terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Médica chinesa é acusada de vender sete bebês a traficantes

Uma obstetra chinesa está sendo julgada sob a acusação de ter roubado pelo menos sete recém-nascidos para vendê-los a traficantes de bebês, informam a Justiça da China e a mídia estatal do país.
Zhang Shuxia é acusada de ter intermediado a venda dos sete bebês - incluindo um casal de gêmeos - entre novembro de 2011 e julho de 2013, dizendo aos pais que seus filhos estavam doentes e convencendo-os a abandoná-los.
A médica admitiu as acusações em um tribunal do condado de Fuping, na província de Shaanxi, centro do país.
O caso veio a público após pais fazerem uma denúncia à polícia, suspeitando do roubo de seu filhos.
Seis dos bebês foram resgatados, mas uma das crianças morreu.

'Doença congênita'

Zhang trabalhava no Hospital Infantil e Materno de Fuping.
No caso mais recente, um bebê nascido em 16 de julho foi vítima de tráfico após, segundo a acusação, Zhang ter dito aos seus pais que ele tinha uma séria doença congênita. Os pais teriam se convencido a abandonar o bebê.
A obstetra disse que vendeu o bebê a dois outros suspeitos, que por sua vez venderam o menino a um traficante na província de Henan, vizinha a Shaanxi.
Os pais denunciaram o caso à polícia em 20 de julho. Seu bebê foi encontrado e devolvido a eles em agosto.

Filho único

A obstetra foi detida juntamente com diversos outros suspeitos.
Seu advogado de defesa disse à Justiça que os pais deram seus bebês voluntariamente e que a médica recebeu diversos prêmios por seu trabalho.
Sob as rígidas leis de controle populacional da China, a maioria dos casais pode ter apenas um filho - e é forte a preferência por meninos saudáveis.
No início do mês, o país adotou uma resolução relaxando a política, permitindo que casais tenham dois filhos se um dos pais for filho único.

STF nega liminar de sindicato e mantém teto salarial no Senado

O Supremo Tribunal Federal (STF) rejeitou nesta terça-feira um pedido de liminar e manteve a exigência de regularização do teto salarial de funcionários do Senado Federal. O pedido havia sido movido pelo Sindicato dos Servidores do Poder Legislativo Federal e do Tribunal de Contas da União (Sindilegis), que alegava que alguns valores - como horas extras e de exercício de funções comissionadas - estariam excluídos do teto previsto na Constituição Federal.
O Sindilegis entrou com um mandado de segurança contra uma decisão anterior, que ordenava a regularização das remunerações que superam o teto constitucional e a devolução de valores pagos indevidamente nos últimos cinco anos. O sindicato sustentou que as verbas têm natureza alimentar, e a supressão delas afrontaria o princípio da irredutibilidade salarial.
Porém, o ministro Dias Toffoli rejeitou conceder a liminar porque, segundo ele, não existe de risco de lesão grave e de difícil reparação, um dos requisitos para que a medida seja aprovada. "A efetivação da medida não implicará supressão do pagamento de remuneração ou pensão, mas, sim, de parcela que exceda o valor do subsídio mensal, em espécie e atualmente em vigor, dos ministros do Supremo Tribunal Federal, ou seja, R$ 28.059.28", disse o ministro do STF. Para Toffoli, "é necessário aguardar o trâmite natural da ação para o exame das teses jurídicas ali debatidas".

Dez brasileiros que foram notícia no mundo em 2013

Quem foram os brasileiros que mais se destacaram no noticiário internacional? A BBC Brasil elaborou uma lista com dez desses personagens que fizeram história em 2013 e que puseram o Brasil nos holofotes do mundo com suas conquistas, tragédias e polêmicas.
A elaboração de uma lista do tipo não é uma tarefa fácil. Cada vez mais, o que acontece no Brasil tem virado notícia no exterior e não há como não usar critérios subjetivos para escolher apenas dez entre o grande número de brasileiros que têm frequentado páginas de publicações em várias línguas. A seleção se baseou não apenas na frequência de menções como no grau de influência das publicações revistas.
Outro critério adotado buscou destacar personagens que não eram amplamente conhecidos do público estrangeiro - portanto, ficaram fora da lista autoridades como a presidente Dilma Rousseff, apesar das milhares de citações que recebeu em questões polêmicas, como a reação do Brasil às denúncias de espionagem pelos Estados Unidos.
Outros brasileiros, como a funkeira Anitta, chegaram a estampar páginas de veículos como a Forbes, mas não foram incluídos pelo alcance limitado das reportagens. "Será que a última sensação musical, Anitta, pode ser a próxima popstar global?", pergunta o site da revista. Se for, certamente, estará na lista do ano que vem. Outro brasileiro que é forte candidato à próxima lista é o surfista Carlos Burle, que apareceu em emissoras de várias partes do mundo em sua dupla missão heroica. Salvou a colega Maya Gabeira e enfrentou com sua prancha o que pode ser confirmada em 2014 como a maior onda já surfada.
Confira a lista deste ano:

Eike Batista

Eike Batista
'A dramática queda de Eike Batista' foi manchete no exterior
O empresário estampou a capa da revista Business Week em outubro sob o título "Como perder uma fortuna de US$ 34,5 bilhões em um ano" – detalhando a derrocada do império X, que culminou com o pedido de recuperação judicial da petroleira OGX e da empresa de construção naval OSX.
"A dramática queda do brasileiro Eike Batista" foi o título, em outubro, da revista Forbes – a mesma que, não muito tempo atrás, trazia o empresário como o 7º mais rico do mundo. O rápido processo de decadência do brasileiro foi seguido pela imprensa internacional como uma novela em que o personagem principal era o homem que, "com implantes de cabelo, carisma e gravatas cor-de-rosa, era a cara do boom brasileiro", segundo o Wall Street Journal.
E, ainda que as perdas de Eike Batista, não tenham contaminado a economia brasileira, os pedidos de recuperação judicial levaram jornais como o Financial Times a perguntarem: "será que o naufrágio do império X arrastará outros títulos da região?"

David Miranda

David Miranda (esq) e Glenn Greenwald
David Miranda foi detido durante 9 horas no aeroporto de Heathrow
Após revelar os documentos de espionagem vazados pelo ex-funcionário da CIA Edward Snowden, o jornal britânico The Guardian noticiou, em agosto, a detenção do brasileiro David Miranda no aeroporto de Heathrow.
Miranda é companheiro do autor das reportagens, Glenn Greenwald. Por isso, a detenção de Miranda – que teve seus equipamentos eletrônicos apreendidos e foi mantido incomunicável por 9 horas – ganhou repercussão internacional. No mesmo dia, o Itamaraty manifestou "grave preocupação" com o incidente. Em entrevista à rede americana CNN, Miranda disse que foi interrogado sobre sua relação com Greenwald, "mas não me perguntaram nada sobre terrorismo".
O Guardian, em seguida, publicou editorial criticando o abuso de poder resultante das leis antiterror. "O caso Miranda", diz o jornal, "não envolve terrorismo em nenhuma instância e sugere que o Estado nos toma por idiotas". A legalidade da detenção está sendo questionada em uma ação na Justiça britânica.

Joaquim Barbosa

Joaquim Barbosa
Barbosa desperta 'admiração e considerável resistência', diz o 'NYT'
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) foi incluído entre as 100 pessoas mais influentes do mundo em 2013 pela revista americana Time (lista que também incluiu o chef Alex Atala). A justificativa foi de que, ao ser o primeiro presidente negro do STF e em meio ao julgamento do mensalão, "em um país que importou mais escravos que qualquer outro das Américas e onde quase metade da população se identifica como negra ou mestiça, ele simboliza a promessa de um novo Brasil, comprometido com o multiculturalismo e a igualdade".
Barbosa também foi tema de um perfil no New York Times, que cita algumas das frases fortes do ministro – em uma delas, ele diz que a "mentalidade dos juízes brasileiros é mais conservadora, pró-status quo, pró-impunidade". "A trajetória de Barbosa e seus modos abruptos despertam tanto ampla admiração quanto uma considerável resistência", diz o NYT.

Roberto Azevêdo

Roberto Azevêdo
Azevêdo é o primeiro brasileiro a comandar a OMC
O diplomata Roberto Azevêdo virou notícia no mundo inteiro ao se tornar, em maio, o diretor da Organização Mundial do Comércio (OMC). No início deste mês, voltou a ganhar as manchetes quando a organização concluiu, em Bali, seu primeiro acordo global. Apesar de seus efeitos limitados, o acordo histórico deu novo fôlego à OMC que, nas palavras do Economic Times, da Índia, "lutava para sobreviver".
Azevêdo foi descrito pela agência chinesa Xinhua como alguém que "conquistou a reputação de sempre buscar o consenso, uma habilidade necessária na OMC, onde a opinião dos 159 membros tem de ser levada em consideração". A agência listou o acordo de Bali como um dos principais acontecimentos internacionais de 2013.

Amarildo

Grupo faz ato para lembrar desaparecimento de Amarildo
Caso Amarildo chamou atenção 'à violência nos bairros pobres'
Os protestos no Brasil em 2013 inseriram o País na cobertura da mídia internacional sob uma nova ótica. Diversos personagens foram retratados nos mais diferentes meios de comunicação ávidos por entender as razões do descontentamento em um país onde, por um olhar distante, só havia motivo para se comemorar. O desaparecimento de Amarildo e os desdobramentos do caso ganharam destaque na BBC, no New York Times, na CNN, entre outros veículos internacionais.
Para o Le Monde, o caso chamou atenção para a "violência sofrida pelos moradores de bairros pobres". Já a influente revista alemã Der Spiegel resumiu o caso em um título: "Quando a polícia é pior do que os bandidos".

Fernanda Lima

Fernanda Lima no sorteio da Copa
Trajes de Fernanda Lima no sorteio da Copa foram censurados no Irã
A escolha de Fernanda Lima e seu marido Rodrigo Hilbert para apresentar o sorteio da Fifa acabou levando para manchetes em várias partes do mundo a polêmica sobre o suposto racismo da escolha de um casal de pele clara em um país em que brancos são minoria. O furor no Twitter gerado pelo caso foi retratado pela BBC. A polêmica, no entanto, não parou por aí. A escolha pela Fifa de uma modelo sem histórico no esporte para apresentar o sorteio foi classificada de "machismo" em reportagem do britânico Telegraph.
Uma apresentadora da BBC defendeu que a jogadora de futebol Marta, "possivelmente a melhor do mundo", estivesse no lugar de Fernanda. Os trajes da modelo também não agradaram a TV estatal iraniana, que pixelava a tela toda vez que a jovem e seu decote apareciam no ar. A "censura" gerou nova onda de discussões nas mídias sociais. Já o argentino Clarín não seguiu o tom crítico e chamou Fernanda de "deusa".

Marina Silva

Marina Silva
Marina Silva se aliou a Eduardo Campos
Marina Silva já era conhecida pela mídia estrangeira, mas sua tentativa frustrada de lançar um partido e sua posterior aliança com o PSB de Eduardo Campos criaram um fato novo na política brasileira que não passou despercebido entre algumas das publicações mais influentes do mundo.
Ainda em abril, quando buscava assinaturas para lançar a Rede Sustentabilidade, a Forbes questionava se a ex-ministra do Meio Ambiente conseguiria renovar a política brasileira, mencionando que ela tem a seu favor a percepção de que é desconectada dos tradicionais donos do poder no país.
Em outubro, a revista britânica Economist publicou reportagem dizendo que a aliança de Marina Silva ao PSB "transformou a corrida presidencial" e, em novembro, o Financial Times destacou que a aliança dos dois ameaça a hegemonia da presidente Dilma Rousseff em 2014 e traz a vantagem de os candidatos "serem novos sem serem muito novos".

General Carlos Alberto dos Santos Cruz

General Santos Cruz
General Santos Cruz comanda capacetes azuis na República Democrática do Congo
Após liderar as tropas da ONU no Haiti, o general brasileiro começou a comandar em junho os capacetes azuis na República Democrática do Congo, país altamente instável mesmo após um acordo de paz em 2013.
Cruz é o chefe de uma força de quase 20 mil soldados, cuja missão é conter grupos rebeldes que se estabeleceram no leste do Congo – entre eles o LRA (sigla em inglês do Exército de Resistência do Senhor) comandado por Joseph Kony.
A chegada de Cruz foi descrita pela revista The Africa Report como um "ingrediente-chave" na tentativa de pacificação ou como um "passo agressivo" após anos de inércia e falta de proteção a civis, segundo o sul-africano The Sunday Independent. Mas os desafios de Cruz são imensos. No último dia 18, redes como a Al Jazeera noticiaram o massacre de 21 pessoas em uma área remota do país. À BBC, Santos Cruz disse que a solução para o conflito não pode ser apenas militar.

Marco Feliciano

Marco Feliciano
Declarações do pastor também foram notícia no exterior
A eleição do pastor Marco Feliciano (PSC-SP) à Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados não despertou polêmica só no Brasil.
O site americano Huffington Post publicou texto citando "pérolas de sabedoria" de Feliciano – autor de declarações de conteúdo considerado racista e homofóbico – e criticando seu papel na comissão.
"O comportamento de Feliciano é o exemplo perfeito das dificuldades e perigos que surgem quando o zelo religioso não é tratado de maneira apropriada no governo", diz o site.
O jornal britânico Financial Times usou a eleição de Feliciano para ilustrar as dificuldades da presidente Dilma Rousseff "em lidar com um Congresso que é refem de diversos grupos de interesse que podem mudar de alianças a qualquer momento".
E o blog gay Towleroad noticiou quando o pastor pediu a prisão, em setembro, de duas garotas que se beijaram durante um evento evangélico em São Sebastião (SP).

Dom Odilo Scherer

Odilo Scherer (centro)
Odilo Scherer (centro) era um dos mais cotados para assumir o papado
Após a renúncia de Bento 16, no período de Carnaval, começaram as especulações sobre quem seria o novo papa – e o nome do arcebispo de São Paulo Odilo Scherer foi um dos mais cotados. "Odilo Scherer é o favorito", noticiou a americana Fox News. A imprensa internacional veiculou diversas análises sobre como seria seu papado, sobre seu uso constante do Twitter e sobre o que representaria para a Igreja escolher um papa da América Latina.
O espanhol El País o descreveu como "conservador de modos suaves" e o italiano Corriere Della Sera disse que o brasileiro é "atento aos pobres, mas crítico à teologia da libertação na política". Confirmando a má fama de previsões do tipo, Jorge Bergoglio, que nem sequer aparecia em muitas das listas com favoritos, foi escolhido e Scherer perdeu espaço nas manchetes.

Estado de saúde de Schumacher melhora, dizem médicos

O estado de saúde do ex-piloto de Fórmula 1 Michael Schumacher apresentou leve melhora após uma segunda operação para aliviar a pressão no cérebro, informaram os médicos que cuidam do alemão.
Uma nova ultrassonografia realizada nesta terça-feira indicou que Schumacher, de 44 anos, está "melhor do que ontem", mas ainda não está fora de perigo e continua em coma induzido.
No domingo, o heptacampeão de Fórmula 1 sofreu um acidente de esqui nos Alpes Franceses. Ele bateu com a cabeça em uma pedra enquanto esquiava com o filho de 14 anos no resort de Méribel.
Segundo os médicos, um exame realizado na noite de segunda-feira mostrou que a situação havia melhorado, abrindo "uma janela de oportunidade" para a segunda operação.
A família, então, teria tomado a "difícil decisão" de dar consentimento para cirurgia, que durou duas horas. A ultrassonografia que se seguiu teria apontado "uma leve melhora" no quadro de saúde do ex-piloto.
"Não podemos dizer que ele está fora de perigo, mas ganhamos tempo", disse o medico Jean-François Payen, acrescentando que "as próximas horas serão cruciais".
"Mas a família está consciente de que seu estado de saúde ainda é muito delicado e qualquer coisa pode acontecer".

'Chocados'

Uma porta-voz da chanceler alemã, Angela Merkel, disse que ela e seu governo estavam, assim como milhões de alemães, "extremamente chocados" com o que aconteceu com Schumacher.
"Nós esperamos, juntamente com Michael Schumacher e sua família, que ele possa se recuperar dos ferimentos", disse o porta-voz.
Schumacher foi socorrido por dois patrulheiros do resort que chamaram um helicóptero para levá-lo ao hospital mais próximo, na cidade de Moutiers. Em estado grave, ele foi transferido para o Hospital Universitário de Grenoble.
Segundo o neurocirurgião Stephan Chabardes, o ex-piloto chegou a Grenoble em um estado agitado, com contorções incontroláveis, e piorou rapidamente.
Ele foi operado com urgência e ficou em estado crítico.
Schumacher ganhou sete títulos na Fórmula 1 e garantiu 91 vitórias ao longo dos 19 anos de carreira.
Ele se aposentou em 2006, mas voltou a competir três anos depois pela equipe Mercedes.
Após três temporadas, em que subiu ao pódio apenas uma vez, o alemão deixou as pistas definitivamente no ano passado.

Israel libertou 26 palestinianos sem dissipar pessimismo que rodeia negociações

O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, chega quinta-feira à região para convencer as duas partes a aceitar um roteiro para um acordo de paz.
A libertação de 26 palestinianos detidos há anos nas prisões de Israel, dias antes da chegada à região do secretário de Estado norte-americano, John Kerry, não dissipou o pessimismo que rodeia as hipóteses de progresso nas negociações de paz.
Os palestinianos, libertados durante a última madrugada, são o terceiro de quatro grupos (num total de 104 detidos) que Israel se comprometeu a libertar, num gesto destinado a criar condições para o reinício do diálogo com a Autoridade Palestiniana. Os dois primeiros grupos foram libertados em Agosto e Outubro e o último deverá sair da prisão em Fevereiro.
Mas os festejos com que os 26 homens foram recebidos — já uma tradição — voltaram a indignar Israel. “Quando tomamos uma decisão dolorosa para tentar pôr fim ao conflito, vemos os nossos vizinhos e os seus dirigentes a saudar assassinos”, reagiu o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, dizendo que “não é assim que se faz a paz”.
Detidos antes dos Acordos de Oslo, em 1993, os homens agora libertados foram condenados por homicídio ou tentativa de homicídio e cumpriram penas entre 19 e 28 anos de prisão, escreve a BBC.
“Os heróis estão de regresso”, gritaram centenas de pessoas à chegada do autocarro a Ramallah, onde foram recebidos pelo presidente da Autoridade Palestiniana. “Prometemos-vos que esta não será a última libertação e que mais grupos de heróis vão regressar a casa num futuro próximo”, disse Mahmoud Abbas. Três dos elementos do grupo foram levados para a Faixa de Gaza, território controlado pelo Hamas, onde se repetiram os festejos.
Este é apenas um pequeno desentendimento na lista de enormes desacordos que opõem as duas partes e lançam grandes dúvidas sobre o sucesso da nova missão, a décima em menos de um ano, de Kerry a Israel e aos territórios palestinianos, escreve a AFP. A imprensa, citando fontes diplomáticas, adiantou que o chefe da diplomacia americana deverá apresentar pela primeira vez um “acordo-quadro” com as grandes linhas do que deverá ser um entendimento final entre as duas partes, a concluir no prazo de um ano.
A visita acontece dias depois de uma comissão ministerial ter adoptado um projecto de lei que prevê a anexação do Vale do Jordão, na fronteira entre a Cisjordânia e a Jordânia. A iniciativa, de vários partidos da direita, reforça os receios palestinianos de que os colonatos e as ocupações tornem inviável um futuro Estado palestiniano. O presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas, já avisou que o projecto “constitui uma linha vermelha que ninguém deverá ultrapassar” e, como forma de protesto, a última reunião do Conselho de Ministros do ano foi transferida para a zona, que equivale a quase um terço do território da Cisjordânia.
Como se não bastasse, a imprensa israelita antecipa que serão anunciados nos próximos dias os planos para construir mais 1400 casas para colonos israelitas na Cisjordânia. Os colonatos são ilegais à luz do direito internacional e tanto os EUA como a União Europeia tinham pedido a Netanyahu que se abstivesse de lançar novos projetos.

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Ladrões usam pen drives para assaltar caixas eletrônicos

Arquivo/Getty
Pen drives infectados instalavam malware em caixas eletrônicos em banco europeu
Pesquisadores identificaram como criminosos passaram a usar pen drives infectados com malware para conseguir retirar dinheiro de caixas eletrônicos.
Em meados deste ano, surgiram os primeiros buracos abertos pelos criminosos nos caixas para plugar os dispositivos.
Os detalhes dos ataques, realizados contra caixas de um banco europeu cujo nome não foi divulgado, foram apresentados no congresso Chaos Computing, em Hamburgo, na Alemanha, que debateu crimes cibernéticos.
Os dois pesquisadores que detalharam os ataques pediram que seus nomes tampouco fossem divulgados.
Segundo eles, esse tipo de ataque começou a ser aplicado em julho, depois de o banco notar que vários de seus caixas eletrônicos estavam sendo esvaziados apesar do uso de cofres para proteger o dinheiro dentro das máquinas.
Depois de um aumento na vigilância, o banco descobriu que os criminosos estavam vandalizando as máquinas para usar os pen drives infectados com o malware (software destinado a se infiltrar em um computador).
Uma vez que o malware fosse transferido para a máquina, eles fechavam o buraco aberto para a entrada do pen drive. Desta forma, um mesmo caixa eletrônico poderia ser atacado várias vezes.

Códigos

Para ativar o código na hora em que quisessem, os criminosos digitavam uma série de 12 dígitos que lançava uma interface especial.
Análises do software instalado em quatro caixas eletrônicos atacados demonstraram que as máquinas infectadas mostravam não apenas a quantidade de dinheiro disponível em seu cofre, mas também quais as notas disponíveis e um menu com as opções de escolha das notas.
Segundo os pesquisadores, isso permitia que os criminosos pedissem a liberação das notas de valor mais alto para minimizar o tempo em que eles ficavam no caixa eletrônico, se arriscando a serem flagrados.
Os pesquisadores que revelaram esse novo tipo de crime cibernético também notaram outro aspecto: os criminosos que usam esse tipo de malware pareciam temer que membros da própria gangue agissem por conta própria.
Por isso, para a liberação do dinheiro no caixa eletrônico, o criminoso precisa digitar um segundo código, que varia a cada vez que o software é usado.
O criminoso só pode obter esse segundo código ligando para outro membro do grupo e descrevendo a ele os números que são mostrados na tela do caixa eletrônico no momento do crime.
Sem isso, o caixa eletrônico volta ao normal depois de três minutos, como se não tivesse sido atacado.
Os pesquisadores afirmaram que o código do malware usado nos caixas eletrônicos é muito difícil de analisar.

Avançando para o norte, ataques chocam população na Rússia

Russas choram e depositam flores em frente à estação de trem de Volgogrado (AP)
Russas choram e depositam flores em frente à estação de trem de Volgogrado
A aparente mudança na estratégia de grupos extremistas que atuam na Rússia representa um choque para a população do país, com muitos russos agora se perguntando como as agências de segurança do país não foram capazes de impedir os autores das recentes explosões em Volgogrado.
O analista Artyom Lyss, do serviço russo da BBC, lembra que, apesar de garantias dadas pelas autoridades de que a tensão na região do Cáucaso estava sob controle, tanto os confrontos entre tropas do governo e militantes da região continuaram acontecendo como também atentados atribuídos a eles.
Mas o mais assustador, segundo Lyss, é que agora esses ataques parecem estar migrando mais para o norte, na região central da Rússia, onde fica Volgogrado.
A cidade, chamada antigamente de Stalingrado, é um centro da indústria e de transportes, além de ter um grande significado simbólico para os russos – tendo sido palco de uma famosa batalha em 1942 e 1943, na qual os soviéticos resistiram ao avanço nazista em seu território.
Para piorar, o momento em que os atentados em Volgogrado ocorreram, a pouco mais de um mês da Olimpíada de Inverno em Sochi, colaborou para ampliar a insegurança da população e do mundo, prestes a enviar seus atletas para a cidade no sul do Rússia.
"Muitos agora estão se perguntando porque os poderosos serviços de segurança não puderam impedir os ataques dos extremistas, acusando esses serviços de complacência e falta de profissionalismo", diz Lyss.

Comitê olímpico

Investigadores dizem que pelo menos 14 pessoas morreram no atentado em um trólebus em Volgogrado nesta segunda-feira. No dia anterior, outro atentado, na estação central de trens da cidade, matou 17 pessoas.
Volgogrado fica a cerca de 700 km a noroeste de Sochi. Em um país de dimensões continentais como a Rússia, a distância poderia ser considerada pequena.
Nenhum grupo admitiu a autoria dos ataques, mas eles ocorreram meses depois de o líder rebelde checheno Doku Umarov, que luta para estabelecer um califado no Cáucaso, ter prometido novos ataques contra civis na Rússia, incluindo durante a Olimpíada.
Lyss acredita que, apesar do risco de ataques em Sochi durante o evento existir, ele pode não ser tão grande quanto muitos acreditam.
"Há centenas de oficiais da polícia e militares destacados na área. Mas o temor é que os extremistas possam atacar em outros lugares", disse.
O presidente do Comitê Olímpico Internacional, Thomas Bach, disse que está confiante de que as autoridades russas vão realizar jogos "seguros e sem problemas" em Sochi.

Explosivos idênticos

Vladimir Markin, porta-voz do Comitê de Investigação – o principal órgão federal de investigação da Rússia – disse que explosivos idênticos foram usados nos dos ataques em Volgogrado.
"Isso confirma a tese de que os dois ataques estão ligados. É possível que os dois (explosivos) tenham sido preparados no mesmo lugar."
O comitê também confirmou que coletou material genético do responsável pelo ataque, o que pode indicar a origem dele.
Insurgentes separatistas vindos da região do Cáucaso passaram a realizar ataques em vários pontos da Rússia a partir da segunda Guerra da Chechênia (uma república da Federação Russa no Cáucaso), iniciada em 1999, quando o atual presidente Russo, Vladimir Putin, assumiu seu segundo mandato.
Um dos mais conhecidos foi o ataque ao ataque Dubrovka, em Moscou, em 2002. Na ocasião, dezenas de chechenos tomaram o teatro exigindo o fim do envolvimento militar russo na Chechênia.
O incidente levou as forças de segurança russas a lançarem gás no sistema de ventilação do teatro, matando cerca de 170 pessoas – a maioria delas reféns dos militantes.
O envolvimento russo na política chechena levou na última década a uma progressiva pacificação da república, mas incidentes violentos envolvendo militantes islâmicos continuaram a ser registrados fora da república, especialmente em repúblicas vizinhas como o Dagestão e a Inguchétia.
Doku Umarov é o autoproclamado líder de um Emirado não reconhecido internacionalmente envolvendo as várias repúblicas da Federação Russa no norte do Cáucaso.

Schumacher está 'lutando pela vida', dizem médicos

A equipe médica que está cuidando do ex-piloto de Fórmula 1 Michael Schumacher informou nesta segunda-feira que ele está "lutando pela vida" após o acidente de esqui que sofreu no domingo, nos Alpes Franceses.
O alemão de 44 anos, internado em um hospital na cidade francesa de Grenoble, foi colocado em coma induzido após uma operação para tratar uma lesão que sofreu na cabeça ao batê-la em uma pedra no acidente, ocorrido no resorte de Maribel.
O anestesiologista Jean-François Payen, responsável pela UTI do hospital, disse a jornalistas que se Schumacher não estivesse usando um capacete "não teria sobrevivido".
"Tivemos de operá-lo às pressas para aliviar a pressão na cabeça", disse ele. “Nós não podemos prever o futuro de Michael Schumacher”
“Ele está um estado crítico em termos de ressuscitação cerebral.”

Contorções

O neurocirurgião Stephan Chabardes disse ainda que exames pós-operatórios acusaram lesões em ambas as partes do cérebro de Schumacher.
Segundo ele, o ex-piloto chegou ao hospital no domingo em um estado agitado, com contorções incontroláveis, e piorou rapidamente.
Payen ressaltou que Schumacher não estaria vivo se não tivesse usado um capacete enquanto estava esquiando.
“Dada a violência do impacto, o capacete em parte o protegeu. Se alguém tem esse tipo de acidente sem um acidente, certamente não estaria aqui (vivo)”, disse.
No domingo, o hospital já havia emitido uma nota confirmando que Schumacher sofrera “traumatismo cerebral grave”.
"O senhor Schumacher foi admitido ao Hospital da Universidade de Grenoble às 12h40 (horário local) depois de um acidente de esqui que ocorreu em Meribel, no final da manhã. Ele sofreu um ferimento grave na cabeça e estava em coma ao chegar, o que exigiu uma intervenção neurocirúrgica imediata. Ele permanece em estado crítico", informou o hospital.
O hospital não deu mais informações e, segundo a agência de notícias Reuters, um novo boletim deve ser divulgado nesta segunda-feira.

Caminhando

Schumacher estava esquiando com o filho de 14 anos nos Alpes Franceses quando o acidente ocorreu.
De acordo com o diretor do resort de esqui perto de Meribel, Christophe Gernignon-Lecomte, dois patrulheiros do resort atenderam Schumacher e chamaram um helicóptero para levá-lo ao hospital mais próximo, na cidade de Moutiers. Apenas depois de passar pelo hospital da cidade, ele foi levado para Grenoble.
As primeiras informações afirmavam que o estado dele não era grave, e Schumacher teria caminhado logo após o acidente afirmando que estava apenas um pouco abalado.
O correspondente da BBC em Paris Hugh Schofield informou que especialistas afirmaram que é provavel que o cérebro de Schumacher começou a inchar e a cirurgia urgente teria sido realizada para aliviar a pressão.
A esposa, Corinna, e os dois filhos estão com ele.

Putin reforça segurança antiterrorismo na Rússia após atentados

O presidente russo, Vladimir Putin, ordenou hoje (30) um reforço da segurança em todo o país na sequência de dois ataques a bomba ocorridos nas últimas 24 horas e que causaram a morte de pelo menos 30 pessoas.
O reforço da segurança será feito pelo comitê antiterrorista. A ordem foi dada depois de os investigadores russos terem anunciado que os dois atentados em Volgogrado estão ligados e foram perpetrados por terroristas suicidas.
Nesta segunda-feira, um ônibus elétrico explodiu em Volvogrado matando 15 pessoas, depois de, no domingo, um outro atentado suicida ter feito 18 mortos.
Segundo a televisão russa, o ônibus elétrico – meio de transporte comum nas cidades russas – ficou completamente destruído na sequência da explosão.
O porta-voz do Comitê de Instrução russo, Vladimir Markin, confirmou ter-se tratado de um atentado terrorista. “Foi aberta uma investigação por atentado terrorista e tráfico de armas”, disse.
Segundo o Ministério da Saúde da Rússia, ainda há 28 feridos da explosão do ônibus elétrico.
Volgogrado, antiga Estalinegrado, foi cenário em 21 de outubro do atentado mais grave ocorrido na Rússia nos últimos anos, quando um terrorista suicida oriundo do Cáucaso matou seis pessoas. O atentado levantou dúvidas quanto à segurança dos Jogos Olímpicos de Inverno na cidade de Sochi, perto de Volgogrado, que devem começar em fevereiro.

Homens armados atacam TV estatal e aeroporto na República do Congo

Antes de interromper transmissão, pistoleiros transmitiram mensagem contra o presidente, no poder desde 2001Um grupo de homens armados atacou o aeroporto e assumiu o controle da emissora estatal de TV em Kinshasa, capital da República Democrática do Congo, no que pareceu ser uma tentativa de tomada do poder por seguidores do líder religioso Paul Joseph Mukungubila.

A polícia montou um cordão de isolamento ao redor do prédio da TV pública, onde homens armados fizeram vários reféns, segundo relatos de jornalistas à Reuters. Testemunhas também relataram tiros dentro do quartel Tshatshi, perto do Ministério da Defesa.
O Congo, um vasto país no coração da África, tenta deixar para trás décadas de violência e instabilidade, especialmente no leste, uma região rica em recursos, onde milhões de pessoas já morreram por causa de fome e doenças evitáveis. O ONU tem uma missão de paz com cerca de 21 mil integrantes no Congo, a Monusco.
Antes da interrupção das transmissões da TV estatal, dois pistoleiros apareceram transmitindo o que parecia ser uma mensagem política contra o presidente Joseph Kabila, que assumiu o poder em 2001, após o assassinato de seu pai, Laurent.
"O gideão Mukungubila veio libertar vocês da escravidão pelos ruandeses", disse a mensagem, vista pela Reuters numa gravação.
Mukungubila, que se intitula "O profeta do eterno", disputou a Presidência contra Kabila em 2006, e foi derrotado.

Com Schumacher ainda em coma induzido, médicos evitam prognósticos

Após um grave acidente na estação de esqui de Méribel, na França, em que bateu a cabeça em uma rocha, o ex-piloto alemão Michael Schumacher foi levado a um hospital na cidade de Grenoble, também na França, em estado grave. Entre a noite e a madrugada deste domingo, Schumi passou por uma neurocirurgia e nesta segunda-feira, os médicos responsáveis pelo procedimento comentaram sua situação.
"Depois do acidente, Schumi não podia responder todas as questões que fizemos. Ele estava confuso e agitado. Assim, para a realização da cirurgia, ele foi colocado em coma induzido. Tentamos reduzir a lesão e a pressão no cérebro. Foi uma cirurgia sem maiores problemas", declarou Jean-Francois Payen, porta-voz do hospital.
Ainda de acordo com a junta de médicos, o capacete que o alemão utilizava quando sofreu o acidente não foi capaz de protegê-lo completamente, mas foi fator decisivo para que ele continuasse com chances de sobreviver.
"O capacete não ofereceu uma proteção total, mas realmente ajudou. Se não o estivesse usando, ele não estaria aqui agora. Por enquanto, acreditamos que ele não vai precisar de uma nova operação", completou.
Scumacher vai continuar em coma induzido a fim de evitar atividades exteriores que possam afetar a neurocirurgia. Os médicos evitaram falar sobre uma nova cirurgia ou até mesmo sobre possíveis sequelas e também não confirmaram uma nova data para uma entrevista coletiva.

Segundo ataque à bomba mata ao menos 10 na Rússia

explosão em ônibus na Rússia
Ônibus ficou completamente destruído em nova explosão na cidade de Volvogrado
Ao menos 10 pessoas morreram e mais de 20 ficaram feridas nesta segunda-feira, em Volvogrado, na Rússia, no que está sendo considerado como um outro ataque suicida pelas autoridades do país.
A explosão ocorre menos de um dia depois que um atentado na estação central da cidade matou 17 pessoas.
A segurança foi reforçada em estações de trem e aeroportos em toda a Rússia.
Uma porta-voz do Comitê de Investigações da Rússia disse que as duas explosões estão sendo tratadas como atos de terrorismo.
A última explosão aconteceu dentro de um ônibus que passava durante a hora do rush perto de um mercado movimentado no distrito de Dzerzhinsky.
Acredita-se que uma criança de um ano esteja entre os feridos.
Imagens postadas nas redes sociais mostram corpos espalhados e o ônibus completamente destruído.
Autoridades em Moscou temem que grupos militantes estejam intensificando atos de violência por causa da chegada das Olimpíadas de Inverno, que serão realizadas em fevereiro na cidade de Sochi.
Sochi fica ao norte da volátil região do Cáucaso, onde estão situadas províncias com forte presença de grupos militantes islâmicos. No últimos anos, militantes oriundos desta região praticaram uma série de ataques na área e em outras cidades russas.
Volgogrado fica a 900 quilômetros ao sul de Moscou e a 700 quilômetros de Sochi.
No domingo, uma explosão atingiu a estação de trem de Volgogrado pouco antes das 13h (hora local). A estação estava lotada devido ao feriado do Ano Novo.
Uma câmera de segurança próxima da estação capturou o momento do ataque suicida, que destruiu janelas e vidros, espalhou destroços e gerou uma coluna de fumaça que podia ser vista no salão de entrada.
Nenhum grupo assumiu a autoria dos atentados até agora.

domingo, 29 de dezembro de 2013

Síria: 19 mortos em confrontos entre rebeldes e forças do regime

Pelo menos 19 pessoas morreram hoje na sequência de confrontos entre forças do regime sírio e as forças rebeldes pelo controlo do aeroporto militar de Deir al Zur, adiantou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos.

De acordo com o Observatório, com sede em Londres e uma ampla rede de ativistas no terreno, há registo de outros confrontos noutros pontos do aeroporto.
No entanto, o Observatório não especifica o número de vítimas desses outros confrontos, nem o número de combatentes falecidos.
Entretanto, na cidade de Alepo, os rebeldes bombardearam o aeroporto militar de Al Nairab, nas mãos do regime, mas desconhece-se o número de baixas entre as forças leais ao regime de Bashar al-Assad.
Voluntários do Crescente Vermelho Sírio levaram hoje alimentos e roupa aos presos da prisão central de Alepo e conseguiram retirar oito presos que já tinham cumprido pena.
A cidade de Alepo foi palco de uma grande ofensiva por parte das forças rebeldes em finais de julho de 2012 e posteriormente noutras importantes operações, o que permitiu aos grupos opositores dominar amplas áreas, ainda que não detenham o controlo total da cidade.
Pelo menos 517 pessoas morreram, entre elas 151 crianças, nos bombardeamentos provocados pelo regime sírio contra a cidade de Alepo desde o dia 15 de dezembro, segundo a última contabilização feita pelo Observatório Sírio dos Direitos Humanos.
Mais de 100 mil pessoas morreram na Síria desde o início dos confrontos, em março de 2011, de acordo com uma contabilização das Nações Unidas, apesar do Observatório Sírio dos Direitos Humanos ter apontado para mais de 125 mil mortos.

Dilma dribla impacto eleitoral ao prorrogar Comissão da Verdade

Prováveis recomendações do relatório final, como a revisão da Lei da Anistia, poderiam aprofundar hostilidades das Forças Armadas e desagradar eleitorado conservador

Decidida com cálculo político, a prorrogação do prazo de funcionamento da Comissão Nacional da Verdade por mais sete meses desvinculou das eleições do ano que vem os efeitos do relatório final das investigações sobre os anos de chumbo. As prováveis recomendações que devem constar no relatório - entre elas a polêmica revisão da Lei da Anistia - poderiam aprofundar as hostilidades entre a ala conservadora das Forças Armadas e desagradar o eleitorado conservador às vésperas da campanha.
Dilma prorroga prazo da Comissão da Verdade
Em depoimento secreto, general debocha de Comissão da Verdade
“A presidente Dilma Rousseff detectou um clima pesado e driblou a polêmica. O relatório final - que seria divulgado em maio - poderia criar uma fumaça no processo eleitoral”, diz o cientista político Gaudêncio Torquato, experiente analista dos movimentos de caserna.
Segundo ele, nas duas últimas semanas aumentou a reação de oficiais de pijama, entrincheirados no Clube Militar, no Rio, contra o trabalho das comissões empenhadas em reconstituir o período de arbítrio pela relembrança dos casos de tortura, execuções de militantes da esquerda armada e desaparecimentos forçados. O movimento, diz Torquato, tem como alvo despertar o sentimento corporativo dos militares da ativa.
Delegado do DOI-Codi nega torturas e até que conhecia superior hierárquico
De acordo com a nova Medida Provisória, publicada na quarta-feira, a CNV terá mais 12 meses de funcionamento, completando o trabalho em dois anos e sete meses. Amparada por outras 140 comissões estaduais, municipais e de entidades da sociedade civil, A CNV terá de reconstituir os anos de chumbo pela história das vítimas e romper o impasse que impede a localização do paradeiro dos desaparecidos entre 1968 e 1976.
Documento pode mudar versão sobre descoberta do Araguaia por militares
Bebê deixada em orfanato em 1974 pode ser filha de guerrilheiros
Viúva de Jango diz que exumação é 'resgate da memória'
O relatório final só será conhecido em 16 de dezembro do ano que vem, portanto, já na transição para um novo governo, período propício inclusive para tentar virar a página dos anos de chumbo através de uma saída pactuada com as Forças Armadas.
“O esclarecimento não depende de prazo. Depende das informações de quem matou, torturou ou sumiu com corpos”, diz o presidente da Comissão da Verdade do Rio de Janeiro, Wadih Damous. Segundo ele, o grande obstáculo para elucidação do período está nas Forças Armadas, que “não colaboram e nem abrem seus arquivos”.
“O que sai é na base do saca rolha”, reclama o vereador Gilberto Natalini (PV), presidente da Comissão Municipal de São Paulo. Uma das descobertas, lembra ele, em novembro do ano passado, foi por acaso: a polícia gaúcha investigava o assassinato do ex-coronel do Exército Julio Miguel Molina Dias, ex-comandante do DOI-Codi do Rio, e encontrou na residência deste documentos revelando a entrada (sem registro de saída) do deputado Rubens Paiva no estabelecimento militar e detalhes sobre o atentado ao Riocentro.
Os documentos encontrados com o ex-comandante do DOI-Codi são os mesmos que o Ministério da Defesa vêm, sistematicamente, alegando que foram destruídos pelos órgãos de informação e repressão das três forças.
Há fartura de indícios reforçando suspeitas segundo as quais as principais informações foram retiradas ilegalmente dos arquivos das Forças Armadas e ficaram em poder de oficiais da linha dura que estiveram à frente das operações decisivas da repressão. O caso mais exemplar é do coronel Sebastião Rodrigues de Moura, o Curió, a cara da repressão na Guerrilha do Araguaia. Ele guardou os documentos e só os revelou ao jornalista Leonêncio Nossa, autor de Mata!, a mais completa biografia de Curió.
As informações sobre os desaparecidos são guardadas a sete chaves. O coordenador da CNV, Pedro Dallari, diz que a decisão da presidente Dilma dá mais tempo para a elaboração do relatório final, mas não alimenta a possibilidade de um resultado que possa levar aos corpos.
“Assim como ocorreu em outros países, a comissão não esgotará as investigações. A estratégia é deixar uma cultura para a continuidade das investigações através de novas comissões”, afirma Dallari. A maioria delas encerraria os trabalhos em maio, mas aderiu à prorrogação.
“O prazo foi ampliado porque era muito curto” diz o jornalista Ivan Seixas, ex-preso político e coordenador da Comissão da Verdade paulista. Segundo ele, a decisão de Dilma, “correta e republicana”, indiretamente acaba tirando a possibilidade de o relatório final interferir na eleição.
“O importante é que o Estado brasileiro siga as recomendações que constarão no relatório”, afirma. As duas questões mais polêmicas em debate na CNV são uma medida governamental que abra ou resgate os arquivos das Forças Armadas _ seja através de documentos ou pelo depoimento dos oficiais _ e a possibilidade de mexer na Lei da Anistia (para levar criminosos ao banco dos réus) diante da nova composição do Supremo Tribunal Federal.
Críticas à CNV
O acirramento dos ânimos militares reflete o imobilismo da CNV que, em 20 meses de investigação, apresenta como resultado mais relevante o resgate da imagem do ex-presidente João Goulart, mas patina nas grandes questões e acelera no retrabalho. Os cerca de 500 depoimentos já tomados são, na maior parte, uma repetição dos relatos sobre violações existentes no acervo da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, que disponibilizou à CNV um acervo com 60 mil denúncias.
Nos bastidores, as críticas mais frequentes apontam a falta de audiências públicas que envolvam a população, ações pífias na busca dos desaparecidos e a ausência de interlocutor ou negociador que abra diálogo produtivo com as Forças Armadas.
As poucas audiências até aqui realizadas não acrescentaram informações. Além disso, viraram “palanque” para a ala militar conservadora criticar o governo, como ocorreu nos depoimentos do ex-chefe do Dói-Codi paulista, Carlos Alberto Brilhante Ustra, e do general Álvaro de Souza Pinheiro.
Em 2014, na tentativa de dar rumo às investigações, a CNV retomará as audiências públicas com dois temas barulhentos, a Casa da Morte - centro de tortura em Petrópolis, no Rio - e Guerrilha do Araguaia, o episódio mais forte dos anos de chumbo.
Gaudêncio Torquato diz que a elucidação seria facilitada com o aparecimento de um interlocutor “isento, gabaritado e independente”, capaz de negociar com a área militar. Ele afirma que, passados quase três décadas do fim do regime e às vésperas dos 50 anos do golpe civil-militar, os fantasmas golpistas estão exorcizados e não há riscos de quebra institucional por conta dos anos de chumbo. Mas acha que falta interlocução com a área militar e tem sugestão:
“O nome mais indicado é o do Aldo Rebelo (ministro do Esporte). Sua visão nacionalista e os conceitos de defesa da Amazônia são parecidos com o pensamento das Forças Armadas. Ele tem boa interlocução e é respeitado no meio militar”, afirma o cientista político.
Até o anúncio das sentenças do mensalão, segundo ele, o interlocutor ideal era o ex-deputado José Genoíno, que foi assessor especial do Ministério da Defesa. Os dois, curiosamente, têm suas histórias ligadas a Guerrilha do Araguaia. Aldo, como dirigente do partido que organizou o movimento rebelde, o PC do B, e Genoíno como ex-guerrilheiro.
Torquato acha que o caminho para um entendimento foi azeitado pela presidente Dilma Rousseff ao atender a área militar na questão dos caças, mas aponta que ainda falta o que chama de “um agrado”: o reequipamento das Forças Armadas, que estão sucateadas. O gesto derrubaria as alegações de revanchismo e ajudaria a virar a página do período.

Estado de Michael Schumacher é 'crítico' diz hospital

O estado de saúde de Michael Schumacher, sete vezes campeão da Fórmula 1, é "crítico" de acordo com o hospital francês onde ele está sendo tratado depois de sofrer um acidente quando praticava esqui.
O alemão de 44 anos "sofria de um trauma cerebral grave e estava em coma ao chegar" segundo a declaração divulgada neste domingo pelo hospital de Grenoble, no sudeste do país.
De acordo com outras informações divulgadas neste domingo, os agentes de Schumacher também confirmaram que o estado do ex-piloto é grave.
Schumacher estava esquiando com o filho de 14 anos nos Alpes Franceses quando o acidente ocorreu.
O ex-piloto usava um capacete quando caiu e bateu a cabeça contra uma pedra, de acordo com o diretor do resort de esqui Meribel, Christophe Gernignon-Lecomte.
Um dos mais famosos especialistas em traumatismos da França, que também é amigo da família de Schumacher, foi levado para o hospital de Grenoble.
Autoridades locais de turismo afirmaram que Schumacher estava consciente quando foi levado da pista de esqui por um helicótpero.

Heptacampeão Schumacher sofre grave acidente de esqui na França

Heptacampeão da Fórmula 1, o ex-piloto Michael Schumacher sofreu um grave acidente de esqui na manhã deste domingo, em Méribel, na França. De acordo com informações da imprensa francesa, replicada pela publicação L'Équipe e que surgiu originalmente na rádio Europe 1, o eterno ídolo da Ferrari foi levado ao hospital com um traumatismo craniano.
Segundo a rádio francesa RMC, às 13h13 (de Brasília) o alemão passava por uma bateria de exames no cérebro - uma coletiva será realizada ainda neste domingo para dar mais detalhes sobre a situação do ex-piloto. Amigos de Schumacher, como o ex-piloto de F1 Olivier Panis, além de fãs já se concentram na porta do hospital de Grenoble em busca de mais informações sobre o estado de saúde do alemão.
De acordo com a RMC, o médico Gérard Saillant, diretor do instituto do cérebro e da medula espinhal - apoiado financeiramente pelo alemão -, já está no local. Saillant é bem próximo de Schumacher. Ele, inclusive, realizou uma cirurgia na perna do alemão em 1999. O médico é um dos mais eminentes especialistas em medicina esportiva do mundo, tendo operado o ex-atacante brasileiro Ronaldo em uma das lesões no joelho.

Alemão foi levado de helicóptero para o hospital de Grenoble Foto: AP
Alemão foi levado de helicóptero para o hospital de Grenoble
Foto: AP

Em contato com a agência AP, a empresária de Schumacher, Sabine Kehm, disse que o alemão estava em uma viagem privada para esquiar. Ela ainda afirmou que o alemão não estava sozinho, mas pediu paciência por não poder dar informação precisa sobre o estado de saúde dele, que segue hospitalizado. A AP apurou com autoridades francesas que o ferimento na cabeça é "relativamente sério".
Entenda o acidente
À rádio francesa RMC, o diretor da estação de esqui Christophe Gernignon-Lecomte confirmou o acidente. De acordo com ele, o alemão, que tem um chalé na estação onde se acidentou, bateu a cabeça em uma rocha fora da pista às 11h07 (horário local) e o resgate respondeu rapidamente, às 11h15 - ele foi levado ao hospital de helicóptero. O diretor ainda afirmou que a polícia já conduz investigações para descobrir a causa da queda.


Schumacher costuma andar de esqui - na foto, alemão esquia em 2005 Foto: Reuters
Schumacher costuma andar de esqui - na foto, alemão esquia em 2005
Foto: Reuters

Segundo o diretor, ainda em entrevista à RMC, o alemão, que utilizava um capacete no momento do choque, estava consciente durante o transporte ao hospital, mas muito abalado e agitado.
A mesma rádio falou com o chefe da polícia de alta montanha, que explicou que o campeão foi inicialmente levado ao hospital de Moutiers, mas acabou transferido às 12h45 local para Grenoble pela lesão ser mais séria do que se imaginava.
De acordo com relatórios preliminares, a queda foi causada por uma falha técnica. Ainda segundo o chefe da polícia, o acidente de Schumacher, que completará 45 anos no próximo dia 3 de janeiro, ocorreu no cruzamento das faixas "azul" e "vermelha" da estação de Méribel. 
Hospital afirma que ferimentos estão sendo examinados
O chefe do hospital para o qual o alemão foi levado afirmou à rede europeia Sky News que Schumacher foi admitido na instituição de Grenoble e passava por uma ressonância. Sem informar o estado de saúde do veterano, contou apenas que os ferimentos estão sendo examinadoso. O gerente do hospital, Jean-Marc Grenier, confirmou que uma entrevista será dada em breve, ainda neste domingo.


Coletiva de imprensa está prevista ainda para este domingo Foto: AP
Coletiva de imprensa está prevista ainda para este domingo
Foto: AP

Já o canal francês Alpes 3 diz que o estado do ex-piloto é "grave". A emissora afirma que havia nevado cerca de 40 polegadas na madrugada de sábado para domingo na região e que a neve estava fresca.
Em entrevista à rede, o diretor Gernignon-Lecomte disse que desencoraja fortemente a prática de esqui fora das pistas por causa dos riscos - mesmo assim, evitou classificar o alemão como "imprudente".
Méribel, onde o ex-piloto se acidentou, é uma aldeia que conta com uma tradicional estação de esqui na França. A estância fica situada na comuna francesa de Saboia, nos Alpes Franceses.
Michael Schumacher é um dos maiores pilotos da história da F1, com sete títulos no currículo. O alemão estava aposentado da maior marca do automobilismo desde 2013, quando disputou três temporadas pela equipe Mercedes - havia deixado a F1 em 2006, mas voltou a correr em 2010.

Polarizado por conflito sectário, Líbano vive risco de vácuo de poder

Caixão com o corpo de Mohammed Shattah | Crédito: AP
Muhammad Shattah morreu após ser vítima de um ataque com carro bomba na semana passada
A cada assassinato no Líbano, a lista dos prováveis culpados normalmente é limitada a duas possibilidades: Síria ou Israel.
É assim que pensa a maioria dos cidadãos libaneses, que já perdeu a conta de quantas vezes presenciou ou viu na TV compatriotas ou figurões da política nacional mortos ou feridos por ataques inesperados nas ruas das principais cidades do país.
Na semana passada, o ex-ministro das Finanças, Muhammad Shattah, engrossou as estatísticas. Vítima de um ataque com carro bomba, ele foi enterrado neste domingo.
Mas a busca pelas reais motivações desses assassinatos é bem mais complicada e envolve normalmente a seguinte a pergunta: qual é o real propósito desses atentados?
Às vezes, a intenção é apenas aterrorizar. Em outras ocasiões, é privar partidos políticos de suas lideranças mais proeminentes.
Com o assassinato de Shattah, parece que os dois objetivos convergiram em um único: aniquilar um líder em potencial durante um período em que o país está profundamente dividido quanto à guerra civil na vizinha Síria.
Sunita, Shattah era um dos principais conselheiros do ex-primeiro-ministro Saad Hariri. Ambos se opunham ao presidente da Síria, Bashar al-Assad, e ao Hezbollah, o grupo radical xiita que, nos últimos meses, vem enviando reforços para o outro lado da fronteira para apoiar o governo sírio.
O atentado revela uma situação peculiar do país. Não há uma resposta conclusiva sobre "quem e o por que" da longa lista de assassinatos não resolvidos no Líbano.
Porém, não há dúvida de que Shattah era um cérebro da oposição sunita, que se preparava para alcançar um papel maior no país, enquanto tentava convencer a comunidade internacional a apoiar a neutralidade do país no conflito armado na Síria.

Polarizado

À BBC, duas fontes confirmaram que Shattah era um dos nomes mais cotados para ocupar o cargo de primeiro-ministro do país, vago há nove meses.
A formação de um gabinete requereria o apoio do presidente do país, Michel Suleiman, que é cristão. Suleiman teria dado aval à escolha de um novo premiê, mas ainda não há certeza sobre isso.
Shattah, um político moderado e um ex-ministro da Economia que nunca teve grande destaque na política, parecia, no entanto, um nome pouco provável para o posto.
Por tradição, o primeiro-ministro do Líbano é sempre um sunita.
Mas em um país profundamente polarizado por um conflito sectário, especialmente devido à sua longa história e a seus laços com a Síria, poucos políticos sunitas conquistam o feito de ter tanto o apoio das ruas quanto do Hezbollah e dos correligionários de Assad.
Embora os xiitas rejeitariam o nome de Shattah para premiê, seus apoiadores e os de Suleiman poderiam unir forças em torno de seu nome. Mas até o assassinato dele, não havia qualquer indicativo que isso aconteceria.
De qualquer forma, o atentado contra o ex-ministro das Finanças retira do campo político um estrategista-chave e possivelmente o único político sunita que poderia acabar com a incerteza existente no país.
O assassinato também envia uma mensagem a Hariri e aos opositores de Assad atualmente abrigados no Líbano.

Voz moderada

Mohamad Chatah | Crédito: AFP
Shattah era considerado político de voz moderada no Líbano
Especialistas apontam que o Líbano poderia enfrentar um vácuo de poder nos próximos meses. As eleições para o Parlamento têm de ser convocadas até o próximo verão e o mandato do atual presidente se encerra em maio.
Suleiman advoga abertamente pela neutralidade do Líbano no conflito da Síria e vem surpreendendo ao criticar abertamente o Hezbollah. Em uma recente entrevista à BBC, ele pediu ao grupo que retire seus militantes da Síria.
Considerado uma voz moderada, Shattah foi embaixador nos Estados Unidos e ainda tinha boas conexões em Washington. Ele também foi um dos principais braços direitos do pai de Saad Hariri, Rafik Hariri, que morreu em 2005 vítima de um atentado com carro bomba, a poucos metros do local onde o ex-ministro das Finanças foi morto.
Após a confirmação da morte de Shattah, Saad Hariri acusou a Síria e o Hezbollah de estarem por trás do ataque.
"Aqueles que assassinaram Muhammad Shattah são os mesmos que assassinaram meu pai; também são os mesmos que querem assassinar o Líbano", disse ele.
O governo da Síria negou envolvimento no atentado enquanto a liderança do Hezbollah condenou o ataque, classificando-o como um "crime hediondo", mas sem fazer quaisquer acusações. Atipicamente, dessa vez, Israel não foi implicado no episódio.
A tensão política no Líbano vem sendo agravada recentemente pela guerra civil na Síria. Mas todas as crises por quais passa o pequeno país estão ligadas, direta ou indiretamente, ao seu vizinho mais poderoso.
Aliados da Síria no Líbano, como o Hezbollah, reivindicam grande parte das cadeiras no Parlamento, enquanto a Arábia Saudita, que apoia Hariri e se opõe a Assad, critica qualquer proposta de formação de um gabinete que incluiria o Hezbollah, que, por sua vez, apoia o presidente sírio, Bashar al-Assad.
Cerca de meia hora antes de sua morte, Shattah havia tuitado que o "Hezbollah vem pressionando para obter poderes semelhantes tanto em segurança quanto em questões de política externa que a Síria vem exercendo no Líbano nos últimos 15 anos".
Amigo e aliado de Shattah, o parlamentar libanês Bassem el-Shabb acrescentou que o ex-ministro de Finanças vinha trabalhando duro para convencer a comunidade internacional a apoiar a neutralidade do Líbano no conflito sírio.

Paz na Síria

Quem era Muhammad Shattah?

  • Ex-embaixador do Líbano nos Estados Unidos
  • Conselheiro do ex-primeiro ministro Rafik Hariri, assassinado em 2005
  • Ministro das Finanças durante o governo de Saad Hariri, filho de Rafik Hariri.
Shattah também vinha sendo um principais políticos libaneses a manifestar apoio à realização de um encontro paralelo à conferência de paz sobre a Síria, em janeiro do ano que vem, na Suíça.
Nessa reunião, ele propunha que a comunidade internacional discutisse o futuro do Líbano.
O objetivo do ex-ministro das Finanças seria pressionar o Hezbollah a aceitar um acordo para a retirada de suas tropas da Síria.
Shattah havia escrito uma carta aberta ao presidente do Irã, Hassan Rouhani na qual fazia tal apelo.
Mas o ex-ministro das Finanças morreu antes que pudesse colher assinaturas dos parlamentares do Líbano para levar adiante a proposta.
Fontes ouvidas pela BBC afirmam, entretanto, que Shattah permanecia pouco otimista de que a Arábia Saudita e o Irã, outro aliado do Hezbollah, se sentariam à mesa para discutir a questão.
O Hezbollah, por sua vez, também vem pagando o preço de seu envolvimento na Síria. Nas últimas semanas, o centro nervoso do grupo, nos subúrbios ao sul de Beirute, vêm sendo alvo de atentados suicidas.
Acredita-se que grupos rebeldes sírios, opositores do presidente Bashar al-Assad, estariam por trás desses ataques.
O Líbano ainda é assombrado por uma longa série de assassinatos não resolvidos desde a morte do ex-premiê Rafik Hariri, em 2005. Um tribunal internacional que investiga o ataque indiciou vários membros do Hezbollah e o governo sírio. Os julgamentos devem começar em meados de janeiro do ano que vem, em Haia, na Holanda.
A maioria desses assassinatos ocorreu antes do início do conflito na Síria, em março de 2011.
O assassinato de Shattah parece ser uma continuação dessa tendência e um lembrete violento de que o destino do Líbano está inextricavelmente ligado ao resultado da guerra na Síria.

Atentado com mulher bomba mata 13 na Rússia

Atentado contra ônibus em Volgogrado | Crédito: AP
Em outubro, um ônibus foi alvo de outra mulher bomba em Volgogrado
Uma explosão em uma estação de trem na cidade de Volgogrado, no sul da Rússia, matou pelo menos 13 pessoas neste domingo, informaram autoridades locais.
Segundo o comitê de anti-terrorismo da Rússia, uma mulher bomba estaria por trás do incidente, que também deixou 50 feridos.
Em outubro, uma outra mulher bomba teria provocado atentado semelhante em um ônibus. Na ocasião, seis pessoas morreram.
Os frequentes atos de violência vêm causando preocupação no governo russo, que teme pela segurança dos Jogos Olímpicos de Inverno de 2014. O evento será realizado na cidade de Sochi, a cerca de 700 quilômetros de Volgogrado.
Uma insurgência islamita no norte do Cáucaso levou a uma série de ataques na região nos últimos anos. Insurgentes também atacaram grandes cidades russas.
Nenhum grupo ainda admitiu a autoria do ataque deste domingo.
A explosão ocorreu na estação de Volgogrado por volta das 12h45 hora local (06h45 horário de Brasília). Imagens divulgadas na imprensa russa mostraram diversos corpos estirados no chão cercados de paramédicos, além de muitos destroços.
Em julho deste ano, o líder checheno Doku Umarov publicou um vídeo na Internet convocando os militantes a usarem “força máxima” para cancelar os Jogos de Inverno.

sábado, 28 de dezembro de 2013

Fantasma do autoritarismo paira sobre o Egito

General Sisi. Reuters
O general Sisi é o favorito para as eleições; muitos temem que ele não deixará o poder
Ahmad Harara raramente é visto sem seus óculos de sol da Ray-Ban. Mas para esse dentista egípcio de 33 anos, o acessório não é uma mera questão de estilo.
Quando ele tira os óculos, é para mostrar dois olhos que já não podem ver. O da esquerda é uma prótese e vem com uma pesquena inscrição: "hurriya", que em árabe significa liberdade.
A luta pela liberdade custou a visão de Harara. Ele perdeu cada um dos olhos em um momento diferente no ano de 2011. Nas duas vezes, recebeu tiros da polícia, segundo conta.
Os estilhaços de uma bala lhe roubaram a visão direita no dia 28 de janeiro, dias após o início dos protestos que culminaram na queda do ex-presidente Hosni Mubarak, um dos pontos altos da Primavera Árabe.
O segundo olho foi atingido por um fraco-atirador, em novembro, segundo ele.

Morte e destruição em universidade

Incêndio em universidade no Cairo. AFP
Um estudante morreu depois após ativistas da Irmandade Muçulmana se enfrentarem com a polícia na Universidade al-Azhar. Mais de 60 pessoas foram presas.
Foi ateado fogo em prédios da universidade, durante um protesto de islamistas no local, que tentavam barrar a aplicação de um exame.
A polícia acusa a Irmandade Muçulmana pelo incêndio. O grupo diz que a polícia "está fabricando acusações".
O protesto de simpatizantes do presidente deposto Mohammed Morsi ocorre dias após o governo interino, imposto pelos militares, declarar a Irmandade Muçulmana um "grupo terrorista".
“Eu nem sou a pessoa que está pagando o maior preço por tudo isso”, diz, enquanto fuma e se serve de café ao estilo turco no Cafe Riche, ponto de encontro de dissidentes políticos no Cairo há mais de meio século.
“Há outros com sequelas muito piores, e eles estão seguindo em frente”, diz.

Militares, intocáveis

Harara também segue em frente e não deixou de lutar contra o regime que o deixou às escuras e que, ele diz, ainda não foi derrubado.
“O sistema continua o mesmo”, diz. “O Exército mantém sua posição. Ninguém é responsabilizado por nada. Ninguém fiscaliza. Pelo contrário, eles conseguiram ainda mais privilégios”, diz.
“Os militares controlam o Egito desde 1952 e não vem razão para qualquer mudança apenas porque os jovens foram para as ruas”, afirma.
Os jovens ainda ocupam as ruas egípcias, ainda que em grupos menores que os vistos em 2011. Ele enfrentam gás de pimenta, canhões de água, sob o risco de pagar com a própria vida, desafiando a lei draconiana que agora proíbe manifestações no país.
Ativistas de direitos humanos dizem que a lei é uma tentativa de aplacar um dos principais ganhos da revolução - a liberdade de expressão.
Dezenas de ativistas foram presos ao desafiar a nova lei. O principal alvo são os simpatizantes do ex-presidente Mohammed Morsi, derrubado pelos militares, além de membros do seu movimento político, a Irmandande Muçulmana.

Detenções

A revolução que derrubou Mubarak abriu caminho para os islamistas chegarem ao poder, liderados por Morsi.
Haraha. BBC
Para Harara, o sistema não mudou e os militares ainda têm mais privilégios no Egito
O líder da Irmandade Muçulmana ficou apenas um ano no poder, como o primeiro presidente civil eleito por voto livre.
Morsi acabou derrubado pelos militares em julho deste ano, em um movimento com forte apoio de setores seculares e outros descontentes com a crescente influência religiosa em seu governo. Antes do afastamento, milhares foram às ruas do Egito pedir a saída de Morsi.
Os islâmitas reagiram, e foram reprimidos. Em agosto, as autoridades disperaram com violência duas manifestações pró-Morsi, matando centenas de simpatizantes.
Desde então, milhares foram detidos, incluindo vários membros do alto escalão da Irmandade Muçulmana, incluindo o próprio Morsi, acusado de traição à pátria.

A resistência islamita

Tantos “irmãos” muçulmanos estão atrás da grade que a reportagem foi buscar as “irmãs”, membros do movimento.
Encontramos um trio no distrito de Nasr City, no Cairo. Uma delas é Wafaa Hefny, uma professora universitária, bastante expansiva.
“Nunca vou desistir”, diz ela. “Puxei o meu avô”.
Foi seu avô, Hassan al-Banna, quem fundou a Irmandade Muçulmana em 1928. Wafaa diz que o grupo está, na pior das hipóteses, em uma crise, mas está se adaptando à atual realidade.
“Toda a cúpula foi presa”, diz. “Em cada distrito, o primeiro, o segundo e até o terceiro grau de liderança foi preso. Mas nós já promovemos os substitutos. Não há lugar vago”, diz, com entusiasmo.

Sem divisão


Alshaimaa perdeu o marido, "um devoto muçulmano", e agora quer se juntar à Irmandande
A reportagem acompanhou Wafaa em uma visita a uma jovem viúva, Alshaimaa Abdallah, cujo marido foi morto em agosto.
Alshaimaa nos recebeu coberta com o hijab. Ela disse que seu marido não era um membro da Irmandade Muçulmana, era “apenas um devoto muçulmano, defendendo o Islã”.
Agora que ele está morto, Alshaimaa diz que ela e sua família estão prontos a se juntar à Irmandade Muçulmana.
Apesar da dura realidade, de ter de dizer ao filho de quatro anos que o pai morto “está viajando”, Alshaimaa se diz “otimista” com o futuro do Egito, dizendo que o país não vai se dividir.
“É muito difícil nos separar. Nos bairros, as pessoas são muito próximas às outras, mesmo se têm posições políticas diferentes”, diz.

Culto ao general Sisi

A realidade que se apresenta, no entanto, é de uma dolorosa e amedrontadora divisão na sociedade egípcia.
O que se vê, na terra dos faraós, é a busca por estabilidade e por um líder forte.
Quem tem se apresentado a assumir esse papel é o homem por trás da deposição de Morsi, o general Abdul Fattah al-Sisi, comandante do Exército.
Se Sisi se candidatar a presidente em 2014, e tudo indica que ele o fará, a previsão é que ganhe com folga.
Na praça Tahrir, onde a multidão derrubou o ex-presidente e líder militiar Hosni Mubarak, hoje outra pequena multidão clama para que outro militar seja conduzido ao poder.
Sisi
Produtos estampados com o rosto de Sisi são campeões de venda em tradicional café do Cairo
“Te amamos, Sisi”, cantam os manifestantes, onde antes se ouviam gritos pedindo liberdade e democracia.
“Sisi é uma coroa na cabçea dos egípcios”, diz um velho homem na praça Tahrir. “Ele evitou um mar de sangue”.
No Egito, muitos dizem que Sisi evitou uma guerra civil ao depor Morsi. O culto ao general é tamanho que seu rosto estampa latas de óleo, pijamas, embalagens das mais variadas e até doces.
No Chocolate Lounge, um café popular entre os diplomatas, o rosto de Sisi enfeita cupcakes e macaroons. Segundo o dono do lugar, os produtos que homenageiam o general são os campeões de venda.

Menos esperança

Para quem lutou pela queda de Mubarak, todo esse culto a Sisi deixa um gosto amargo.
“O regime militar é a contrarrevolução”, diz Harara, o dentista que perdeu a visão.
“Eles ainda tentam controlar o país. O Exército nos enganou”, diz.
Há no Egito a sensação de que a revolução ainda não é uma obra acabada. Ainda que dois presidentes tenham sido derrubados em três anos, a velha ordem não foi demolida.
O Exército mantem o poder e a esperança de um novo Egito se dilui.
O país não está muito diferente de antes da revolução, segundo Tamara Alrifai, da ONG Human Rights Watch.
“A liberdade de expressão parece ter ficado pior que antes de 2011”, diz.
Simpatizante de Morsi. AP
Simpatizantes de Morsi e da Irmandande Muçulmana continuam nas ruas contra os militares
“Há pouco espaço para a oposição na imprensa e há uma onda de detenções e desaparecimentos de qualquer um que ouse desafiar a atual situação. É frustrante ver que quase voltamos ao ponto onde estávamos, três anos atrás”, diz.

‘Outro Mubarak’

No próximo ano, os egípcios vão votar por uma nova constituição, um novo presidente e um novo Parlamento.
À primeira vista, tudo parece dentro do rito democrático, mas essa não é a realidade, segundo analistas.
“Sisi controla a polícia, o Exército, o Judiciário e a imprensa”, me disse um analista independente, que não quis revelar o nome.
“Ele é popular e vai conseguir muitos votos. O temor é que, uma vez no poder, ele nunca vai querer sair. Sisi pode ser apenas um outro Mubarak”.

Onda de calor provoca blecautes e protestos na Argentina

Argentinos protestam em Buenos Aires contra cortes de água e luz
Alguns bairros vêm sofrendo com cortes de luz e água há quase duas semanas
Em meio à maior onda de calor em 43 anos, os argentinos veem enfrentando blecautes e falta de água na capital do país, Buenos Aires e em outras cidades.
As altas temperaturas dos últimos dias também provocaram ao menos três mortes - duas na Província de Santiago del Estero e uma em Salta, no norte do país.
Os problemas frequentes nos serviços públicos em decorrência do calor levaram muitos argentinos às ruas para protestar contra as autoridades.
Os cortes de luz e de água afetam até mesmo os bairros mais nobres e turísticos de Buenos Aires, como a Recoleta.
Muitos chegam a ficar até três horas seguidas sem luz.
Os cortes ocorrem por conta da forte demanda com a utilização de aparelhos de ar condicionado e ventiladores.
A situação vem provocando um embate político entre o governo e as empresas concessionárias de serviços públicos.
O chefe de gabinete da Presidência, Jorge Capitanich, responsabilizou as empresas distribuídoras de energia, Edenor e Edesur, pelos cortes.
"Essas empresas têm um contrato de concessão e devem cumprir com ele. Se os cortes continuarem, os governos nacional e local podem intervir para assumir a gestão", afirmou.
Por sua vez o ministro do Planejamento, Julio de Vido, afirmou na sexta-feira que o atendimento aos clientes deve ser feito "pessoalmente, não com máquinas".
"Vamos avaliar as multas que serão aplicadas às empresas e como os usuários serão ressarcidos pelas falhas depois que passe a onda de calor", afirmou.

Protestos e caos

Meninas se refrescam em chafariz em Buenos Aires
Temperaturas são as mais altas em Buenos Aires em dezembro em mais de quatro décadas
Em alguns bairros de Buenos Aires, os cortes de energia vêm ocorrendo diariamente há quase duas semanas.
Por conta disso, muitos cidadãos têm saído às ruas para protestar. Na sexta-feira, manifestantes fecharam algumas das principais vias de acesso a Buenos Aires, como as rodovias 25 de Mayo e Dellepiane, o que provocou um caos no trânsito no centro da cidade.
Em vários cartazes nas mãos dos manifestantes era possível ler a mensagem: "Queremos luz".
Muitos pediam uma resposta do governo frente ao problema, que vem afetando tanto consumidores residenciais quanto comerciais.

Temperatura recorde

O calor vem se mantendo constante nos últimos dias e atingiu níveis recordes para este mês do ano.
O sistema de Atenção a Emergências de Buenos Aires afirmou que realizou 1.200 atendimentos relacionados à onda de calor, o maior número da história.
Segundo o coordenador do órgão, Alberto Crescendi, a maioria dos casos atendidos eram de hipertensão, cefaleias e desmaios.
"Também atendemos muitos casos de acidentes de carros provocados pelo esgotamento dos motoristas por causa do calor", afirmou Crescendi.
As temperaturas em Buenos Aires chegaram a 36 graus nesta semana.