que, em muitos casos, acabam sendo descartadas mais tarde.
O militar foi o primeiro soldado entre os que combateram no Iraque e no Afeganistão a ter sobrevivido após perder quatro membros.
As Forças Armadas americanas estão financiando cirurgias como a realizada em Marrocco para auxiliar militares feridos em combate. Cerca de 300 militares americanos perderam braços ou mãos em conflitos recentes.
Em sua página de Facebook, ele se define como um ''guerreiro ferido...muito ferido'', mas o militar comenta que não se arrepende nem um pouco de ter combatido no Iraque.
Em sua conta de Twitter, Marrocco comentou que seus novos braços ''já estão se mexendo um pouquinho''.

General egípcio alerta sobre colapso do Estado

O chefe do Exército egípcio disse que o conflito político no país pode levar ao colapso do Estado e ameaçar as gerações futuras.
O general Abdel Fattah Al-Sisi fez o alerta em um longo comunicado publicado na página do Exército no Facebook, depois que milhares de pessoas desafiaram um toque de recolher ordenado pela presidência e protestaram durante três dias, ao longo do Canal de Suez.
Mais de 50 pessoas foram mortas em diversos dias de conflitos.
A correspondente da BBC no Cairo, Yolande Knell, diz que a intervenção do general Al-Sisi parece ser uma ameaça velada às forças de oposição, mas também um apelo por calma e uma tentativa de assegurar os egípcios sobre o papel dos militares.

Sem saber, agricultor ajudou no resgate do irmão em Santa Maria

O agricultor Jovani Rosso, de 26 anos, estava próximo ao palco quando foram acesos os sinalizadores que acabariam por incendiar a boate Kiss, no centro de Santa Maria, Rio Grande do Sul, matando pelo menos 231 pessoas na madrugada do último domingo.
Assim que o fogo começou, iniciou-se um grande tumulto de pessoas tentando sair da casa noturna. Rosso estava entre aqueles que conseguiram escapar da boate sem maiores ferimentos. Mas ele logo perceberia que o desastre tinha proporções maiores.
"Eu vi que tinha um monte de gente lá dentro, e chegou um momento em que o pessoal parou de sair", disse Rosso à BBC Brasil.
Morador da cidade de Manoel Viana, a cerca de 180 km de Santa Maria, ele havia ido com um grupo de sete amigos para a boate. Entre eles estava seu irmão Delvani Rosso, de 20 anos.
Quando percebeu que muitos não estavam conseguindo deixar a casa noturna em chamas, Rosso, assim como outros frequentadores que estavam lá no momento, decidiu entrar para ajudar. Colocou a camisa no rosto para tentar se proteger da espessa fumaça produzida pela combustão do isolamento acústico da boate e passou a retirar o máximo de pessoas que podia.
"Havia muita fumaça. Eu entrava até o meu limite, uns 30, 40 metros no máximo e ia puxando as pessoas para fora. Elas estava todas deitadas, nenhuma se mexia, algumas estavam pretas, queimadas", disse.
"Eu só pensava em salvar as pessoas, o máximo que eu pudesse, nem me importei muito com o resto."
"Eu só pensava em salvar as pessoas, o máximo que eu pudesse, nem me importei muito com o resto."
Jovani Rosso
A fumaça impedia que ele conseguisse ver quem ele estava resgatando.
Pouco depois, ele teria uma surpresa: em vídeos gravados pelos populares e publicados na internet, viu que seu irmão e alguns amigos estavam entre as pessoas puxadas da boate por ele e outras pessoas.
"Os bombeiros ainda não estavam entrando. Eu puxava as pessoas e levava até eles do lado de fora", disse Rosso, que pegou uma lanterna emprestada de policiais para conseguir enxergar melhor o interior da casa. No total, Jovani perdeu quatro amigos no incêndio.

Interior

A família de Rosso agora enfrenta agora um novo drama. Delvani Rosso está com queimaduras em cerca de 70% do corpo e problemas pulmonares.
Internado no Centro de Tratamento Intensivo do Hospital de Caridade, em Santa Maria, até a manhã desta terça-feira ele aguardava transferência para Porto Alegre, o que só acontecerá quando seu quadro se estabilizar.
"A situação dele é muito crítica. Ele está sendo medicado para ver se reage para podermos transportá-lo para Porto Alegre", diz José Luiz Rosso, pai de Jovani e Delvani.
Enquanto a polícia investiga as circunstâncias do incêndio, José Luiz critica o fato de o local estar funcionando com um alvará vencido e pede maior segurança para casas do tipo.
"Entram os jovens para se divertir, e acaba em uma tragédia com 231 corpos. Eu peço que os prefeitos façam o dever deles, tem que haver regras para boates. Enquanto não estiver em dia não pode funcionar."
Claramente abalado, Jovani Rosso diz não ter parado para pensar em como será sua vida após o desastre. "Mas vai ser diferente, depois de todos os amigos que perdi e com o risco de perder meu irmão."

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Dono da boate Kiss é preso em Santa Maria

Um dos donos da boate Kiss, em Santa Maria foi preso na manhã desta segunda-feira após o incêndio que deixou 231 mortos. Outras 121 pessoas continuam hospitalizadas.
O vocalista e um dos seguranças da banda que tocava na boate no momento do incêndio também foram detidos.
De acordo com a polícia local, a prisão provisória dos três homens foi decretada por pelo menos cinco dias.
O incêndio ocorreu após uma exibição com fogos de artifício durante um show na casa noturna durante uma festa de universitários.

Rainha da Holanda abdica o trono em favor do filho

A Rainha Beatrix da Holanda abdicou o trono nesta segunda-feira em favor do filho mais velho, o príncipe Willem-Alexander, primeiro da linha de sucessão na monarquia holandesa.
Em anúncio em rede nacional de televisão, a monarca disse que Willem-Alexander se tornará rei a partir da próxima quarta-feira, dia 30 de janeiro.
Beatrix, que celebrará seu 75º nesta semana, esteve à frente da família real holandesa por 30 anos, desde 1980.
No ano passado, ela enfrentou uma tragédia pessoal após seu filho meio, o príncipe Johan Friso, ter sido atingido por uma avalanche durante um período de férias na Áustria. Ele está em coma desde então.

Segundo dono da boate Kiss se apresenta à polícia

O segundo dono da boate Kiss, em Santa Maria (RS), se apresentou à polícia na tarde desta segunda-feira, segundo informações da polícia.
A delegada Vanesa Pitrez, da Polícia Civil do Rio Grande do Sul, confirmou que uma quarta pessoa contra quem pesa um pedido de prisão temporária relacionado ao incêndio do último domingo estaria agora prestando depoimento.
Embora a polícia não esteja divulgando os nomes dos detidos, a delegada confirmou que se trata de um dos donos da casa noturna.
Ao todo, incluindo ele, quatro pessoas estão presas como parte das investigações do incidente.
Três homens foram presos na manhã desta segunda-feira - um dos donos da boate Kiss, o vocalista da banda Gurizada Fandangueira e um dos responsáveis pela segurança da banda.
Esse foi o primeiro desdobramento legal da tragédia que aconteceu na madrugada de domingo, durante uma festa de universitários.
De acordo com as autoridades, nenhum dos três homens detidos estava em Santa Maria. Um deles estava em um hospital na cidade de Cruz Alta (a 132 km de Porto Alegre), onde permanece mesmo após a ordem de prisão, e os outros dois estavam na cidade de Mata, a 82 km da capital gaúcha.
Os homens devem ficar presos por cerca de cinco dias para colaborarem com as investigações sobre o incidente.

O mapa da boate Kiss e o fluxo de pessoas na madrugada de domingo

Redes sociais

Em entrevista coletiva, o chefe da polícia civil, Ranolfo Vieira Júnior, afirmou que a perícia na casa noturna ainda está sendo feita e que não foram encontradas imagens do circuito interno de TV.
A polícia também anunciou estar fazendo uma "varredura" nas redes sociais para falar com pessoas que estavam na festa no momento do incêndio.
Essas pessoas deverão ser contatadas para colaborar com o inquérito.
Questões sobre a propriedade da boate Kiss também estão sendo levantadas pela investigação policial. Segundo as autoridades, duas mulheres parecem ser as verdadeiras proprietárias do local, e não os dois homens conhecidos como donos.
O cumprimento de normas de segurança, como o tamanho das saídas de incêndio da boate, também está sendo analisado.

Dono de boate Kiss e membros de banda são presos

Três homens foram presos na manhã desta segunda-feira em conexão com o incêndio que deixou 231 mortos em Santa Maria, no Rio Grande do Sul.
É o primeiro desdobramento legal da tragédia que aconteceu na madrugada de domingo, durante uma festa de universitários.
Fontes da polícia confirmam que os homens são um dos donos da boate Kiss, o vocalista da banda Gurizada Fandangueira e um dos responsáveis pela segurança da banda.
A prisão temporária de quatro pessoas foi pedida à Justiça na noite de domingo pela delegada Luiza Santos Souza.
O delegado Marcos Viana, da 1ª delegacia de polícia de Santa Maria, disse que os pedidos de prisão foram decretados em razão de boatos de que os homens poderiam deixar a cidade sem prestar depoimentos à polícia.
De acordo com as autoridades, nenhum dos três homens detidos estava em Santa Maria. Um deles estava em um hospital na cidade de Cruz Alta (a 132 km de Porto Alegre), onde permanece mesmo após a ordem de prisão, e os outros dois estavam na cidade de Mata, a 82 km da capital gaúcha.
O advogado da quarta pessoa, ainda não confirmada oficialmente como o outro dono da casa noturna, anunciou que ela deve se apresentar ainda hoje às autoridades.
Os homens devem ficar presos por cerca de cinco dias, para colaborarem com as investigações sobre o incidente.

Redes sociais

Em entrevista coletiva, o chefe da polícia civil, Ranolfo Vieira Júnior, afirmou que a perícia na casa noturna ainda está sendo feita e que não foram encontradas imagens do circuito interno de TV.
A polícia também anunciou estar fazendo uma "varredura" nas redes sociais para falar com pessoas que estavam na festa no momento do incêndio.
Essas pessoas deverão ser contactadas para colaborar com o inquérito.
Questões sobre a propriedade da boate Kiss também estão sendo levantadas pela investigação policial. Segundo as autoridades, duas mulheres parecem ser as verdadeiras proprietárias do local, e não os dois homens conhecidos como donos.
O cumprimento de normas de segurança, como o tamanho das saídas de incêndio da boate, também está sendo analisado.

Nos EUA, incêndio fatal em boate levou a prisões e indenizações

Há exatos dez anos, um incêndio em uma casa noturna da cidade de West Warwick, no Estado americano de Rhode Island, deixava cem mortos e um país inteiro estarrecido.
Prisões, indenizações milionárias e uma década não conseguiram, entretanto, trazer o tão esperado desfecho para muitos dos sobreviventes e parentes de vítimas fatais do incêndio na boate The Station, cujas circunstâncias já estão levando a associações com a tragédia de Santa Maria, no Rio Grande do Sul.
"Nossos pensamentos estão com as vítimas dessa tragédia no Brasil. Esse é um pesadelo que ainda vai ficar pior antes de a poeira começar a baixar", disse à BBC Brasil uma das sobreviventes do incêndio de Rhode Island, Gina Russo, que atendeu à ligação da reportagem como quem já esperasse um contato.
"Daqui a muitos anos as pessoas ainda vão estar lutando para entender o que aconteceu. Fico de coração partido por cada uma delas, porque sei o que elas estão passando."
No dia 20 de fevereiro de 2003, Gina era uma das centenas de pessoas que assistiam ao show da banda The Great White, quando fogos de artifício que faziam parte do espetáculo acidentalmente iniciaram o fogo na boate da cidade localizada a uma hora de Boston.
Gina Russo | Foto: Arquivo Pessoal
Sobrevivente da tragédia nos EUA, Gina Russo diz que pesadelo só piora conforme o tempo passa
As chamas se espalharam com o revestimento acústico da casa, uma espuma de material químico altamente inflamável, que não apenas gerava fumaça tóxica ao queimar, como pingava do teto, queimando a pele do público.
As investigações posteriores mostraram que a casa estava superlotada e que não possuía saídas de emergência adequadas. Várias pessoas foram pisoteadas ao tentar deixar o local, o que apenas piorou a obstrução das portas.
Gina conseguiu escapar, mas teve 40% do corpo queimado. Já passou por 54 cirurgias. Conhece pessoas que já passaram por mais de cem operações, que ficaram cegas, que tiveram queimaduras pelo corpo inteiro.
Ou simplesmente que não escaparam. Como seu noivo à época, Fred Crisostomi.

Prisões e indenizações

Em número de mortes, o incidente foi o quarto incêndio em uma casa noturna mais destruidor da história americana, de acordo com a Associação Nacional de Proteção contra Incêndios (NFPA, na sigla em inglês) dos Estados Unidos.
O clamor público gerado em toda a região da Nova Inglaterra, no leste do país, levou a uma mudança nas leis que exigem que os locais de agremiação pública instalem borrifadores de água (sprinklers) para casos de emergência (erroneamente, a The Station havia sido isenta de instalá-los, com base na idade do prédio).
Os co-proprietários da casa, os irmãos Michael and Jeffrey Derderian, e o gerente da banda, Daniel Biechele, foram a julgamento.
Michael e Daniel receberam penas de prisão de 15 anos, mas através de uma combinação de acordos para reconhecer a responsabilidade e bom comportamento, só cumpriram entre dois e três. Jeffrey foi condenado à prestação de serviço comunitário.
Além disso, os familiares e as vítimas conseguiram processar com sucesso várias empresas envolvidas no evento – desde as companhias responsáveis por produtos químicos e materiais de construção, até a fabricante de cerveja que estava promovendo o show.
Segundo o Providence Journal, jornal da capital de Rhode Island, as compensações somavam US$ 175 milhões (cerca de R$ 355 milhões) até 2010.
No fim do ano passado, a associação de vítimas do desastre, The Station Fire Memorial Foundation, presidida por Gina, conseguiu que fosse erguido um memorial no local para marcar o incidente.
Depois de muita pressão pública, o terreno foi doado pelos ex-proprietários para a Fundação, que pretende começar as obras em março ou abril próximos.
Gina diz que pretende construir algo "bonito" para tentar "trazer paz" aos sobreviventes e suas famílias.

Justiça

Mas apesar dos avanços, Gina ainda considera que o preço pago pelos responsáveis da tragédia foi pequeno.
"Muito mais gente deveria ter sido investigada: responsáveis pela fiscalização, os responsáveis pela fiscalização de incêndios, as autoridades que deram o aval para o uso de pirotecnias dentro da casa", disse ela à BBC Brasil. "Tudo isto ainda é motivo de muita dor entre os familiares."
Em um livro minucioso (The Killer Show, um trocadilho que se pode traduzir como "O Show Matador"), o advogado das vítimas, John Barylick, compara a tragédia da The Station com desastres como o do Titanic, em que os acontecimentos são uma sucessão de erros que ninguém conteve a tempo.
"Se a fiscalização tivesse feito o seu trabalho, se a casa tivesse empregados treinados para emergências, se não houvesse superlotação, se não tivessem feito uso de pirotecnicas ilegais dentro de um lugar fechado, se não tivessem usado nas paredes uma espuma inflamável que um analista chamou de ‘gasolina líquida’, se a casa tivesse saídas de emergências adequadas, poderia ter-se evitado o incêndio ou pelo menos tantas mortes", disse ele, em uma entrevista à rádio pública americana, NPR.
Gina diz que a tragédia mudou radicalmente a sua vida, e que pensa no ocorrido "todos os dias da minha vida".
Ela lamenta que incidentes como a que lhe afetaram pessoalmente não sejam ouvidos e que acidentes como as que marcaram também a Argentina, a Rússia, a China e agora o Brasil ainda ocorram apesar das lições da história.
"Dou várias palestras – será que alguém está escutando? Será que valeram a pena os últimos dez anos?", questiona. "Ninguém quer escutar, porque a coisa toda gira em torno do lucro."
"Tenho muita pena das pessoas que morreram (na tragédia de Santa Maria) e dos seus familiares. E para as pessoas que ficaram queimadas, rezo que tenham acesso aos melhores tratamentos de saúde, os melhores cuidados disponíveis."

O que poderia ter evitado a tragédia em Santa Maria?

Negligência, superlotação, falta de fiscalização, estrutura deficiente e uso de pirotecnia. Essas são algumas das hipóteses que, somadas, teriam contribuído para a tragédia da madrugada do último domingo na boate Kiss, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, na qual morreram pelo menos 231 pessoas.
Outras 106 continuam hospitalizadas, pelo menos 16 em estado grave.
Famosa por abrigar festas universitárias, a boate era ponto de encontro de estudantes e tinha capacidade máxima para 2 mil pessoas.
Este é o segundo incêndio mais fatal da história do Brasil. A pior tragédia deste tipo ocorreu em 1961 no Grande Circo Brasileiro, em Niterói, quando 503 pessoas perderam a vida.
A BBC Brasil conversou com especialistas que elencaram possíveis fatos que poderiam ter culminado na tragédia, a partir da análise de depoimentos de testemunhas e autoridades locais. Confira.
Fachada da boate Kiss / Reuters
Boate Kiss estava com alvará de funcionamento e plano de prevenção contra incêndio fora da validade
Um dos proprietários da boate Kiss confirmou, em depoimento à Polícia Civil, que o alvará de funcionamento da casa noturna estava vencido desde dezembro do ano passado.
Além disso, segundo o coronel nacional de Defesa Civil, Humberto Viana, o local funcionava também sem o Plano de Prevenção e Proteção contra Incêndio (PPCI), que havia expirado em agosto de 2012. Entretanto, o estabelecimento estava liberado para operar até nova perícia.
Emitido pela Prefeitura com base em pareceres dados por outros órgãos, o alvará é uma licença que autoriza que determinada atividade seja exercida em determinado local.
Já o PPCI, segundo definição da própria Brigada Militar do Rio Grande do Sul, é "um processo pelo qual todo o proprietário ou responsável por prédios com instalações comerciais, industriais, de diversões públicas e edifícios residenciais com mais de uma economia e mais de um pavimento deve possuir".
O documento é expedido pelo Corpo de Bombeiros a partir de uma inspeção. Na vistoria, o órgão verifica se o estabelecimento cumpre as normas vigentes de acordo com a atividade exercida no local, como a existência de extintores de incêndio e saídas e iluminação de emergência.
Especialistas ouvidos pela BBC Brasil consideram que, apesar de a casa noturna já ter obtido a permissão de funcionamento no passado, uma vez que os documentos são necessários para a abertura de qualquer estabelecimento comercial, a manutenção das atividades de um local com licenças vencidas aumenta o risco para os usuários.
"Houve relatos, por exemplo, de que os extintores não funcionaram. Em tragédias como essas, sempre há situações muito óbvias que acabam negligenciadas", afirmou à BBC Brasil Carlos Wengrover, engenheiro e coordenador do comitê brasileiro de segurança contra incêndio no Rio Grande do Sul.
"É preciso saber se a casa cumpriu à risca as normas determinadas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), como, por exemplo, a existência de iluminação de emergência", acrescenta Wengrover.

domingo, 27 de janeiro de 2013

Testemunhas em Santa Maria relatam cenas de desespero e mortes

Testemunhas da tragédia em Santa Maria (RS), onde um incêndio na madrugada de domingo deixou ao menos 231 mortos, relataram cenas de desespero e morte na casa noturna Kiss.
Abaixo, alguns de seus depoimentos, bem como o da presidente Dilma Rouseff, que está na cidade gaúcha para acompanhar os desdobramentos do episódio:

Sargento Artur Rigue, à BBC Brasil

"Nunca presenciei uma tragédia como essa em minha carreira", disse o sargento, que participou dos esforços de resgate após o incêndio na boate Kiss.
Ele contou que havia dezenas de corpos "empilhados" em diversas partes da boate. "Alguns estavam no banheiro. Eles morreram asfixiados."

Jenifer Rossi, estudante de odontologia, ao jornal 'Zero Hora'

A estudante disse ao diário gaúcho que comemorava seu aniversário de 19 anos na casa noturna quando percebeu o incêndio - provocado, segundo ela e outras testemunhas, por um sinalizador acendido por um integrante da banda que tocava no local.
"(A tragédia) fui muito rápida. Quando eu vi que a coisa estava feia, peguei uma amiga pelo braço e corri", conta. "Muitos conhecidos estão entre as vítimas. Não era o aniversário que eu tinha planejado."
Ela disse que a saída do local foi dificultada por este ter apenas uma porta de saída.

Murilo de Toledo Tiecher, estudante, no Facebook

Em mensagem em seu perfil no Facebook, o estudante diz que foi um dos "50 primeiros a sair" da casa noturna após o início do incêndio.
"No inicio do tumulto, tentaram segurar as portas com os seguranças e manter as pessoas ali pra que não saíssem da boate! Não sei se pensavam que era uma briga e nao queriam que saissem sem pagar! Só depois que a multidão derrubou os seguranças eh que viram a merda que fizeram", afirmou.
Ele confirmou as declarações ao jornal Zero Hora.

Michele Pereira, auxiliar de escritório, à Folha de S. Paulo

Michele disse que estava em frente ao palco da boate quando o incêndio começou e confirmou que o fogo começou com sinalizadores disparados pela banda. "Aí o teto começou a pegar fogo, estava bem fraquinho, mas em questão de segundos começou a se alastrar", contou.
Ela conseguiu sair da boate e viu "muita gente sendo pisoteada no desespero" para deixar o local.
"Foi terrível, cena de filme de horror! Corpos caídos pelo chão, muita gente desmaiada, chorando, tentando respirar porque a fumaça era muita", contou ao jornal.

Fernanda Bona, fotógrafa, à GloboNews

A fotógrafa diz que conseguiu deixar o local em cinco minutos e que não foi impedida.
"Eu estava em estado de choque. Achei que iam conseguir controlar o fogo. (Mas) dez minutos depois estava um horror, muita gente ferida e intoxicada."
Ela disse que a boate Kiss é muito conhecida em Santa Maria e muito frequentada pelos estudantes da região.

Michele Schneid, caixa da boate, em depoimento reproduzido pela Associated Press

Segundo ela, os frequentadores da Kiss começaram a gritar "fogo", o que causou tumulto e correria em direção à saída.
"Muitas pessoas correram para os banheiros e acabaram morrendo sufocadas", declarou.

Presidente Dilma Rousseff, em pronunciamento

Dilma se emocionou ao comentar a incêndio no Rio Grande do Sul. "Eu queria dizer para a população do nosso país e para a população de Santa Maria o quanto, nesse momento de tristeza, nós estamos juntos e necessariamente iremos superar mantendo a tristeza", declarou.
Ela estava em viagem oficial ao Chile, mas cancelou seus compromissos e viajou para Santa Maria.
A presidente diz que o governo federal irá fornecer recursos para ajudar na identificação dos corpos e no socorro às vítimas. Ainda segundo Dilma, o Rio Grande do Sul tem uma boa estrutura de saúde, mas o governo deslocará "tudo que for necessário" e disponibilizará uma base da Aeronáutica às autoridades locais.

Polícia: dono da boate se apresentou por medo de ser linchado

O incêndio começou por volta das 2h30 na Boate Kiss, na rua dos Andradas, no centro de Santa Maria (RS)
Foto: Deivid Dutra / Agência Freelancer
Fernando Diniz
Direto de Santa Maria
A Polícia Civil de Santa Maria confirmou na tarde deste domingo que um dos donos da boate Kiss, onde um incêndio matou pelo menos 232 pessoas durante a madrugada, se apresentou na delegacia. Segundo o delegado regional de polícia, Marcelo Arigony, o proprietário do estabelecimento estava com medo de ser linchado.
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Incêndio em boate deixa 232 mortos em Santa Maria

"Ele me ligou e combinou que se apresentaria agora à tarde. Ele foi ao plantão da Polícia Civil durante a madrugada, pois estava com medo de ser linchado, foi liberado e seguiu para casa", disse Arigony.
De acordo com o delegado, a prioridade da polícia neste momento é identificar os corpos e liberá-los para os familiares. As causas do incêndio e possíveis responsáveis serão apuradas mais tarde.
Arigony também informou que peritos já fotografaram os corpos e recolheram impressões digitais. Segundo ele, a Polícia Civil trabalha com o número de "cerca de 220 vítimas", pois muitas pessoas podem ter morrido em hospitais da região após serem socorridas.
Incêndio em casa noturna
Um incêndio de grandes proporções deixou ao menos 232 mortos na madrugada deste domingo em Santa Maria (RS). O incidente, que começou por volta das 2h30, ocorreu na Boate Kiss, na rua dos Andradas, no centro da cidade. O Corpo de Bombeiros acredita que o fogo iniciou com um sinalizador lançado por um integrante da banda que fazia show na festa universitária.
Segundo um segurança que trabalhava no local, muitas pessoas foram pisoteadas. "Na hora que o fogo começou foi um desespero para tentar sair pela única porta de entrada e saída da boate e muita gente foi pisoteada. Todos quiseram sair ao mesmo tempo e muita gente morreu tentando sair", contou. O local foi interditado e os corpos foram levados ao Centro Desportivo Municipal, onde centenas de pessoas se reuniam em busca de informações.
A prefeitura da cidade decretou luto oficial de 30 dias e anunciou a contratação imediata de psicólogos e psiquiatras para acompanhar as famílias das vítimas. A presidente Dilma Rousseff interrompeu viagem oficial que fazia ao Chile para seguir a Santa Maria.
Veja a boate Kiss antes e depois do

Incêndio provoca mais de 200 mortes em boate no Rio Grande do Sul

Corpo de Bombeiros termina resgate de corpos e confirma a morte de 245 pessoas durante festa universitária. Fogo teria começado após uso irregular de sinalizador

Um incêndio na boate Kiss, no centro de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, deixou pelo menos 245 mortos e centenas de feridos, na madrugada deste domingo. Segundo o Corpo de Bombeiros, o uso irregular de um sinalizador durante o show de uma banda teria provocado a tragédia. O incêndio teria começado às 2h30 da madrugada após uma faísca atingir o teto de isolamento acústico da boate. Autoridades dizem que o número de mortos pode aumentar.

Associated Press/RBS
Jovem desacordado é socorrido após incêndio em boate em Santa Maria, Rio Grande do Sul


Os bombeiros já controlaram o incêndio na casa, que está localizada na rua Andradas, número 1925, mas ainda faz o trabalho de rescaldo e reconhecimento de danos. Equipes no local dizem que a estrutura do prédio ficou destruída e corre risco de desabar. No local, era realizada uma festa universitária e a casa estava lotada com muitos jovens e adolescentes. Estima-se que mais de 2.000 pessoas estavam na boate.
Após tragédia: Federação Gaúcha cancela rodada do estadual
Prefeitura de Santa Maria decreta luto oficial de 30 dias
"É preciso enfatizar que só temos estimativas, ainda não podemos confirmar nada, nem dar nomes", disse o Sargento Artur Rigue, do corpo de bombeiros de Santa Maria. "Temos cerca de 50 bombeiros trabalhando no local e as vítimas, algumas em estado grave, foram levadas para mais de 5 hospitais."
A maior parte dos feridos está sendo encaminhada ao Hospital Universitário de Santa Maria. Não há informações sobre quantas pessoas já foram socorridas no pronto-socorro. O hospital já estaria operando acima da sua capacidade e pede auxílio de vonluntários médicos e enfermeiros. Os casos mais graves estão sendo levados ao hospital de Porto Alegre.
Veja fotos do incêndio na cidade de Santa Maria (RS):
Fachada da boate Kiss pouco após o incêndio que matou pelo menos 200 pessoas neste domingo. Foto: Associated Press/RBS

O major Gerson da Rosa Ferreira, que está coordenando as operações da policia militar no local, disse durante coletiva que 180 corpos já foram identificados e o número de vítimas fatais será de pelo menos 200. As mortes foram causadas por asfixia e pisoteamento, informou ele.
O número pode aumentar já que corresponde apenas aos corpos que estão no ginásio municipal e não considera as vítimas que seguem na boate ou que foram levadas para os hospitais da região e morreram em atendimento.
Reconhecimento e lista de mortos
"Estamos apurando o número final de mortos, mas já afirmamos que será um número significativo. Existe uma esforço conjunto entre a Brigada Militar e os órgãos federais autuando para agiliar o final dos trabalhos", disse o major. "O reconhecimento dos corpos será feito por identificação visual já que muitas vítimas portavam documentos."
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, os corpos das vítimas foram levados para o ginásio do Centro Desportivo Municipal para reconhecimento. Mídias locais citam que os corpos foram transportados em caminhões e levados ao ginásio. O Hospital Universitário de Santa Maria já divulgou uma lista parcial de mortos, clique aqui para ver a relação.
Nesta manhã, algumas famílias desesperadas procuravam seus parentes entre as vítimas. "Pedimos que não sigam para o local da boate, porque a multidão já está atrapalhando nosso trabalho", instrui Rigue. "É melhor que os parentes se dirijam diretamente para os hospitais da cidade."

sábado, 26 de janeiro de 2013

Líder do MST é encontrado morto no Rio de Janeiro

Cícero Guedes dos Santos, um dos líderes do MST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra) foi encontrado morto na cidade de Campos, no norte do Estado do Rio de Janeiro, na manhã deste sábado.
De acordo com a polícia local ele teria sido assassinado enquanto voltava para casa de bicicleta nas primeiras horas do dia.
Ele estava próximo à Usina de Cambahyba, atualmente desativada, onde cem famílias do MST montaram um acampamento há cerca de dois meses.
De acordo com trabalhadores que estão na região, ele saiu da usina na tarde de sexta-feira e não foi mais visto. A polícia diz que o corpo continha vários disparos na cabeça e nas costas.
Guedes dos Santos é o terceiro líder do MST morto em Campos em menos de dois meses.

Novos protestos lançam sombra sobre futuro político do Egito

As mortes ocorridas durante as manifestações que marcaram os dois anos da queda do presidente Hosni Mubarak, na sexta-feira, juntamente com os novos choques deste sábado, indicam que os conflitos e divisões da sociedade egípcia ainda representam uma extensa sombra sobre o futuro político desse país.
Em meio a escalada de tensões políticas, o anúncio de que 21 torcedores foram condenados à morte por um confronto em um estádio de futebol em fevereiro provocou protestos nas proximidades da prisão em que esses torcedores estavam detidos, em Port Said.
Logo nas primeiras horas deste sábado, militares foram enviados a Port Said para retomar o controle da situação, de acordo com a agência de notícias Reuters. E segundo autoridades locais, 26 pessoas morreram e mais de 200 ficaram feridas nos confrontos dos manifestantes com forças de segurança egípcias.
Considerado o episódio mais violento da história do futebol egípcio, a briga no estádio de Port Said deixou 74 mortos e, na época, motivou uma série de protestos na qual mais 16 pessoas morreram.
Por isso, um dos receios do governo egípcio era que choques em Port Said ajudassem a impulsionar novas manifestações da oposição - que tem como uma de suas bandeiras a crítica à brutalidade da política egípcia.
Na sexta-feira, o número de mortos nos protestos opositores chegou a sete. Neste sábado, algumas das principais cidades egípcias acordaram sob fortes esquemas de segurança - entre elas Suez, onde os confrontos foram particularmente intensos.
O governo também resolveu reforçar o policiamento nos locais onde seria feito o velório dos corpos das vítimas, numa tentativa de evitar novas manifestações. E o presidente egípcio, Mohammed Morsi, fez um chamado à calma por meio de sua conta no Twitter, dizendo que a população deveria expressar suas opiniões de forma pacífica e aderir ao que ele chamou de "valores da revolução".

Protestos

Os protestos recentes são um indício de que, após dois anos da queda de Mubarak, o Egito ainda está longe de um cenário de estabilidade.
Segundo o correspondente da BBC no Cairo, Jon Leyne, nos últimos meses têm ocorrido numerosos ataques na região do Suez e do Delta do Nilo contra escritórios da Irmandade Muçulmana, principal força política do governo egípcio hoje.
Choques em Suez (Foto Reuters)
Choques em Suez: manifestantes acusam Morsi de trair a revolução
"Há uma grande revolta, além da divisão ideológica entre islamistas e políticos seculares", diz Leyne. "Muitos egípcios estão frustrados que suas vidas não melhoraram desde a revolução (que derrubou Mubarak)."
Aliados de Morsi enfatizam que ele foi eleito democraticamente. Já os manifestantes pró-oposição acusam o presidente de trair a revolução.
Para eles, o atual governo seria "autocrático" e a nova Constituição não protegeria adequadamente a liberdade de expressão ou de religião.

Contenda política

As tensões começaram a se intensificar no país principalmente a partir de novembro, quando Morsi assinou um decreto impedindo que suas decisões fossem revogadas por qualquer autoridade - incluindo a Justiça.
O objetivo do presidente era acelerar a aprovação da nova Constituição, que começou a ser elaborada em março de 2012.
O processo de redação da nova Carta foi atrasado por uma decisão judicial que dissolveu a primeira Assembleia Constituinte, em meio a acusações de que ela estaria dominada pela Irmandade Muçulmana.
Em junho, os partidos políticos em princípio concordaram sobre a composição de uma nova Assembleia, mas políticos liberais e seculares continuaram a reclamar sobre a distribuição dos assentos e resolveram boicotar as sessões.
Livres de grandes resistências na Casa, constituintes pró-Morsi aprovaram um novo projeto de Constituição - ao qual se opõem os manifestantes que tomaram as ruas do Cairo e Suez na sexta-feira.

Rebelião teria deixado 50 mortos em presídio venezuelano

Pelo menos 50 pessoas teriam sido mortas e quase 100 ficaram feridas em um motim na prisão venezuelana de Uribana, perto da cidade de Barquisimeto, no noroeste do país.
As informações são do diretor do Hospital Central de Barquisimeto, Ruy Medina.
Segundo Medina, a maioria das vítimas foi ferida por arma de fogo.
Mas Iris Varela, ministro venezuelano responsável pelo sistema penitenciário do país, não quis confirmar o número de mortos e feridos até que as autoridades tenham analisado melhor a situação.
Entre os mortos estariam presos, guardas e funcionários da prisão.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Ex-agente da CIA é condenado à prisão por vazar informação

Um ex-agente da CIA (a agência de inteligência americana) foi condenado nesta sexta-feira a 30 meses de prisão por revelar informações secretas.
O tribunal no Estado da Virgínia considerou John Kiriakou, ex-chefe de operações de luta contra o terrorismo no Paquistão, culpado do vazamento do nome de um agente secreto da CIA.
Kiriakou foi a primeira pessoa em 27 anos a ser condenada por violar a Lei de Proteção de Identidade de Inteligência.
Defensores de Kiriakou afirmam que, na verdade, ele foi processado por ter denunciado práticas de interrogatório da CIA, como a simulação de afogamento.
No entanto, a acusação diz que suas ações foram motivadas por fama e dinheiro.John Kiriakou

Cientistas transformam DNA em arquivo digital 'perfeito'

Cientistas acabam de fazer uma nova demonstração de como o DNA pode ser usado para arquivar informações digitais.
A equipe britânica codificou e inseriu um texto científico, uma foto, sonetos de Shakespeare e um trecho do famoso discurso "I Have a Dream" (Eu tenho um sonho), do líder negro norte-americano Martin Luther King, em filamentos de uma molécula de DNA produzidos artificialmente.
Depois, a informação foi decodificada e "lida" com 100% de precisão.
É possível guardar imensas quantidades de informações em DNA por milhares de anos, dizem os pesquisadores em artigo publicado na revista científica Nature.
Eles reconhecem que os custos envolvidos na síntese artificial de moléculas em laboratório tornam essa forma de armazenar informação incrivelmente cara no momento, mas argumentam que tecnologias novas e mais rápidas logo baratearão o processo, especialmente para arquivamento a longo prazo.
"Uma das grandes propriedades do DNA é que você não precisa de eletricidade para armazená-lo", explicou um integrante da equipe, Ewan Birney, do European Bioinformatics Institute (EBI), em Hinxton, perto de Cambridge, na Inglaterra.
"Se você o mantém frio, seco e no escuro, o DNA dura um longo tempo. Sabemos disso porque sequenciamos, rotineiramente, DNA de mamutes que ficou guardado por acaso em condições como essas". Restos mortais de mamutes, animais pré-históricos, datam de milhares de anos atrás.
A foto digital da sede do European Bioinformatics Institute foi codificada dentro do DNA
O grupo cita registros históricos e do governo como exemplos de informações que poderiam se beneficiar do armazenamento molecular.
Muitas dessas informações não são utilizadas todos os dias mas, ainda assim, precisam ser arquivadas. Uma vez codificadas na forma de DNA, elas poderiam ser guardadas em segurança em um cofre até quando fossem requisitadas.
E, diferentemente do que acontece com outros meios de armazenagem em uso hoje, como discos rígidos e fitas magnéticas, a "biblioteca" de DNA não exigiria manutenção constate.
Além disso, a natureza universal do DNA diminui a probabilidade de que haja problemas de compatibilidade, quando a tecnologia de um dado período for incapaz de ler arquivos valiosos de informações.
"Achamos que, enquanto houver vida baseada em DNA na Terra, sempre haverá tecnologias para ler DNA - pressupondo-se, é claro, que (essas formas de vida) sejam sofisticadas tecnologicamente", disse Birney à BBC News.
Nick Goldman diz que o DNA é um meio "fantástico" e r"robusto" para armazenamento de dados
Esta não é a primeira vez que DNA é usado para armazenar informações que guardamos rotineiramente em nossos computadores.
No ano passado, por exemplo, uma equipe americana publicou na revista científica Science os resultados de um experimento parecido. Os especialistas, da cidade de Boston, arquivaram um livro inteiro em DNA.
Fisicamente, o DNA armazenando todo esse volume de informações não é maior do que uma partícula de poeira.
Nick Goldman, outro integrante da equipe britânica, disse que a molécula é um meio de armazenagem incrivelmente denso. Um grama de DNA deve ser capaz de "guardar" dois petabytes de informações - ou cerca de três milhões de CDs -, ele explicou.
E respondendo a questões levantadas por pessoas que temem que o DNA artificial se alastre pela natureza e contamine o genoma de organismos vivos, Goldman disse:
"O DNA que criamos não pode ser incorporado acidentalmente a um genoma, ele usa um código completamente diferente daquele usado em células de organismos vivos".
"E se esse DNA fosse parar dentro de você, seria degradado e eliminado."